quinta-feira, 30 de abril de 2009

É PRECISO ENTENDÊ-LA.

Por Silvio Pilau

Essa é uma mensagem para jogadores, direção, torcida e comissão técnica (seja ela qual for): esqueçam tudo o que aconteceu até aqui. Apaguem da mente. Não é mais hora de ficar pensando em melhor campanha, melhor ataque, melhor defesa. Não é mais hora de ficar comemorando. A trajetória gremista até o momento foi praticamente impecável, mas é passado. Tudo o que ocorreu deve ser deixado para trás. A Libertadores da América, a verdadeira Libertadores da América, começa agora.

Não nos deixemos ser iludidos. O Grêmio teve a sorte de cair naquele que provavelmente era o grupo mais fácil de toda a competição. Fato. Felizmente, fizemos a nossa parte sem maiores problemas. Passamos pelos adversários como deveríamos ter feito, ao natural. Fomos a equipe com o maior número de gols marcados e o menor número de gols sofridos. Jogamos, na maioria das partidas, um futebol convincente, com muitas oportunidades criadas e sem grandes perigos na defesa. Mas, repito, não nos deixemos iludir.

Até agora, o que jogamos foi um Gauchão com grife. Nada mais do que isso. Enquanto outros, como Palmeiras e Sport, já começaram o torneio com pedreiras, enfrentamos times que teriam dificuldade em se classificar para a segunda fase do nosso regional. Por isso, muito cuidado ao achar que estamos indo bem. No campeonato, sim, afinal, classificamo-nos em primeiro. Em termos de equipe, ainda não. Nosso time precisa evoluir, e muito. Nossos jogadores ainda precisam compreender o que é uma Libertadores. Somente quem entende a essência da Libertadores da América pode vencê-la.

A Libertadores, essa competição que tem início agora, é decidida no detalhe. Um centímetro, um segundo, uma gota de suor podem fazer a diferença entre a glória e mais um fracasso. Na verdadeira Libertadores, não existe favoritismo. Ninguém é melhor do que ninguém. Até porque, na Libertadores, o talento não leva à vitória. Talvez em nenhuma outra competição o talento fique tanto em segundo plano. Vence o mais guerreiro, vence o mais disposto, vence aquele que compreende não se tratar unicamente de futebol, mas de lutas e batalhas.

No entanto, é preciso cuidado. Os novatos confundem raça com violência. A Libertadores é um lugar de garra, de gana, de malandragem, mas não de violência. Sandro Goiano, por exemplo, foi expulso no primeiro tempo da final de 2007 e custou ao Grêmio o troféu. É preciso brigar pela posse de bola, sacrificar-se pelo gol, intimidar o adversário. Mas é necessário compreender os limites entre a disposição e o exagero, entre a vontade e a insolência. Para um jogador, é difícil compreender essa tênue linha. E é nisso que alguns dos nossos não estão preparados.

Sinto que falta no Grêmio um capitão. Falta um líder. O Grêmio de hoje não possui um Dinho. Não possui um Fernandão. Uma competição como a Libertadores precisa de alguém que tenha a coragem de chegar para Adílson e dizer para ele jogar simples. Precisa de alguém que enfie o dedo na cara de Souza e diga que, sim, ele tem bola, mas jogar pelo time é a única forma de alcançar algum resultado. Tcheco é uma adolescente fraca e nervosa que deveria estar no banco, não usando a braçadeira. Mesmo com toda a sua experiência, Tcheco ainda parece não conhecer a Libertadores.

Acredito, porém, que o time é capaz de ir longe. Mais do que acreditar, tenho certeza que o Grêmio vai longe nessa Libertadores. Boa parte da equipe já compreendeu o que é essa competição. Os que ainda não entenderam, estão a caminho. E, para ajudar, temos bons jogadores, capazes de decidir quando o negócio aperta. Podemos melhorar? Claro. Devemos. Mas tenho certeza de que essa primeira fase, por mais fácil e sem desafios que tenha sido, serviu para calejar os nossos atletas. Serviu para prepará-los. Serviu para fazer com que entendessem a essência da Libertadores.

Assim espero. Porque ela começa agora.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A LIBERTADORES COMEÇA AGORA...

Por Cristiano Zanella

Para os gremistas que estão longe de Porto Alegre e visitam a cidade, assistir um jogo no Olímpico já pode ser considerado um programa turístico: em poucos anos o nosso lendário estádio provavelmente não mais existirá – será destruído em nome de uma pós-modernidade asséptica e despersonalizada, e uma nova, reluzente e longínqua arena surgirá. Ficarão vivos os nossos sonhos, as conquistas que marcaram nossa infância e juventude, os inesquecíveis momentos vividos no solo sagrado do Estádio Olímpico Monumental.

Um destes gremistões desgarrados do pampa é o meu amigo Nilzo Pereira Maia, o Tuko Maia, esgrimista gaúcho que reside há uns cinco ou seis anos na Austrália. Companheiro de inúmeras jornadas vitoriosas que iniciaram ainda nos anos 80, mesmo do outro lado do mundo acompanha o Grêmio via rádio e tv, e sua filha Brenda (tem nome de americana, mas é produto 100% nacional) já entoa os primeiros versos do hino composto pelo imortal Lupi. Afastado do Olímpico desde o início do século, o Tuko continua prezando pela tradição de – como diz o hino – ir a pé a campo, de concentrar-se nas cercanias do estádio (acompanhado de um saco de cervejas mornas e de um improvisado churrasco) e de assistir aos jogos atrás do gol, como em 95. Ontem, foi testemunha ocular de mais um grande jogo no Olímpico: show da torcida, sempre um espetáculo a parte, além de uma bela apresentação de Souza, que é "marrento" mas é craque, e quando está fim joga muito.

Sobre o jogo? Bem, o de sempre, e já era de se esperar: três a zero ao natural, sem grandes façanhas (em pouco mais de 15 minutos estava liquidada a fatura). Dois de Souza, o terceiro do zagueiro goleador Léo, e nenhum dos atacantes (que seguem devendo). O Boyacá não esboçou reação, além de desperdiçar uma penalidade defendida pelo excelente Victor, atualmente um dos melhores goleiros do Brasil. Assim, fechamos a primeira fase com o melhor ataque e melhor defesa, além da liderança isolada por pontos. Os possíveis adversários (Defensor/Uruguai ou San Martin/Peru) não assustam, e os jogos de volta serão sempre em casa. Então, porque duvidar que a Libertadores será nossa?

Penso no passado, nos momentos de dor e alegria, nas grandiosas, inexplicáveis e inesquecíveis conquistas ao longo dos meus quase 40 anos em azul, preto e branco, na expectativa de que o velho Grêmio sairá campeão, e o mundo haverá de testemunhar mais esta façanha! A maior torcida do Rio Grande não perde por esperar! Esta primeira fase não foi mais do que uma mera formalidade! Acabou o recreio, a Libertadores – pra valer – começa agora...

É Grêmio sempre, por isso é que eu canto, não posso parar!!!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

NO TOPO DA AMÉRICA.

Por Silvio Pilau


Líderes da América. É isso o que somos nesse momento. Primeiros. Hoje, agora, somos a melhor equipe da mais importante competição do continente. Sim, o grupo era um dos mais fracos do torneio. Sim, nosso time ainda precisa de muita evolução. E sim, a Libertadores pouco teve de Libertadores até aqui. Mas o fato é inegável. Incontestável. Por enquanto, a melhor campanha de toda a Libertadores da América é a do Grêmio e ponto final.

Isso não é algo importante somente para massagear o ego. Pelo contrário, se fôssemos pensar somente por esse lado seria até perigoso. O sucesso tende a enganar. Uma boa campanha pode iludir, fazendo a maioria pensar que tudo está certo. Não está. O Grêmio está evoluindo, está no caminho certo, mas ainda falta muito para chegar ao lugar ideal. Como poderíamos acreditar que tudo está perfeito quando não temos nem um treinador?

O que realmente importa nessa liderança da América não é o que foi feito até aqui, mas o que irá acontecer daqui para frente. E, para quem não sabe, é isso: terminando a primeira fase como a melhor campanha, decidiremos todas as próximas fases em casa. Ou seja, nas oitavas-de-final, primeiro jogo é no estádio do adversário e o segundo, decisivo, no Olímpico. Se passarmos, o mesmo ocorrerá nas quartas, na semi e na final.

Por que isso é tão importante? Por um simples, mas vital motivo: no momento derradeiro, na partida da tensão, teremos o apoio único dessa torcida que tanto temos orgulho de formar. Jogar a segunda partida em casa é jogar em nosso território já sabendo o resultado necessário. É fazer o adversário tremer ao descobrir que ainda precisa enfrentar o Grêmio em um local onde o Grêmio é praticamente imbatível. É enfrentar a fúria e a paixão de não apenas onze, mas de cinqüenta mil incansáveis tricolores.

A torcida gremista é – fato reconhecido até mesmo no sudeste do país – a mais apaixonada de todo o Brasil. Nenhuma – repito, nenhuma – outra torcida é capaz de apoiar da mesma forma que apoiamos. E isso faz toda a diferença. Inesquecível a campanha gremista na Libertadores de 2007, onde a torcida jamais desacreditou a equipe, mesmo nos momentos mais difíceis. Aquela magnífica jornada somente foi possível graças aos rugidos que emanavam do concreto do Olímpico.

E será assim agora. A torcida e as três cores formam um só, uma indissociável união de amor e força, abrandada apenas e unicamente com a glória. Por isso é tão importante terminar como líder na primeira fase. O Olímpico, quando precisa, transforma-se e é capaz de mudar o resultado de uma partida. Encerrar esse estágio inicial em primeiro lugar é dar um passo importante para a conquista de nossa terceira copa. E nós todos, como sempre, estaremos lá para testemunhar.

domingo, 26 de abril de 2009

NÃO VAI DAR.

Por Felipe Sandrin

Seria mais fácil ter-se entregue à força dos rivais, aceitar a mediocridade, apenas lamentar-se dizendo "não vai dar". Mas sei lá de onde vem esta força que faz-nos lutar, querer tanto a ponto de não importar o técnico, elenco ou diretoria; desejar com tanta força que o principal se torna detalhe, e o fundamental vira somente vencer, não importa como, mas vencer.

Já presenciamos pessoas desacreditadas lutando por pedaços de grama em finais inesquecíveis, jogadores que venceram a descrença e mostraram seu valor: Ora, se o Grêmio é um clube diferenciado justamente por não desistir, por da dificuldade fazer força, por que não acreditar neste título de Libertadores?

Fomos nós que nos denominamos imortais, herdeiros da garra que não sucumbe, do pranto que se eleva para a glória; fizemos jogadores, fizemos gremistas acreditarem em nossa mística camisa. E se isto fizemos, quem nos difamará fazendo-nos desistir?

Mal intencionados, desagregadores, sempre estão presentes. Em qualquer derrota ou conquista, lá estão eles: quando eles vencem, nós perdemos; mas quando passamos por cima deles, quando o ego não é maior do que a fome por uma conquista, é ai que a mais remota chance vira a mais gratificante luta.
Eu não sei se o Grêmio vai ganhar esta Libertadores. O que vejo hoje são apenas números: primeiro colocado, classificado, gols pró, gols contra, melhor pegando pior, pior jogando a primeira em casa e segunda fora. Tudo convertendo-se em números. Mas o Grêmio pouco faz com números, pois ele nunca foi números: o Grêmio sempre foi coração, camisas molhadas, travas deslizando gramados, uma torcida eufórica que por 90 minutos não parava de cantar e encantar até mesmo o povo das sociais e jogadores de outros times.

Estar com um técnico interino? Má administração por parte de diretores? Desde quando isso é problema?

Eu só transformarei minha confiança em medo quando, olhando para as arquibancadas do Olímpico, não mais ver os guerreiros que lá sempre estão. Aqueles que trabalham para manter a mensalidade em dia, que saem antes do serviço para poderem ver um jogo às 19 horas, que, ganhando 800 reais, destinam 170 para uma camiseta.

Sim, seria mais fácil dizer "não vai dar". Mas você conhece algum gremista que diga isso e não assista mais aos jogos do Grêmio? Que não siga a comprar camisas e pare de usá-las do dia pra noite?

Somos assim, a gente vive falando em desistir para que, quando outros passem a acreditar, eles se surpreendam e nos vejam lá, com a mesma fé, a mesma força, erguendo novamente a mesma taça, que em outras épocas também dizíamos: não vai dar.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

FIEL À HISTÓRIA.

Por Silvio Pilau


Como alguns sabem, fiz aniversário há pouco tempo. Entre os presentes que ganhei, estava um livro sobre o qual jamais tinha ouvido falar: Anjos Brancos: À Beira do Inferno – Os Bastidores do Real Madrid, de John Carlin. A obra é sobre histórias do time do Real Madrid montado por Florentino Pérez no início desse século, quando gastou absurdos milhões para ter no elenco do clube merengue os melhores jogadores do planeta: Figo, Zidane, Beckham, Ronaldo e o prata da casa Raúl. Aqueles que ficaram conhecidos como Galáticos.

Comecei agora a ler o livro. Na verdade, terça-feira à noite. Para quem gosta do assunto e tem o hábito de ler, parece-me uma boa pedida. Posso dar uma opinião mais avalizada quando terminar. No entanto, mesmo tendo recém iniciado a leitura, uma frase chamou a minha atenção. O escritor John Carlin afirma que ela veio da boca do então técnico do Real, Vicente Del Bosque, em uma análise sobre o primeiro duelo com o Manchester United pelas quartas-de-finais da Liga dos Campeões de 2003, vencida por 3 a 1 pelos madrilenhos. Disse Del Bosque: “O Real Madrid jogou de um modo fiel à história do clube”.

Jogou de um modo fiel à história do clube. Quem conhece um pouco da história do futebol sabe que o Real Madrid sempre foi associado ao espetáculo. Desde a equipe de Puskas e Di Stéfano, nos anos 50, o clube tem como filosofia o futebol bonito, ofensivo, de muitos gols. Uma filosofia que nem sempre deu resultados, mas que colocou o Real Madrid na posição de maior clube do século XX em uma eleição recente (da FIFA? Não lembro). E, claro, uma filosofia que atingiu o paroxismo na equipe dos Galáticos de Florentino Pérez.

Naquela partida contra o Manchester, Ronaldo, Zidane, Figo e cia. jogaram de um modo fiel à história do clube. À história daquele clube. Envolveram os diabos vermelhos de tal forma que os próprios ingleses louvaram a atuação dos “anjos brancos” ao final da partida. Não foi uma atuação de raça, de sangue e de luta. Foi, pelo contrário, de leveza, de classe, de requinte. Uma apresentação de talento e de habilidade, de técnica acima da média. Um show. Um espetáculo. Um estilo de jogo fiel à história do clube.

O que tanto me marcou nessa frase foi o fato de pedir o mesmo aos jogadores do Grêmio. Não somente para a equipe atual, mas sempre. O que eu quero, o que todos os torcedores querem, é que os atletas que vestem a camisa gremista joguem de modo fiel à história do clube. Não o futebol arte do Real Madrid. Futebol arte, como diz Peninha, é coisa de veado. A história do Grêmio não foi erigida sobre toques de habilidade, janelinhas, goleadas e apresentações de luxo. A glória do clube mais vencedor do Sul do país é fruto de uma história escrita a sacrifícios, a sangue e com as garras desgastadas de uma chuteira rasgada.

O Grêmio não é filho dos Deuses do futebol como o Real Madrid. Na verdade, parece ser herdeiro de algum Deus da guerra que simplesmente teimou em jogar futebol. O Grêmio é raça, é força, é superação. O Grêmio é o verdadeiro Grêmio em jogos na lama, sob chuvas torrenciais e com jogadores expulsos. Nessas situações, nesses momentos onde a honra é posta em jogo, o Grêmio cresce. Ao longo dos 106 anos, todas as mais importantes conquistas do Grêmio foram alcançadas em partidas onde o que fez a diferença não foi o talento nos pés, mas o sangue nas veias e a hombridade no coração.

Centenas, milhares de jogadores jogaram de modo fiel à história do clube antes mesmo dela existir. Estes atletas, estes heróis, perceberam que o Grêmio era um clube diferenciado e transformaram partidas em batalhas. Fizeram isso porque sabiam que, no Grêmio, não poderia haver outra forma de atuar. Somente o sacrifício poderia corresponder às exigências da torcida. Ao pensar dessa forma, fizeram história. Entraram para a eternidade do futebol por entender que a luta é a verdadeira arte desse esporte. Jamais desistir, jamais se entregar, jamais deixar quaisquer resquícios de vaidade e objetivo pessoal se tornarem maior do que o clube.

E é isso o que peço. Sempre. Peço que joguem de modo fiel à história desse clube grandioso. Joguem como se o mundo fora das quatro linhas não mais existisse. Joguem por cada centímetro de campo e por cada folha de grama. Joguem para que, ao final da partida, o calção esteja sujo e a meia rasgada. Joguem assim, pois é isso que fará toda a diferença no resultado final. Isso fará a diferença da conquista de um título. Isso fará a diferença daqui a muitos anos, quando olharem para trás e analisarem se jogaram como homens ou como covardes.

Joguem assim porque assim nossa história foi forjada. E jogar de modo fiel a ela é a única forma que aceitamos.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

É ROSPIDE NELES!

Por Cristiano Zanella


O tempo passa, o tempo voa, lá se vão dezessete dias sem treinador e, vamos combinar...até então não fez falta o comandante titular. Para um time que foi quase todo reformulado em quatro meses, o Grêmio na Libertadores (competição que realmente interessa) faz excelente campanha. O interino Rospide vem realizando um trabalho até certo ponto surpreendente, com tempo de sobra para treinar e entrosar o elenco. Imprensa, torcedores, time, todos concordam que os adversários do grupo são fracos e não servem de parâmetro. Assim sendo, estamos cumprindo com a obrigação de ganhar dos murrinhas e de garantir classificação à próxima fase com jogos de volta no Olímpico.

O técnico para o biênio 2009/2010 será Paulo Autuori, só falta a direção anunciar oficialmente. Na minha avaliação: talvez Autuori seja um cara refinado demais para treinar Grêmio. Enfeitado demais, educado demais, delicado demais, fala-fina demais (como o demitido Mancini)... carece de um certo xucrismo que caracteriza o tricolor, uma bagualice que é a marca do Grêmio e do gaúcho. Treinador gremista tem que usar abrigo, não terno e gravata, tem que mandar baixar o pau no adversário, passar os 90 minutos gritando à beira do gramado, exigir 110% do elenco por mais limitado que este possa ser. A história comprova: é na raça e na superação sempre!

Não coloco aqui qualquer dúvida sobre a qualidade do profissional (um brasileiro, duas libertadores e um mundial, entre outros títulos de menor expressão), apenas questiono – como faz grande parte da nação tricolor – se Autouri tem realmente o perfil para treinar o Grêmio, se tem mesmo “a cara” do Grêmio?!?! Além do mais, o custo financeiro preocupa: é salário para sheik árabe! Entendo que a possibilidade de um contrato de dois anos faz parte de um planejamento até então inédito no Olímpico, mas a que preço?

Bueno, enquanto não vem o treinador, que tal encaminhar a contratação de um zagueiro reserva, de um lateral direito reserva, do volante (que poderia ser Émerson, baita gremistão) ou do meia-esquerda (um armador com pé esquerdo, já que Douglas Costa não serve)? Mais do que um novo técnico, o Grêmio precisa qualificar seu elenco, porque nas próximas fases o mingau vai engrossar, e o Brasileirão vem aí!

Eu, um humilde sócio, acreditava que chegaria enfim a hora e a vez de Renato Portaluppi (já poderia estar treinando a equipe há duas semanas). Me quebrei, mas enfatizo que entre os nomes especulados (Ney Franco, Geninho, Renê Simões, Basile, Luxemburgo, entre outros), tirando Renato, Autouri é mesmo a pedida – resta saber se vem mesmo, e quando desembarca em Porto Alegre.

Portanto, se confirmado Autuori, treinador mesmo só na segunda quinzena do mês de maio... E, até lá, é Rospide neles!!!

Vamos, vamos, vamos com tudo, tricolor! É Grêmio sempre!!!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

SOBRE AMADORES E PROFISSIONAIS.

Por Felipe Sandrin


O problema não é a espera por Autuori, e sim as constantes demonstrações de que esta direção está mesmo perdida. Elegeram-se com a promessa de campanha que visava dar a nós tricolores o título da Libertadores, mostraram total enfoque nisto. Porém, hoje, seguidamente, nas entrevistas, escutamos os dirigentes falando de um trabalho a longo prazo, dando a entender que a prioridade sobre a Libertadores hoje é muito menor do que realmente salientava-se na época que buscavam o trono.

A cada dia que passa, uma nova aula de antiprofissionalismo é dada – não só por parte de nossos dirigentes, mas sim principalmente por parte da imprensa esportiva gaúcha. É uma vergonha o jogo de informações ao qual nós torcedores somos submetdos. A cada dia, “profissionais” fazem novas suposições sobre quem e o que o clube busca. Jogam qualquer nome no ventilador sem medo de errar – já que quando erram não são cobrados. Sendo assim, quanto mais especulam, mais acrescem nas chances de acertar: eles não estão nem ai pra verdadeira informação e tratam a mentira como a verdade que esqueceu de acontecer.

A direção tem toques de amadorismo e vem errando em questões importantes, mas quanto por cento é culpa dela mesma e quanto é atribuído a ela devido à incompetência da mídia especulativa? Não é novidade a pressão que foi imposta ao Grêmio para que o time, a fim de não desvalorizar o Gauchão, escalasse seus titulares independentemente das necessidades junto a nossa prioridade, a Libertadores.

Nessa guerra de egos, quem nós pensamos que manda é, na verdade, quem menos manda. E não existe lado vermelho ou azul: em realidade, o que existe é somente o lado de dentro dos bolsos. O circo funciona em torno do público, mas, se conhecêssemos estes bastidores, não haveria espetáculo, apenas repúdio ao que o futebol vem se tornando.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

NADA MAIS QUE A OBRIGAÇÃO.

Por Ricardo Lacerda


São seis da tarde de um domingo de tempo feio de outono. Neste exato momento, metade do Rio Grande do Sul não está nem aí para a garoa que cai e festeja merecidamente o título do Gauchão 2009.

Mas fiquemos com a outra metade, a que importa. Ainda resta mais de uma semana para o desfecho da primeira fase da Libertadores. Uma provável vitória contra o Boyacá Chicó, em casa, na outra terça-feira (28), às 19:30h, pode alçar o Tricolor à primeira colocação geral da Copa. Como consequência, teremos a vantagem de sempre decidir em casa os mata-matas. Para isso, precisamos secar Boca Juniors e Nacional, do Uruguai, que são os únicos dois clubes que podem nos passar na classificação.

Não somos hipócritas e reconhecemos que o grupo em que caímos nos ajuda. Aurora e Boyacá são times insignificantes e, La U, apesar de ter certa tradição, é uma equipe frágil. Aliás, o time de Markarián encerrou sua “semana-chave” com uma derrota de 3 a 1 para o Colo Colo, neste domingo. Pois bem, estamos fazendo a nossa parte. Nada mais que a obrigação.

Assim como o Colorado fez sua obrigação em vencer um Gauchão sem concorrentes, temos a obrigação de vencer a Libertadores. Não estou comparando, tampouco sonhando alto. Cada macaco no seu galho - sem piadinha. Minha cobrança se justifica. Pagamos o mico de perder os três grenais do certame regional. Levamos uma lambada no ultimo clássico do Brasileiro 08, que, se vencido, teria nos dado o título. Para 2009, fizemos uma opção: entregar-nos ao máximo a uma conquista maior. Em troca, abdicamos de todo o restante. Espertos, os vermelhos se esbaldaram. No ano do centenário do co-irmão, pouco me importa se eles levam o Gaúcho. Nada mais que a obrigação. Está bem, vou me importar um pouquinho se ganharem a Copa do Brasil, e bem mais se levarem o Brasileiro. A propósito, antes que venham rememorar, lembro e reconheço que fizemos feio em não vencer nada no ano de nosso centenário.

No entanto, vivemos o hoje. E hoje, vencendo a Libertadores, teremos sucesso numa meta traçada ainda no ano passado. Ao começo do Brasileiro 08, o objetivo era uma vaga na Copa. Estamos nela. Ao contrário de outros. Vamos eliminando etapas conforme foi programado. É claro que perder grenal não entra na programação, mas faz parte, infelizmente. Agora é hora de não se deixar influenciar pelo que nos circunvizinha. Ou, então, que sirva de motivação para que conquistemos algo imensamente maior. Sem essa de gangorra. Enquanto somos o time que mais pontou na Copa 09, o Colorado é campeão estadual invicto. Bonito! Cada um na sua.

Libertadores é obrigação. Como já disse, cada um tem a sua obrigação. Podemos não ter vários craques, podemos vencer jogando feio. Nada disso importa. O que importa é cumprirmos o dever de lotar o Olímpico e apoiar sempre. O que importa são jogadores que entendam o que é vestir o manto sagrado, que suem sangue. O que está em jogo é a Libertadores, e nem quero pensar em como a vida pode ser chata fora dela.

Com meu singelo cumprimento ao co-irmão, que mostrou como se faz uma obrigação que nos é atribuída, me voy. Que a Copa nos aguarde! Faremos a nossa parte.

sábado, 18 de abril de 2009

NÃO PASSA NADA.

Por Felipe Sandrin


Não lembro de uma falha gritante ou um jogo comprometido. Quando penso em um de seus grandes lances, não arrisco falar que este seja o melhor, pois, na próxima partida, lá estará ele de novo, pronto para outra espetacular defesa.

Sozinho, acompanha e sofre com cada lance. Nos momentos difíceis, esbraveja sem que ninguém o escute desabafando pra si só. Quando explode em alegria, está longe demais para abraçar e ser abraçado. Resta que fique a agradecer em oração, dar socos no ar, bater no peito, beijando o escudo e dizendo com orgulho ser do Grêmio.

Sebastian Saja foi um bom goleiro. Por vezes, o que lhe faltava em técnica sobrava em raça, mas sua missão não era nada além do que ser o abre alas para uma das maiores contratações já feita pelo Grêmio: Victor Leandro Bagy.

Você observa um jogo como o de quarta e se pergunta por que Tcheco erra passes tão bobos, como nossos altos zagueiros perdem jogadas aéreas fáceis, se revolta vendo Makelele inseguro na lateral – sabendo que tínhamos ai um grande jogador como Felipe Matione.

Você observa o jogo e vê ele, Victor, fazendo defesas que são mais do que grandes defesas, são segundas chances para Souza fazer a grande jogada, Maxi aproveitar a oportunidade e o Grêmio renovar a esperança que até então era somente desconfiança.

Não me agradou o jogo de quarta feira, mas salientou ainda mais a importância de um grande, espetacular goleiro. Elogiamos Victor a toda hora, elogiamos tanto que esquecemos de observar a fundo o quanto as vitórias passam por ele.

Lá, debaixo do gol, dentro de sua grande e solitária área, Victor é o mais torcedor dos jogadores. Por vezes, a distância dele para conosco das arquibancadas é menor do que com seus companheiros de time. Lá, na imensidão de sua solidão, ele canta nossas músicas olha para sua camiseta e pensa:

“Com tantos do meu lado hoje, aqui não passa nada”

A Geral do Grêmio não entrou em conflito e se separou. O que aconteceu, na verdade, é a necessidade de estarmos com Victor ajudando-o atrás dos dois gols.

Se o Grêmio irá longe, não sabemos, mas enquanto houver Victor, pode ter certeza de que haverá a segunda chance para Souza dar passes geniais, Maxi não errar gols e nós cantarmos ainda mais alto.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

FALTAM NOVE JOGOS.

Por Silvio Pilau


Na Copa de 1994, Zagallo, então auxiliar técnico de Parreira, fazia uma espécie de contagem regressiva para o título ao término de cada partida da seleção. Bastava o Brasil ganhar uma, lá vinha o velho lobo: “Faltam apenas três”. Claro que o número trocava de acordo com a quantidade de partidas restantes. Apesar de eu não gostar nem um pouco de Zagallo, reconheço que o pensamento dele era o correto. Ele não via a Copa do Mundo como o maior torneio de futebol do mundo; pelo contrário, via apenas sete jogos, um de cada vez.

Acho que é exatamente essa a postura que o Grêmio deve ter na Libertadores. Se formos pensar na magnitude da competição, as pernas podem começar a tremer. Ser o dono da América é uma honra para poucos – mesmo que já tenhamos sido duas vezes. É muito mais fácil se preocupar apenas em superar o próximo adversário dentro de campo do que em ser campeão. Jogo a jogo. Etapa por etapa. Esse pode ser o segredo para se chegar ao titulo.

E o Grêmio está fazendo isso. O primeiro passo já foi dado. A primeira etapa já foi superada. Estamos, com uma rodada de antecedência, classificados como líderes do nosso grupo. O objetivo foi alcançado. Porém, ainda não é hora de pensar na segunda fase. Temos um jogo no Olímpico. E é uma partida decisiva, mesmo para nós. Decisiva porque pode influenciar muito na competição. Se o Grêmio ganhar, pode ter uma das melhores campanhas da competição e, consequentemente, a vantagem de decidir os próximos duelos em casa.

Portanto, o pensamento agora é o Boyacá. Nada mais. Nada de pensar em título. Pelo menos, ainda não. Falta muito para isso. Vamos indo, passo a passo. Ninguém, exceto a torcida, jogadores e comissão técnica, acredita que o Grêmio possa ser campeão. Ótimo. Perfeito. Sempre é assim. E é exatamente assim que a gente gosta. O Grêmio sempre entra desacreditado. Mas não para por causa disso. Continua, com raça, com força, com a torcida e até com um pouco de futebol. Mesmo que seja aos trancos e barrancos, sempre incomodamos. Sempre brigamos até o final. Até o título.

Então, vou entrar na onda de Zagallo: faltam nove jogos para o título. Nove partidas de noventa minutos para a América. Está longe? Está. Vamos conseguir? Torço para que sim. Os colorados podem secar, o resto do Brasil pode não acreditar, mas o Grêmio continua vivo na Libertadores. A cada nova partida, mais próximo da glória. E, já que estou entrando na onda do Zagallo, não custa acreditar em mais uma das superstições do velho lobo: a de que o número 13 dá sorte.

Quantas letras vocês acham que tem a expressão “Grêmio Campeão”?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

SOMAR PONTOS E DECIDIR NO OLÍMPICO!

Por Cristiano Zanella

É noite de Libertadores, novamente o Rio Grande vai parar! E, vamos combinar, tá pegada a Libertadores 2009! O Sport pintou bem, mas não confirmou seu favoritismo diante do Palmeiras. O Cruzeiro largou esmerilhando e levou quatro do Estudiantes. São Paulo com a competência e organização de sempre. Boca Juniors, Nacional do Uruguai e Libertad são os destaques gringos. Se nesta primeira fase enfrentamos adversários relativamente fracos, quem conhece os caminhos da América sabe que maiores desafios virão. Então, o negócio é garantir a primeira posição no grupo e somar os pontos que poderão tornar menos árdua nossa caminhada rumo o título.

Viemos de dois confrontos contra o boliviano Aurora, simplesmente o pior time da competição (nenhum ponto conquistado, um gol pró e onze contra). Portanto, um adversário que não serve como parâmetro (se o Aurora jogasse o Gauchão estaria salvo o Brasil de Pelotas). Contra o Boyacá, em Tunja, na Colômbia, jogamos pro gasto (golzito chorado de falta), mas valeram os três pontos. Ironicamente, a atuação que mais empolgou foi justamente o primeiro jogo contra os chilenos, empate com leve sabor de derrota (o desperdício de oportunidades foi a tônica da partida).

Eis que surge novamente La Universidad, desta vez jogando em casa e precisando do resultado. Alguém aí acredita que os chilenos virão com time misto? É ruim, hein? Na minha opinião, o Universidad nem de longe é tão manco quanto Boyacá ou Aurora – mostrou muita disposição, marcação e obediência tática no Olímpico (o uruguaio Sergio Markarián é experiente e bom estrategista). Apesar disso, levou um banho de bola, num jogo onde o Grêmio poderia ter goleado. Ainda assim, convém respeitar o adversário e jogar com paciência e cautela.

No ataque, fui favorável a contratação de Herrera e Maxi Lopez, mas confesso que prefiro Alex Mineiro e Jonas. Boto fé em Jonas, o melhor atacante gremista na temporada (fez falta em 2008). É jogador participativo e joga coletivamente, erra gols porque cria as oportunidades. Errar gols é humano, já insistir em desperdiçá-los um claro sinal de incompetência. E hoje à noite não vamos poder nos dar ao luxo de desperdiçar chances...

E o treinador? Quem é? Quando chega? Vamos mesmo correr o risco de enfrentar jogos decisivos com um técnico interino? Será que o elenco tem cacife pra bancar esta nova aposta da direção? E os meias Renato e Rafael Carioca? Olha tchê, que planejamento! Pior que o próprio planejamento só a execução do mesmo! Mas vamos ver no que vai dar... A boa notícia é que, disputando apenas uma competição, tempo pra treinar não falta (agora falta o treinador).

Na boa, na ruim, em casa ou nos domínios do adversário, a pedida é somar pontos (o empate hoje interessa, e uma vitória seria muito bem-vinda). Somar os pontos que irão possibilitar as decisões dentro do Olímpico, fator fundamental para o tricolor em confrontos eliminatórios (o famoso mata-mata, que costumava ser nossa especialidade no século passado).

Na crítica e na auto-crítica, na peleia, na raça e na imortalidade, mas com o Grêmio sempre! Força, Mosqueteiro! Vamos com tudo que a Libertadores é nossa!!!

terça-feira, 14 de abril de 2009

O NEGÓCIO DELES NÃO É O GRÊMIO.

Por Ricardo Lacerda


Em entrevista veiculada nesta segunda-feira pelo tradicional jornal chileno El Mercurio, o zagueiro da Universidad do Chile Osvaldo González afirma: "É uma semana chave para a gente. É a mais difícil. Jogamos a classificação para a segunda etapa da Libertadores com o Grêmio. Ganhando, estaremos com um pé dentro.” A tal “semana chave” começou a ser debatida exaustivamente pela imprensa local desde ontem e encerra-se somente no próximo domingo, no clássico diante do Colo Colo, no Estádio Nacional, em Santiago. O jogo pode derrubar o técnico do rival, que faz sua pior campanha desde 1988 e não vence há seis jogos pelo Apertura.

Apesar da situação delicada do Colo Colo, ledo engano pensar que o clássico que se avizinha não nos diz respeito. Deixem-me traduzir o restante da declaração do zagueiro da La U que destaquei antes: “E o clássico, todos queremos ganhar. Me doeu jogar um que perdi, e quero a revanche. É motivante jogar estas partidas. A gente se doa ao máximo e é aí onde se pode ver os jogadores de verdade, é algo que fica gravado para sempre.” Apesar de valorizar a partida de amanhã pela Libertadores, a cabeça de todos da La U está de fato no Colo Colo. E nós, gremistas, mais do que ninguém, sabemos que quando a cabeça de jogadores e comissão técnica está alhures, não há santo que faça o time render.

Vejam bem o que nos convém. La U é o segundo colocado no campeonato chileno, com dois jogos a menos e sete pontos atrás do Unión Española, que tem 28. O Colo Colo ocupa a modesta 15ª colocação num campeonato com 18 times. Pareceria jogo jogado para La U, não fosse o status de clássico. Como bem sabemos, sejamos gremistas, universitários ou colocolenses, perder um clássico é brabo. Ainda assim, é bom lembrar que o nosso foco está na Libertadores. Muito diferente disso é o pensamento do treinador do La U, Sergio Markarián. Está lá no El Mercurio de hoje, e bem grande, a frase de Markarián: “Me dói mais perder no Campeonato [Apertura] do que na Copa”. Feito! Que percam na quarta e ganhem no domingo. É assim que o Grêmio precisa encarar esta partida de amanhã.

O jogo tem importância fundamental por vários aspectos. Não estamos disputando mais nada além da Copa. Vencendo, garantimos a classificação em primeiro lugar do grupo. E mais: fazendo os três pontos, freamos a possibilidade de La U nos tomar a primeira posição, o que seria uma teta para eles, já que enfrentam o Aurora na última rodada. Outra: vencendo fora, podemos trazer para o Olímpico, contra o Chicó, a possibilidade de encerrar a primeira fase na segunda ou terceira colocação geral, o que garante vantagens nos mata-matas. Captou? Por isso eu digo que o Grêmio precisa encarar esta partida como uma decisão. Se o objetivo é mesmo vencer a Libertadores – e é! –, amanhã à noite não podemos fazer corpo mole ou então nos contentar com empate. Nada disso. Aqui, eles vieram fechadinhos... voltaram virgens à terra de Allende e Neruda por força de um milagre divino. Lá, a tendência é de que ataquem. Aí vai ser a vez de usar a velocidade do contragolpe.

Faz, Xuxa! Acerta o gol, Jonas! Passa a bola, Souza! Já me vejo nervoso no boteco. Faz parte, e espero que eles cumpram aquilo que todos nós, gremistas, pedimos. Espero, também, não ter que pedir pro Tcheco correr ou não ter chiliques. O que eu mais quero é que ele corra e jogue muita bola. Que me cale a boca quando fico esmurrando a mesa e rezando para que venha logo o Renato (o meia). Enfim, aí entramos noutra discussão. Por hoje é só. Me voy. Não ao Chile, infelizmente. Apenas ao boteco.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Á DERIVA.

Por Silvio Pilau


Passei um bom tempo da minha infância dentro de um veleiro. Ou melhor, de vários veleiros. Meu pai é um apaixonado por navegação e pelo mar e costumava levar toda a família para passeios de barco. Vivendo em Porto Alegre, a maioria deles ocorreu nas turvas águas do Guaíba. Claro que, quando havia a oportunidade, pudemos explorar outros mares. Guardo como uma das melhores viagens da minha vida uma que fizemos pela costa do Brasil, de Angra dos Reis até Recife.

Então, tenho uma certa experiência em navegação. Mínima, quase inexistente, mas já vivenciei o dia-a-dia de uma viagem a barco. E sei, principalmente, da importância de um capitão. A presença de um comandante é absurdamente fundamental. Não só por – teoricamente – possuir mais conhecimento sobre o assunto do que qualquer outro a bordo, mas também por ser a referência, a liderança. Um capitão deve guiar e indicar o melhor caminho, mas também transmitir segurança e tranquilidade.

O Grêmio está entrando na segunda semana sem um capitão. Somos, nesse momento, um barco à deriva, comandado apenas por marujos. Estamos sem a figura de que serve como lastro, sem aquele que deveria ser o nosso maior líder. Ao que tudo indica, esse barco ainda não perdeu o rumo. A vitória frente ao Aurora serviu para que não saíssemos do curso. No entanto, é difícil afirmar como a falta de um comandante está afetando a equipe. Saberemos disso somente no próximo jogo contra o Universidad.

O fato é que não podemos continuar assim por muito tempo. A cada novo dia que amanhece sem um comandante no Olímpico, mais e mais dúvidas começam a se formar nas mentes dos torcedores e dos próprios atletas. Isso, se ainda não deixou a todos perdidos, em breve poderá fazer isso. Claro que a escolha de um novo treinador deve ser cuidadosa, mas ela não pode ser demorada. Não pode se transformar em uma novela. E novela tem sido a palavra perfeita para definir essa direção – tudo parece uma negociação sem fim.

Pelas informações que possuo, virá Autuori. Uma boa escolha. Um treinador experiente e, ao contrário do nosso último, vencedor. Autuori tem duas Libertadores no currículo. Não ouso afirmar, porém, que é a melhor opção. Certamente não é um profissional barato e talvez seja muito badalado para um clube como o Grêmio. Mas é um bom técnico. Existem outras possibilidades, ainda que poucas e provavelmente sem a mesma capacidade de Autuori.

Na verdade, acho que, nesse momento, o nome a ser divulgado não importa tanto. O fundamental é definir de uma vez quem será o chefe. Quem será o capitão. Já está na hora de parar de enrolar para não deixar o clima de indecisão prejudicar a nossa navegada. Precisamos, urgente, de um comandante. Por enquanto, o barco tricolor segue no curso. Mas por quanto tempo? Quanto tempo até os marujos começarem a criar dúvidas? Quanto tempo até os rumores de motins começarem a surgir?

Acorda, direção. Precisamos logo de um capitão no barco para que possamos conquistar mais uma vez esses mares e terras sul-americanos.

ROOTS, BLUE BLOOD´S ROOTS.

Por Eder Fischer


Envergonho-me em dizer que, somente, na última terça-feira, fiz a minha estréia no Olímpico neste ano de 2009. Não teve nada a ver com o fato de ser um jogo de Libertadores ou por não estarmos mais sobre o comando do ex-técnico... ? Quem era mesmo nosso ex-técnico? Bom, dá pra perceber que não foi por ele, pois nem lembro mais a sua (des)graça. O motivo foi a crise. Não a crise que a imprensa quis nos impor após perdemos o campeonato mais importante do mundo, o Gauchão. Nem a crise mundial, e sim a crise financeira particular que me açoitou nos últimos três meses, e antes que precisasse procurar um grupo de ajuda pela abstinência de arquibancada, resolvi tirar de onde não tinha, não foi só os 20 pila do ingresso Dois meses atrasados mais estacionamento o cachorro na saída e os dois “latão” na chegada me levaram a gastar 100 Reais para rever o meu Grêmio. Valeu a pena.

No sábado anterior ao jogo, tinha conversado com um amigo, o Paulo, que me disse que a torcida Roots, estava atrás da outra goleira e que o Paulão tinha ido pra lá sendo seguido por alguns outros. Sob o efeito de alguns copos de ceva, não dei muita importância. Chegando no estádio o telefone toca, era o Paulo. “portão 18! Entra no 18!” dizia ele um pouco eufórico. Ok. Encontrei alguns amigos e entramos no 18, fiquei por ali. Quando faltavam 5 minutos para o inicio da partida um amigo falou: “aqui ta fraco, vamu pru fervu”. Dei uma última olhada, nada acontecia, também, nada do Paulo, então fomos para a outra extremidade do estádio. Enquanto nos acomodávamos dei uma olhada em direção ao outro lado de onde havíamos acabado de sair. Porra! Eles Brotaram do nada! Pensei. E lá estavam eles, com barras, faixas e trapos, tão animados quanto a Geral de um tempo atrás.

Não tenho nada contra a Geral atual, mas da metade do ano pra cá, comecei a notar um comportamento diferente de quando ela começou a se formar. Cheguei inclusive a escrever alguns textos sobre isto. Começa o jogo, e algumas adolescentes a minha frente gritavam pelo Leo enquanto o Rever partia para o ataque, a entonação do canto diminuía quando o time perdia a bola, e até vaias isoladas podiam ser ouvidas algumas vezes, olhava para o outro lado e via aqueles caras que pareciam terem se materializados do concreto frio do Olímpico, mesmo em minoria, não parar de cantar um segundo. Volto meus olhos para o campo quando uma das adolescentes me pede que tire uma foto das três. Mirei e disparei. “Espera, espera! Deixa agente se ajeitar” esperei, bati de novo, devolvi a máquina e voltei minha atenção ao jogo, ou melhor, tentei, pois pediram que eu tirasse outra foto, a ruivinha tinha piscado. Minha cara deve ter demonstrado que aquela seria a última, pois, apesar de ter ficado tremida, não pediram mais. Termina o primeiro tempo e o pessoal começa a se sentar na arquibancada, mas não o pessoal do 18, eles continuam cantando. No final do jogo entre os gritos agudos começa uma das músicas novas sob o compasso de palmas que me fez lembrar o auditório do Silvio Santos, a música era uma versão de “whisky a go go” que é, em sua maior parte falada do que cantada, o refrão era bacana, e só.

Não acho que exista mais gremistas ou menos gremista, mas existem maneiras diferentes de torcer. Apesar de estar sempre por ali, nunca ninguém ouviu sair da minha boca que sou da Geral do Grêmio. Sou Grêmio. E isto me basta e é assim que todos devem pensar, acima da Geral, do Leo, do novo técnico escolhido ou do ex-técnico que não lembro o nome. Na quarta-feira falei com o Paulo de novo e vi seus olhos brilharem enquanto falava de como tinha sido junto à torcida do portão 18. Este texto não teve a intenção de dizer quem é melhor ou pior, sonho com o dia em que verei uma torcida única, mas por enquanto não posso dizer que no próximo jogo estarei na quina do estádio, mas posso dizer que estarei junto a, ainda, melhor torcida do Brasil e do mundo, seja nas cadeiras, sociais ou qualquer parte das arquibancadas, pois o que importa é estar lá pelo Grêmio e nada mais.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

DENTRO DE CAMPO.

Por Silvio Pilau


Quero fugir um pouco da história do treinador. É só nisso que se fala na última semana. Para a alegria de todos e felicidade geral da nação, Celso caiu. Foi-se. Com malas cheias de dinheiro, mas já era. Um peso saiu do Olímpico e o clima já ficou um pouco melhor. Quem virá, não sei. Autuori é bom treinador, Renato é inexperiente, mas identificado com o clube. Tenho medo em afirmar que a direção sabe o que está fazendo, mas só nos resta esperar.

Quero falar sobre os que entram em campo. Sobre aqueles que têm a honra de vestir e defender essa camisa pintada de glórias em três cores. E quero, acima de tudo, acalmar todos vocês. Quem pensa que temos um time ruim, está enganado. Temos uma equipe boa, sim. Capaz de disputar títulos. Claro que precisa de melhorias, mas está longe de ser um elenco fraco como vem sendo propagado por aí. Com um treinador competente e um pouco mais de tranquilidade, o ano pode ser muito bom para todos os gremistas.

Vejamos. Victor é craque. Uma das poucas unanimidades do time. Ruy, por outro lado, é um jogador mediano. Ou, talvez essa palavra defina-o melhor, regular. Após um belo início, vem há algum tempo apresentando atuações apagadas. Mas, fato: não há substituto. Makelele é um bom reserva, porém nada mais que isso. Serve para tapar buraco, tem muita vontade e não compromete, só que tenho absoluta certeza de que, caso vire titular, cairia rapidamente no ódio da torcida.

Réver é um grande jogador. Atualmente, um dos melhores zagueiros do Brasil, ainda que esteja um pouco aquém do futebol do ano passado. Léo, pelo contrário, está mais firme e seguro, recuperando-se dos altos e baixos da última temporada. Os dois são a base sólida da defesa, que conta ainda com Rafael Marques, um zagueiro que, ao menos até agora, se não provou nada de genial, tem dado conta do recado. Esse é o trio titular da defesa – se o próximo técnico continuar no 3-5-2, claro. Thiego é banco. Ou melhor, Thiego é jogador de segunda divisão do Gauchão. Não sabe marcar e é absurdamente tenebroso com a bola nos pés. Minha sugestão é trocar por uma bola para os treinos.

Já o que acontece na esquerda eu não consigo entender. Leio em notícias que a direção está prestes a dispensar Jadílson. Sou só eu ou mais alguém prefere ele a Fábio Santos? Jadílson é um dos poucos do time que tenta alguma coisa diferenciada, parte para cima do adversário e, além disso, tem um cruzamento razoavelmente bom. Não é o melhor marcador, mas é uma ótima opção para um time organizado. Fábio, ao meu ver, é um jogador comum, que cumpre seu papel sem oferecer nada além do óbvio. Sou muito mais Jadílson.

No meio, nosso guri Adílson. Já escrevi aqui outra vez que ele tem tudo para se tornar ídolo da torcida. É um excelente marcador, com ótimo tempo de bola, e tem qualidade para jogar com categoria. Por vezes, lembra-me Lucas. Adílson ainda precisa de um pouco de amadurecimento – ainda tem um preciosismo que volantes não podem ter –, mas é ótimo jogador. E, se os boatos sobre a volta de Rafael Carioca se confirmarem, é possível afirmar que teremos dois dos melhores volantes do país em nosso time.

Tcheco é banco. Quem me lê há algum tempo sabe que não gosto dele. Sei que cada vez que escrevo isso sou xingado por muitos, mas também a cada dia encontro outros torcedores que não aguentam o "capitão". Lento, fraco (tanto física quando psicologicamente), sem habilidade alguma, medroso em jogos mais difíceis. Não concordo nem mesmo com quem afirma que ele bate bem na bola; todos os seus gols de falta no Grêmio foram falhas dos goleiros e seus cruzamentos são aquilo que se chama de "chuveirinho", verdadeiros balões para a área.

Infelizmente, não temos quem colocar no lugar dele. Ao menos por enquanto. Se a contratação de Renato for confirmada, Tcheco deve ir para a casamata imediatamente. Renato é muito mais jogador que ele. Mas, enquanto isso, continua. Douglas realmente ainda não mostrou o tão falado talento. Souza, porém, é titular. Sim, ele acha que joga mais do que realmente joga. Sim, ele pensa que é craque enquanto não o é. Mas é o melhor jogador do Grêmio. Rápido, habilidoso, com um excelente chute. Souza é a maior arma gremista, porém precisa de mais humildade. Precisa entender que não vai ganhar jogos sozinho. Precisa de um treinador ao lado gritando no ouvido para que jogue em função do time.

Então, chegamos ao ataque. Ah, o ataque. Nosso "que-coisa-mais-difícil-fazer-gols" ataque. Para deixar claro, os titulares são Jonas e Alex Mineiro. Ponto final. Jonas é a grande surpresa do ano. Saiu daqui um perna-de-pau e voltou sabendo jogar bola e até fazer gols. Está, acima de tudo, em excelente fase. Já Alex Mineiro é um ótimo jogador. Tudo bem que ainda não começou a guardar, mas tenho certeza de que irá fazer. E é um atleta extremamente inteligente, capaz de fazer o pivô e tabelar de primeira. Um jogador importantíssimo para se ter no ataque.

Os hermanos, ao meu ver, são reservas de luxo. Herrera, que nunca foi grande coisa, é um bom suplente. Sua vontade e dedicação podem funcionar como armas secretas para o segundo tempo de um jogo difícil, com os adversários cansados. Mas ele não tem talento e habilidade para mais do que isso. Em relação a Maxi Lopez, ainda acho difícil afirmar alguma coisa com mais propriedade. La Barbie (que apelido, hein?) é tão esforçado quanto seu companheiro conterrâneo, mas parece sofrer da mesma falta de intimidade com a pelota. Possui mais presença de área, porém, seu lugar é entre os suplentes.

Como ficaria a minha escalação? Seguindo o 3-5-2: Victor; Réver, Léo e Rafael Marques; Ruy, Adílson, Tcheco, Souza e Jadílson; Jonas e Alex Mineiro. Se vier alguém pro meio (vem, Renato), Tcheco no banco. Claro que essa é a minha opinião. O futuro técnico terá um time interessante para trabalhar. Superior ao do ano passado, quando não tínhamos atacantes ou laterais. Ou seja, se com aquela equipe chegamos ao vice do Brasileirão, não é disparate nenhum sonhar com o nacional ou mesmo com a América.

É com vocês, direção.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O GRÊMIO ESTÁ VIVO!

Por Cristiano Zanella

Faz exatamente um ano (06/04/08) que perdemos o jogo contra o Juventude em casa – fim da linha para o Grêmio no Gauchão 2008! A torcida solicitou, implorou, se ajoelhou, pediu pelamordedeus que detonassem com Celso Roth, mas de nada adiantou! O resultado aí está: um ano perdido para o Tricolor!

Assim posto, referendado, sepultado, demissão assinada, adentrei o Monumental no clima de "o que vier tá bom", "o Aurora não existe" e "em Grenal e Gauchão não vamos nem falar". Eu, toda a torcida, e ao menos uma certeza: não teríamos mais que olhar a cara feia, mau-humorada, arrogante, inchada e horrorosa de Celso Juarez Roth. Ah, nunca mais!!! Tchê: que satisfação eu sinto na certeza de que nunca mais vou desperdiçar meu já escasso fôlego vaiando Roth! Vida nova, novas esperanças, novos rumos!

Em campo, o primeiro tempo foi bem angustiante: passes errados, ansiedade e o velho excesso de individualismo. Mas já dava pra sentir uma certa leveza, e o clima de cobrança, desconfiança, o mal estar próprio dos que nada tem e nada terão, parecia coisa do passado. E os gols foram saindo, através de Rafa Marques, Maxi (como? ele é muito ruim!) e Réver! Sem muita burocracia, valeram os três pontos, a classificação, a peleia, mas o futebol apresentado..., vamos combinar, não empolga. Mais do que um novo técnico, é preciso admitir: falta qualidade, e muita! No meio campo, no ataque, o Grêmio tem bons jogadores, mas está faltando o craque, o referencial.

Natu = nascido! Re-natu = renascido! O Grêmio está vivo, é só olhar e ver! A torcida pediu a saída de Roth, mas ele ficou... Agora pedimos: Renato Portaluppi já! Não se enganem, a hora é essa! Vamos embora que a Libertadores é nossa!!!

Com o Grêmio sempre, para o que der e vier!!!

terça-feira, 7 de abril de 2009

PALHAÇOS

Por Felipe Sandrin

Não dá pra saber o que se passa na cabeça desta direção. Na verdade, já estou com muita saudade de Paulo Odone. Este Grêmio, hoje despedaçado em meio à competição mais importante das Américas, é o cúmulo da má administração e tem como principais culpados nós, torcedores. Talento não vem de berço: botamos Duda lá por respeito a seu pai, como se houvesse a certeza de que em seu sangue corria o genoma vencedor. E o resultado está ai, uma direção que não ouve seu torcedor, que manteve o total incompetente Celso Roth no comando; não queriam a troca de técnico para não prejudicar o trabalho, e hoje dilaceram o vestiário tricolor às vesperas de um jogo de suma importância.

Sempre há tempo para que provemos nosso valor, sempre há tempo para o arrependimento, mas nem toda bravura leva à conquista. O que conseguirá o Grêmio? Até onde irá? Me foi prometido esta Libertadores, eu lembro e vou cobrar, não quero um segundo lugar, nem grandes jogos perdidos no detalhe. Eu quero um time campeão. E agora, mais do que nunca, nos é devido isso.

A torcida implorava a saída de Celso. Eliminações precoces no Gauchão, Copa do Brasil e Sul-americana do ano passado, perda de título brasileiro vexatória, nenhuma vitória em Gre-Nal, eliminados no Gauchão 2009: NENHUM TÍTULO. Afinal, o que fez Celso ter tanto crédito com a direção e tão pouco com nossa torcida?

"A direção tem suas convicções. A torcida tem que ter calma. Tenho certeza que isto é o melhor pro Grêmio. Nossas prioridades estão bem definidas. Vamos ganhar este segundo turno. Vamos ganhar este Gre-Nal". Passei o ano todo ouvindo nossa direção dizer isso, e agora? Quem vai dar a cara a tapa? Vão dizer que AGORA – E SÓ AGORA – o trabalho de Celso não foi bom?

Sim, já vi muitas conquistas se basearem na convicção, mas existem dois tipos desta. Acreditar no talento que já foi provado é uma coisa, mas contrariar o óbvio é burrice.

Vai-se embora Celso, com maletas de dinheiro. E aqui fico eu e você, torcedores que pintam a cara de vermelho: não em homenagem ao centenário colorado, mas sim em apelo ao que hoje nos sentimos: simplesmente, palhaços.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

CHICO XAVIER EXPLICA

Por Ricardo Lacerda

O Grenal desse domingo me deixou incrédulo com mais uma injustiça do futebol, esse ópio maravilhoso que às vezes nos prega peças nem tão maravilhosas assim. Passado um tempo depois do jogo, já no conforto do lar, matutando se colaria aqui uma receita de bolo ou tentaria trazer algo mais interessante, eis que uma coisa muito esquisita acontece: fico tonto, uma voz ecoa na minha cabeça, minha mão treme... pego caneta e papel e, subitamente, começo a escrever, meio a la Chico Xavier:

No meio do caminho tinha uma trave tinha uma trave no meio do caminho tinha uma trave no meio do caminho tinha uma trave.

Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma trave tinha uma trave no meio do caminho no meio do caminho tinha uma trave.

Quando vi, estava ali um amontoado de palavras, preto no branco, e eu atônito ao mirar estas dez linhas que não são de minha autoria. De maneira alguma quero soar pretensioso, mas parece que psicografei uma mensagem de ninguém menos do que Carlos Drummond de Andrade. A adaptação daquele que talvez seja o mais célebre poema do modernista mineiro me fez lembrar a cabeça de Jonas e a pata direita de Souza.

Dali a pouco, uma nova voz, outro tremor... papel, caneta e... pimba!

- Eu amo o Grêmio! Eu detesto o Inter! Eu creio no Duda! Duda é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou gremista.

Opa! Comecei a gostar dessa história de psicografia. Dessa vez, o recado veio assinado por um tal de Mário. Que Mário? Ora pois, o Quintana, aquele das coisas simples. O poeminha “simultaneidade”, do maior bardo da terrinha, ganhou novo contorno, passou uma maquiagem e resumiu magistralmente o que sinto. Talvez o que todos nós, azuis, sintamos nesta segunda-feira.

Pois é, somos gremistas. E o Gaciba? Não sei, não sabemos, ele é profissional. E como todo bom profissional, deve se olvidar de paixões quando está trabalhando. Mas por que diabos fui pensar no Gaciba, se posso falar mais da maestria de Quintana e Drummond? Dois poetas cujos corpos se foram, mas hoje são estátuas que adornam a Praça da Alfândega. Pois bem, é que lembrei dum causo: no fim de 2007, o livro de bronze que Drummond trazia em suas mãos, vindo ao encontro de Quintana, ali sentado, foi roubado. Larápios de cultura alheia levaram a “obra”, tal como o futebol às vezes o faz: foge com a justiça, esconde a sorte, e, vez que outra, nos rouba um ou outro pênalti, por exemplo.

Provisoriamente, alguém colocou nas mãos de Drummond um livro real. O nome: “Diário de um ladrão”, do francês Jean Genet. Espirituoso quem sugeriu Genet, né!? Pois bem, como num círculo vicioso – e que de virtuoso nada tem –, dias depois acabaram passando a mão nesse reles livro de papel. A coisa se repetiu!

Hoje, a intenção é fugir do óbvio. Arautos do óbvio existem às pencas por aí. No senso comum, rezará a cartilha de que é o momento da rebeldia e de apupo. Que nada! Que se calem os hereges, e que sobrevivam apenas aqueles que buscarão no anoitecer desta terça-feira um passo rumo ao seu destino. Como ensinou Sartre, que por sinal não me deu o prazer de sua companhia, o homem nada mais é do que o seu projeto. Nós, homens feitos de azul, preto e branco, temos um projeto estabelecido e bem delineado.

A quem me concedeu este inusitado dom da mediunidade, peço que da próxima vez convide o genial Paulo Leminski para nos ensinar alguma coisa. Enquanto ele não aparece, busco nos meus alfarrábios algo deste curitibano maluco, e que tem muito a ver com o que nós, gremistas, somos.

vida e morte
amor e dúvida
dor e sorte

quem for louco
que volte

Voltaremos, sim, Leminski. Somos loucos, e nesta terça, todos os caminhos levam ao Monumental! Isso é o que espero de vocês. Eu, com certeza, me voy. Falando nisso, Roth se fué.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

VIVA PARA SEMPRE, INTER

Por Felipe Sandrin

Li uma matéria sobre a parceria entre o Botafogo e o América-RJ, os clubes que um dia já foram grandes rivais e hoje são matriz e filial. Tudo fruto do ostracismo e do encolhimento do "Mequinho".

Que o Gre-Nal configurou-se nas últimas décadas como o maior clássico brasileiro, isso não há dúvidas. Mas ainda existem os que neguem a fundamental necessidade dessa rivalidade: como nós, num Estado perdido longe do centro do país, conseguimos criar dois campeões mundiais e uma disputa tão grande, a ponto desta se tornar a principal motivação dos clubes Grêmio e Internacional?

Na história da dupla, é difícil haver equilíbrio: um sempre está por cima e o outro, por baixo. O que está por cima eleva a moral e acredita que, sendo dono do Rio Grande, pode ser dono de tudo; o que está por baixo planeja, tem dificuldade para dormir à noite e dedica-se, custe o que custar, para voltar a ser o maior do sul.

Existe uma resistência em falar sobre os 100 anos de nosso co-irmão – assim como quando chegamos ao centenário houve resistência por grande parte deles –, mas no fundo sabemos da fundamental importância de haver quem odiar, e querer superá-lo.

Para os amigos colorados, os parentes que buzinam aqui em casa, para toda a grande torcida colorada e a instituição Inter, meu sinceros parabéns. Desejo apenas que o Inter viva pra sempre, para que eu tenha certeza que meu Grêmio também viverá.

Nem medíocre nem invencível, mas sempre a mais acirrada rivalidade.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

RIVALIDADE CENTENÁRIA

Por Silvio Pilau


Batman e Coringa são inimigos. Sempre foram. Desde aquele seriado trash com as onomatopéias pululando na tela. Talvez até desde antes, das histórias em quadrinhos. Mas no filme Batman – O Cavaleiro das Trevas, Christopher Nolan acrescentou uma doentia camada ao relacionamento entre os dois. Uma espécie de dependência, de necessidade da presença do outro. Isso fica claro no diálogo:

BATMAN: Então por que você quer me matar?CORINGA: Eu não quero matá-lo! O que eu faria sem você? Voltar a extorquir mafiosos? Não, não, não! Não. Você... Você me completa.

O que o palhaço de Heath Ledger quis dizer é que, sem o Morcegão, sua figura anormal, cheia de cicatrizes e maquiagem não faria qualquer sentido. O Coringa precisa do Batman assim como o Batman precisa do Coringa. Saber que, do outro lado da moeda, existe um maluco tão maluco quanto a si mesmo, dá sentido à vida e as ações de cada um dos personagens.

Batman e Coringa são, de certa forma, Grêmio e Inter. Não que os dois maiores clubes do Sul do país sejam inimigos. Mas são rivais. São opostos. São preto e branco, fogo e água, alto e baixo. E um precisa do outro. Tudo o que um faz tem repercussão no outro. Um não seria nada sem o outro. Assim como disse o Palhaço do Crime, eles se completam. Queiram ou não os torcedores, o Grêmio é parte do Inter. Queiram ou não os torcedores, o Inter é parte do Grêmio.

Sinceramente, acredito que o Grêmio não teria conquistado todas as glórias que possui sem essa rivalidade. O fato de haver constantemente alguém a superar, de ter alguém no outro lado da gangorra, é sempre um incentivo. Dar à torcida gremista o subsídio para vencer discussões com colorados é, inevitavelmente, parte intrínseca da motivação de jogadores, diretores e comissão técnica para buscar sempre o melhor. Claro que não a única, mas faz, sim, muita diferença.

E o mesmo vale para o outro lado. Tenho certeza absoluta de que, caso o Grêmio não fosse bi-campeão da Libertadores e campeão do mundo, o Inter não teria disputado a Libertadores de 2006 da forma que disputou. Claro que entraria para ganhar, mas não com tanta gana e vontade. A torcida colorada precisava, há 23 anos, de uma resposta para dar aos gremistas. Certamente isso fez muita diferença na caminhada colorada naquele ano terrível para todos os azuis.

Por isso, a rivalidade entre Grêmio e Inter, às vezes estupidamente confundida com ódio e hostilidade, é uma realidade. Uma realidade saudável. Não é o desejo de ver o outro acabado, esmagado e sangrando. É, por outro lado, o incentivo primordial para desempenhar um trabalho cada vez melhor. Para ser cada vez melhor. Antes de – e para – superar o outro, é preciso superar a si mesmo. É preciso estar em constante evolução. A sombra vermelha que paira sobre o Olímpico, assim como o vulto azul que persegue os colorados, é uma constante lembrança de que nenhum dos clubes pode parar.

Essa é uma rivalidade forjada em provocações, em discussões, em farpas. Mas, acima de tudo, uma rivalidade erigida em torno do respeito. Se este não existisse, se tudo o que o outro clube já conquistou não fosse digno de respeito e admiração, a rivalidade nada seria. Ou, ao menos, não seria tão acirrada. Um antagonismo do tamanho do existente entre Grêmio e Inter somente é possível por se tratarem de dois grandes clubes, com História, títulos e torcidas completamente apaixonadas.

Por isso, o centenário que o Inter comemora essa semana é um marco que merece homenagens até por parte dos gremistas. A entrada dos colorados no grupo dos clubes seculares merece essa reverência porque deve existir reconhecimento até entre rivais. Deve haver respeito. Respeito pela História construída pelo Inter. Respeito a jogadores como Figueroa e Falcão. Respeito a um clube quatro vezes campeão nacional, campeão da América e campeão do mundo. Respeito a um dos maiores clubes do Brasil.

Não que nós, gremistas, iremos comemorar o centenário. Longe disso. Mas os colorados merecem, sim, nossos parabéns. Merecem uma congratulação sincera, alheia aos aviltamentos, ainda que fundamentada na rivalidade. Merecem isso por tudo o que o Inter é e representa, mas merecem, principalmente, por ajudarem a fazer do Grêmio tudo o que o Grêmio é e representa. Porque Inter e Grêmio se completam. Como Batman e Coringa do Nolan. Mesmo que, assim como o Mundial e a Libertadores, o centenário deles tenha vindo anos depois do nosso.

Vocês não achavam que eu passaria o texto inteiro sem dar uma alfinetada, achavam?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

GRÊMIO NOSSO DE CADA DIA

Por Cristiano Zanella


Segunda-feira, fim de tarde. Habitante da Floresta, subo o Morro Ricaldone, passo pela Hidráulica do Moinhos de Vento, desço a Fernandes Vieira, entro no Parque Farroupilha (pit-stop na Lancheria para um pastel de carne e uma céva). Eu vou a pé, e recordo com saudade o tempo em que tinha de esperar toda semana pelo jogo do domingo... Hoje, é futebol todo dia, de segunda a segunda. Libertadores, Gauchão, Seleção, secação! Uma verdadeira overdose de jogos, desgaste físico e emocional para atletas, torcedores e cronistas esportivos. É Grêmio segunda, quinta, domingo e terça, totalizando quatro jogos em oito dias. Tenho que concordar: uma baita falta de coerência impor uma tabela nestes moldes. Mas, tamos na peleia! Somos de Grêmio!

Já nas imediações do Olímpico, recebo um torpedo: show do Wander Wildner rolando no portão 10! Então? Alguém aí do outro lado do monitor tava sabendo do show? Chegamos a tempo de escutar os últimos acordes e tomar a saideira (recordo com saudade o tempo em que cervejeava no estádio). Dentro de campo, jogando "pro gasto" e errando os gols de sempre, o Grêmio ascendeu ao primeiro lugar do grupo e garantiu classificação à fase final do Gauchão. Futebol sonolento, sem explosão, sem comprometimento – afinal de contas, é só mais uma partida pelo campeonato estadual (relegado ao segundo plano em nome de uma causa verdadeiramente maior). Passes errados e excesso de individualismo foram a marca do jogo. Meio campo sem criatividade (quem sabe Douglas Costas?), ataque ineficiente, pouco para quem almeja o tri da América. Na social, gritos de burro, burro, burro! Minha garganta seca. E o bravo São Luiz resistindo a goleada, neutralizando os titulares gremistas durante todo primeiro tempo. Carente de qualidade no ataque, Roth sai jogando com os dois argentinos. Herrera? Muita reclamação e pouca bola! Maxi? Ainda não disse a que veio, sem força, sem pegada! Se for por essas, voltemos a Jonas e Alex Mineiro (depender de craques como Makelele e Reinaldo é brabo). Mais uma vez o Grêmio vence, e não convence.

Sentado no banco do velho T-5, lata na mão, me pego pensando: são muitos jogos, muitas escalações, muitas opiniões! Impossível prospectar o que virá. Agora é esperar pelo desfecho da primeira fase do Gauchão e, bueno, na terça-feira todos os caminhos levam ao Monumental (a classificação está praticamente garantida). Soy loco por tri América, o Mundial é o meu caminho! A Terra continua azul e, como diz o Eduardo "Peninha" Bueno, é pena que menstrua uma vez a cada 100 anos!

Sou latino americano, e nunca me engano! É Grêmio sempre, onde ele estiver, para o que der e vier!!!

Cristiano Zanella - jornalista
Grêmio na Libertadores: currículo invejável (www.gremiorock.com).