quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O DIA EM QUE PAPAI NOEL VESTIU AZUL

Por Cristiano Zanella

Dez de dezembro de 1961. Era a data marcada para a realização do último jogo do Campeonato Gaúcho daquele ano, o Gre-nal que decidiria o campeão do certame. Mas, para tristeza e decepção dos tricolores, de nada valeria o clássico, visto que o Inter era o campeão antecipado, já tendo somado os pontos necessários nas rodadas anteriores.

O jogo seria disputado no Estádio dos Eucaliptos, e o carnaval vermelho estava assegurado. Mal podiam imaginar os festivos colorados que uma estranha e inacreditável façanha – destas que teimam em acompanhar a já centenária trajetória tricolor – estava prestes a realizar-se, e que esta teria como protagonista o glorioso Grêmio Foot-ball Porto-alegrense, então Penta-Campeão Gaúcho.

Logo nos primeiros minutos de jogo, o Inter já vencia por 1 a 0, e a expulsão do lateral-direito gremista Altemir facilitaria as coisas para o colorado: terminado o primeiro tempo, Inter 2 x 0 Grêmio (dois gols de Alfeu).

Segunda etapa: com um homem a menos e perdendo por dois gols, o Tricolor dos Pampas, capitaneado pelo lendário Airton Pavilhão, entra em campo para fazer história. Aos 25 minutos da etapa complementar, Nadir diminui cobrando falta: 2 a 1. Pouco mais de dez minutos depois, Marino empata o jogo. Já quase nos acréscimos, bola na área do Inter, e o “Tanque Gremista” Juarez cabeceia livre – era o gol da inesquecível virada! Inter 2 x 3 Grêmio!

Naqueles mágicos 45 minutos, a tristeza antecipada transformava-se em esfuziante e incontida alegria! O título do Gauchão já não tinha mais importância, e a torcida gremista ainda festejava o gol da vitória quando viu cruzar o campo, em louca disparada, um Papai Noel todo azul!?!? Por trás da tradicional indumentária natalina – quem mais poderia ser? – estava um dos maiores ícones da moderna história tricolor: Francisco Paulo Sant´ana.

Segundo depoimento de Sant´ana à Revista Placar (junho de 1991):“Tinha eu 22 anos e fui convidado para a façanha. Dias antes, prepararam-me uma vestimenta de seda azul, com gorro de pompom e tudo. E fiquei eu no vestiário todo o tempo, já dentro da indumentária, esperando apenas para calçar as botas, que eram de número 39, enquanto eu calçava 41. Quando o Inter fez o segundo gol, tirei a quente roupa de Papai Noel e coloquei numa sacola. Nada mais havia a fazer, ainda mais com a desvantagem de dez homens em campo. Mas, a medida em que o escore ia se modificando, eu ia colocando as calças, a blusa, o gorro, na expectativa de entrar no gramado. Quando explodiu o terceiro gol, o massagista Biscardi já passava sabonete em meus pés, no objetivo de conseguir enfiar neles as botas apertadas. A gente ficava naquele vestiário da quadra de basquete, havia uma porta de ferro e a tela separando-o do campo. Quando o árbitro terminou a partida, atirei-me contra ela, procurando ultrapassá-la. Policiais e funcionários da Federação tentaram impedir a força minha entrada. Os dirigentes e os reservas do Grêmio empurravam-me e consegui passar por aquela barreira, mas percebi que não havia mais pompom no meu gorro, nem a barba postiça branca no meu queixo, que haviam sido arrancados no sururu. Mesmo assim, entrei em campo sob os vivas da torcida gremista. Fui levantado pelos jogadores tricolores e levado até as sociais coloradas, que assistiam arrasadas ao meu desfile triunfante. Cumpria-se uma tradição de muitos anos. Fui para o centro da cidade, cercado por duas loiras espetaculares. Era o carnaval gremista que se espraiava pelas ruas. Dali a pouco, na Borges de Medeiros, o mais numeroso cordão colorado vinha em direção contrária – aliás, o Internacional havia sido o campeão. E nem a vitória gremista conseguira arrefecer-lhes por inteiro o ânimo. Quando aquela massa vermelha cruzou por nós, eles me atacaram. Subi num bonde-gaiola e eles entraram junto, perseguindo-me. Levei uma boa surra e minha roupa de Papai Noel foi inteiramente esfrangalhada. Nunca mais vou me esquecer daquela impossível vitória. Nem dos riscos que corri para apenas afirmar uma rivalidade que continua séria, mas tinha muito mais imaginário e pitoresco que nos dias de hoje”.

Foi numa tarde quente de dezembro, no distante ano de 1961, o dia em que o bom velhinho vestiu azul (e escapou de ser linchado)... O dia em que, mais uma vez e para todo o sempre, o Grêmio escrevia com sangue, suor e lágrimas seu nome no livro das vitórias impossíveis, tornando-se o protagonista de uma verdadeira fábula natalina. E os gremistas, mesmo perdendo o título, viveram intensamente um Natal de muita paz, saúde e amor – um verdadeiro Natal tricolor!

sábado, 20 de dezembro de 2008

A HORA DA RAZÃO

Por Eder Fischer


Nós, os torcedores, vivemos, quase que na totalidade do tempo, sobre o efeito paixão que temos pelo nosso Grêmio. Vamos de Marcel no ataque? Paulo Sérgio na lateral?

Putz... Mas fazer o que? . ...E da-lhe, da-lhe tricolor, eu sou borracho, sim, senhoooor! Foi este o sentimento de grande parte da torcida durante o ano. O futebol, dentro do campo, acabou. É agora que surgem os outros homens do futebol no clube. É agora que nossa torcida tem que deixar de ser a torcida copeira e se tornar igual as outras torcidas comuns. Se o time não está atacando, vaiem. Se atacou e não foi eficiente, vaiem também. Se fizer um gol, comemorem, mas em seguida voltem a vaiar se a apresentação não for convincente.

Há pouco tempo, fizemos, na minha opinião, uma das maiores injustiças para com um dirigente de futebol. Digo fizemos pois, apesar de não compactuar com a idéia, tendo escrito aqui neste espaço, inclusive, faço parte desta torcida. Expulsamos um dos maiores homens do futebol que o Grêmio já teve, ameaçando-o, inclusive. Se ainda não se deram conta de quem estou falando, peço que pesquisem: quem montou um time competitivo com recursos, que só não eram zero, porque eram negativos, para disputarmos a Segunda Divisão? Quem reforçou o time com poucos recursos para botar um Grêmio, recém vindo do inferno, na terceira posição do campeonato nacional? Quem preparou o Grêmio para a Libertadores de 2007, com Diego Souza, Saja, Lúcio, William, Teco, Schiavi? Quem trouxe para o Olímpico Rever, Victor, Roger e Roth (o melhor técnico do campeonato, na minha opnião) para este ano? Destes, três foram premiados este ano.

Não quero queimar ninguém, mas, na minha opinião, o Krieger ainda não mostrou a que veio. Seu maior mérito este ano foi manter o Roth – e antes de alguém falar que ele trouxe o Souza e repatriou o Tcheco, lembro que, na verdade, ele apenas fechou negociações que já estavam há muito tempo em andamento. Quem o Krieger realmente trouxe este ano foram Marcel, Orteman e Morales. A partir daí, peço que tirem suas conclusões.

Meu sentimento, nos anos anteriores, sempre foi de esperança, pois confiava na nossa diretoria, tinha certeza de que, se trouxessem um zagueiro do Ipatinga, é porque eles conheciam o jogador e o seu potencial. A regra básica para contratações que saiam da boca de Pelaipe e Odone quando questionados era a mesma: tem que ser um jogador que se identifique com o estilo de jogo histórico do Grêmio e que tenha potencial. Estas duas características aliadas já garantem, por si só, 80% do sucesso na contratação.

Este ano, torço muito para que nossos dirigentes façam um ótimo trabalho. Expectativa é a palavra que melhor representa o que sinto. Torço, mas não na quina do estádio como durante o ano: enquanto a nossa direção estiver agindo, estarei lá, na social, com minha pipoca, corneta e o meu radinho, pois agora é a hora da razão, para depois vivermos um ano inteiro de loucura.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

FAÇAM A PARTE DE VOCÊS

Por Silvio Pilau


Não gosto desse limbo entre o final de uma temporada e o início de outra. Sei lá, muita ansiedade. A expectativa da chegada de grandes jogadores, inevitavelmente, domina a torcida, ainda que saibamos que o clube não possui condições de trazer metade dos nomes que surgem em meio à boataria. Talvez seja esse o problema: essa expectativa quase nunca é preenchida. E, para piorar, outras equipes já começam a se reforçar.

Quanto a nós? Zero. Nada. Ninguém veio, só saiu. E saiu gente que vai fazer falta. Ou alguém realmente acha que temos um substituto à altura de Rafael Carioca? Certo que não. Uma opinião: Magrão não renderá nem metade do que rendeu neste ano. Muito do futebol que surpreendeu os próprios torcedores deveu-se ao fato de atuar ao lado de Carioca, um dos melhores jogadores em atualidade no país neste ano que se encerra.

O resto das saídas não temos muito o que lamentar. Foram jogadores que nunca se firmaram e sempre foram criticados pela torcida. Atletas como o esforçado Paulo Sérgio e o irregular Jean não farão falta, desde que, claro, a direção comece a agir em busca de outros nomes. Não adianta ficar só trazendo gurizada das categorias de base. Tenho certeza de que temos muito talento lá. Mas é preciso jogadores mais vividos e com talento. Equilíbrio, como diria Roth.

O São Paulo, mesmo com a forte base da equipe que já possui, contratou. O Palmeiras contratou. Até o Inter contratou – um jogador apenas, mas contratou. Quanto ao Grêmio, nada ainda. Com as carências da equipe de 2008 expostas a todos, já era para a torcida ter ouvido que alguns nomes assinaram contrato. Mas não. A direção parece mais preocupada com a Arena do que com o time. O foco não parece ser o que ocorre dentro de campo.

E isso me preocupa, pois temos mais uma Libertadores aí. Sei que não faremos fiasco, pois ali o Grêmio sente-se em casa. Mas é hora de agir. Tudo bem que não temos dinheiro, mas discordo quanto ao fato de as opções serem poucas. Quem entende de futebol – e é o que se espera de um dirigente – consegue montar um time forte somente através de boas escolhas. Direção, aguardamos. Façam a parte de vocês. A nossa vocês sabem que será feita.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

COM O GRÊMIO, PARA SEMPRE, NO TOPO DO MUNDO

Por Cristiano Zanella

Madrugada de 11 dezembro de 1983, um domingo. Tenho doze anos, e estou na sala da minha casa no bairro Três Figueiras, em Porto Alegre. Sentado no sofá, em frente ao "televisor" da marca Sharp – o primeiro aparelho colorido que tivemos –, junto da minha família aguardo o início de Grêmio e Hamburgo. Naquela noite, o Tricolor iria sagrar-se Campeão do Mundo. Vinte e cinco anos atrás...

A transmissão era da TV Gaúcha, e a narração do saudoso (que lance!) Celestino Valenzuela. Estávamos todos sonolentos, principalmente as crianças, que vestiam pijamas e haviam sido acordadas minutos antes do início da partida. Apitos estridentes ecoam pelo Estádio Nacional de Tóquio, foguetes estouram na vizinhança, porque o Grêmio já está em campo, trajando camisetas da Adidas e calções brancos.

Confesso que pouco lembro da partida, que recentemente revi na íntegra em cópia DVD remasterizada (com som e imagem digitais – http://dvdgremio.blogspot.com). Mas ficaram na lembrança as principais jogadas, os gols do genial Renato Portaluppi, a elegância do vesgo Mario Sérgio, os lances de malandragem de Paulo César Caju, a peleia de De León, Paulo Roberto, China, Osvaldo e Tarciso (e do time todo), a estrela de Valdir Atahualpa Ramirez Espinosa – conquistador da América e do Mundo! Agradeço a todos eles, personagens da minha infância e adolescência, pelo empenho, pela raça, coragem e determinação – virtudes que iram ajudar a forjar a marca do Grêmio Foot-ball Porto-alegrense mundialmente, e para a eternidade!

Terminada a partida, pegamos nossas bandeiras e saímos no reluzente Opala bege de meu pai a comemorar pelas ruas da cidade, descendo a Protásio Alves, no Alto Petrópolis (local onde se reuniam os "magros" da época), depois pela Osvaldo Aranha, que também estava lotada, e no centro da cidade, em festa que seguiu madrugada adentro. O Grêmio era o Campeão do Mundo, e – para todo o sempre – nada poderia ser maior!

Vinte e cinco anos se passaram, e ainda hoje é difícil avaliar a dimensão histórica que adquiriu (e vem adquirindo) esta inesquecível partida para a formação de toda uma geração de torcedores, jogadores e dirigentes gremistas. Além de tratar-se do título mais importante em 105 anos de existência do Grêmio, é uma conquista a ser comemorada eternamente, que traduz a grandeza de um clube até então pouco conhecido no cenário internacional – vale lembrar que, atualmente, o Grêmio é líder no ranking oficial da CBF, terceiro entre os brasileiros no da Comnebol (atrás de São Paulo e Cruzeiro) e possui (pelo menos é o que indicam as pesquisas realizadas nas últimas décadas) a maior torcida da região sul do Brasil.

Eu tinha doze anos, e vi o Grêmio Campeão do Mundo em 1983 – um título para sempre! Mais uma vez, parabéns, Grêmio querido! O mundial é e será para sempre o nosso caminho! A Terra continua azul, é só olhar e ver...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

AS VERDADES DOEM

Por Felipe Sandrin


Amigos GREMISTAS e colorados,
gostaria de agradecer o grande número de acessos das colunas e, ao mesmo tempo, desculpar-me. Vendo o número de comentários e e-mails os quais recebo diariamente, sensibilizei-me com a situação e resolvi fazer uma terrível confissão: eu não leio nada do que os vermelhos escrevem.
Sei que a regra prática de um colunista é dar atenção a TODOS os leitores. Porém, eu uso esse espaço de forma diferente. Escrevo para tantos lugares sendo imparcial que, hoje em dia, o "Sob a Benção da Imortalidade" se tornou quase que uma gaveta onde guardo meus pensamentos. E, diante disso, não há espaço para inimigos. Nesta gaveta onde guardo o bom do meu amor pelo GRÊMIO, não há espaço para mágoas. Mesmo quando recebo e-mails enormes de colorados, eu nem termino de ler a primeira linha para excluí-los.

Eu entendo a necessidade de grandes comentários se justificando: "meu Inter não quer ser GRÊMIO. Vocês não são campeões do mundo". Só que quando tento ler, eu vejo um monte de blá, blá, blá, blá.

Não estou mandando ninguém embora de minhas colunas, não, bem pelo contrário: fico louco de faceiro quando o pessoal acusa a pancada. As verdades doem, mas tem muito masoquista por ai. E quem sou eu para criticar aqueles que tanta audiência dão ao espaço mais torcedor da Internet?

Querem imparcialidade? Vão no Vidarte, porque aqui o bicho pega mesmo! E o que deve ser dito será. GRE-nal não tira férias e, antes que comece a Libertadores, tenho que tocar minha flauta – porque depois não terei tempo pra falar de coisas pequenas. Né, coloraiada?

Bom, já escrevi minha cota de hoje. Agora é com vocês, colorados. Fiquem à vontade: prometo não discordar de nada, até porque seguirei não lendo coisa alguma do que vocês escrevem. Eu sou muito da paz.

Aliás, eu e Dom Elias Figueroa não temos medo da rivalidade: nós amamos ela.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

RESPEITO ACIMA DE TUDO

Por Silvio Pilau

Já faz algum tempo que decidi não mais discutir futebol com colorados. Sei que muita gente tira um grande prazer desses colóquios futebolísticos sobre rivalidade, mas o fato é que nada sai daí. No fundo, eles são apenas uma perda de tempo. Ninguém vai conseguir convencer o outro lado. Jamais o seu argumento, por mais lógico e arrazoado que seja, será aceito pelo outro como verdadeiro. São discussões pautadas unicamente pela emoção e por amor cego, sem qualquer resultado.

Claro que essa é uma posição que nem sempre consigo seguir. Vez ou outra, encontro-me debatendo com colorados a importância de um título como a Sul-Americana, a legitimidade do Mundial Interclubes, a não-conquista da vaga na Libertadores no centenário e muitas outras coisas. No entanto, sempre que isso acontece, procuro manter a discussão no tom da brincadeira e do bom humor, tentando me divertir ao máximo em tal momento. Nunca deixando a conversa descambar para a insensatez e a falta de respeito.

No que concerne a mim e meus papos sobre futebol com amigos, consigo fazer isso. Sei que a posição deles é, igualmente, a de uma conversa divertida e de uma provocação saudável, que faz parte da magia desse esporte. Porém, com mais freqüência do que gostaria, vejo e tenho notícias de resultados desagradáveis saídos dessa rivalidade, como se o amor cego pelo clube se transformasse em um ódio cego por qualquer pessoa que vista a camisa do rival.

Aqui mesmo no Final Sports tivemos um exemplo claro disso na semana passada. Um texto publicado no lado gremista despertou uma reação pelo lado colorado, inclusive com ofensas ao autor. De quebra, os comentários foram inundados por declarações de baixo nível, por parte de ambas as torcidas. Esta é somente mais uma prova do motivo pelo qual procuro evitar o desgaste de discutir futebol: não se chega a lugar algum e, se uma das pessoas for mais exaltada, o clima pode ficar pesado e com resultados que ninguém gostaria.

No caso dos textos já citados, não cabe tentar apontar quem estava certo e quem estava errado. Cada um vai tomar a posição no lado que mais lhe convém - leia-se, no time que torce. Mas até nisso é possível ser educado.

Há algum tempo, postei um texto com o título “Eu Amo o Inter”. Claro que não passava de uma brincadeira, uma ironia, um texto que jamais desrespeitava o adversário. Recebi centenas de mensagens no Orkut que eram simplesmente ofensas a mim, sem qualquer tentativa de argumentação.

O que fiz? Respondi uma a uma. Todas as que eu pude responder. Mas não no mesmo nível. Respondi de forma educada, tentando argumentar e falando que uma reação a nível pessoal como a que os colorados estavam tendo era desnecessária. Para muitos, foi um tapa de luva. Boa parte me retornou pedindo desculpas, compreendendo a insensatez de tal reação. Claro que muitos continuaram com as ofensas, mas fiquei satisfeito por ter feito alguns perceberem seus erros e compreender que é possível, sim, uma rivalidade alicerçada no respeito não somente pelo rival, mas pelo ser humano.

É claro que essas palavras que vocês lêem agora não farão a menor diferença. Gremistas e colorados vão continuar discutindo. E, quanto a isso, não vejo qualquer problema. Nem quero que isso pare. Enquanto as provocações mantiverem o tom de amizade, o toque saudável de ironia e a criatividade única que as torcidas têm, comprometo-me a acompanhar de perto e, quem sabe, até participar de algumas.

A minha ressalva é quando a discussão sai do nível da civilidade. A partir daí, é somente um passo para os xingamentos, para as brigas, para as mortes. E é apenas isso que peço: respeito, bom senso e civilidade. A rivalidade pode ser sensacional quando se mantém dentro desses valores. Um pouco de provocação não faz mal a ninguém. Mas que seja feita dentro dos limites.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O CLUBE INTERNACIONAL DO RS

Por Felipe Sandrin

O Grêmio ensinou como chegar lá e, 25 anos atrás, consagrava-se o clube INTERNACIONAL do Rio Grande do Sul. O mundo estava mais azul, Porto Alegre não dormiria; não mudaria nunca mais a partir daquele dia. Surgia um novo clube diante de um velho espírito, e o conceito de IMORTAL adotado até então por Lupicínio Rodrigues ganhava o planeta.

Meus amigos, vistam o manto sagrado azul, ostentem com bravura aquilo que a duros golpes foi conquistado, orgulhem-se daqueles que transformaram o GRÊMIO NO MAIOR CLUBE DA NOSSA AMADA TERRA GAUCHA.

E não sucumbam ante o desrespeito, a inveja que se abate sobre aqueles que jamais deixaram de ser apenas coadjuvantes. Porque títulos todos podem ter, mas o pioneirismo é nosso. Nascemos primeiro, JÁ SOMOS CENTENARIOS, lutamos em guerras fora de nossas terras, longe de nossas casas, antes que qualquer um em nosso Rio Grande.

Amigo IMORTAL DONO DO MUNDO, está também em tuas canelas as marcas de travas argentinas, chilenas, paraguaias, uruguaias, alemãs, etc. Está sobre tua camisa do Grêmio o respeito com que nós, gaúchos, somos tratados e vistos.

Tu és amado, MAIS QUE CENTENARIO: orgulhe-se, torcedor gremista, pelas fotos em preto e branco que retratam os nossos títulos. O mundo em preto e branco era mais bonito, o futebol era MUITO MAIS FUTEBOL. Não havia chuteiras coloridas, chuvas de papel picado ou carro-maca para tirar canelas de vidro do campo. Tu, amigo gremista, conquistaste o mundo quando nele ainda existiam heróis que não custavam em euros ou dólares. Tu, torcedor gremista, foste o desbravador, foste como Colombo, Cabral, foste o PRIMEIRO a conquistar.

Se hoje a história existe é porque nós a escrevemos. E se hoje outros buscam, é porque estes buscam ser simplesmente como nós. Querem ser algumas páginas dentro de um livro chamado... GRÊMIO.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

UMA QUESTÃO DE OBJETIVOS

Por Silvio Pilau

Sabe-se que é difícil montar um time campeão de um ano para o outro. Na maioria das vezes, esse é um trabalho que exige um planejamento a longo prazo, tendo em vista não somente os nomes dos atletas em campo, mas tudo o que envolve o clube. Política de salários, plano de sócios e balanço financeiro em dia são apenas alguns dos fatores que influenciam na construção de uma equipe competitiva, capaz de disputar grandes títulos.

Temos alguns exemplos disso no futebol brasileiro dos últimos anos. O Grêmio de Felipão e Fábio Koff foi um deles. O Internacional de Fernando Carvalho outro. E, atualmente, o São Paulo de Muricy Ramalho. São três grandes provas sobre como um pouco de organização e estrutura têm a habilidade de se sobressair na eterna bagunça e desorganização que é o futebol brasileiro.

O Grêmio, no momento, passa por um período de transição. Temos um novo presidente, após Paulo Odone reerguer o Tricolor das profundezas do inferno da Segundona. Temos o projeto de um novo estádio, que ainda vai demorar a ficar pronto, mas já requer muita atenção desde agora. E temos, acima de tudo, um novo ano pela frente, mas, ao contrário de 2008, um ano repleto de altas expectativas por parte dos torcedores.

Iniciamos este ano prestes a terminar com medo do pior. No entanto, conquistamos uma vaga para a Libertadores e brigamos pelo título nacional até o fim. O torcedor viu, novamente, que é possível acreditar no Grêmio e que um clube com essa mística está destinado às glórias. Em 2009, temos uma Libertadores pela frente, a décima-segunda de nossa história. E, após o vice da própria Libertadores em 2007 e o vice brasileiro neste ano, o torcedor exige um título de respeito.

Por enquanto, o cenário não é muito animador. Apesar das renovações dos excelentes Victor e Rever, perdemos Rafael Carioca, que não quis nem jogar a Libertadores, preferindo se esconder na Rússia. Também foi renovado o contrato de Tcheco, um jogador pelo qual já expressei minhas muitas ressalvas, ainda que tenha apoio de boa parte da torcida. E nenhum dos nomes surgidos em meio à boataria chegou a empolgar.

A esperança, porém, continua. Sei que o Grêmio não irá montar o melhor time do Brasil, mas torço para que os dirigentes contratem com sabedoria e precisão. Tudo é uma questão de objetivos. Queremos uma boa campanha na Libertadores ou queremos o título? Os dois últimos anos nos ensinaram uma lição: a camisa do Grêmio tem valor e é capaz de grandes feitos. Mas nenhuma camisa chega sozinha a grandes conquistas. Ela precisa ser vestida por jogadores de qualidade.

O Grêmio de 2008 tinha essa qualidade, mas ela era insuficiente para o almejado pela torcida. Que o cenário seja outro em 2009.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

VALEU, GRÊMIO! A LUTA CONTINUA!

Por Cristiano Zanella

Gremistas: o título não veio, e estamos todos cansados de buscar as razões... O ataque que não faz gols, a biografia nebulosa de Roth, os reforços que não deram o retorno esperado, os times entregões e a mala preta, gols anulados, gols injustamente validados, ou mesmo o envelope com os ingressos para o show da popstar Madonna que o juizão ia embolsando! Foram momentos de alegria, dor, esperança, superação. Inacreditável: perdemos o Brasileirão! Terminada a atividade dentro das quatro linhas, se inicia o período de renovações e contratações: sai Rafael Carioca, ficam Victor, Léo e Rever, Tcheco, William Magrão e Souza, possivelmente Celso Roth.

A base está formada, mas há a necessidade (urgente!) de se contratar laterais (que não sejam do naipe de Patrício, Bustos, Hidalgo, Paulo Sérgio) e o jogador de exceção para o ataque (esqueçam os medalhões em fim de carreira como Luisão, Christian, Amoroso, e agora Washington – precisamos de sangue novo).

O Grêmio não faturou títulos este ano porque não teve ataque, não teve centroavante, e isso no futebol é fatal! Mesmo assim, a espinha dorsal da temporada 2008 servirá como base para o próximo ano, e isto por si só já é uma baita notícia, novidade em anos recentes. Até o início da temporada 2009, serão pouco mais de seis semanas sem jogos oficiais – dá tempo para montar o time (nosso primeiro confronto no Gauchão será fora de casa, contra o Inter SM, em 21 de janeiro).

De janeiro a julho, acontece a histórica 50a edição da Copa Libertadores da América, a ser disputada simultaneamente com o Campeonato Gaúcho e as primeiras rodadas do Brasileirão. Mesmo que os adversários da primeira fase sejam ilustres desconhecidos, vale lembrar que na Libertadores não tem barbada, e que precisamos reforçar o elenco com quantidade e qualidade. É bom saber que a nova diretoria já está ligada, trabalhando na busca de jogadores. Vamos pensar grande que a torcida banca, ou alguém duvida que irá aumentar o número de sócios tricolores com a participação na Libertadores e a perspectiva da nova Arena?

Fica, é claro, uma certa frustração pela(s) oportunidade(s) perdida(s), afinal de contas, faltaram apenas três míseros pontinhos. Mas valeu, Grêmio! Valeu, torcedor gremista! Muito obrigado pelos momentos inesquecíveis ao longo da temporada! A luta continua! Faça chuva ou faça sol, na vitória ou na derrota, aplaudiremos o Grêmio onde o Grêmio estiver! A festa é nossa! O céu é o limite!

E amanhã... vai ser outro dia! Grêmio sempre!!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O INTER SONHA SER O GRÊMIO

Por Felipe Sandrin


O maior patrimônio de um clube é sua torcida, e mais uma vez demos a prova do porquê somos únicos nesse imenso planeta bola. Domingo, enquanto um avião sobrevoava o Olímpico com o dizer "Inter campeão de tudo", eu fiquei a questionar-me de onde vem tamanha rivalidade. Após uma análise fria dos fatos, eis que chego à resposta.

Fernando Carvalho quer mais argentinos no time. Ele percebeu a força do sangue platino; ele e toda torcida também notaram que não é feio se inspirar nos bons. Por isso, adotaram os cânticos das barras-bravas e buscam inspiração em nossa linda torcida azul.

Há anos, colorados se dizem o clube do povo, mas ai percebo que o Brasil é um país em sua extrema maioria "povão": por que então o "clube do povo Inter" perde em TODAS as pesquisas referentes às maiores torcidas para o clube dito preconceituoso, o Grêmio?

Um plano de 100 mil sócios, onde visa-se o lucro acima de tudo, por isso tanto SÓCIO não conseguiu ingresso para a GRANDE, IMENSA final da Sul-Americana? A vontade de ter um estádio cheinho é tanta que o plano é 100 mil sócios: onde vão ficar os que não conseguem ingressos? Ai é com eles.

O Inter, papa-títulos, temido e respeitado, QUER a Libertadores, SONHA, ALMEJA INTENSAMENTE a Libertadores, mas conheceu tal título há pouco tempo. Até então, só acompanhavam pela TV, secavam e imploravam para que o Grêmio não vencesse.

O Inter, festejado, aclamado, que projetou uma equipe para lutar pelo título brasileiro, terminou o campeonato brasileiro – que era seu GRANDE E MAIOR objetivo – 18 pontos atrás do Grêmio: isso mesmo, 18 pontos atrás do Grêmio, sem nunca ter tido a oportunidade de brigar pelo título, sem nunca ter sabido o que fazer, senão somente figurar no, até então, PARA ELES, mais importante campeonato do ano.

Pobre Inter...não sabia que na qüinquagésima edição da Libertadores só entrariam grandes campeões. Acabou não sendo convidado. E agora, a todo custo, tenta forjar um convite: estão piores do que adolescentes tentando se "muquiar" em festa de 15 anos.

Esse é o Inter, um clube que entrou no século 21 com tudo: admiram o futebol argentino; sonham serem vistos como o clube do povo; Almejam 100 mil sócios para assim garantirem bons públicos; almejam incessantemente a Libertadores da América; Abandonam o barco quando vêem que os objetivos parecem impossíveis.

Enquanto aquele avião sobrevoava o Monumental Olímpico, domingo, eu disse a mim mesmo: Caramba, o campeão de tudo sonha com o que nunca poderá ter, sonha com o que nunca poderá ser... O GRÊMIO.

Existem sim duas torcidas nesse estado: os azuis e os que sonham ser.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O ORGULHO DE SER GREMISTA

Por Silvio Pilau

O cronômetro sobre o pulso do árbitro marcava, aproximadamente, trinta e nove minutos do segundo tempo. No placar eletrônico do estádio, lia-se uma vantagem de dois a zero para a equipe mandante. Os dois anéis do estádio estavam tomados por pessoas de todos os gêneros e idades vestindo azul, preto e branco. Os olhos pairavam sobre a relva verde diante de si, mas a atenção permanecia voltada para uma distante partida ocorrendo no centro-oeste do país.Foi quando veio a informação de que aquele jogo havia encerrado.Houve um reduzido instante de decepção. Um átimo de segundo tomado de tristeza pela glória que se escapava.

Lentamente, porém, o silêncio começou a desaparecer. Ruídos primeiramente tímidos, escassos, de mãos uma ao encontro da outra. Pouco a pouco, elas foram se fazendo ouvir. Mais e mais palmas se somavam para formar um som de reverência e respeito. Logo, o estádio estava tomado por aplausos. Uma demonstração de amor e, acima de tudo, reconhecimento.É fato que o Grêmio foi muito mais longe do que se esperava dele. No início do campeonato, analisando equipe e momento, o Tricolor tinha um futuro negro à frente. Mas esse não era um time qualquer.

Ali não estava um time capaz de satisfazer com pouco e preso às regras que guiam o restante dos clubes. O Grêmio é surpresa, é superação, é subversão de expectativas. E chegou ao final do campeonato como a única equipe capaz de fazer frente ao São Paulo. Por isso, o reconhecimento emocionante de uma torcida sem igual.O que se viu no Olímpico nos minutos finais da partida e por algum tempo após seu término é algo raro no futebol brasileiro. Não é por acaso que poucos entendem o verdadeiro sentimento de ser gremista. Torcer para o Grêmio não é vibrar somente com vitórias. Não é ter paixão por faixas e troféus conquistados pelo clube. O coração gremista existe somente pelo amor incondicional ao clube. Um amor inabalável, vivo em todos os momentos e com constantes demonstrações de sentimento.Ontem, foi mais um exemplo.

O Grêmio não levou o título, mas foi campeão. Não campeão moral, pois isso é coisa de time pequeno. O Grêmio foi campeão porque é um campeão sempre. Sua essência é a de um time vencedor e a postura tricolor dentro de campo mais uma vez provou isso. As lágrimas correndo pelos rostos dos jogadores significam não somente a dor da não-conquista, mas a compreensão de que os torcedores, únicos e inigualáveis, mereciam algo melhor. Esse reconhecimento é nossa grande vitória.Por isso, parabéns a todos. Parabéns aos atletas que deram o máximo de si em uma campanha magnífica. Por vezes derraparam, por vezes fraquejaram, mas souberam compreender o que significa ser gremista. Parabéns ao técnico Celso Roth, por superar um ambiente completamente contrário a si e realizar uma jornada acima de qualquer expectativa.

E parabéns, acima de tudo, a essa torcida magnífica, a melhor do Brasil. Parabéns a cada um de vocês que apoiou, que acreditou, que não desistiu. Nas arquibancadas do Olímpico, com o radinho no ouvido ou simplesmente com o distintivo sobre o peito em algum lugar do mundo, parabéns e muito obrigado. São vocês, somos nós, que fazemos deste um clube diferente de qualquer outro. Somente nós conhecemos o orgulho de ser gremista.

Um orgulho que, certamente, verá muitas glórias no próximo ano.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O ERRO DA MÁ PERSPECTIVA

Por Felipe Sandrin

Domingo acaba o ano, meu ponto de vista: Grêmio surpreendeu, e o Inter ficou abaixo do esperado.

A decisão da direção colorada de montar uma equipe no meio da temporada acabou com as imensas pretensões do clube. Ano que vem, ante o centenário, não haverá a Libertadores. Neste ano, que a princípio encaminharia tudo para a glória no centenário, faltou entrosamento. Mesmo com bons jogadores, tardou-se a surgir um time unido. Houve um grande acerto no segundo semestre, que surgiu devido ao desespero: a Sul-Americana tornou-se fundamental do dia para a noite, e o time vermelho entrou com tudo na competição. A meu ver, fizeram uma escolha lógica e certa: era isso ou acabar o ano sem nada.

Em resumo: Fernando Carvalho é realmente um grande dirigente, fez de um ano perdido a pancada que causou amnésia na torcida colorada. Diante da promessa de dar o mundo ao clube em 2009, não existirá tal opção.

Já o Grêmio surpreendeu diante do erro: o erro da má perspectiva. Nós, gremistas acostumados a títulos e grandes feitos, há alguns anos percebemos a decadência do clube. A decadência da qual falo é a de ímpeto com a grandeza. A melhor notícia dos últimos anos foi a Arena. Veio dela a prova que ainda existem dirigentes que pensam grande e em um Grêmio forte no futuro. Digam-me como pode um clube como o nosso começar um campeonato não sendo favorito e temido? O Grêmio, em segundo, é dado como um ótimo resultado, sendo que anos atrás não nos contentávamos se não obtivéssemos o título.

Domingo, o Olímpico vai estar lindo. Como gremista. acredito no título; como um analista, vejo ele muito longe. Mesmo que percamos este título, tenho certeza de que a torcida cantará e vibrará muito com o apito final. Ficará um vago sentimento de derrota, mas certamente iremos ver que deste grupo nos surpreendeu e, diante cagadas e acertos deste ano, colhemos algo de muito bom. A América estará em pauta novamente e sabemos que quando o Grêmio está nela o bicho pega.

Bom, amigos, foi um prazer cá estar o ano todo junto a vocês. Lembrem-se que, entre as coisas de menos importância, o futebol é a mais importante. Respeitem para serem respeitados e ouvir uma corneta não faz mal a ninguém.

Um abraço tricolor de um talvez campeão brasileiro – mas, independentemente de tudo, sempre apaixonado gremista.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

É CHATO ESSE GRÊMIO

Por Silvio Pilau

Torcer pro Grêmio é um saco. Sério, a gente não consegue se livrar desse time. Quando pensamos que já era, que poderemos cuidar unicamente de nossas próprias vidas, lá vem o Grêmio respirar novamente e nos puxar mais uma vez para o Olímpico. Que time teimoso, Deus do céu. Não desiste nunca. Fica lá, mordendo os calcanhares dos adversários até o fim e, se deixarem, abocanha o troféu.Isso acontece em quase todos os campeonatos que o Grêmio disputa. Na fase de mata-mata da Libertadores do ano passado, por exemplo. Perdia fora de casa a primeira partida. Aí, fazíamos nossos planos para as futuras quartas-feiras à noite, acreditávamos que seria possível ver a novela, mas não. No jogo da volta, o Tricolor ia lá e fazia jus à alcunha de Imortal revertendo o resultado e se segurando por mais uma fase.

É o mesmo caso dessa reta final do Campeonato Brasileiro. Quando tudo parecia ganho, começamos a perder. Depois do jogo contra o Cruzeiro, muitos acharam que não dava mais. Mas o Grêmio continuou. Após a partida contra o Figueirense, a maioria desistiu. O Grêmio não.

Depois da goleada para o Vitória, toalhas tricolores tomaram o chão. No entanto, o Grêmio não se entregou, massacrou o Ipatinga e viu o Fluminense arrancar um empate contra o São Paulo.Então, como estamos? Estamos vivos, ainda. Não agüento mais. Queria estar jogando com reservas, não disputando o título. Mas o Grêmio não deixa. Chega à última rodada na cola do São Paulo, jogando um temor imenso sobre o Morumbi. Coitados dos jogadores são-paulinos. Esse Grêmio insuportavelmente chato não os deixa mais dormir sossegados. Até o próximo domingo, os atletas de lá vão sofrer de insônia, nervosos, pensando nesse time pé-no-saco para o qual a gente torce.Digam, quantos de vocês não tinha planejado ir para a praia no próximo final de semana? Viajar um pouco para arejar a cabeça, deixar de lado o stress do trabalho ou das aulas e curtir o mar? Aposto que muitos fizeram isso achando que o Grêmio estaria morto na próxima rodada.

E agora? Vamos todos ter que reformular nossos planos e redefinir nossas agendas, pelo simples motivo de que o Grêmio não se entrega.Mas, já que é assim, estaremos lá novamente. Já que essa absurda teimosia faz parte da essência do Grêmio, só nos resta continuar ao lado desse time, apoiando como nunca e com um ouvido a quilômetros e quilômetros de distância lá na capital do Brasil. Só porque esse time não consegue desistir. Porque é um verdadeiro carrapato, que se agarra como louco à menor esperança. Só porque esse time, para desespero do São Paulo, ainda acredita que o título é possível e vai lutar até o final por ele.É chato esse Grêmio!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ALGUMAS RAZÕES PARA ACREDITAR

Por Cristiano Zanella

Era difícil...! Tornou-se possível! Mas, convenhamos, pouco provável. Nada mais do que isso. Os três pontos que nos separam do São Paulo e que prorrogam a decisão do campeonato para a última rodada ficaram para trás, em jogos contra Flamengo, Botafogo, Inter, e mais recentemente o Goiás, o Figueirense, o Vitória. Dos bambis ganhamos duas vezes! Contra Cruzeiro e Portuguesa, fora de casa, fomos ridículos. Parecia que tudo ia acabar ali, logo ali em frente, na próxima rodada. Mas o imortal se recusava a morrer. Bem, já não adianta lamentar o que passou; o time foi suficiente para garantir a Libertadores, não o título. Sempre apostei num tropeço do São Paulo, mas sabia que o Grêmio iria deixar escapar pontos nas rodadas finais. Aliás, tinha certeza! Agora é tentar buscar razões para – ainda – acreditar. E em se tratando do Grêmio, tem que se acreditar sempre!

Bueno: o primeiro passo é – evidentemente – lotar o Olímpico e fazer o serviço de casa, amassando o pão de queijo mineiro. Na convicção de que ganhamos nosso jogo, aí é botar fé na vitória do sempre traiçoeiro Goiás. O mesmo Goiás que há pouco nos surrupiou três pontos em casa, num jogo que não podíamos perder! O Goiás que no ano passado se manteve na primeira divisão contando com a ajuda do Grêmio! O Goiás do falastrão Hélio dos Anjos, do gremistão Paulo Baier, do bom goleiro Harlei, do ídolo colorado Gabiru!

Outro fator ao qual podemos nos apegar diz respeito ao duro golpe que atingiu o virtual campeão na rodada anterior, quando jogando mal, o poderoso São Paulo empatou com o Fluminense, em casa. A festa já estava armada, o chope encomendado, as camisetas confeccionadas, e o Flu foi lá e detonou com tudo, chutou a mesa da festa, derrubou o bolo no chão! Bem, se o líder São Paulo não ganhou do fraco Fluminense em casa, pode muito bem perder pro Goiás fora. Vale lembrar que, ao longo da temporada, o Goiás já bateu todos os integrantes do pelotão de frente: Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo. A semana vai ser de especulações, negociações, declarações polêmicas e de suaves secações. Só nos resta esperar...

Gremistas: o foco tem que estar dentro do campo! Já não depende apenas da gente, mas vamos botar fé, pensar positivo! Sinto novamente uma força estranha no ar... Que os deuses do futebol nos acompanhem em mais esta épica jornada! Domingo é dia de ver o mar azul colorir as ruas da cidade... Fé! Esta é a palavra!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

FIZESTE O TEU MELHOR, GRÊMIO

Por Felipe Sandrin

Sento em frente ao computador, documento de word, uma folha branca e um texto a digitar, uma rotina diária que tornou-me mais analítico do que unicamente apaixonado. Penso no que poderia dizer a vocês, amigos gremistas que sofrem e torcem com a mesma força do que eu.
Faltam-me palavras – e quando alguns dizem que tenho o dom de dizer o que muitos pensam, eu mesmo me questiono: por que então me sinto sempre tão cheio de coisas a dizer? Por que diante tudo é tão difícil descrever o sentimento de ser gremista?

O que esperar para este ano? O que você, amigo tricolor, esperava do Grêmio neste Brasileiro? Sim, o futebol é uma caixinha de surpresas, cada jogo pode trazer um novo feito: mas, amigos, me digam como por 38 rodadas um time dado como medíocre conseguiu chegar à última rodada vivo, com chance de título, já classificado para uma Libertadores?

O Grêmio é incrível. Este clube só pode ter sido lapidado por mãos de deuses. Quem eram Réver, Victor, Pereira, Willian Magrão, Rafael Carioca? Em um campeonato sem grande estrelas, éramos até então o time de menos brilho. Digam-me um campeonato assim, que fez de um time medíocre o adversário a ser batido?

Porque nós nascemos da dificuldade: não há lágrima dada em vão porque o Grêmio sempre volta. Mais cedo ou mais tarde, conquista o impossível, o inigualável. Fazemos de um título não somente mais um título: fazemos com que, nos piores momentos, pensemos que um dia os mesmos deuses que fizeram este clube joguem nele. Por um segundo, um mísero segundo, eles vestem nossa camisa. E então escreve-se mais um capítulo inesquecível de nossa história.
Eu olho para os lados e, seja na derrota ou vitória, vejo que não estou sozinho. Sempre haverá um Olímpico lotado, uma rua repleta, um boteco entupido de gremistas apaixonados. E onde quer que eu esteja, sei que não estarei sozinho. Para chorar ou para sorrir, és tu, Grêmio, o meu maior e melhor motivo.

Com ou sem título, foi este um ano incrível. E eu sei que tu, Grêmio, assim como eu, fizeste o teu melhor.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

AMÉRICA, ESTAMOS DE VOLTA

Por Silvio Pilau


Cada pessoa tem o seu lugar no mundo. Aquele espaço que gera apenas sentimentos maravilhosos e onde a vida faz completo sentido. Para alguns, é a própria casa, ao lado da família. Para outros, é o escritório de trabalho, onde põe em prática toda a ambição. Para outros mais, é em uma festa, cercado de amigos dançando até perder as pernas. Diferente para cada um, mas, sem exceção, todos nós temos aquele nosso cantinho favorito onde tudo se justifica.

E isso não ocorre somente com seres humanos. O Grêmio, por exemplo. O Tricolor já circulou por todo o planeta, conquistando títulos em terras longínquas. Já disputou diversos campeonatos, desde pequenos torneios que pouco valiam até as maiores glórias possíveis para um clube de futebol. No entanto, há uma competição em particular que é a razão de ser de todo gremista. Uma competição onde o Grêmio encontra sua verdadeira essência: a Libertadores da América.

A Copa não é somente um campeonato de futebol. Ainda que muito do aspecto de guerra que antes tornava-a a taça mais difícil para um clube tenha desaparecido, a Libertadores continua sendo uma provação e um desafio a todos que a disputam. Na Copa, uma equipe formada por atletas, por boleiros, jamais chegará ao título. São necessários homens de verdade, guerreiros de fibra e heróis destemidos, dispostos ao sacrifício e em busca de um lugar na história.

Por isso, o Grêmio é um dos clubes mais tradicionais da história do campeonato. São mais de dez participações, quatro finais e dois títulos. Momentos históricos como a batalha de La Plata (quando o Estudiantes ainda era um grande time) e o inesquecível duelo contra o Palmeiras em 1995. Sangue, pontapés, provocações, carrinhos e, ocasionalmente, um pouco de futebol. A trajetória gremista está completamente arraigada à história da Libertadores. Um precisa do outro. Um sem o outro parece uma cópia de algo vazio e sem essência.

Pois o Grêmio está de volta. A vitória de ontem contra uma das piores equipes que já vi jogar carimbou a passagem Tricolor para a Libertadores. Se o título virá, isso é algo que somente será decidido no próximo domingo. As esperanças voltaram a se reacender. Poucas, ínfimas, mais que teimam em não morrer. Porém, a disputa da Libertadores em 2009 já está garantida e, convenhamos, isso já é muito mais do que imaginávamos no início do campeonato.

Então, resta-nos a esperança de que a direção entenda o sentimento dos torcedores em relação à Libertadores. Resta-nos acreditar que eles compreendam a importância dessa competição e não poupem esforços para construir uma equipe realmente capaz de disputar o título. E resta aos adversários começarem a se preocupar. Resta à América se precaver, pois o Grêmio está de volta.

sábado, 29 de novembro de 2008

VAMO, SÃO PAULO

Por Eder Fischer


Vai lá, São Paulo, sai metendo pressão. Toca logo dois ou três nos 20 primeiros minutos. Aproveita o momento e se vinga de uma vez do Fluminense. Lembra? Foram eles que humilharam vocês, acabando com o sonho da Libertadores deste ano. Levantem este caneco agora, junto com a sua torcida – o outro jogo não será no Morumbi. É chato comemorar título em aeroporto. Por favor, acabem logo com o sonho deste gremista agonizante que enfrenta deboches diários por dizer que ainda acredita.

Eu não agüento mais ficar calculando, comparando adversários e achar que ainda é possível. Eu não agüento mais ficar pensando naqueles pontinhos que poderíamos ter ganho – e talvez agora estar dependendo de um empate para ser campeão. Eu não agüento mais ficar lembrando que terminamos o primeiro turno 11 pontos à frente de vocês, Eu não agüento mais ver as projeções de um campeonato utópico sem erros de arbitragem (prejudicando o Grêmio) que nos deixariam à frente de vocês hoje. Então, como diria Joquim, o louco de chapéu azul, na canção de Vitor Ramil, "me dê apenas mais um tiro por favor. Olha pra mim, não há nada mais triste que um homem morrendo de frio". Foi uma semana angustiante, quase insuportável, não sei se vou agüentar mais uma. Imaginem só: uma derrota do São Paulo aliada a uma vitória do tricolor. Não. Não imaginem, será torturante, isto é o que eu chamaria de requintes de crueldade.
Domingo, por volta das 19 horas, quero estar tomando minha ceva, tranqüilo, e mentindo numa sinceridade cínica para mim mesmo: este time do São Paulo é foda mesmo, os caras têm grana e competência, este ano é deles de novo, com justiça.

Quero ao menos que Deus seja justo e me permita já estar na Libertadores, fazendo projeções dos adversários que enfrentaremos, das contratações, da nova camisa e novo patrocinador. Será que o Roth continua?

Antes de concluir meu texto, recebo a ligação de meu pai. Um dos maiores gremistas que conheço. Ele é geralmente racional e realista. Falamos por algum tempo até que perguntei do Grêmio. E ai, pai? Libertadores ano que vem? Estava esperando uma resposta do tipo:
- É, o título já era, mas ano que vem a Libertadores é nossa.

Isto faria com que eu me sentisse um pouco menos culpado. Então vem a resposta do "Seu Fischer":
- Alguma coisa me diz que ainda vamos ganhar este campeonato.

Ser gremista não é fácil, nunca foi e nunca será. Ao mesmo tempo em que vejo o quão difícil, quase impossível é ganhar este campeonato, eu sei que, se tivermos que ganhar este campeonato este ano ou em algum outro ano, não será nem um pouco mais fácil.

No final o que valerá mesmo, será o que ocorreu durante.

Sei tudo que o Tricolor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

FAÇAM SUAS APOSTAS

Por Felipe Sandrin


O futebol pode até ser uma caixinha de surpresas, mas duvido que as situações da dupla mudem agora que estamos tão perto da linha final. O Inter sairá campeão da Sul-Americana, e o Grêmio não será campeão brasileiro.

Desmerecer títulos não é comigo: eu gostaria de conquistar o título que os colorados irão conquistar. Títulos nunca são de mais. Porém, eu não trocaria uma classificação para a Libertadores por este título. Não se pode negar que, por enquanto, a Sul-Americana é pouco prestigiada. Pode vir a crescer, pode ser que nos próximos anos seja importante ter na sala de troféus um título de tal competição, mas por enquanto não significa tanto quanto, por exemplo, uma Libertadores.

Agrada-me o fato de nossos irmãos colorados obterem tal título. Isso pode ser um incentivo a mais para nossos dirigentes – que também terão de aturar foguetes e piadinhas. Sem dúvida, ver o principal rival ganhar algo nos trás a obrigação de resposta.

Ao que tudo indica, o Inter não vai para a Llibertadores e, com a Sul-Americana sendo vencida, ameniza-se cobranças. O super plantel do Beira-Rio não jogará a principal competição do continente em 2009. O centenário colorado não será focado no melhor presente que um clube brasileiro pode ganhar. Já o Grêmio fará de tudo para que 2009 seja o ano da década. A direção tricolor sabe que seria a resposta perfeita para toda e qualquer provocação.

Eu aposto em um Inter campeão e em um Grêmio derrotado no final deste 2008. Porém, há poucos meses, jurávamos que a situação seria invertida. Assim como no início do ano víamos um Inter multicampeão e um Grêmio rebaixado.

O futebol muda a toda hora. Não espero tantas mudanças neste final de ano, não. Mas para 2009 prevejo algo muito grande acontecendo. A questão é: será um Grêmio campeão ou um Inter avassalador?

Meus amigos, façam suas apostas, pois 2009 já começou.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

BALANÇO

Por Silvio Pilau

Como afirmei no meu texto anterior, joguei a toalha. Não adianta. Por mais apaixonado que seja, por mais acostumado que esteja a provas incríveis de superação Tricolor, o Grêmio não será o campeão brasileiro de 2008. O problema não é mais nem o Grêmio. Acho que podemos, sim, vencer as duas partidas que faltam. A dificuldade é o São Paulo, no momento atual, somar apenas um ponto nas rodadas que faltam. No entanto, tenho absoluta certeza de que estaremos na Libertadores do ano que vem.

Diante disso, com tudo definido, acho que é possível fazer um balanço do ano que passou. Foram doze meses distintos, divididos em duas partes. Em ambas, tivemos decepções. Porém, elas vieram por motivos diferentes. No primeiro semestre, as expectativas eram altas. Gauchão e Copa do Brasil eram dois títulos possíveis. O primeiro, então, parecia estar marcado para nós. As duas quedas – para um time da segunda e um da terceira divisão – causaram um verdadeiro terremoto no Olímpico. O futuro parecia negro para o campeonato nacional.

No entanto, ocorreu o oposto. Contra todas as previsões, o Grêmio disputou as primeiras posições desde o início, surpreendendo não somente o Brasil como a própria torcida. A esperança começou a surgir. Falar em título tornou-se corriqueiro. Por isso, a decepção. O próprio time ergueu as expectativas da torcida e não vê-las cumpridas foi uma frustração tão grande ou até maior do que a ocorrida no primeiro semestre. O título esteve em nossas mãos e deixamos escapar.

Olhando para trás, porém, saímos no lucro. Antes do campeonato, falava-se em evitar o rebaixamento e encerraremos o campeonato em uma das primeiras posições e com vaga assegurada para a Libertadores da América. Quem disser que esperava algo mais do que isso após o desastre do primeiro semestre estará mentindo. O Grêmio, com a desconfiança da torcida em relação ao grupo e com o repúdio declarado dos torcedores em relação ao técnico, encerra uma belíssima campanha com passagem para a mais importante competição sul-americana.

Em relação à equipe, muito deve mudar. Muito mesmo. Conto no dedos os jogadores que gostaria que ficassem: Victor, defensor das traves, atualmente o melhor goleiro do Brasil; Réver, o gigante intransponível, um dos melhores zagueiros do campeonato; e Rafael Carioca, volante de técnica e desarme impecável. Estes são os medalhões. Os únicos jogadores acima da média do elenco. É a partir daí que o resto do grupo deve ser construído.

Claro que outros podem ficar. Pereirão, pelo seu grande ano. Mattioni, Douglas e Héverton, pelas promessas. Léo, que, apesar de um ano irregular, é um zagueiro de talento. Magrão, que provavelmente jamais repetirá o ano que teve, mas é um bom jogador de grupo. E só. Estes são os que possuem condições de continuar vestindo a gloriosa camisa tricolor. O ataque pode ir embora. Tcheco, fraco, lento e medroso, pode voltar para a Arábia. Os laterais, bom, esses ninguém viu durante o ano.

E o treinador? É inegável que Roth fez um trabalho fantástico. Ele errou muitas vezes, claro. A torcida sempre o vaiou, claro. Mas ele levou uma equipe incrivelmente limitada a algo inimaginável como a vaga na Libertadores. Mais inacreditável ainda, liderou pela maioria do campeonato e brigou pelo título até o final. Roth merece crédito por isso. Não merece, porém, continuar.

O técnico teve sua chance. Se tivesse ganho algo, eu aceitaria a sua permanência. Mas a torcida simplesmente o odeia e não há clima para seguir treinando o Grêmio. Não mais uma vez. A direção o segurou no início do campeonato e a aposta deu certo. Quais as chances de dar novamente? O ciclo de Roth encerrou no Grêmio. O Tricolor precisa de um técnico novo, de atletas diferentes e da mesma torcida. Assim, com essa reformulação, poderemos disputar o título da Libertadores.

Era o que faria se fosse dirigente. Será que eles farão?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

FALTOU TIME

Por Cristiano Zanella


A derrota diante do Vitória da Bahia praticamente encerra as possibilidades de título para o Tricolor. Faltou qualidade, faltou planejamento, faltou técnico, faltou superação! O Grêmio foi longe demais? A campanha é superior às possibilidades do time? Talvez... Mas agora é planejar o ano de 2009; a temporada acaba sem títulos no Olímpico. Nem mesmo o miserável Gauchão conseguimos conquistar – chances tivemos, mas tínhamos também Celso Roth no comando, um técnico fadado ao fracasso. No domingo, escalou Jean no lugar de Heverton, lançou a campo Paulo Sérgio e o ridículo Orteman quando precisava de força na frente, deixou as promessas Mattioni e Douglas Costa descansando em Porto Alegre enquanto André Luiz errava gols feitos, manteve o inoperante Marcel como titular absoluto no ataque. Uma jornada infeliz, que consagra sua (mais uma!) improdutiva passagem pelo Olímpico.

Tudo ia bem até a virada do turno, quando o time era líder isolado, onze pontos na frente do São Paulo, e chegaram os reforços que acabaram não reforçando nada: Orteman, Morales, Souza. Pelo contrário, a partir daí o treinador ficou ainda mais confuso, passou a sofrer ainda mais pressão de parte da torcida, da direção e da imprensa. Os reforços e as lesões pioraram o time que já estava formatado! Como podíamos imaginar que até Souza daria uma resposta tão aquém da expectativa? É evidente que o treinador não é o único culpado, acredito que ninguém mais do que Celso Roth precisava deste título – mas que a campanha é a cara de Roth... ninguém haverá de contestar!

Antes disso: nossa ruína começou no exato momento em que poupamos os titulares na Copa Sul-Americana. Eu defendo essa tese: time titular sempre e em todas competições! Jogador é pra estar em campo! Botar time reserva em Gre-nal?!?! É brincadeira! Pois além de não conquistar títulos, tampouco ganhamos Gre-nais em 2008! Pelo contrário: do clássico do segundo turno, com os titulares em campo, prefiro nem lembrar!

O ataque não faz gols! Fato! Somados todos os atacantes não resultam em um! O Pere(b)a é uma piada, já podia ter sido mandado embora no meio do ano e falta não teria feito (tem contrato até 2010). Escalar Marcel é jogar com um a menos; é jogador pra os últimos 15 minutos se o time estiver ganhando, e olhe lá. Os franzinos Reinaldo e Soares não resolvem, não disputam, não ganham divididas, e ao negão Morales, que chegou pra resolver, não deram chances. Uma pena! Sigo na convicção de que Morales tem mais intimidade com a bola que Marcel.

Laterais? Não temos! Fato! Trata-se de prioridade para a próxima temporada. O meio campo ainda que vá lá, mas sem atacantes e laterais minimamente qualificados fica muito difícil (o trabalho dos alas é fundamental para o equilíbrio do time). Os destaques positivos ficam por conta do goleiro Victor (baita contratação, garantiu a classificação à Libertadores) e a zaga (Léo, Rever e até Pereirão).

Rumores indicam que Celso Roth deve renovar. Aí é dose! Aí é avalizar a derrota e a falta de qualidade – fracasso no Gauchão, Copa do Brasil, Sul-Americana e Brasileiro, Roth já deu claras demonstrações da sua falta de talento para ganhar títulos. O fim do filme todos conheciam, era a reprise que ninguém gostaria de ver. Se faltou qualidade, a ausência desta sempre compensamos na garra, na pegada, na raça, na indignação... Neste sentido, o time é também reflexo do seu treinador: cabisbaixo, mal humorado, resignado e reclamão.

E aí, ficamos assim...! Chance de título no Brasileirão como essa – no sistema de pontos corridos – vai ser difícil pintar novamente! Mas tamos na peleia! A torcida pode ficar tranqüila, na consciência do dever cumprido: a nossa parte fizemos, cantando sem parar dentro e fora do Olímpico!

Assim foi, assim é, assim será! Grêmio sempre!!!

Mas Celso Roth... nunca mais!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

LEMBREM-SE DE BALTAZAR

or Felipe Sandrin


No dia 18/11/2008, eu escrevi em minha coluna:
"Diante do Coritiba, não lotamos o estádio pela vitória, mas sim pelo milagre: conseguimos vencer não porque acreditávamos, mas sim porque temíamos o pior. Se formos para o jogo de domingo como favoritos, o campeonato acabará, tomaremos um sacode e, anotem ai, não vai ser 1 a 0, não. Seremos goleados por um time sem pretensões no campeonato.

Toda vez que achamos que o Grêmio é capaz de conquistar este título, transmitimos tal pensamento para os jogadores, e eles acabam acreditando em nossa mentira. Eles acabam pensando que jogam mais do que realmente jogam e ai eles acabam não jogando nada".
O que vimos no jogo deste domingo foi fácil ser descrito: as máscaras caíram, e o jogadores paraguaios também. Para aqueles que jogam a culpa somente em Celso Roth, que abram os olhos: ele pode até ser "cagado pelas moscas", mas foi um dos menos responsáveis pelo que vimos dentro de campo.

Restou-me agradecer ao São Paulo por ter vencido seu jogo. Desta forma, a derrota dói menos. Ela mostra que cada qual ficou em seu lugar neste campeonato, e o Grêmio limitado fez mais do que todos esperávamos: conseguiu usar de feitos que só o Grêmio faz para arrancar uma vaga na Libertadores.

Ao término do jogo, olhei para o céu; ele estava azul, pássaros ainda cantavam e carros ainda passavam em ritmos que vão além do futebol. Lembrei de Baltazar dizendo que Deus guardava algo melhor para nós.

Minha vontade é de chorar, mas não de ser menos gremista. Chorando, eu apenas mostro o quanto amo este clube; morrendo, eu perderia tudo que ainda está por vir. E acreditem em mim e em Baltazar: Deus reserva algo muito melhor para nós.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O SENTIMENTO NÃO SE TERMINA

Por Silvio Pilau


É difícil sentar diante do computador e ter que escrever algumas linhas após o desastre da tarde de domingo. A partida contra o Vitória não apenas encerrou o sonho do tricampeonato brasileiro como o fez de forma avassaladora e vergonhosa. O Grêmio foi goleado por uma equipe incrivelmente fraca no exato momento em que mais precisava ganhar. Entregou de bandeja o título para o São Paulo.

Sabemos, todos, que o Tricolor não merecia o caneco. Por mais que o primeiro turno tenha sido praticamente impecável em termos de campanha, o Grêmio sempre foi um time irregular, jogando no seu limite e misturando boas atuações com apresentações pífias, dignas de uma equipe a lutar para escapar do rebaixamento. Mais do que isso, faltou qualidade. Sempre que precisou daquele algo a mais, de uma pequena diferenciação, ela faltou.

A partida de ontem não foi a primeira em que o Grêmio decepcionou no momento decisivo. No mínimo três vezes (o jogo contra o Cruzeiro no Mineirão vem à mente), o Grêmio derrapou quando mais necessitava. Não demonstrou postura de campeão nas decisões. O segundo tempo da partida na Bahia foi uma vergonha. Tudo bem que o árbitro careca sacaneou. A expulsão de Amaral e o pênalti não marcado sobre Marcel atestam a má-fé de Héber Roberto Lopes. Mas é inadmissível um time disputando o título tomar quatro do Vitória.

O troféu já era. Fui confiante o máximo que pude. Agora, mesmo que ainda existam esperanças matemáticas, o campeão é o São Paulo. Ao Grêmio, resta não se deixar abalar pela perda do título e garantir a Libertadores. Essa ainda está muito viva, mas é preciso concentração, caso contrário também ficaremos de fora. À direção, cabe começar o planejamento de um time para o ano que vem. Manter os jogadores que deram certo (Victor e Rever já garantidos) e investir em atletas de qualidade. Não quero grupo, quero talento.

Meus parabéns ao São Paulo. Mais uma vez, o tricolor paulista comprova ser o clube mais bem estruturado do país e um verdadeiro colecionador de títulos. A cada novo ano, o São Paulo abre mais vantagens em relação aos outros clubes brasileiros. Resta-nos continuar apoiando. Resta-nos esperar que os novos dirigentes gremistas tenham a visão e a seriedade de pensar o clube de maneira correta. E torcer. Sempre. Porque não fomos campeões, mas o sentimento não se termina.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

VAMOS MOSTRAR QUE É POSSÍVEL

Por Silvio Pilau


Lamento muito o fato de, com o Grêmio disputando o título do mais importante torneio nacional, ter que utilizar este espaço para falar de algo que não seja futebol. Infelizmente, sinto-me obrigado a isso. Querendo ou não, somos, eu e os demais colunistas deste espaço, formadores de opinião. Nossos textos atingem um bom número de pessoas e, por essa razão, não devem funcionar somente como ode aos nossos clubes, mas também como uma ferramenta para promover a tolerância e o entendimento.

Por isso, venho demonstrar aqui todo o meu repúdio diante dos atos ocorridos no Olímpico após a partida contra o Coritiba. Para quem não sabe, uma briga entre as torcidas organizadas do próprio Grêmio terminou com dois baleados, um deles atualmente em estado grave no hospital. O motivo? Uma guerra já conhecida entre as torcidas, iniciada com a dissidência de alguns membros da Geral, insatisfeitos com o rumo que a organizada havia tomado.

Não sou geraldino. Nunca fui. Admiro e cansei de louvar, aqui neste espaço, a incrível paixão dessa torcida, capaz de apoiar durante mais de noventa minutos incessantemente. A Geral revolucionou a forma de torcer em todo o Brasil e, hoje, o estádio inteiro canta suas músicas, contagiado pelo alento que vem de trás da goleira. Isso é inegável e um feito a ser reverenciado. No entanto, repito, não sou geraldino e, portanto, não sei o que se passa nos bastidores da torcida.

Mas, é preciso saber os limites. A Geral não é maior que o Grêmio. E o Grêmio não é mais importante que uma vida. Todo e qualquer ato de violência, seja no Olímpico ou dentro de casa, é de uma estupidez sem igual. Deliberadamente infligir dor em outro ser humano pelo simples fato de se sentir mais poderoso é algo inaceitável para mim e uma atitude com a qual acho impossível coadunar. Isso faz parte de quem eu sou e de como fui criado. Infelizmente, nem todos são assim.


Hoje, vemos a violência em todo lugar. Convivemos com ela. Tememos a violência ao sair de casa. Chegamos a um tempo no qual os valores estão confundidos, no qual ser uma pessoa de bem se tornou uma qualidade, não uma obrigação. A cada dia que passa, acompanhamos novas notícias tão ou mais terríveis do que essa acontecida no Olímpico. O que me revolta ainda mais é ver que tais atos de covardia e burrice ocorrem por motivos cada vez mais fúteis. Um tênis. Uma mochila. Uma disputa de poder entre torcidas organizadas. Uma bandeira estendida com a face de um negro. Tudo tornou-se razão para estas pessoas mentalmente atrasadas retornarem ao seu estado animalesco e partir em busca de sangue, que, muitas vezes, torna-se o seu próprio. São motivos tão ou mais idiotas do que a própria violência.

Senão vejamos: pelo que li, a gota d’água para a briga entre as torcidas no domingo foi o fato de uma delas ter estendido uma bandeira com o rosto do ex-jogador gremista Everaldo. Os racistas do outro lado indignaram-se. Esquecem, estes supostos gremistas, que a bandeira que “defendem” possui uma estrela em homenagem a este atleta. A estrela solitária da bandeira tricolor não é pelo título mundial ou outra coisa, mas uma forma de lembrar a memória deste gremista campeão do mundo em 1970 pela seleção brasileira.

Esquecem, estes supostos gremistas, que a letra de nosso hino, uma música que cantam todos os jogos, foi escrita por Lupicínio Rodrigues, um negro que fez muito mais pelo Grêmio do que qualquer um de nós jamais fará. Esquecem, estes supostos gremistas, que o feito mais celebrado por nossa torcida, a Batalha dos Aflitos, foi vencida com o gol do negro Anderson. Esquecem, estes supostos gremistas, que o título brasileiro de 96 veio pelos pés do negro Aílton. Esquecem, estes supostos gremistas, o homem mais poderoso do mundo é, hoje, um negro.

Racismo, violência, desrespeito. É impressionante como, ainda hoje, tantas pessoas com boa formação continuam dando vida a tais conceitos. Sim, boa formação. Conheço gente do meu círculo que ainda promovem brigas e discriminação, além de se vangloriarem disso. Tenho certeza de que vocês também conhecem pessoas do tipo. Gente burra, parada no tempo e que certamente não estão preparadas para viver em sociedade, junto a pessoas corretas.

Enfim. Poderia ficar aqui um bom tempo expressando minha indignação diante de todo e qualquer ato de violência, especialmente nos estádios, um espaço que deveria ser de alegria e da confraternização promovida pelo esporte. Sei que esse meu texto não vai adiantar. Quem briga, continuará brigando. Mas não custa tentar. Talvez seja um tolo ou um romântico por acreditar na quimera de que ainda é possível fazer um mundo melhor. Que o seja. Enquanto puder, continuarei sendo esse sonhador e fazendo o que posso.

Por isso, peço que todos exercitem o bom senso. Vamos dar um exemplo. Pelo menos dessa vez, peço comentários sem brigas e provocações. Sem discussão. Esse é meu apelo: como protesto a toda essa violência que nos cerca, responderemos com as mãos dadas. Nos comentários, somente mensagens de paz.

Só pra mostrar que é possível. Só pra mostrar que dá para ser correto e decente. Só pra mostrar que, antes de gremistas, somos todos seres humanos.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

SORTE DE CAMPEÃO

Por Cristiano Zanella


Termina o jogo contra o Coritiba! Mais uma vez, o Olímpico Monumental faz a diferença: Grêmio dois a um. Há uma força estranha no ar... São Paulo e Flamengo também venceram seus jogos, mas Palmeiras e Cruzeiro ficaram pelo caminho. Agora é pisotear baianos e mineiros! Fortes emoções no encerramento da temporada 2008; em 2009, libertaremos a América!
Em entrevista concedida a um telejornal local, o ex-coxa branca (atual coxa tricolor) Tcheco avalia que seu gol foi um golpe de sorte. Segundo ele, havia a clara possibilidade da bola ir pra fora, e ela sutilmente, caprichosamente, matematicamente, desviou no zagueiro e entrou. Foi sorte! Sorte? Sim, reafirmou Tcheco: "sorte de campeão".

Assim posto pelo capitão (e referência técnica) do time, mais sorte ainda teve o garoto Heverton, em seu segundo jogo como titular, quando cruzou a bola para o zagueirão meter contra. Sorte? É..., ele teve sorte! Já que os atacantes dificilmente botam pra dentro, continuamos a contar com a sorte dos jogadores de zaga e meio campo. Mas, em suma: nos dois gols que decretaram a suada vitória sobre o Coxa, contamos com a sorte. Assim como no gol de Tcheco contra o (azar dele!) Palmeiras – foi pura sorte!

Sorte? Até que ponto o elemento sorte – vocábulo de múltiplas leituras e interpretações – é um mero reflexo do acaso, do improvável, do incrível, do inexplicável? Ao longo de sua jornada evolutiva, o homem empreendeu uma incansável busca por explicações – quase sempre pouco convincentes e reducionistas, quando não conformistas – para este fenômeno de complexidade singular: a sorte. Se ainda não encontrou respostas concretas, isso não interessa – afinal de contas, o importante é formular teses e filosofar a respeito delas, processar trocas simbólicas, estabelecer conexões e sistemas sociais. It´s evolution, baby! E ganhando ou perdendo, poderemos sempre responsabilizar a velha sorte.

Não é apenas no mundo esportivo que a palavra sorte está associada ao jogo, a disputa, a competição. No jogo da vida é – cada vez mais – imprescindível contar com ela, nossa estimada amiga sorte. Dentro das quatro linhas de um campo de futebol e em outros cenários da vida humana, jogamos a nossa própria sorte, nosso próprio destino, transpondo barreiras, atravessando fronteiras, superando limites, lance a lance, driblando com desenvoltura ou indo pra dividida, fazendo o gol ou quebrando a canela... Sem nunca pipocar! Não seria o futebol uma perfeita metáfora da vida?

Mas, voltemos a sorte! Penso que ela, caros amigos, geralmente acompanha os talentosos, os competentes e os fortes – aqueles que se entregam de corpo e alma à intrigante, poética, apaixonante, divina, maravilhosa e perigosa batalha da vida cotidiana! A sorte caminha ao lado dos bons, dos homens de fé, dos aventureiros, dos destemidos, dos inconformados, dos aguerridos, dos peleadores – isso é fato, o resto são meras versões do fato! Ou não...

O fato é que aproxima-se a hora da verdade, e por isso essa força estranha, no ar...! Brilha a estrela tricolor! Quem poderia imaginar? Mais do que nunca, gremistas, contemos com a sorte!!!

Saudações tricolores.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O PESSIMISMO COMO ARMA

Por Felipe Sandrin

Mesmo o pessimismo pode se tornar uma arma: foi ele que ditou nosso ano e está nele a chance de ganharmos este campeonato. Observem as competições que disputamos nesta temporada: no Gauchão, fomos de favoritos invictos para vítimas de nossos eternos fregueses caxienses. Na Copa do Brasil, fomos de copeiros para vítimas de um clube da terceira divisão. Foi então que a humildade entrou em campo, passamos a ser vistos como o patinho feio do Brasileirão. O time dos baixos salários, dos jogadores medíocres que tentariam não rebaixar o clube.

Dominamos o primeiro turno: para cada partida que diziam que iríamos finalmente decair, elevávamos o ânimo. O time superou adversários e adversidades a cada rodada, logo, algumas pessoas começaram a achar possível nosso título. Terminamos o primeiro turno com o recorde de aproveitamento desde que surgiu tal fórmula no campeonato. Passamos a ser temidos, nossos jogadores deixaram de ser medíocres para se tornarem de qualidade. E então veio a decadência, derrotas inesperadas junto a atuações lastimáveis. Perdemos a liderança e o respeito. Estava tudo perdido, diante o Palmeiras aconteceria o último ato, nosso ano chegaria ao fim. Eis que então do pessimismo urgiu a força e dela nasceu a vitória, o ânimo incontrolável e a pergunta: será que ainda dá?

Diante do Coritiba não lotamos o estádio pela vitória, mas sim pelo milagre: conseguimos vencer não porque acreditávamos, mas sim porque temíamos o pior. Se formos para o jogo de domingo como favoritos, o campeonato acabará, tomaremos um sacode e, anotem ai, não vai ser 1 a 0 não. Seremos goleados por um time sem pretensões no campeonato.

Toda vez que achamos que o Grêmio é capaz de conquistar este título, transmitimos tal pensamento para os jogadores, e eles acabam acreditando em nossa mentira. Eles acabam pensando que jogam mais do que realmente jogam e ai eles acabam não jogando nada.

Eu acredito neste título não porque temos jogadores bons, mas justamente pelo fato de nosso time ser ruim: você pode ser um alfinete, mas conheça sua limitação para assim saber que deves atacar direto no coração. A chance pode ser pequena, mas só pelo fato de existir já torna o pequeno grande, e o fraco muito mais forte do que aparenta ser.

Esse é um dos segredos que faz com que simples jogadores se tornem grandes no Grêmio. É aqui que muitos aprendem que o futebol vai além do que você é, para tornar-se aquilo que você realmente deseja ser.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

CARO MURICY RAMALHO

Por Silvio Pilau


Não nos conhecemos. Ao menos, não pessoalmente. Porém, estou muito familiarizado com teu trabalho, principalmente desde tua passagem por Porto Alegre comandando o time rival. Admito que não fiquei nem um pouco satisfeito com o que fizeste por aqui. Infelizmente, armaste a base para que o clube da beira do rio pudesse entrar de vez no seleto rol dos grandes, um grupo do qual tínhamos o orgulho de defender sozinhos a bandeira do Rio Grande.

Nos dois anos seguintes, teu trabalho à frente do São Paulo foi de louvável regularidade e, mais impressionante, de conquistas. Por duas temporadas consecutivas, tua equipe dominou com folgas a principal competição nacional. Para desânimo de boa parte da torcida brasileira, não houve adversários para o São Paulo em 2006 e 2007. Não reclamo, acredite. Tu fizeste por merecer e o bicampeonato nacional foi mais do que justo.

Desta vez, porém, é diferente. Desta vez, Muricy, teu caminho não está fácil. Tens uma pedra no sapato. No início, parecia uma pedrinha. Tu e todos os outros achavam que não faria diferença caminhar com ela. Não atrapalharia em nada. Mas, à medida que a caminhada se tornava mais longa, a pedra começou a incomodar. Começou a causar dor e preocupação. Uma pedrinha aguerrida, chata e que ninguém gosta. Uma pedrinha de três cores que, querendo ou não, continua no caminho.

Não esqueças, Muricy. Apesar de teus belos anos comandando o São Paulo, o Grêmio sempre foi um problema para ti. Tenho certeza de que lembras o que ocorreu ano passado, na Libertadores. Certamente acreditavas que o Tricolor era apenas mais uma vítima no teu caminho a uma nova final da Copa. Tomaste uma lição. Jamais se menospreza o Grêmio. Uma lição que tiveste novamente no Brasileiro deste ano: o Grêmio foi o único que venceu os dois duelos contra tua equipe.

E o que eu quero dizer com tudo isso? Por que escrever uma carta e publicá-la na Internet? Simplesmente para que tu estejas avisado que agora não será fácil como nos outros anos. O Grêmio está na tua cola. No teu encalço. Respirando no teu pescoço. Muricy, o Tricolor gaúcho está tão perto de ti que tu não serias capaz de enxergar pelo retrovisor. E, garanto, basta uma simples derrapada. Apenas uma titubeada. Se cometeres o erro de virar a cabeça para trás com o objetivo de ver qual a distância, ficarás para trás. Acredite nisso.

O que sabemos – eu, tu e todos os envolvidos nisso – é que será emocionante. Será uma grande corrida final, como há muito não se via no futebol brasileiro. Cada jogo será uma decisão. Como, aliás, já vem sendo. Prepara-te daí que nos preparamos daqui. E prepara teu discurso de vice.

Porque, desta vez, o Grêmio vai sair campeão.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

TEMER PARA SUPERAR

Por Felipe Sandrin

Queria poder começar tudo de novo, reviver cada pequeno momento, cada pequeno detalhe que fez-me tão loucamente apaixonado por este clube. Gostaria de poder correr de novo pela casa, gritando com um gol o qual, mesmo dias antes do jogo iniciar, eu já implorava para que acontecesse. Gostaria de pisar no pátio do Olímpico admirando junto cada passo os caminhos pelos quais meus heróis tantas vezes passaram. Eu queria ter novamente 10 anos, poder entender o futebol de um jeito diferente, saber pouco sobre as regras, mas tudo sobre o porquê de eu ser gremista.

Nestes últimos dias, estive envolto em meu livro, em formas de divulgá-lo e tentar explicar o que o leitor encontraria nessas mais de 130 páginas. Pude compartilhar momentos incríveis junto a velhos e novos amigos. Pude sentir muito além de meus 22 anos, pude refletir muito alem dos mais de cem anos deste clube.

Emanuel Neves tem sido um grande amigo, caráter e índole irrepreensíveis, um colorado que ama seu clube com a força de quem ama sinceramente. Nossas eventuais provocações demonstram a importância de nossa rivalidade. O Grêmio que luta pelo título brasileiro tornou-se, essa semana, o Grêmio que não admite o Inter na libertadores. Deixamos por alguns dias o Brasileirão de lado para manifestar nossa adversa opinião sobre toda esta situação que envolve a Conmebol.

Creio que todo gremista esteja temeroso para a partida diante o Coritiba, porém, não sinto ainda estarmos o suficiente. É necessário que haja medo para que haja superação. Estamos a quatro jogos de um título que não obtemos desde 1996. Eu acredito em quatro vitórias, acredito no título, acredito no Grêmio… tanto quanto duvido do Inter.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

QUATRO JOGOS PARA A ETERNIDADE

Por Silvio Pilau


Todo mundo deve conhecer alguém que tentou seguir a carreira de jogador de futebol ou, ao menos, pensou nisso. Eu fui um, até descobrir que não tinha talento para a coisa. Aposto que muitos que lêem esta coluna, certa feita, também tiveram essa ilusão. Disputar uma decisão, com o estádio lotado, defendendo o clube ao qual se ama. Dar o sangue pela vitória, simplesmente para ter a consciência tranqüila de ter feito o máximo para levar ao time à glória e ouvir a torcida gritar o seu nome. Quem nunca teve esse sonho?

No entanto, para a imensa maioria, não passa disso: um sonho. Uma quimera. Algo inalcançável, sem a menor possibilidade de se tornar realidade. Mas tem gente que chega lá. Uma parcela ínfima de jogadores que superam as dificuldades da profissão e conseguem defender grandes equipes, receber dezenas – ou até centenas – de milhares de reais todos os meses e ter a possibilidade de se tornar ídolos de milhões de pessoas. Alguns, ainda, têm a oportunidade de conquistar importantes títulos e, assim, se tornarem eternos.

E este texto é pra vocês, atletas gremistas. Vocês estão nessa posição. Nesse exato momento, estão nessa posição. A apenas quatro jogos da glória. Não conheço a jornada pessoal de cada um de vocês. Porém, tenho certeza de que, para a grande maioria, não foi fácil. Tenho certeza de que sacrifícios tiveram que ser feitos. Que desafios foram assumidos e superados. Em algum momento, há muitos e muitos anos, vocês tiveram o mesmo sonho que nós, torcedores, um dia tivemos: o de ter nossos nomes gravados para sempre na memória de um clube.

Este é o seu momento. Alguns já conseguiram isso em outras bandas. Alguns certamente irão conseguir no futuro. Mas nunca, jamais, será tão próximo quanto agora. O Campeonato Brasileiro é um dos mais difíceis do mundo. Longo, desgastante, extremamente equilibrado. Ainda assim, vocês chegaram até aqui. Ainda assim, o título está praticamente na mão de vocês. São apenas quatro jogos. Quatro partidas que separam vocês da eternidade. Trezentos e sessenta minutos que podem colocar vocês ao lado de verdadeiros heróis.

Incontáveis jogadores já vestiram a camisa tricolor. Milhares e milhares. Alguém consegue nomear todos? Não, claro que não. Apenas são lembrados aqueles que fizeram a diferença. Aqueles que entenderam a essência guerreira do futebol gremista e demonstraram espírito vencedor. Aqueles que jamais aceitaram a derrota e doaram sangue, quando preciso, pela vitória. Aqueles que demonstraram orgulho em representar a mais fanática torcida do Brasil. Aqueles que conquistaram a glória em nome de cada torcedor.

Estes são lembrados. Serão lembrados. Não somente hoje, mas sempre. Aconteça o que acontecer, seus nomes são intocáveis. Não estão perdidos em algum lugar da memória, mas marcados de forma indelével no coração de cada um gremista. Vocês podem fazer parte desse seleto rol. Não percam essa chance. Não sabem quando terão outra. Façam isso por vocês mesmos. Façam pelas famílias. Façam para honrar os sacrifícios que vocês fizeram e que outros fizeram por vocês para que chegassem até aqui.

Façam isso, principalmente, pelo Grêmio

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SEMPRE ELE

Por Cristiano Zanella


"Disseram que era impossível, mas não avisaram o Grêmio, e por isso o Grêmio foi lá e fez". A frase, do gremista maior Fábio André Koff (sempre ele), se aplica perfeitamente à partida disputada contra o Palmeiras no domingo. Mesmo desfalcado de um bom número de titulares, jogando na casa de um adversário ainda vivo no campeonato e com o careca no apito (sempre ele em jogos decisivos..., sempre ele!) o Tricolor foi lá e fez o que tinha a fazer: somou os três pontos, e segue na peleia pelo título do Brasileirão.

Com cinco minutos de jogo ainda não tínhamos levado gol, o que já era motivo de comemoração, afinal de contas, era para ser uma goleada histórica, um massacre!?!? Antes de fechar dez minutos de bola rolando trocamos de canal (não dava mais pra agüentar): Rede Globo + Caio Rolex comentando = jogo na Band! Com quinze minutos já tínhamos aleijado uns três palmeirenses, inclusive e a começar pelo nosso querido Elder Granja, que teve que enfaixar a cabeça depois de um cotovelaço (involuntário, diga-se de passagem) desferido por Amaral. Aos poucos, o Grêmio ia se arrumando em campo: utilizava bem a linha de impedimento, jogava com dois atacantes, seguia marcando a saída de bola e, quando preciso, baixava o cassete!

Aos 25, Marcel (sempre ele) errou um gol feito e, logo em seguida, Souza soltou um balaço no canto esquerdo de Marcos, que fez grande defesa (ainda no primeiro tempo defenderia outra bola venenosa chutada por Reinaldo). Mas o "Parmêra" continuava em cima, mano! - dando pressão, enquanto a Máquina Mortífera da Azenha encaixava contra-ataques (em tempo: como é bom não ter Perea em campo; ele não está jogando nada desde o confronto contra o Jaciara, em fevereiro, pela Copa do Brasil).

Começa o segundo tempo, e já dava pra notar o nervosismo verde limão: com dez minutos de jogo, a Wandeca (sempre ele, sempre elegante, camisa e gravata cor-de-rosa) já tinha protagonizado o seu décimo oitavo chilique, dirigindo-se a seus jogadores e à arbitragem aos palavrões, tornando público e notório o (baixo) nível da sua educação (ah! que falta faz o Felipão, pra aplicar-lhe umas bolachas). Mas dentro de campo o jogo estava mais calmo e relativamente sob controle; a marcação tricolor era implacável, e Victor, soberano em suas intervenções (sempre ele, sempre soberano - pelo menos uns 12 pontos conquistados no decorrer do campeonato devem ser creditados a este profissional). Aos 28 sai o gol de Tcheco que, vamos ser sinceros, foi sem querer (ele – sempre ele – tentou botar na área e a bola acabou entrando devagar, devagarinho, no cantinho...). Sorte de campeão? Talvez, mas o certo é que o gol saiu na hora certa – na seqüência, André Luis quase fez mais um.

Aí o nervosismo transformou-se em desespero, com o goleiro palmeirense indo conferir todas as bolas de ataque. Era tarde! O Grêmio vencia os porcos num jogo de seis pontos, (mais uma vez) calando a paulicéia desvairada e os derrotistas de plantão (sempre eles) que já tinham jogado a tolha. Mantendo a pegada e o alto astral, a convicção é de que passamos batido pelo Coritiba e vamos brigar até a última rodada, com o foco no tri; a vaga na Libertadores 2009 já está garantida! E isto representa novos contratos e novas contratações, novas possibilidades e expectativas para 2009! As chances são reais; definitivamente, estamos na briga!

É como dizia o poeta: "minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá..."! Pois o Grêmio (sempre ele) foi ao Palestra e cantou muito mais forte, mais alto e mais afinado que o periquito verde! Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra! Canta povo gremista! A hora é essa!

Por isso é que eu canto! Não posso parar! E, no domingo, todos ao Monumental!!!

Saudações tricolores.

SEMPRE ELE

Por Cristiano Zanella


"Disseram que era impossível, mas não avisaram o Grêmio, e por isso o Grêmio foi lá e fez". A frase, do gremista maior Fábio André Koff (sempre ele), se aplica perfeitamente à partida disputada contra o Palmeiras no domingo. Mesmo desfalcado de um bom número de titulares, jogando na casa de um adversário ainda vivo no campeonato e com o careca no apito (sempre ele em jogos decisivos..., sempre ele!) o Tricolor foi lá e fez o que tinha a fazer: somou os três pontos, e segue na peleia pelo título do Brasileirão.

Com cinco minutos de jogo ainda não tínhamos levado gol, o que já era motivo de comemoração, afinal de contas, era para ser uma goleada histórica, um massacre!?!? Antes de fechar dez minutos de bola rolando trocamos de canal (não dava mais pra agüentar): Rede Globo + Caio Rolex comentando = jogo na Band! Com quinze minutos já tínhamos aleijado uns três palmeirenses, inclusive e a começar pelo nosso querido Elder Granja, que teve que enfaixar a cabeça depois de um cotovelaço (involuntário, diga-se de passagem) desferido por Amaral. Aos poucos, o Grêmio ia se arrumando em campo: utilizava bem a linha de impedimento, jogava com dois atacantes, seguia marcando a saída de bola e, quando preciso, baixava o cassete!

Aos 25, Marcel (sempre ele) errou um gol feito e, logo em seguida, Souza soltou um balaço no canto esquerdo de Marcos, que fez grande defesa (ainda no primeiro tempo defenderia outra bola venenosa chutada por Reinaldo). Mas o "Parmêra" continuava em cima, mano! - dando pressão, enquanto a Máquina Mortífera da Azenha encaixava contra-ataques (em tempo: como é bom não ter Perea em campo; ele não está jogando nada desde o confronto contra o Jaciara, em fevereiro, pela Copa do Brasil).

Começa o segundo tempo, e já dava pra notar o nervosismo verde limão: com dez minutos de jogo, a Wandeca (sempre ele, sempre elegante, camisa e gravata cor-de-rosa) já tinha protagonizado o seu décimo oitavo chilique, dirigindo-se a seus jogadores e à arbitragem aos palavrões, tornando público e notório o (baixo) nível da sua educação (ah! que falta faz o Felipão, pra aplicar-lhe umas bolachas). Mas dentro de campo o jogo estava mais calmo e relativamente sob controle; a marcação tricolor era implacável, e Victor, soberano em suas intervenções (sempre ele, sempre soberano - pelo menos uns 12 pontos conquistados no decorrer do campeonato devem ser creditados a este profissional). Aos 28 sai o gol de Tcheco que, vamos ser sinceros, foi sem querer (ele – sempre ele – tentou botar na área e a bola acabou entrando devagar, devagarinho, no cantinho...). Sorte de campeão? Talvez, mas o certo é que o gol saiu na hora certa – na seqüência, André Luis quase fez mais um.

Aí o nervosismo transformou-se em desespero, com o goleiro palmeirense indo conferir todas as bolas de ataque. Era tarde! O Grêmio vencia os porcos num jogo de seis pontos, (mais uma vez) calando a paulicéia desvairada e os derrotistas de plantão (sempre eles) que já tinham jogado a tolha. Mantendo a pegada e o alto astral, a convicção é de que passamos batido pelo Coritiba e vamos brigar até a última rodada, com o foco no tri; a vaga na Libertadores 2009 já está garantida! E isto representa novos contratos e novas contratações, novas possibilidades e expectativas para 2009! As chances são reais; definitivamente, estamos na briga!

É como dizia o poeta: "minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá..."! Pois o Grêmio (sempre ele) foi ao Palestra e cantou muito mais forte, mais alto e mais afinado que o periquito verde! Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra! Canta povo gremista! A hora é essa!

Por isso é que eu canto! Não posso parar! E, no domingo, todos ao Monumental!!!

Saudações tricolores.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

VOLTANDO A SER GRÊMIO

Por Felipe Sandrin


Carioca e paulista é tudo mal acostumado: pra eles, qualquer barulho é bala perdida. Semana passada, a imprensa nacional fez questão de enfatizar que nossa torcida invadiu e atrapalhou o treino. Nosso pedido de raça e promessa de não abandono ao time foi visto como violento por alguns pseudojornalistas, principalmente do centro do país.

Discordo daqueles que pensam que papel de torcida é só fora de campo. Gosto de atitude. Pra mim, dirigente que rouba o clube, por exemplo, tem que tomar porrada. Que me perdoem os politicamente corretos, mas sou da chinelagem: grito lá da Geral e meu ponto de vista diz que, sim, existem horas em que temos de parar de dar pulos na Geral e encarar aqueles que nos representam.

Vencemos o Palmeiras e, logo após a partida, pensei o quanto seria injusto não vencermos uma partida dessa forma. Nossa torcida tem sido incrível: me emociono toda vez que penso e vejo nossa dedicação desde o início deste campeonato.

Em dias de chuva, o Olimpico foi nossa casa. Mesmo com quilômetros de estrada a nossa frente, o Grêmio foi nosso maior motivo. Ante o medo, revigoramos nossa fé e, na falta de esperança, recorremos a esta velha dita imortalidade.

Somos o time dos feitos impossíveis, onde nada é por acaso. Baltazar nos disse: "Deus está reservando algo melhor." Há sempre algo maior à nossa espera. E o que muitos chamam de soberba, para nós é consolo. A mentira que por tanto ser repetida torna-se verdade.

E assim vivemos, surpreendendo aqueles que esquecem que, mais cedo ou mais tarde, o Grêmio volta a ser Grêmio.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

LIÇÃO AOS INCRÉDULOS

Por Silvio Pilau

Confesso que surpreendi com a quantidade de gremistas que jogaram a toalha após a partida contra o Figueirense. Faltando ainda cinco rodadas para o final do campeonato e apenas dois pontos atrás do líder, um grande número de torcedores afirmou que o Grêmio não mais brigaria pelo título. Alguns, inclusive, tiveram a audácia de dizer que ficaríamos fora do G4, tendo que nos contentar em disputar o torneio amistoso chamado Sul-Americana.

Espero, agora, que estas pessoas tenham mudado de opinião. Espero que a partida de ontem contra o Palmeiras tenham lembrado elas de que estamos falando do Grêmio e nunca – nunca mesmo – se deve anunciar a morte do Tricolor enquanto ele ainda estiver vivo. Os batimentos cardíacos podem estar fracos, pode estar respirando apenas por máquinas, mas, enquanto houver uma possibilidade ínfima de dar a volta por cima, o Grêmio, provavelmente, o fará.
Que continuem dizendo que não dará porque temos um time fraco. Pois eu digo que dará porque, no Grêmio, a técnica sempre vem em segundo lugar. Antes disso, existe a força, a garra e a dedicação. E isso é o que ganha títulos.

Que continuem dizendo que não dará porque Celso Roth nunca ganhou nada. Pois eu digo que dará porque, querendo ou não, o treinador fez um grande trabalho neste campeonato e merece ser recompensado por ter levar uma equipe limitada à possibilidade de uma glória.

Que continuem dizendo que não dará porque o desempenho não é o mesmo do primeiro turno. Pois eu digo que dará porque as grandes conquistas gremistas são, sempre, no último momento, com o coração querendo sair do corpo e os nervos em frangalhos.

Que continuem dizendo que não dará porque tropeçamos em momentos cruciais. Pois eu digo que dará porque todos os candidatos ao título derraparam em partidas importantes e todo mundo continua embolado na briga pelo campeonato.

Que continuem dizendo que não dará porque o São Paulo é o principal adversário do Grêmio. Pois eu digo que dará porque o Grêmio é o principal adversário do São Paulo.

Que o jogo ontem tenha servido de lição aos incrédulos. Que nunca mais duvidem. Ou melhor, duvidem. É assim que Grêmio prefere.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

HORA DE SER PESSIMISTA

Por Felipe Sandrin


Pouco espero do Grêmio senão entrega total para o jogo contra o Palmeiras. Será mais uma partida decisiva, a chance perfeita para afastar as críticas ou assumir de vez que a precariedade da equipe é mais do que técnica.

Sinceramente? Prevejo uma derrota. Obviamente, não há desejo, mas prefiro ser franco comigo mesmo, não criar ilusórias esperanças de que a equipe finalmente crescerá em um jogo tão importante. Por várias vezes neste ano confiei no Grêmio, porém o elenco não se ajuda, a fama do Celso amarelão parece chegar a seu apogeu: já perdeu tanto que não há mais nada para perder.

Estou tentando ser o mais negativo possível quanto a este final de campeonato. O Grêmio que poucos acreditavam era o Grêmio de verdade: tínhamos pegada; se preciso fosse, dar-se-ia a vida por uma vitória. Por tanto tentarei contaminar minhas idéias com o time medíocre e incompetente que falávamos ter. Irei sobrecarregar minha cabeça com pensamentos negativos.
Não se enganem aqueles que pensam que eu desisti. Estou mais vivo do que nunca, forte como sempre. Sou gremista e sei que da adversidade crescemos. O discurso não faz o caráter; a decisão deste domingo, sim.

Se eu não acreditar no time que torço, quem fará isso por mim?

Ganhas ou perca, te sigo aonde for.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A ESSÊNCIA DE UM CAMPEÃO

Por Silvio Pilau

Muitos já devem assistido o comercial "Hitler", da Folha de São Paulo. Caso não, procurem no Youtube. A peça trazia um conceito impecável: o de que, mesmo sem contar uma inverdade, é possível levar o leitor a ter uma interpretação errada sobre determinado assunto. Hitler, de fato, fez renascer a Alemanha. Foi um grande líder, que reergueu um país em frangalhos após a Primeira Guerra Mundial. Mas o texto omitia o fato de que o Führer era um genocida, responsável direto pelo extermínio de seis milhões de pessoas apenas nos campos de concentração. Dizia somente a verdade, mas, ainda assim, construía uma imagem mentirosa de Hitler.

E isto é mais do que comum nos dias de hoje. Recentemente, como já escrevi aqui, passei por um caso desses. Um grande amigo meu envolveu-se em grave confusão na Indonésia. Lendo as primeiras notícias sobre o caso, eu tinha dificuldades em colocar o jovem que eu conhecia como causador dos incidentes. E os comentários das pessoas somente aumentavam minha confusão. Para eles, que apenas liam as reportagens, quem realizara aquilo era um monstro, um irresponsável que atravessou o mundo para destruir famílias. Para mim, era um irmão, uma pessoa a quem eu confiaria minha vida e a vida de minha família, pagando caro por um deslize.

O ditado de que existem dois lados para todo tipo de assunto é verdade. A frase de Nelson Rodrigues sobre a unanimidade ser burra também. Meu amigo cometeu um erro, sim, mas um erro que qualquer um de nós poderia cometer. Por acaso, eu seria um monstro se, em um acidente, tirasse a vida de alguém? Se cometesse um crime em caso de necessidade, seria eu um marginal? E quantos destes "marginais" não erraram simplesmente em função de desespero? A pessoa que fui até o momento merece ser esquecida? As amizades que fiz? Os conselhos que dei? Os relacionamentos que construí? Os abraços que ofereci?

Quanto, afinal, sabemos sobre uma pessoa? Homem algum cabe em apenas uma definição.
E é exatamente por isso que não entro na onda dos xingam os jogadores gremistas neste momento. Já são vários que entraram nesse coral. Dizem que falta vontade à equipe. Dizem que são um bando de mercenários, nada preocupados se a equipe conquista ou não o título. Uma multidão de gremistas está indignada com a postura do time na reta final do campeonato. Para eles, os jogadores não possuem a atitude necessária para jogar em uma equipe do nível do Grêmio. Os atletas são xingados de displicentes, descompromissados e indignos de vestir a camisa imortal.

Não me juntei a essas vozes. Ainda. E meu motivo é simplesmente este que escrevi no longo início desse texto: não posso afirmar algo que não sei se é verdade. Aprendi isso de vez nos últimos meses. Não conheço qualquer dos jogadores pessoalmente. Nunca conversei ou convivi com eles. Não conheço suas personalidades, seus hábitos, sua força diante das adversidades. Não sei o quanto eles sofreram para chegar a uma equipe da grandeza do Grêmio. Até onde sei, podem ser verdadeiros leões, honrosos imortais, esperando por uma chance de despertar esse lado vencedor.

Pois essa chance chegou. E por isso ainda não os julguei. Porque eles ainda podem provar que são vencedores. Ainda faltam cinco rodadas para o final do campeonato e estamos apenas dois pontos atrás do líder. Dois pontos. É pouco, muito pouco. A vantagem é fácil de ser tirada. Mas, para isso, dependemos dos jogadores. Precisamos deles. Este é meu apelo. Para que abraçarem de peito aberto esta oportunidade de provação que estão tendo. Para que mostrem que estou certo ao não pré-julgar e dar-lhes nova chance.

Mostrem-me isso. Contradigam os gremistas mais céticos. Entrem em campo com o sangue fervendo, com a indignação face à derrota exposta em cada poro do rosto. Pisem no gramado pensando que a vida de vocês depende unicamente da vitória. Provem que existe dentro de vocês a fibra da coragem, a iniciativa da liderança e a capacidade de superação. Demonstrem caráter, integridade e sacrifício na atitude de não deixar outro time levar este título. Exibam honra e hombridade.

É disso que são feitos os verdadeiros campeões.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

HOMENS E RATOS

Por Felipe Sandrin


Celso fez milagre com o grupo gremista. Elenco limitado e pressão continua fazem ser uma surpresa a colocação tricolor dentro do Campeonato Brasileiro. Porém, como já disse anteriormente: Roth não é Felipão.

Felipão consegue extrair o máximo de cada jogador. Roth também. Felipão consegue motivar o grupo com seu jeito carrancudo, consegue transpor humildade a aqueles que o seguem. Roth também. Felipão é sujeito simples, de boa índole e que trata as pessoas pelo que são, e não pelo que elas têm. Roth também: sim, Roth e Felipão são parecidos em vários aspectos, mas Roth não tem a estrela de Felipão.

Quando falo de estrela, cito Felipão, mas poderia citar a vários outros. Luxemburgo, por exemplo, que diante do Santos mais uma vez mostrou seu brilho quando pôs Leo Lima em campo e o mesmo deu a vitória ao Palmeiras. É mais fácil o Sargento Garcia prender o Zorro que Celso conseguir algo assim. Lembram a fama de amarelão? Pois é, ele suou pra conseguir, nadou e morreu em várias praias. Pode ele ganhar o Brasileirão que não mudo de opinião: LUGAR DE AMARELÃO NÃO É NA LIBERTADORES.

Falta gaúcho nesse time, é muito jogador de todos os cantos do país. Falta raça, ímpeto e alguém que mostre a esses caras o que é o sangue platino: onde já se viu? Estávamos perdendo o jogo e os jogadores do nosso time caindo dentro de campo, pedindo maca porque tinham tomado pancadinha.

Falta de qualidade se cura com vontade e garra. Ta na hora de tomar vergonha na cara, separar homens de ratos, fracos e fortes. Gremistas e interesseiros. Porque perder ou ganhar é do jogo, mas tirar o pé é pra covarde.

ISSO AQUI É O GRÊMIO, PORRA!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A REALIDADE DÓI

Por Silvio Pilau

O que houve com o Grêmio? Essa é a grande dúvida do momento, não somente na cabeça dos gremistas, mas de todos que acompanham o futebol. A equipe liderou o campeonato por quase a metade das rodadas, somou incrível número de pontos no primeiro turno e apareceu, surpreendentemente, como um time forte e candidato ao título. Sem alarde, sem estrelas, sem glamour, chegou a abrir boa vantagem em relação ao segundo colocado, despertando na torcida o sonho do tri.

No entanto, veio o segundo turno. Veio a queda. Queda de posições, queda de rendimento, queda de qualidade. O Grêmio simplesmente parou. Começou a encontrar dificuldades inexistentes para jogos no Olímpico e praticamente desistiu de jogar fora de casa. Os pontos e as vitórias que vieram foram, em sua maioria, resultados únicos de esforço e dedicação. Vieram pela camiseta, pela torcida e pela falta de qualidade dos adversários. O Grêmio começou a perder para si mesmo.

Este cenário, porém, é ilusão. As coisas não aconteceram exatamente dessa forma. O campeonato tricolor não foi tão preto e branco assim, com um primeiro turno brilhante e um segundo a ser esquecido. Isso é a imagem que temos graças aos resultados. As vitórias e os pontos somados na primeira metade do torneio colocaram uma máscara sobre como realmente é a equipe. Estivemos, todos, cegos. Estivemos tão deslumbrados com a possibilidade de mais uma glória que esquecemos um detalhe: o desempenho atual faz jus à equipe que temos. O engano foi o primeiro turno.

E afirmo isso com certa autoridade. Lembro de dois textos que escrevi há alguns meses. O primeiro foi, se não estou enganado, após o empate contra o Sport na Ilha do Retiro, ainda no primeiro turno. Comentei que a atuação havia sido lamentável e que o Grêmio já não jogava bem havia algumas rodadas. Repito: o Grêmio não jogava bem havia algumas rodadas. Apesar dos pontos somados e das vitórias, as atuações ainda deixavam a desejar. O que o Grêmio tinha ali era algo que falta atualmente: um pouco de sorte.

Outro texto que escrevi tinha o nome “Sorte de campeão”. Disse que tínhamos motivos para acreditar na conquista porque tudo dava certo para o Grêmio. Os astros estavam alinhados. Ganhávamos partidas por detalhes, os adversários derrapavam quanto tropeçávamos e mantínhamos a liderança mesmo sem encher os olhos. A sorte estava ao nosso lado. Vinha, claro, junto do trabalho e do esforço, mas ela existia e fazia a diferença ao nosso favor.

Infelizmente, agora não acontece isso. Demos de cara com a realidade e ela dói. As deficiências técnicas da equipe saltaram aos olhos. Os problemas vieram (lesões, cartões) e as boas atuações começaram a ficar ainda mais raras. O pior? Os pontos também vieram em menor quantidade. Mas não foi de uma hora para outra. O Grêmio ainda é a mesma equipe do primeiro turno. Os jogadores não são piores, o técnico não é mais burro e a torcida não apóia menos. A mesa simplesmente virou. A sorte que estava ao nosso lado parece ter feito as malas e partido.

Por isso, será muito difícil. Será quase impossível. Para o decisivo duelo contra o Palmeiras, temos um incrível número de desfalques. No entanto, ainda acredito. Ainda acho que podemos e iremos ser campeões. Ainda tenho a esperança de que terminaremos o campeonato no lugar mais alto. Chamem-me de louco, de sonhador, de cego. Chamem-me de burro, de ingênuo, de tolo.

Ou me chamem, apenas, de gremista.