quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O DIA EM QUE PAPAI NOEL VESTIU AZUL

Por Cristiano Zanella

Dez de dezembro de 1961. Era a data marcada para a realização do último jogo do Campeonato Gaúcho daquele ano, o Gre-nal que decidiria o campeão do certame. Mas, para tristeza e decepção dos tricolores, de nada valeria o clássico, visto que o Inter era o campeão antecipado, já tendo somado os pontos necessários nas rodadas anteriores.

O jogo seria disputado no Estádio dos Eucaliptos, e o carnaval vermelho estava assegurado. Mal podiam imaginar os festivos colorados que uma estranha e inacreditável façanha – destas que teimam em acompanhar a já centenária trajetória tricolor – estava prestes a realizar-se, e que esta teria como protagonista o glorioso Grêmio Foot-ball Porto-alegrense, então Penta-Campeão Gaúcho.

Logo nos primeiros minutos de jogo, o Inter já vencia por 1 a 0, e a expulsão do lateral-direito gremista Altemir facilitaria as coisas para o colorado: terminado o primeiro tempo, Inter 2 x 0 Grêmio (dois gols de Alfeu).

Segunda etapa: com um homem a menos e perdendo por dois gols, o Tricolor dos Pampas, capitaneado pelo lendário Airton Pavilhão, entra em campo para fazer história. Aos 25 minutos da etapa complementar, Nadir diminui cobrando falta: 2 a 1. Pouco mais de dez minutos depois, Marino empata o jogo. Já quase nos acréscimos, bola na área do Inter, e o “Tanque Gremista” Juarez cabeceia livre – era o gol da inesquecível virada! Inter 2 x 3 Grêmio!

Naqueles mágicos 45 minutos, a tristeza antecipada transformava-se em esfuziante e incontida alegria! O título do Gauchão já não tinha mais importância, e a torcida gremista ainda festejava o gol da vitória quando viu cruzar o campo, em louca disparada, um Papai Noel todo azul!?!? Por trás da tradicional indumentária natalina – quem mais poderia ser? – estava um dos maiores ícones da moderna história tricolor: Francisco Paulo Sant´ana.

Segundo depoimento de Sant´ana à Revista Placar (junho de 1991):“Tinha eu 22 anos e fui convidado para a façanha. Dias antes, prepararam-me uma vestimenta de seda azul, com gorro de pompom e tudo. E fiquei eu no vestiário todo o tempo, já dentro da indumentária, esperando apenas para calçar as botas, que eram de número 39, enquanto eu calçava 41. Quando o Inter fez o segundo gol, tirei a quente roupa de Papai Noel e coloquei numa sacola. Nada mais havia a fazer, ainda mais com a desvantagem de dez homens em campo. Mas, a medida em que o escore ia se modificando, eu ia colocando as calças, a blusa, o gorro, na expectativa de entrar no gramado. Quando explodiu o terceiro gol, o massagista Biscardi já passava sabonete em meus pés, no objetivo de conseguir enfiar neles as botas apertadas. A gente ficava naquele vestiário da quadra de basquete, havia uma porta de ferro e a tela separando-o do campo. Quando o árbitro terminou a partida, atirei-me contra ela, procurando ultrapassá-la. Policiais e funcionários da Federação tentaram impedir a força minha entrada. Os dirigentes e os reservas do Grêmio empurravam-me e consegui passar por aquela barreira, mas percebi que não havia mais pompom no meu gorro, nem a barba postiça branca no meu queixo, que haviam sido arrancados no sururu. Mesmo assim, entrei em campo sob os vivas da torcida gremista. Fui levantado pelos jogadores tricolores e levado até as sociais coloradas, que assistiam arrasadas ao meu desfile triunfante. Cumpria-se uma tradição de muitos anos. Fui para o centro da cidade, cercado por duas loiras espetaculares. Era o carnaval gremista que se espraiava pelas ruas. Dali a pouco, na Borges de Medeiros, o mais numeroso cordão colorado vinha em direção contrária – aliás, o Internacional havia sido o campeão. E nem a vitória gremista conseguira arrefecer-lhes por inteiro o ânimo. Quando aquela massa vermelha cruzou por nós, eles me atacaram. Subi num bonde-gaiola e eles entraram junto, perseguindo-me. Levei uma boa surra e minha roupa de Papai Noel foi inteiramente esfrangalhada. Nunca mais vou me esquecer daquela impossível vitória. Nem dos riscos que corri para apenas afirmar uma rivalidade que continua séria, mas tinha muito mais imaginário e pitoresco que nos dias de hoje”.

Foi numa tarde quente de dezembro, no distante ano de 1961, o dia em que o bom velhinho vestiu azul (e escapou de ser linchado)... O dia em que, mais uma vez e para todo o sempre, o Grêmio escrevia com sangue, suor e lágrimas seu nome no livro das vitórias impossíveis, tornando-se o protagonista de uma verdadeira fábula natalina. E os gremistas, mesmo perdendo o título, viveram intensamente um Natal de muita paz, saúde e amor – um verdadeiro Natal tricolor!

sábado, 20 de dezembro de 2008

A HORA DA RAZÃO

Por Eder Fischer


Nós, os torcedores, vivemos, quase que na totalidade do tempo, sobre o efeito paixão que temos pelo nosso Grêmio. Vamos de Marcel no ataque? Paulo Sérgio na lateral?

Putz... Mas fazer o que? . ...E da-lhe, da-lhe tricolor, eu sou borracho, sim, senhoooor! Foi este o sentimento de grande parte da torcida durante o ano. O futebol, dentro do campo, acabou. É agora que surgem os outros homens do futebol no clube. É agora que nossa torcida tem que deixar de ser a torcida copeira e se tornar igual as outras torcidas comuns. Se o time não está atacando, vaiem. Se atacou e não foi eficiente, vaiem também. Se fizer um gol, comemorem, mas em seguida voltem a vaiar se a apresentação não for convincente.

Há pouco tempo, fizemos, na minha opinião, uma das maiores injustiças para com um dirigente de futebol. Digo fizemos pois, apesar de não compactuar com a idéia, tendo escrito aqui neste espaço, inclusive, faço parte desta torcida. Expulsamos um dos maiores homens do futebol que o Grêmio já teve, ameaçando-o, inclusive. Se ainda não se deram conta de quem estou falando, peço que pesquisem: quem montou um time competitivo com recursos, que só não eram zero, porque eram negativos, para disputarmos a Segunda Divisão? Quem reforçou o time com poucos recursos para botar um Grêmio, recém vindo do inferno, na terceira posição do campeonato nacional? Quem preparou o Grêmio para a Libertadores de 2007, com Diego Souza, Saja, Lúcio, William, Teco, Schiavi? Quem trouxe para o Olímpico Rever, Victor, Roger e Roth (o melhor técnico do campeonato, na minha opnião) para este ano? Destes, três foram premiados este ano.

Não quero queimar ninguém, mas, na minha opinião, o Krieger ainda não mostrou a que veio. Seu maior mérito este ano foi manter o Roth – e antes de alguém falar que ele trouxe o Souza e repatriou o Tcheco, lembro que, na verdade, ele apenas fechou negociações que já estavam há muito tempo em andamento. Quem o Krieger realmente trouxe este ano foram Marcel, Orteman e Morales. A partir daí, peço que tirem suas conclusões.

Meu sentimento, nos anos anteriores, sempre foi de esperança, pois confiava na nossa diretoria, tinha certeza de que, se trouxessem um zagueiro do Ipatinga, é porque eles conheciam o jogador e o seu potencial. A regra básica para contratações que saiam da boca de Pelaipe e Odone quando questionados era a mesma: tem que ser um jogador que se identifique com o estilo de jogo histórico do Grêmio e que tenha potencial. Estas duas características aliadas já garantem, por si só, 80% do sucesso na contratação.

Este ano, torço muito para que nossos dirigentes façam um ótimo trabalho. Expectativa é a palavra que melhor representa o que sinto. Torço, mas não na quina do estádio como durante o ano: enquanto a nossa direção estiver agindo, estarei lá, na social, com minha pipoca, corneta e o meu radinho, pois agora é a hora da razão, para depois vivermos um ano inteiro de loucura.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

FAÇAM A PARTE DE VOCÊS

Por Silvio Pilau


Não gosto desse limbo entre o final de uma temporada e o início de outra. Sei lá, muita ansiedade. A expectativa da chegada de grandes jogadores, inevitavelmente, domina a torcida, ainda que saibamos que o clube não possui condições de trazer metade dos nomes que surgem em meio à boataria. Talvez seja esse o problema: essa expectativa quase nunca é preenchida. E, para piorar, outras equipes já começam a se reforçar.

Quanto a nós? Zero. Nada. Ninguém veio, só saiu. E saiu gente que vai fazer falta. Ou alguém realmente acha que temos um substituto à altura de Rafael Carioca? Certo que não. Uma opinião: Magrão não renderá nem metade do que rendeu neste ano. Muito do futebol que surpreendeu os próprios torcedores deveu-se ao fato de atuar ao lado de Carioca, um dos melhores jogadores em atualidade no país neste ano que se encerra.

O resto das saídas não temos muito o que lamentar. Foram jogadores que nunca se firmaram e sempre foram criticados pela torcida. Atletas como o esforçado Paulo Sérgio e o irregular Jean não farão falta, desde que, claro, a direção comece a agir em busca de outros nomes. Não adianta ficar só trazendo gurizada das categorias de base. Tenho certeza de que temos muito talento lá. Mas é preciso jogadores mais vividos e com talento. Equilíbrio, como diria Roth.

O São Paulo, mesmo com a forte base da equipe que já possui, contratou. O Palmeiras contratou. Até o Inter contratou – um jogador apenas, mas contratou. Quanto ao Grêmio, nada ainda. Com as carências da equipe de 2008 expostas a todos, já era para a torcida ter ouvido que alguns nomes assinaram contrato. Mas não. A direção parece mais preocupada com a Arena do que com o time. O foco não parece ser o que ocorre dentro de campo.

E isso me preocupa, pois temos mais uma Libertadores aí. Sei que não faremos fiasco, pois ali o Grêmio sente-se em casa. Mas é hora de agir. Tudo bem que não temos dinheiro, mas discordo quanto ao fato de as opções serem poucas. Quem entende de futebol – e é o que se espera de um dirigente – consegue montar um time forte somente através de boas escolhas. Direção, aguardamos. Façam a parte de vocês. A nossa vocês sabem que será feita.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

COM O GRÊMIO, PARA SEMPRE, NO TOPO DO MUNDO

Por Cristiano Zanella

Madrugada de 11 dezembro de 1983, um domingo. Tenho doze anos, e estou na sala da minha casa no bairro Três Figueiras, em Porto Alegre. Sentado no sofá, em frente ao "televisor" da marca Sharp – o primeiro aparelho colorido que tivemos –, junto da minha família aguardo o início de Grêmio e Hamburgo. Naquela noite, o Tricolor iria sagrar-se Campeão do Mundo. Vinte e cinco anos atrás...

A transmissão era da TV Gaúcha, e a narração do saudoso (que lance!) Celestino Valenzuela. Estávamos todos sonolentos, principalmente as crianças, que vestiam pijamas e haviam sido acordadas minutos antes do início da partida. Apitos estridentes ecoam pelo Estádio Nacional de Tóquio, foguetes estouram na vizinhança, porque o Grêmio já está em campo, trajando camisetas da Adidas e calções brancos.

Confesso que pouco lembro da partida, que recentemente revi na íntegra em cópia DVD remasterizada (com som e imagem digitais – http://dvdgremio.blogspot.com). Mas ficaram na lembrança as principais jogadas, os gols do genial Renato Portaluppi, a elegância do vesgo Mario Sérgio, os lances de malandragem de Paulo César Caju, a peleia de De León, Paulo Roberto, China, Osvaldo e Tarciso (e do time todo), a estrela de Valdir Atahualpa Ramirez Espinosa – conquistador da América e do Mundo! Agradeço a todos eles, personagens da minha infância e adolescência, pelo empenho, pela raça, coragem e determinação – virtudes que iram ajudar a forjar a marca do Grêmio Foot-ball Porto-alegrense mundialmente, e para a eternidade!

Terminada a partida, pegamos nossas bandeiras e saímos no reluzente Opala bege de meu pai a comemorar pelas ruas da cidade, descendo a Protásio Alves, no Alto Petrópolis (local onde se reuniam os "magros" da época), depois pela Osvaldo Aranha, que também estava lotada, e no centro da cidade, em festa que seguiu madrugada adentro. O Grêmio era o Campeão do Mundo, e – para todo o sempre – nada poderia ser maior!

Vinte e cinco anos se passaram, e ainda hoje é difícil avaliar a dimensão histórica que adquiriu (e vem adquirindo) esta inesquecível partida para a formação de toda uma geração de torcedores, jogadores e dirigentes gremistas. Além de tratar-se do título mais importante em 105 anos de existência do Grêmio, é uma conquista a ser comemorada eternamente, que traduz a grandeza de um clube até então pouco conhecido no cenário internacional – vale lembrar que, atualmente, o Grêmio é líder no ranking oficial da CBF, terceiro entre os brasileiros no da Comnebol (atrás de São Paulo e Cruzeiro) e possui (pelo menos é o que indicam as pesquisas realizadas nas últimas décadas) a maior torcida da região sul do Brasil.

Eu tinha doze anos, e vi o Grêmio Campeão do Mundo em 1983 – um título para sempre! Mais uma vez, parabéns, Grêmio querido! O mundial é e será para sempre o nosso caminho! A Terra continua azul, é só olhar e ver...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

AS VERDADES DOEM

Por Felipe Sandrin


Amigos GREMISTAS e colorados,
gostaria de agradecer o grande número de acessos das colunas e, ao mesmo tempo, desculpar-me. Vendo o número de comentários e e-mails os quais recebo diariamente, sensibilizei-me com a situação e resolvi fazer uma terrível confissão: eu não leio nada do que os vermelhos escrevem.
Sei que a regra prática de um colunista é dar atenção a TODOS os leitores. Porém, eu uso esse espaço de forma diferente. Escrevo para tantos lugares sendo imparcial que, hoje em dia, o "Sob a Benção da Imortalidade" se tornou quase que uma gaveta onde guardo meus pensamentos. E, diante disso, não há espaço para inimigos. Nesta gaveta onde guardo o bom do meu amor pelo GRÊMIO, não há espaço para mágoas. Mesmo quando recebo e-mails enormes de colorados, eu nem termino de ler a primeira linha para excluí-los.

Eu entendo a necessidade de grandes comentários se justificando: "meu Inter não quer ser GRÊMIO. Vocês não são campeões do mundo". Só que quando tento ler, eu vejo um monte de blá, blá, blá, blá.

Não estou mandando ninguém embora de minhas colunas, não, bem pelo contrário: fico louco de faceiro quando o pessoal acusa a pancada. As verdades doem, mas tem muito masoquista por ai. E quem sou eu para criticar aqueles que tanta audiência dão ao espaço mais torcedor da Internet?

Querem imparcialidade? Vão no Vidarte, porque aqui o bicho pega mesmo! E o que deve ser dito será. GRE-nal não tira férias e, antes que comece a Libertadores, tenho que tocar minha flauta – porque depois não terei tempo pra falar de coisas pequenas. Né, coloraiada?

Bom, já escrevi minha cota de hoje. Agora é com vocês, colorados. Fiquem à vontade: prometo não discordar de nada, até porque seguirei não lendo coisa alguma do que vocês escrevem. Eu sou muito da paz.

Aliás, eu e Dom Elias Figueroa não temos medo da rivalidade: nós amamos ela.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

RESPEITO ACIMA DE TUDO

Por Silvio Pilau

Já faz algum tempo que decidi não mais discutir futebol com colorados. Sei que muita gente tira um grande prazer desses colóquios futebolísticos sobre rivalidade, mas o fato é que nada sai daí. No fundo, eles são apenas uma perda de tempo. Ninguém vai conseguir convencer o outro lado. Jamais o seu argumento, por mais lógico e arrazoado que seja, será aceito pelo outro como verdadeiro. São discussões pautadas unicamente pela emoção e por amor cego, sem qualquer resultado.

Claro que essa é uma posição que nem sempre consigo seguir. Vez ou outra, encontro-me debatendo com colorados a importância de um título como a Sul-Americana, a legitimidade do Mundial Interclubes, a não-conquista da vaga na Libertadores no centenário e muitas outras coisas. No entanto, sempre que isso acontece, procuro manter a discussão no tom da brincadeira e do bom humor, tentando me divertir ao máximo em tal momento. Nunca deixando a conversa descambar para a insensatez e a falta de respeito.

No que concerne a mim e meus papos sobre futebol com amigos, consigo fazer isso. Sei que a posição deles é, igualmente, a de uma conversa divertida e de uma provocação saudável, que faz parte da magia desse esporte. Porém, com mais freqüência do que gostaria, vejo e tenho notícias de resultados desagradáveis saídos dessa rivalidade, como se o amor cego pelo clube se transformasse em um ódio cego por qualquer pessoa que vista a camisa do rival.

Aqui mesmo no Final Sports tivemos um exemplo claro disso na semana passada. Um texto publicado no lado gremista despertou uma reação pelo lado colorado, inclusive com ofensas ao autor. De quebra, os comentários foram inundados por declarações de baixo nível, por parte de ambas as torcidas. Esta é somente mais uma prova do motivo pelo qual procuro evitar o desgaste de discutir futebol: não se chega a lugar algum e, se uma das pessoas for mais exaltada, o clima pode ficar pesado e com resultados que ninguém gostaria.

No caso dos textos já citados, não cabe tentar apontar quem estava certo e quem estava errado. Cada um vai tomar a posição no lado que mais lhe convém - leia-se, no time que torce. Mas até nisso é possível ser educado.

Há algum tempo, postei um texto com o título “Eu Amo o Inter”. Claro que não passava de uma brincadeira, uma ironia, um texto que jamais desrespeitava o adversário. Recebi centenas de mensagens no Orkut que eram simplesmente ofensas a mim, sem qualquer tentativa de argumentação.

O que fiz? Respondi uma a uma. Todas as que eu pude responder. Mas não no mesmo nível. Respondi de forma educada, tentando argumentar e falando que uma reação a nível pessoal como a que os colorados estavam tendo era desnecessária. Para muitos, foi um tapa de luva. Boa parte me retornou pedindo desculpas, compreendendo a insensatez de tal reação. Claro que muitos continuaram com as ofensas, mas fiquei satisfeito por ter feito alguns perceberem seus erros e compreender que é possível, sim, uma rivalidade alicerçada no respeito não somente pelo rival, mas pelo ser humano.

É claro que essas palavras que vocês lêem agora não farão a menor diferença. Gremistas e colorados vão continuar discutindo. E, quanto a isso, não vejo qualquer problema. Nem quero que isso pare. Enquanto as provocações mantiverem o tom de amizade, o toque saudável de ironia e a criatividade única que as torcidas têm, comprometo-me a acompanhar de perto e, quem sabe, até participar de algumas.

A minha ressalva é quando a discussão sai do nível da civilidade. A partir daí, é somente um passo para os xingamentos, para as brigas, para as mortes. E é apenas isso que peço: respeito, bom senso e civilidade. A rivalidade pode ser sensacional quando se mantém dentro desses valores. Um pouco de provocação não faz mal a ninguém. Mas que seja feita dentro dos limites.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O CLUBE INTERNACIONAL DO RS

Por Felipe Sandrin

O Grêmio ensinou como chegar lá e, 25 anos atrás, consagrava-se o clube INTERNACIONAL do Rio Grande do Sul. O mundo estava mais azul, Porto Alegre não dormiria; não mudaria nunca mais a partir daquele dia. Surgia um novo clube diante de um velho espírito, e o conceito de IMORTAL adotado até então por Lupicínio Rodrigues ganhava o planeta.

Meus amigos, vistam o manto sagrado azul, ostentem com bravura aquilo que a duros golpes foi conquistado, orgulhem-se daqueles que transformaram o GRÊMIO NO MAIOR CLUBE DA NOSSA AMADA TERRA GAUCHA.

E não sucumbam ante o desrespeito, a inveja que se abate sobre aqueles que jamais deixaram de ser apenas coadjuvantes. Porque títulos todos podem ter, mas o pioneirismo é nosso. Nascemos primeiro, JÁ SOMOS CENTENARIOS, lutamos em guerras fora de nossas terras, longe de nossas casas, antes que qualquer um em nosso Rio Grande.

Amigo IMORTAL DONO DO MUNDO, está também em tuas canelas as marcas de travas argentinas, chilenas, paraguaias, uruguaias, alemãs, etc. Está sobre tua camisa do Grêmio o respeito com que nós, gaúchos, somos tratados e vistos.

Tu és amado, MAIS QUE CENTENARIO: orgulhe-se, torcedor gremista, pelas fotos em preto e branco que retratam os nossos títulos. O mundo em preto e branco era mais bonito, o futebol era MUITO MAIS FUTEBOL. Não havia chuteiras coloridas, chuvas de papel picado ou carro-maca para tirar canelas de vidro do campo. Tu, amigo gremista, conquistaste o mundo quando nele ainda existiam heróis que não custavam em euros ou dólares. Tu, torcedor gremista, foste o desbravador, foste como Colombo, Cabral, foste o PRIMEIRO a conquistar.

Se hoje a história existe é porque nós a escrevemos. E se hoje outros buscam, é porque estes buscam ser simplesmente como nós. Querem ser algumas páginas dentro de um livro chamado... GRÊMIO.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

UMA QUESTÃO DE OBJETIVOS

Por Silvio Pilau

Sabe-se que é difícil montar um time campeão de um ano para o outro. Na maioria das vezes, esse é um trabalho que exige um planejamento a longo prazo, tendo em vista não somente os nomes dos atletas em campo, mas tudo o que envolve o clube. Política de salários, plano de sócios e balanço financeiro em dia são apenas alguns dos fatores que influenciam na construção de uma equipe competitiva, capaz de disputar grandes títulos.

Temos alguns exemplos disso no futebol brasileiro dos últimos anos. O Grêmio de Felipão e Fábio Koff foi um deles. O Internacional de Fernando Carvalho outro. E, atualmente, o São Paulo de Muricy Ramalho. São três grandes provas sobre como um pouco de organização e estrutura têm a habilidade de se sobressair na eterna bagunça e desorganização que é o futebol brasileiro.

O Grêmio, no momento, passa por um período de transição. Temos um novo presidente, após Paulo Odone reerguer o Tricolor das profundezas do inferno da Segundona. Temos o projeto de um novo estádio, que ainda vai demorar a ficar pronto, mas já requer muita atenção desde agora. E temos, acima de tudo, um novo ano pela frente, mas, ao contrário de 2008, um ano repleto de altas expectativas por parte dos torcedores.

Iniciamos este ano prestes a terminar com medo do pior. No entanto, conquistamos uma vaga para a Libertadores e brigamos pelo título nacional até o fim. O torcedor viu, novamente, que é possível acreditar no Grêmio e que um clube com essa mística está destinado às glórias. Em 2009, temos uma Libertadores pela frente, a décima-segunda de nossa história. E, após o vice da própria Libertadores em 2007 e o vice brasileiro neste ano, o torcedor exige um título de respeito.

Por enquanto, o cenário não é muito animador. Apesar das renovações dos excelentes Victor e Rever, perdemos Rafael Carioca, que não quis nem jogar a Libertadores, preferindo se esconder na Rússia. Também foi renovado o contrato de Tcheco, um jogador pelo qual já expressei minhas muitas ressalvas, ainda que tenha apoio de boa parte da torcida. E nenhum dos nomes surgidos em meio à boataria chegou a empolgar.

A esperança, porém, continua. Sei que o Grêmio não irá montar o melhor time do Brasil, mas torço para que os dirigentes contratem com sabedoria e precisão. Tudo é uma questão de objetivos. Queremos uma boa campanha na Libertadores ou queremos o título? Os dois últimos anos nos ensinaram uma lição: a camisa do Grêmio tem valor e é capaz de grandes feitos. Mas nenhuma camisa chega sozinha a grandes conquistas. Ela precisa ser vestida por jogadores de qualidade.

O Grêmio de 2008 tinha essa qualidade, mas ela era insuficiente para o almejado pela torcida. Que o cenário seja outro em 2009.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

VALEU, GRÊMIO! A LUTA CONTINUA!

Por Cristiano Zanella

Gremistas: o título não veio, e estamos todos cansados de buscar as razões... O ataque que não faz gols, a biografia nebulosa de Roth, os reforços que não deram o retorno esperado, os times entregões e a mala preta, gols anulados, gols injustamente validados, ou mesmo o envelope com os ingressos para o show da popstar Madonna que o juizão ia embolsando! Foram momentos de alegria, dor, esperança, superação. Inacreditável: perdemos o Brasileirão! Terminada a atividade dentro das quatro linhas, se inicia o período de renovações e contratações: sai Rafael Carioca, ficam Victor, Léo e Rever, Tcheco, William Magrão e Souza, possivelmente Celso Roth.

A base está formada, mas há a necessidade (urgente!) de se contratar laterais (que não sejam do naipe de Patrício, Bustos, Hidalgo, Paulo Sérgio) e o jogador de exceção para o ataque (esqueçam os medalhões em fim de carreira como Luisão, Christian, Amoroso, e agora Washington – precisamos de sangue novo).

O Grêmio não faturou títulos este ano porque não teve ataque, não teve centroavante, e isso no futebol é fatal! Mesmo assim, a espinha dorsal da temporada 2008 servirá como base para o próximo ano, e isto por si só já é uma baita notícia, novidade em anos recentes. Até o início da temporada 2009, serão pouco mais de seis semanas sem jogos oficiais – dá tempo para montar o time (nosso primeiro confronto no Gauchão será fora de casa, contra o Inter SM, em 21 de janeiro).

De janeiro a julho, acontece a histórica 50a edição da Copa Libertadores da América, a ser disputada simultaneamente com o Campeonato Gaúcho e as primeiras rodadas do Brasileirão. Mesmo que os adversários da primeira fase sejam ilustres desconhecidos, vale lembrar que na Libertadores não tem barbada, e que precisamos reforçar o elenco com quantidade e qualidade. É bom saber que a nova diretoria já está ligada, trabalhando na busca de jogadores. Vamos pensar grande que a torcida banca, ou alguém duvida que irá aumentar o número de sócios tricolores com a participação na Libertadores e a perspectiva da nova Arena?

Fica, é claro, uma certa frustração pela(s) oportunidade(s) perdida(s), afinal de contas, faltaram apenas três míseros pontinhos. Mas valeu, Grêmio! Valeu, torcedor gremista! Muito obrigado pelos momentos inesquecíveis ao longo da temporada! A luta continua! Faça chuva ou faça sol, na vitória ou na derrota, aplaudiremos o Grêmio onde o Grêmio estiver! A festa é nossa! O céu é o limite!

E amanhã... vai ser outro dia! Grêmio sempre!!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O INTER SONHA SER O GRÊMIO

Por Felipe Sandrin


O maior patrimônio de um clube é sua torcida, e mais uma vez demos a prova do porquê somos únicos nesse imenso planeta bola. Domingo, enquanto um avião sobrevoava o Olímpico com o dizer "Inter campeão de tudo", eu fiquei a questionar-me de onde vem tamanha rivalidade. Após uma análise fria dos fatos, eis que chego à resposta.

Fernando Carvalho quer mais argentinos no time. Ele percebeu a força do sangue platino; ele e toda torcida também notaram que não é feio se inspirar nos bons. Por isso, adotaram os cânticos das barras-bravas e buscam inspiração em nossa linda torcida azul.

Há anos, colorados se dizem o clube do povo, mas ai percebo que o Brasil é um país em sua extrema maioria "povão": por que então o "clube do povo Inter" perde em TODAS as pesquisas referentes às maiores torcidas para o clube dito preconceituoso, o Grêmio?

Um plano de 100 mil sócios, onde visa-se o lucro acima de tudo, por isso tanto SÓCIO não conseguiu ingresso para a GRANDE, IMENSA final da Sul-Americana? A vontade de ter um estádio cheinho é tanta que o plano é 100 mil sócios: onde vão ficar os que não conseguem ingressos? Ai é com eles.

O Inter, papa-títulos, temido e respeitado, QUER a Libertadores, SONHA, ALMEJA INTENSAMENTE a Libertadores, mas conheceu tal título há pouco tempo. Até então, só acompanhavam pela TV, secavam e imploravam para que o Grêmio não vencesse.

O Inter, festejado, aclamado, que projetou uma equipe para lutar pelo título brasileiro, terminou o campeonato brasileiro – que era seu GRANDE E MAIOR objetivo – 18 pontos atrás do Grêmio: isso mesmo, 18 pontos atrás do Grêmio, sem nunca ter tido a oportunidade de brigar pelo título, sem nunca ter sabido o que fazer, senão somente figurar no, até então, PARA ELES, mais importante campeonato do ano.

Pobre Inter...não sabia que na qüinquagésima edição da Libertadores só entrariam grandes campeões. Acabou não sendo convidado. E agora, a todo custo, tenta forjar um convite: estão piores do que adolescentes tentando se "muquiar" em festa de 15 anos.

Esse é o Inter, um clube que entrou no século 21 com tudo: admiram o futebol argentino; sonham serem vistos como o clube do povo; Almejam 100 mil sócios para assim garantirem bons públicos; almejam incessantemente a Libertadores da América; Abandonam o barco quando vêem que os objetivos parecem impossíveis.

Enquanto aquele avião sobrevoava o Monumental Olímpico, domingo, eu disse a mim mesmo: Caramba, o campeão de tudo sonha com o que nunca poderá ter, sonha com o que nunca poderá ser... O GRÊMIO.

Existem sim duas torcidas nesse estado: os azuis e os que sonham ser.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O ORGULHO DE SER GREMISTA

Por Silvio Pilau

O cronômetro sobre o pulso do árbitro marcava, aproximadamente, trinta e nove minutos do segundo tempo. No placar eletrônico do estádio, lia-se uma vantagem de dois a zero para a equipe mandante. Os dois anéis do estádio estavam tomados por pessoas de todos os gêneros e idades vestindo azul, preto e branco. Os olhos pairavam sobre a relva verde diante de si, mas a atenção permanecia voltada para uma distante partida ocorrendo no centro-oeste do país.Foi quando veio a informação de que aquele jogo havia encerrado.Houve um reduzido instante de decepção. Um átimo de segundo tomado de tristeza pela glória que se escapava.

Lentamente, porém, o silêncio começou a desaparecer. Ruídos primeiramente tímidos, escassos, de mãos uma ao encontro da outra. Pouco a pouco, elas foram se fazendo ouvir. Mais e mais palmas se somavam para formar um som de reverência e respeito. Logo, o estádio estava tomado por aplausos. Uma demonstração de amor e, acima de tudo, reconhecimento.É fato que o Grêmio foi muito mais longe do que se esperava dele. No início do campeonato, analisando equipe e momento, o Tricolor tinha um futuro negro à frente. Mas esse não era um time qualquer.

Ali não estava um time capaz de satisfazer com pouco e preso às regras que guiam o restante dos clubes. O Grêmio é surpresa, é superação, é subversão de expectativas. E chegou ao final do campeonato como a única equipe capaz de fazer frente ao São Paulo. Por isso, o reconhecimento emocionante de uma torcida sem igual.O que se viu no Olímpico nos minutos finais da partida e por algum tempo após seu término é algo raro no futebol brasileiro. Não é por acaso que poucos entendem o verdadeiro sentimento de ser gremista. Torcer para o Grêmio não é vibrar somente com vitórias. Não é ter paixão por faixas e troféus conquistados pelo clube. O coração gremista existe somente pelo amor incondicional ao clube. Um amor inabalável, vivo em todos os momentos e com constantes demonstrações de sentimento.Ontem, foi mais um exemplo.

O Grêmio não levou o título, mas foi campeão. Não campeão moral, pois isso é coisa de time pequeno. O Grêmio foi campeão porque é um campeão sempre. Sua essência é a de um time vencedor e a postura tricolor dentro de campo mais uma vez provou isso. As lágrimas correndo pelos rostos dos jogadores significam não somente a dor da não-conquista, mas a compreensão de que os torcedores, únicos e inigualáveis, mereciam algo melhor. Esse reconhecimento é nossa grande vitória.Por isso, parabéns a todos. Parabéns aos atletas que deram o máximo de si em uma campanha magnífica. Por vezes derraparam, por vezes fraquejaram, mas souberam compreender o que significa ser gremista. Parabéns ao técnico Celso Roth, por superar um ambiente completamente contrário a si e realizar uma jornada acima de qualquer expectativa.

E parabéns, acima de tudo, a essa torcida magnífica, a melhor do Brasil. Parabéns a cada um de vocês que apoiou, que acreditou, que não desistiu. Nas arquibancadas do Olímpico, com o radinho no ouvido ou simplesmente com o distintivo sobre o peito em algum lugar do mundo, parabéns e muito obrigado. São vocês, somos nós, que fazemos deste um clube diferente de qualquer outro. Somente nós conhecemos o orgulho de ser gremista.

Um orgulho que, certamente, verá muitas glórias no próximo ano.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O ERRO DA MÁ PERSPECTIVA

Por Felipe Sandrin

Domingo acaba o ano, meu ponto de vista: Grêmio surpreendeu, e o Inter ficou abaixo do esperado.

A decisão da direção colorada de montar uma equipe no meio da temporada acabou com as imensas pretensões do clube. Ano que vem, ante o centenário, não haverá a Libertadores. Neste ano, que a princípio encaminharia tudo para a glória no centenário, faltou entrosamento. Mesmo com bons jogadores, tardou-se a surgir um time unido. Houve um grande acerto no segundo semestre, que surgiu devido ao desespero: a Sul-Americana tornou-se fundamental do dia para a noite, e o time vermelho entrou com tudo na competição. A meu ver, fizeram uma escolha lógica e certa: era isso ou acabar o ano sem nada.

Em resumo: Fernando Carvalho é realmente um grande dirigente, fez de um ano perdido a pancada que causou amnésia na torcida colorada. Diante da promessa de dar o mundo ao clube em 2009, não existirá tal opção.

Já o Grêmio surpreendeu diante do erro: o erro da má perspectiva. Nós, gremistas acostumados a títulos e grandes feitos, há alguns anos percebemos a decadência do clube. A decadência da qual falo é a de ímpeto com a grandeza. A melhor notícia dos últimos anos foi a Arena. Veio dela a prova que ainda existem dirigentes que pensam grande e em um Grêmio forte no futuro. Digam-me como pode um clube como o nosso começar um campeonato não sendo favorito e temido? O Grêmio, em segundo, é dado como um ótimo resultado, sendo que anos atrás não nos contentávamos se não obtivéssemos o título.

Domingo, o Olímpico vai estar lindo. Como gremista. acredito no título; como um analista, vejo ele muito longe. Mesmo que percamos este título, tenho certeza de que a torcida cantará e vibrará muito com o apito final. Ficará um vago sentimento de derrota, mas certamente iremos ver que deste grupo nos surpreendeu e, diante cagadas e acertos deste ano, colhemos algo de muito bom. A América estará em pauta novamente e sabemos que quando o Grêmio está nela o bicho pega.

Bom, amigos, foi um prazer cá estar o ano todo junto a vocês. Lembrem-se que, entre as coisas de menos importância, o futebol é a mais importante. Respeitem para serem respeitados e ouvir uma corneta não faz mal a ninguém.

Um abraço tricolor de um talvez campeão brasileiro – mas, independentemente de tudo, sempre apaixonado gremista.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

É CHATO ESSE GRÊMIO

Por Silvio Pilau

Torcer pro Grêmio é um saco. Sério, a gente não consegue se livrar desse time. Quando pensamos que já era, que poderemos cuidar unicamente de nossas próprias vidas, lá vem o Grêmio respirar novamente e nos puxar mais uma vez para o Olímpico. Que time teimoso, Deus do céu. Não desiste nunca. Fica lá, mordendo os calcanhares dos adversários até o fim e, se deixarem, abocanha o troféu.Isso acontece em quase todos os campeonatos que o Grêmio disputa. Na fase de mata-mata da Libertadores do ano passado, por exemplo. Perdia fora de casa a primeira partida. Aí, fazíamos nossos planos para as futuras quartas-feiras à noite, acreditávamos que seria possível ver a novela, mas não. No jogo da volta, o Tricolor ia lá e fazia jus à alcunha de Imortal revertendo o resultado e se segurando por mais uma fase.

É o mesmo caso dessa reta final do Campeonato Brasileiro. Quando tudo parecia ganho, começamos a perder. Depois do jogo contra o Cruzeiro, muitos acharam que não dava mais. Mas o Grêmio continuou. Após a partida contra o Figueirense, a maioria desistiu. O Grêmio não.

Depois da goleada para o Vitória, toalhas tricolores tomaram o chão. No entanto, o Grêmio não se entregou, massacrou o Ipatinga e viu o Fluminense arrancar um empate contra o São Paulo.Então, como estamos? Estamos vivos, ainda. Não agüento mais. Queria estar jogando com reservas, não disputando o título. Mas o Grêmio não deixa. Chega à última rodada na cola do São Paulo, jogando um temor imenso sobre o Morumbi. Coitados dos jogadores são-paulinos. Esse Grêmio insuportavelmente chato não os deixa mais dormir sossegados. Até o próximo domingo, os atletas de lá vão sofrer de insônia, nervosos, pensando nesse time pé-no-saco para o qual a gente torce.Digam, quantos de vocês não tinha planejado ir para a praia no próximo final de semana? Viajar um pouco para arejar a cabeça, deixar de lado o stress do trabalho ou das aulas e curtir o mar? Aposto que muitos fizeram isso achando que o Grêmio estaria morto na próxima rodada.

E agora? Vamos todos ter que reformular nossos planos e redefinir nossas agendas, pelo simples motivo de que o Grêmio não se entrega.Mas, já que é assim, estaremos lá novamente. Já que essa absurda teimosia faz parte da essência do Grêmio, só nos resta continuar ao lado desse time, apoiando como nunca e com um ouvido a quilômetros e quilômetros de distância lá na capital do Brasil. Só porque esse time não consegue desistir. Porque é um verdadeiro carrapato, que se agarra como louco à menor esperança. Só porque esse time, para desespero do São Paulo, ainda acredita que o título é possível e vai lutar até o final por ele.É chato esse Grêmio!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ALGUMAS RAZÕES PARA ACREDITAR

Por Cristiano Zanella

Era difícil...! Tornou-se possível! Mas, convenhamos, pouco provável. Nada mais do que isso. Os três pontos que nos separam do São Paulo e que prorrogam a decisão do campeonato para a última rodada ficaram para trás, em jogos contra Flamengo, Botafogo, Inter, e mais recentemente o Goiás, o Figueirense, o Vitória. Dos bambis ganhamos duas vezes! Contra Cruzeiro e Portuguesa, fora de casa, fomos ridículos. Parecia que tudo ia acabar ali, logo ali em frente, na próxima rodada. Mas o imortal se recusava a morrer. Bem, já não adianta lamentar o que passou; o time foi suficiente para garantir a Libertadores, não o título. Sempre apostei num tropeço do São Paulo, mas sabia que o Grêmio iria deixar escapar pontos nas rodadas finais. Aliás, tinha certeza! Agora é tentar buscar razões para – ainda – acreditar. E em se tratando do Grêmio, tem que se acreditar sempre!

Bueno: o primeiro passo é – evidentemente – lotar o Olímpico e fazer o serviço de casa, amassando o pão de queijo mineiro. Na convicção de que ganhamos nosso jogo, aí é botar fé na vitória do sempre traiçoeiro Goiás. O mesmo Goiás que há pouco nos surrupiou três pontos em casa, num jogo que não podíamos perder! O Goiás que no ano passado se manteve na primeira divisão contando com a ajuda do Grêmio! O Goiás do falastrão Hélio dos Anjos, do gremistão Paulo Baier, do bom goleiro Harlei, do ídolo colorado Gabiru!

Outro fator ao qual podemos nos apegar diz respeito ao duro golpe que atingiu o virtual campeão na rodada anterior, quando jogando mal, o poderoso São Paulo empatou com o Fluminense, em casa. A festa já estava armada, o chope encomendado, as camisetas confeccionadas, e o Flu foi lá e detonou com tudo, chutou a mesa da festa, derrubou o bolo no chão! Bem, se o líder São Paulo não ganhou do fraco Fluminense em casa, pode muito bem perder pro Goiás fora. Vale lembrar que, ao longo da temporada, o Goiás já bateu todos os integrantes do pelotão de frente: Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo. A semana vai ser de especulações, negociações, declarações polêmicas e de suaves secações. Só nos resta esperar...

Gremistas: o foco tem que estar dentro do campo! Já não depende apenas da gente, mas vamos botar fé, pensar positivo! Sinto novamente uma força estranha no ar... Que os deuses do futebol nos acompanhem em mais esta épica jornada! Domingo é dia de ver o mar azul colorir as ruas da cidade... Fé! Esta é a palavra!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

FIZESTE O TEU MELHOR, GRÊMIO

Por Felipe Sandrin

Sento em frente ao computador, documento de word, uma folha branca e um texto a digitar, uma rotina diária que tornou-me mais analítico do que unicamente apaixonado. Penso no que poderia dizer a vocês, amigos gremistas que sofrem e torcem com a mesma força do que eu.
Faltam-me palavras – e quando alguns dizem que tenho o dom de dizer o que muitos pensam, eu mesmo me questiono: por que então me sinto sempre tão cheio de coisas a dizer? Por que diante tudo é tão difícil descrever o sentimento de ser gremista?

O que esperar para este ano? O que você, amigo tricolor, esperava do Grêmio neste Brasileiro? Sim, o futebol é uma caixinha de surpresas, cada jogo pode trazer um novo feito: mas, amigos, me digam como por 38 rodadas um time dado como medíocre conseguiu chegar à última rodada vivo, com chance de título, já classificado para uma Libertadores?

O Grêmio é incrível. Este clube só pode ter sido lapidado por mãos de deuses. Quem eram Réver, Victor, Pereira, Willian Magrão, Rafael Carioca? Em um campeonato sem grande estrelas, éramos até então o time de menos brilho. Digam-me um campeonato assim, que fez de um time medíocre o adversário a ser batido?

Porque nós nascemos da dificuldade: não há lágrima dada em vão porque o Grêmio sempre volta. Mais cedo ou mais tarde, conquista o impossível, o inigualável. Fazemos de um título não somente mais um título: fazemos com que, nos piores momentos, pensemos que um dia os mesmos deuses que fizeram este clube joguem nele. Por um segundo, um mísero segundo, eles vestem nossa camisa. E então escreve-se mais um capítulo inesquecível de nossa história.
Eu olho para os lados e, seja na derrota ou vitória, vejo que não estou sozinho. Sempre haverá um Olímpico lotado, uma rua repleta, um boteco entupido de gremistas apaixonados. E onde quer que eu esteja, sei que não estarei sozinho. Para chorar ou para sorrir, és tu, Grêmio, o meu maior e melhor motivo.

Com ou sem título, foi este um ano incrível. E eu sei que tu, Grêmio, assim como eu, fizeste o teu melhor.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

AMÉRICA, ESTAMOS DE VOLTA

Por Silvio Pilau


Cada pessoa tem o seu lugar no mundo. Aquele espaço que gera apenas sentimentos maravilhosos e onde a vida faz completo sentido. Para alguns, é a própria casa, ao lado da família. Para outros, é o escritório de trabalho, onde põe em prática toda a ambição. Para outros mais, é em uma festa, cercado de amigos dançando até perder as pernas. Diferente para cada um, mas, sem exceção, todos nós temos aquele nosso cantinho favorito onde tudo se justifica.

E isso não ocorre somente com seres humanos. O Grêmio, por exemplo. O Tricolor já circulou por todo o planeta, conquistando títulos em terras longínquas. Já disputou diversos campeonatos, desde pequenos torneios que pouco valiam até as maiores glórias possíveis para um clube de futebol. No entanto, há uma competição em particular que é a razão de ser de todo gremista. Uma competição onde o Grêmio encontra sua verdadeira essência: a Libertadores da América.

A Copa não é somente um campeonato de futebol. Ainda que muito do aspecto de guerra que antes tornava-a a taça mais difícil para um clube tenha desaparecido, a Libertadores continua sendo uma provação e um desafio a todos que a disputam. Na Copa, uma equipe formada por atletas, por boleiros, jamais chegará ao título. São necessários homens de verdade, guerreiros de fibra e heróis destemidos, dispostos ao sacrifício e em busca de um lugar na história.

Por isso, o Grêmio é um dos clubes mais tradicionais da história do campeonato. São mais de dez participações, quatro finais e dois títulos. Momentos históricos como a batalha de La Plata (quando o Estudiantes ainda era um grande time) e o inesquecível duelo contra o Palmeiras em 1995. Sangue, pontapés, provocações, carrinhos e, ocasionalmente, um pouco de futebol. A trajetória gremista está completamente arraigada à história da Libertadores. Um precisa do outro. Um sem o outro parece uma cópia de algo vazio e sem essência.

Pois o Grêmio está de volta. A vitória de ontem contra uma das piores equipes que já vi jogar carimbou a passagem Tricolor para a Libertadores. Se o título virá, isso é algo que somente será decidido no próximo domingo. As esperanças voltaram a se reacender. Poucas, ínfimas, mais que teimam em não morrer. Porém, a disputa da Libertadores em 2009 já está garantida e, convenhamos, isso já é muito mais do que imaginávamos no início do campeonato.

Então, resta-nos a esperança de que a direção entenda o sentimento dos torcedores em relação à Libertadores. Resta-nos acreditar que eles compreendam a importância dessa competição e não poupem esforços para construir uma equipe realmente capaz de disputar o título. E resta aos adversários começarem a se preocupar. Resta à América se precaver, pois o Grêmio está de volta.