segunda-feira, 30 de março de 2009

PATRIOTISMO TRICOLOR

Por Silvio Pilau


Então eu assisti ontem ao jogo da seleção. Sem muito ânimo, ainda de ressaca da noite anterior. Parei à frente da TV mais por inércia, porque final de semana sem futebol na telinha não dá. E o que vi foi uma das coisas mais pavorosas dos últimos tempos. Vergonhoso. A equipe formada por Dunga exalava apatia por todos os poros. Altitude? Aceito que ela colabore para prejudicar a apresentação de um atleta, mas nada justifica o fiasco feito ontem pelos jogadores. Ronaldinho parece jogar por obrigação, Robinho continua se achando sem apresentar nada e Felipe Melo na seleção? Tá bom...

Ninguém questiona o fato de que o resultado foi uma das maiores injustiças futebolísticas dos últimos anos. Júlio César encarnou nossa barreira chamada Victor e pegou tudo. Ou melhor, quase tudo, porque no gol equatoriano ele não tinha muito o que fazer. E os jogadores do Equador pareciam querer imitar o ataque gremista, pressionando, criando chances e não conseguindo fazer a pelota repousar nas redes. Foi, a exemplo do que escrevi após Grêmio e Universidad, uma chacina sem vítimas. Um verdadeiro massacre equatoriano em cima dos apavorados canarinhos.

Mas estou me enrolando. Esse é um espaço sobre o Grêmio, não para comentar a seleção brasileira. Fiz essa abertura falando sobre o jogo de ontem porque me dei conta de algo em meio à partida. Na verdade, sempre soube disso, mas ontem ficou mais claro. O que estou querendo dizer para vocês é que simplesmente não existe comparação entre os sentimentos que temos pela seleção e os que temos pelo clube de nosso coração.

Tudo bem que falo por mim. Isso é como eu sinto e não posso afirmar que esses meus sentimentos sejam os mesmos para outras pessoas. Mas, sinceramente, não dou a menor bola para o que acontece com a seleção. Em época de Copa do Mundo, torço para o Brasil. Não com o entusiasmo do Galvão Bueno e de 97% dos brasileiros, mas torço, sim, para que a nossa seleção tenha um bom desempenho e vença. No entanto, é só. Em tudo o mais, o que acontece com a seleção brasileira de futebol é completamente indiferente para mim.

Tomemos a partida de ontem como exemplo. Não fiquei bravo, raivoso ou indignado com a apresentação. Fiquei com vergonha, claro. Sou brasileiro, afinal de contas. Mas só. Quando o Grêmio perde – ou tem uma atuação como a do Brasil ontem -, fico mal após a partida. Tenho a sensação de alguém importante para mim, como um parente ou amigo, passa por um sério problema. A indignação por não poder fazer nada cresce e a raiva de ver a minha mística camisa representada de maneira pífia domina o corpo. Tenho certeza de que o mesmo acontece com todos vocês.

E nada disso aconteceu ontem. Após o apito final do árbitro, apenas indiferença. Por quê? Simplesmente porque a seleção brasileira não é meu time. Não é o distintivo da CBF que faz parte da minha vida desde criança. Meu patriotismo, no futebol, não é verde e amarelo. É azul, preto e branco. Meu país é o Olímpico. Meus conterrâneos são os gremistas. Minha História é a História de Lara, de Foguinho, de Alcindo, de Tarciso. Meus heróis são Baltazar, Renato, Jardel, Felipão.

Essa é a minha nação. Esse é meu orgulho. Não um grupo de jogadores deslumbrados que se reúnem para tocar pagode e dizerem que representam um país. Minha paixão vai para uma camisa listrada em três cores, vestida por homens de fibra e honra capazes de compreender tudo o que ela significa. Os meus sentimentos – de raiva, de felicidade, de indignação ou da mais pura paixão – vão para esse clube capaz de gerar tanto ódio dos outros quanto acumular glórias e faixas no peito. Essa é a minha identidade. Essa é a minha cultura.

Mais do que brasileiro, sou gremista.

domingo, 29 de março de 2009

PONTO FINAL

Por Efer Fischer


Fiquei realmente intrigado com a repercussão da priorização da Libertadores pelo Grêmio, ao ponto de, em dados momentos, achar surreal as argumentações por parte da imprensa, com teses e fórmulas que chegavam a confundir-se com os comentários de alguns torcedores frustrados que não estão participando da maior competição de futebol das Américas. Por isso resolvi dar um ponto final, ao menos pra mim, com a minha opinião que é semelhante à da maioria dos torcedores Gremistas com quem converso social ou virtualmente, que, cá pra nós, é o que importa.

Não temos um guarda roupas tão diversificado, a ponto de irmos bem vestidos para duas festas no mesmo final de semana, mas se uma das festas é onde se encontram as mais belas mulheres da América, porque amarrotarei minha melhor roupa em um bailão em Palmitinho ou Serafina Corrêa (por exemplo)? Estamos sem grana, um botão que caia, uma canha que derrame e isto prejudicaria em muito o desempenho em nosso principal objetivo. Claro, não é um Smoking com gravatinha borboleta e aquela brilhante faixa na altura da cintura como o nosso vaidoso vizinho costuma usar até para ir à esquina, até porque, temos que nos vestir de acordo com a ocasião. Não fica bem botar um terno pra arrastar o pé ao som do Baitaca ou Mano Lima, que apesar de bem animado e com belíssimas prendas, não é a mesma coisa que uma festa na mansão da Playboy com suas coelhinhas. Ao menos o baile no galpão de pau a pique serve para testarmos nossas cantadas e quem sabe no final, ainda levamos no lombo do pingo a mais bela prenda do baile. E antes que comece a choradeira, queria lembrar aos leitores alternativos que há não muito tempo, vi o ex ídolo cabeludo deles, ao qual chamavam-no carinhosamente de "F9", quase se desaguar em choro no ombro de um repórter ao ser questionado sobre a eliminação prematura em um certo Gauchão. Na época eles se gabavam de ter o melhor elenco do mundo e no entanto ao final do jogo, ao ser questionado quase ganhou um Oscar ou uma indicação a participar de um filme de cowboys, pena que já filmaram Brokeback Mountain.

No entanto, tudo será feito com o intuito e o cuidado de não estragar a nossa meta. Se vamos conseguir ou não, é outra história, mas só não perdoarei o Grêmio caso não seja feito todo o esforço para conseguir o que deveria ser o principal objetivo de qualquer clube, que é ou se acha grande. E, ponto final.

sexta-feira, 27 de março de 2009

PAIRA A ESPERANÇA

Por Felipe Sandrin


Todos falam tanto nesta tal de altitude que, mesmo que ela não seja o monstro que dizem ser, ela certamente acaba influenciando no desempenho dos jogadores. E se olharmos por esse aspecto, o resultado diante o Aurora foi ótimo.

Mais uma vez, o foco voltou-se para os gols perdidos; mais uma vez, foi um agüenta coração por mais de 90 minutos. E a vitória, que de inicio era obrigação, tornou-se ainda mais valorizada diante do fato de termos um jogador a menos, fora de casa e na altitude.

Contamos com a sorte? Bom, depende, pois, se levarmos em conta a total falta de sorte nas duas bolas na trave que teriam matado o jogo de imediato, notaremos que não foi SÓ sorte que fez o Grêmio sair vitorioso. O frango pode ter sido escandaloso, mas a expulsão de Jonas foi ainda pior – méritos para o zagueiro que teve mais espírito de Libertadores e puxão de orelha no Jonas, para que aprenda que, além de fazer gols, também é preciso ter a "manha da coisa".

Agora, mais do que nunca, o Grêmio deve usar o Gauchão apenas como treino. Nitidamente, não temos plantel pra querer jogar duas competições simultâneas com tudo, o tempo de treinamento é pouco, o time gira em torno dos mesmos principais jogadores e os tempos também são outros. Portanto, não venham comentar sobre a época que Felipão jogava tudo e ganhava tudo. Afinal, nem time pra enfrentar o Grêmio aqui no Rio Grande tinha.

Três vitórias nos três jogos que ainda restam seriam importantíssimas: se o Grêmio joga muito mais com sua torcida, sendo quase imbatível no Olímpico, temos de trazer os jogos decisivos pra cá.

E para os que perguntam se estou feliz com o Grêmio, eu vos digo: sem sombra de dúvida que eu já estive mais triste. Hoje, ao menos paira a esperança. E com ela, o Grêmio que o impossível eu já vi fazer.

quinta-feira, 26 de março de 2009

SORTE E AZAR

Por Silvio Pilau


Vou fazer uma previsão. Não sou Nostradamus, Mãe Diná ou qualquer um desses charlatões. Mas vou fazer uma previsão. Estão prontos? Então vai lá: a partir de agora, o Grêmio vai parar de perder gols na Libertadores. Se duvidam, esperem. Aguardem a próxima partida. Anotem isso que eu escrevo aqui e cobre de mim depois. De agora em diante, os atacantes gremistas vão começar botar a bola na rede nas chances criadas. Não em todas, claro. Mas não vai mais acontecer essa história de desperdício de gols.

Tá, pera lá. Vocês devem estar se perguntando no que eu me baseio para chegar a essa conclusão. Não é lendo folhas de chá, borras de café, rugas nas mãos. Não tenho idéia de como se faz isso. A minha previsão é baseada unicamente na perigosa relação entre sorte e azar. Até os quarenta e um minutos do segundo tempo do jogo de ontem em Cochabamba, o Grêmio estava com azar. Sim, azar. É impossível que tantos gols perdidos sejam culpa dos jogadores. Nenhum deles é ruim a ponto disso.

No entanto, nesse determinado minuto, tudo mudou para o Grêmio. Ou melhor, vai mudar. Até então, o Tricolor jogava bem, criava situações, mas, por algum motivo que foge à nossa compreensão, a bola não entrava. Ontem, em dez minutos de jogo, já tínhamos colocado duas bolas na trave. O azar estava perseguindo o Grêmio na Libertadores. Para sair um gol, para nossos jogadores poderem comemorar, era preciso muito esforço e teimosia. Era preciso bombardear o goleiro adversário para marcar um mísero tento. Azar.

Mas tudo vai mudar a partir de agora. Aos quarenta e um minutos do segundo tempo, Tcheco deu um chute tenebroso em uma cobrança de falta. Não foi um cruzamento. Não foi um chute a gol. Juro que não sei qual era a intenção dele. Foi, praticamente, um recuo. Um arremate fraco e direto nas mãos do goleiro. A bola viajou sem pretensões, sem propósito, sem pai nem mãe. Picou no gramado e já estava pronta para repousar no colo do arqueiro. Os gremistas já xingavam Tcheco pelo chute. Os torcedores do Aurora já respiravam aliviados.

Então, a sorte sorriu para o Grêmio. Pela primeira vez em toda a Libertadores, a o Tricolor foi abençoado pela sorte. A bola sem esperanças de Tcheco chegou, como previsto, às mãos do goleiro do Aurora. Mas ele deixou escapar. De forma ridícula, ele deixou escapar. Como uma criança irrequieta, ela não quis parar. Fugiu do abraço do arqueiro e, sem pressa, foi dormir no fundo do gol. Mal sabia ela o quanto essa atitude significaria para o Grêmio. Mal sabia ela que estava fazendo a sorte jogar a favor do Grêmio.

Era isso o que faltava para o Grêmio até aqui. Sorte. Somente sorte. Com o frango do boliviano, o azar foi embora do Olímpico. Substituição na equipe do Grêmio. Daqui pra frente, nada mais de milhões e milhões de chances desperdiçadas. Daqui pra frente, gols. Vitórias. A sorte passou para o nosso lado. Que seja sorte de campeão.

quarta-feira, 25 de março de 2009

VENCER E ENCAMINHAR A CLASSIFICAÇÃO!

Por Cristiano Zanella


Os inimigos serão novamente a altitude e a falta de informações sobre o adversário. Celso Roth jura que o Aurora tem qualidade: conta com goleiro argentino, meio-campo paraguaio, conhece a altitude e joga rápido (lidera o campeonato local). Cautelosamente, enfatiza que em Libertadores não tem jogo fácil, e a mais simples formalidade pode transformar-se numa árdua batalha. E, de fato, o Aurora jogará sua vida contra o Grêmio. A previsão é de tempo chuvoso, o que dificulta para o time mais técnico. As reposições de bola serão imediatas, e os tiros de fora da área assustam Victor (a redonda, sob o efeito da altitude, tem trajetória irregular e imprevisível). Ao estreante Aurora, só a vitória interessa; é um adversário desesperado rumo à desclassificação já na primeira fase do cobiçado torneio continental.

São alguns dos aspectos a serem analisados na partida de logo mais. Já o Grêmio está fechado: jogadores, treinador, direção e torcida! A escalação e o sistema são incontestáveis, e a postura deverá ser a mesma que na Colômbia, contra o Boyacá Chicó. O tricolor sabe que os confrontos com o representante boliviano (país com o pior futebol da América do Sul) poderão ser determinantes de sua trajetória na competição – até porque, na seqüência vem o Universidad de Chile, que jogará em casa, tem mais tradição, melhor time e treinador experiente.

O Grêmio vai a campo completo e com seus titulares absolutos, descansado, concentrado, jogando no 3-5-2 e pronto pra guerra: Victor; Léo, Réver e Rafael Marques; Ruy, Adilson, Tcheco, Souza e Fábio Santos; Jonas e Alex Mineiro. No banco, boas opções como Jadílson, Douglas Costa, Makelele, Herrera e Maxi Lopez. Ninguém duvida: um elenco bem superior em relação ao de temporadas passadas.

Mas, cabe lembrar que enfrentar um adversário do naipe de um Aurora é como brigar com bêbado: se tu bate, é covarde; se apanha, vão dizer que tu não bate nem num gambá. Para mim, pouco importa a condição etílica do sujeito... é jogo pra vencer e encaminhar a classificação à próxima fase! O meu palpite? Grêmio sempre, como a aurora precursora!

Sirvam nossas façanhas de modelo à toda Terra! Eu vou... e vou a pé, para o que der e vier! Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe Grêmio!

terça-feira, 24 de março de 2009

OS DIFERENCIADOS

Por Felipe Sandrin


Um jogador simples tem dificuldade para executar até mesmo o simplesUm jogador bom sabe de suas qualidades e utiliza-se delasUm jogador diferenciado enfrenta seus limites, e vence
Um jogador simples, quando submetido à pressão, evita aparecer, esconder-se passa a ser a sua melhor atuaçãoUm jogador bom resiste à pressão, transformando-a em motivação, e faz um bom jogoUm jogador diferenciado não sente o peso da pouca idade: ele entra no jogo querendo vencer, não tem medo de errar, pois aprendeu errando a forma mais formidável de acertar.
Um jogador simples chama atenção por errar quando não podeUm jogador bom chama atenção pela regularidadeUm jogador diferenciado chama atenção porque, em um lance, decide uma partida onde não se podia errar e ser regular não era suficiente.

De um jogador simples espera-se apenas que tente não errarDe um bom jogador espera-se que ele acerteDe um jogador diferenciado espera-se o lance magnífico, decisivo. E não basta que ele acerte sempre, pois a ele cabe o peso do heroísmo: ele não entra para jogar, ele entra para sagrar-se.

Douglas Costa decide jogos, seu passe é diferenciado, enxerga jogadas onde ninguém mais vê. Sim, ele é um garoto e isso o torna ainda mais diamante: ele erra com ousadia, acerta com maestria. E para os que duvidam dele, cobram-no a todo momento, é porque perceberam que ele é o jogador diferenciado. E não basta apenas que ele seja um bom jogador: para nós, ele precisa desequilibrar.

Para os gremistas que não gostam dele: que corram para o Neymar. Afinal:
Um torcedor simples não apóia pratas da casa, não entende o quanto o clube é dependente desses talentos, não sabe quanto o Grêmio investe nesses jogadores que chegam ainda crianças para nosso clube.

Um torcedor bom observa o jogo e comenta sobre como aquele jogador PRATA DA CASA foi durante a partida, ele opina dizendo que pode melhorar.

Um torcedor diferenciado grita, torce e vibra com aquele garoto que pode se desenhar um jogador diferenciado. Ele não simplesmente critica, mas sim acredita que aquele garoto que driblou a fome, chutou a miséria pra longe, um dia será o orgulho daqueles que são gremistas. E mesmo quando ele partir, irá sabendo que aqui sempre será sua casa.

E nós, TORCEDORES GREMISTAS DIFERENCIADOS, sempre estivemos com ele.

segunda-feira, 23 de março de 2009

POR UM GAUCHÃO MENOS CHATO

Por Ricardo Lacerda


Bem que a Federação Gaúcha de Futebol se esforçou pra fazer um campeonato diferente este ano, mas a verdade é que o Gauchão teima em continuar chato. O Noveletto e sua turma inventaram dois turnos, duas taças... um modelo tradicional em alguns países vizinhos e também no Rio de Janeiro, por exemplo. Não adiantou muito. A disparidade entre a Dupla e o restante das equipes é gigante. Quando Grêmio e Inter mandam a campo seus titulares, impera a probabilidade de goleada pró-capital.

Quando o time principal joga, o que assistimos é algo como um treino de luxo com mais riscos de lesão – vide o caso William Magrão. Ainda assim, treinos do tipo “rachão” também expõem os atletas. Claro que é bom pra alma ver o time golear, jogar bonito, dar espetáculo... isso dá moral e ajuda a mandar pra longe toda e qualquer guizumba feita contra atacantes de pontaria fora de eixo, por exemplo.

Por outro lado, quando enfrentar os pequenos do interior vira incumbência da turma dos “sem-jaleco”, a coisa fica bem mais equilibrada. Eu, que nunca assisto treino, enxergo aí uma excelente oportunidade de se ver como está o nível do plantel. Quando os reservas de Grêmio e Inter jogam, o campeonato fica mais competitivo, e isso não se pode negar.

Aí, meus caros, me vêm à mente duas realidades bastante distintas:

a) Quando os times B da Dupla jogam, o Gauchão fica mais interessante, mais competitivo;
b) O Gauchão perde a graça, afinal Grêmio e Inter acabam por relegar o campeonato para segundo plano.

Sinceramente, não sei dizer qual das duas realidades seria a mais interessante. Isso também depende de quem as analisa. Na verdade, hoje, nenhuma das duas hipóteses aventadas acima está sendo seguida à risca. Talvez seja por isso que eu esteja achando este Gauchão um pé no saco. Ou, quiçá, minha implicância possa estar num fato muito maior. Estes joguinhos não têm o brilho de uma partida de Libertadores. Brilho que, entre aqueles que disputam o Gauchão, só nós, tricolores, podemos sentir neste 2009, um ano tão importante... Bem, essa é a nossa meta, e isso até os quero-queros do Monumental sabem.

Bom, falando nisso, a semana que começa nos premia com um jogo sério e, ainda bem, interessantíssimo. Na certeza de que a aurora da próxima quinta-feira nos trará um baita dum céu azul, me voy.

sexta-feira, 20 de março de 2009

DOIS CAMINHOS

Por Felipe Sandrin


Existe algo muito além do que somente vontade de vencer o Gauchão. Os titulares vêm sendo escalados muito mais por pressão da imprensa do que propriamente pelo fato do Grêmio almejar a conquista. E o porquê é simples: há tempos, a mídia domina o futebol, ela decide horários e até mesmo a importância de cada competição. Um Gauchão sem o Grêmio não seria lucrativo para a FGF nem para a detentora dos direitos de transmissão. Sendo assim, quando Celso pensa em escalar um time reserva e com jogadores das categorias de base, inicia-se uma campanha contra ele.

Quando o Grêmio conquistou a vaga para a Libertadores, todos tinham a convicção de que esta competição teria TOTAL enfoque do clube e equipe, mas o que mudou com o passar dos dias? Não tiro a razão da ambição por parte da torcida que quer os dois títulos. Porém, se havia esse entendimento e sentimento de focar-se unicamente no nosso maior sonho, por que abriu-se mão disso? Cada jogador que integrou-se ao elenco ouviu repetidamente a frase: "queremos a Libertadores". No entanto, após a perda do Gre-Nal, a pressão tornou-se intensa, e hoje a Libertadores perdeu o seu foco diante da obrigação de estarmos na final e vencermos o clássico.

Às vezes, me pego pensando: perderemos essa Libertadores por vaidade? Os vermelhos lançaram a idéia de que somos inferiores e nós a compramos esquecendo que a única coisa que eles não querem é que vençamos está que é a mais importante competição do continente.

O que notamos até agora é que o Grêmio mostra potencial na competição a qual antes almejávamos, mas isso não tem bastado para nos contentar, nossa vaidade pede 5 a 0 diante um Esportivo, 6 a 1 diante um Zequinha. O Grêmio se torna inimigo do Grêmio quando a torcida esquece suas prioridades, e não é de hoje que vamos contra tudo e todos, então por que tanto ouvir a todos, menos a nós próprios?

Nessa busca pela América, não existe atalho, e pode torna-se mais difícil para aquele que quer seguir dois caminhos.

quinta-feira, 19 de março de 2009

DE LAVAR A ALMA

Por Silvio Pilau

Foi de lavar a alma. Não só lavar. Foi de pegar a alma, colocar sabão em pó, pôr para lavar, deixar de molho, passar o ferro, dobrar e colocá-la de volta ao seu lugar. Tratamento completo na benquista alma. Tudo aquilo que o Grêmio não conseguiu fazer na Libertadores, fez ontem. Tudo aquilo que o Grêmio não fazia desde o início do Gauchão, fez ontem. Tudo aquilo que a torcida queria que Celso Roth fizesse, ele fez ontem.

Vez ou outra, em momentos de crise, Celso deixa de ser casmurro e cede aos apelos da torcida. Pode ser um desespero para permanecer no cargo, mas ele o faz. E, de forma praticamente sistemática, quase sempre dá certo. Ontem, contra o São José, Celso não inventou. Fez o básico. Fez o óbvio. Entrou com o time titular. Mexeu quando tinha que mexer. Mexeu em quem tinha que mexer. Deixou os reservas na reserva e os titulares em campo. Pôs na partida o melhor que tinha à disposição. Resultado? Simplesmente patrolou o adversário.

Tudo bem que o Zequinha, mesmo sendo líder do grupo, não é parâmetro para o Grêmio. Tirando o Inter, nenhum clube do Gauchão deve servir como referência para as pretensões gremistas. Mas o jogo de ontem serviu para muitas coisas. Em primeiro lugar, serviu para dar confiança aos jogadores. Após a acumulação de gols perdidos contra o Universidad e o Boyacá, o Tricolor precisava de uma goleada. O Grêmio precisava jogar para longe a urucubaca. E seis estufadas de uma só vez, com direito a duas de Jonas, servem para os atletas retomarem a confiança que precisam.

Em segundo lugar, o jogo serviu para dar tranquilidade. A poeira já havia baixado bastante após a última partida, mas agora parece ter assentado de vez. O Grêmio jogou bem novamente, mas dessa vez marcou. Transformou em gols as chances criadas – ainda que, mesmo assim, tenha perdido outras. Roth acatou os pedidos da torcida e pôs Maxi López antes da metade do primeiro tempo. Adílson mais uma vez mostrou que tem tudo para se tornar ídolo da torcida. Foi uma noite de harmonia entre equipe, torcida e – pasmem! – treinador.

Em terceiro, serviu para o entrosamento. Treino é treino e jogo é jogo. Por mais que a equipe considerada titular jogue junto no suplementar do Olímpico, é diferente de disputar uma partida oficial. Quanto mais essa equipe jogar junto, melhor. Claro que existe o risco de uma lesão, como aconteceu com Magrão, mas felizmente isso não aconteceu ontem. E o time, mais uma vez, demonstrou que tem capacidade de jogar bem e lutar por todos os títulos que o Grêmio disputar a boiada.E, por último, digamos assim: quando passa o boi, passa a boiada.

Para quem não conhece a expressão, significa dizer que depois do primeiro, o resto vai. A dificuldade que o Grêmio tinha em fazer gols, mesmo criando inúmeras situações, parece ter sido chutada para o beleléu. Com trinta segundos de jogo, o placar já havia sido movimentado. Que isso seja um sinal. Que essa goleada realmente abra a porteira para tudo aquilo que está por vir.

Domingo temos mais um jogo. Não sei se Celso vai optar jogar com os titulares, os reservas, ou um time misto. Mas acho que, após as três últimas vitórias, ele já merece um voto de confiança. Merece uma aliviada na pressão para decidir por si mesmo. Até porque ele sabe que, se errar, vamos cair em cima dele de novo. Por isso, sei que vai fazer o melhor para o Grêmio. Assim como fez ontem, nessa vitória de lavar a alma que pode dar à equipe a confiança que faltava para realmente deslanchar.

terça-feira, 17 de março de 2009

SOBRE LATRINAS E FUTEBOL.

Por Ricardo Lacerda


Numa favela de Bombaim, dois fedelhos ganham algumas rúpias alugando uma latrina - algo como o homo sapiens dos banheiros químicos de hoje. Lá pelas tantas, enquanto o mais novinho dos dois aproveitava seu “momento zen” naquele cubículo podre, eis que surge um helicóptero em meio à pobreza. Enquanto o piá fica louco de faceiro, porque quem estava chegando é um herói do cinema indiano, o irmão resolve trancá-lo ali dentro, só de sacanagem. Sacode aqui, chuta ali, empurra acolá, o guri não vê outra solução senão... bem... mergulhar. Isso mesmo. A cena é cômica: com uma mão, ele saca do bolso a foto do tal ídolo de Bollywood, e com a outra aperta as narinas. O salto não foi, digamos, ornamental, mas ele emerge daquela podridão lambuzado de cima a baixo. A foto, bem... sã e salva, pronta para receber o merecido autógrafo.

Quem quer ser um milionário? A cena do piá que sai literalmente da bosta para a realização pessoal em poucos segundos é uma das mais sublimes do excelente filme de Danny Boyle que levou o Oscar 2009. Tá, e o queco? É que não consegui desvincular a cena de uma comparação com Celso Roth. Não, ele não quer ser um milionário. Já é - afinal, a cada cinco meses acumula mais um milhãozinho, coisa básica. O fato é que nosso treinador tem o dom de entrar numa M desgraçada e depois se redimir – ao menos em parte. Foi assim no primeiro semestre do ano passado, depois dos fiascos no Gauchão e na Copa do Brasil. Agora, tudo indica que pode ser assim novamente.

O Roth é um bom treinador. Já disse isso aqui mesmo mais de uma vez. Enquanto 11 em cada 10 gremistas pediam a cabeça do cara duas semanas atrás, eu só pensava qu a chiadeira não fazia bem. É possível que eu estivesse errado, já que, sem a tal chiadeira, ele não teria mergulhado na M para depois se redimir. O fato é que, como era visto, a cabeça do time, direção e comissão técnica estava na Colômbia desde antes do Gre-Nal. O nosso esquema é a Libertadores. O time jogou bem nas duas partidas que disputou na Copa. É bem verdade que os adversários são fracos e que nossos atacantes estão um pouco míopes, mas o caminho é esse. Agora, sem aquela enorme pressão, acredito que dá pra “administrar” bem o ruralito. Quando chegar a hora de mais um Gre-Nal, aí, sim, o esquema é encarar como se fosse jogo da Copa.

Como o Pilau falou, vamos deixar o nosso cientista maluco, o professor Pardal do Olímpico, usar e abusar do Gaúcho. Desde que ele não invente moda na L.A... que faça o feijão-com-arroz, vamos deixar de lado a corneta, a vaia e o pensamento negativo. Há rumores de que está chegando um bom reforço, o Renato. Excelente! Taí um que pode botar no banco a peça sonolenta do time. De resto, as coisas vão se ajeitando.

O caso é que o Imortal acordou quando foi preciso. Agora, o gigante não deverá mais dormir. Mas, para isso, também será preciso que nosso comandante faça jus aos montes de rúpias que recebe mensalmente. Por fim, um pedido singelo ao Dr. Celso: faça-nos o favor de te manter longe das latrinas. Um novo mergulho pode ser fatal e não será yo que me voy. Será ustedes.

Sendo assim, e por enquanto, me voy.

segunda-feira, 16 de março de 2009

DEPOIS DA TEMPESTADE.

Por Silvio Pilau

Jamais questione ditos populares. Nunca. Se você tiver uma opinião contrária a um provérbio, seja ele qual for, é muito provável que o errado seja você. É assim que penso ou assim que, ao menos, prefiro pensar quando penso no ditado: “Depois da tempestade, vem a bonança”. O significado dessa frase pode nem sempre se tornar realidade, porém, cada vez que associo-a ao atual momento do Grêmio, não paro de pensar que ela pode e deve, sim, ser verdade.

Porque vejamos: o Grêmio passou por uma séria tempestade recentemente. Foi uma tormenta de proporções imensas, que durou praticamente duas semanas e despejou sua fúria unicamente na Azenha. Um temporal de nuvens carregadas, clima pesado e praticamente nenhum momento de luz ou trégua para aqueles afligidos por ele. Mas, por milagre – ou maldição, na visão de alguns –, ninguém saiu ferido. Todas as vítimas escaparam incólumes e, possivelmente ainda mais fortes.

Eis, portanto, a bonança. Pelo menos, a bonança que eu e todos os torcedores esperamos que venha. O pior momento, o da quase insustentável pressão contra o técnico, passou. A vitória nas duas últimas partidas trouxe mais uma vez tranquilidade ao Olímpico. Claro que o ódio da torcida contra Roth ainda é forte. Mas, enquanto os triunfos continuarem vindo, o treinador certamente será poupado. Tudo bem que será somente até o próximo deslize, mas a tempestade parece ter passado.

Não sou o maior defensor de Celso Roth. Tampouco considero-o o melhor treinador para o Grêmio. Mas entendo que, enquanto a direção insistir em mantê-lo, não podemos ficar causando esse clima de perturbação que vimos nas últimas semanas. Por quê? Porque o ar pesado é transferido para os jogadores. Deles, para o campo. E, quando isso acontece, os resultados teimam em não aparecer, o que pode ser fatal em uma competição como a Libertadores.

Na realidade, acredito sinceramente que Roth está agindo de maneira correta em sua abordagem sobre o Gauchão. O treinador e a direção enxergam a competição exatamente como deve ser enxergada: um laboratório para o torneio continental. Vejo Roth como um cientista maluco, cercado de tubos de ensaio, e os jogadores como suas cobaias. No Gauchão, ele realiza todos os experimentos possíveis. Testa, erra, acerta e coloca os resultados de seus estudos em prática naquilo que realmente importa: a Libertadores.

Até então, tem dado certo. Não podemos negar que o Grêmio teve duas ótimas atuações na competição sul-americana. Ambas as partidas poderiam ter terminado em goleada com um pouco mais de tranquilidade e sorte por parte de nossos atacantes. E não importa se foram contra times pequenos e de qualidade limitada. O Inter não foi campeão da América jogando apenas contra o São Paulo? A taça está na sala de troféus do Beira-Rio. É o que vale. Não cabe ao Grêmio escolher quem irá enfrentar, mas apenas eliminá-los do caminho. E, até aqui, mostramos ser muito capazes disso.

Por isso, reafirmo aquilo que já disse antes: não estou nem aí para o Gauchão. Por mim, Roth, o cientista maluco, pode continuar utilizando o regional como base para suas experiências. Só tem que se ligar quando o adversário é o Inter. Gre-Nal não é Gauchão. Gre-Nal não é qualquer competição. É algo à parte, como se fosse um campeonato por si só. Não entender isso quase custou o emprego de Roth. Mas ele sobreviveu à tempestade. Certamente não sobreviverá à próxima. Só espero que essa dure muito para aparecer.

Até lá, torço para que fiquemos apenas com a bonança.

domingo, 15 de março de 2009

50 LIBERTADORES

Por Eder Fischer

Termina a partida em Tunja, um alívio para nós que rezávamos para que uma das máximas do futebol que diz “quem não faz, leva” não se manifestasse naquela noite, mas, um alívio muito maior para Celso, que ficou feliz por ter garantido seus quase 500 salários mínimos por mais um mês; para Duda, que não precisou demitir o Celso e expor um erro que começou com a renovação do contrato do mesm;, para os jogadores, que não precisarão mostrar trabalho para um novo técnico. Este alívio logo se transformou em expectativa e apreensão para todos. Será que manteremos este padrão de jogo contra adversários mais qualificados? Será que Roth não irá inventar outro esquema quando tudo estiver bem?

Pois é, pessoal, agora é tarde. Roth é o técnico ao menos até o Grêmio sair campeão da L.A. ou até o Grêmio sair da L.A.. Não gosto do Roth, até tentei, juro, mas a sua arrogância, prepotência. falta de identificação e estrela me fizeram ver que ele não é o técnico ideal para o Grêmio. Nunca vai ser, nem que ganhe a Libertadores. Sei que nunca é uma palavra quase impronunciável, ao menos que um dia este espírito imortal ultrapasse aquela carranca, e ele, num momento de integração cósmica, entenda o que representa estar à frente de um dos times mais místicos do mundo. Pretensão minha? Talvez. Mas para um clube que faz um gol com sete em campo, e que não faz com mais de 15 chances claras, um time que vai das profundezas das trevas ao ápice orgástico em segundos, nada é impossível.

Mas entre tanta mística existe a matemática. A lógica. Roth quer ganhar; nós, também. E na guerra, o inimigo do meu inimigo é meu amigo. Temos que ficar juntos, pois não é um Gauchão que está em jogo, é uma Libertadores na sua histórica quinquagésima edição. Todos sabemos que é o nosso principal objetivo, sempre. E acho que temos chance, sim, de conquistá-la. Não só pela mística da camisa de três cores, mas também pela lógica. E a lógica me pede para comprar com um passado recente, neste caso, o Grêmio de 2007.

Grêmio de 2009 > Grêmio de 2007.

Temos atacantes melhores, uma zaga que, melhor treinada, se iguala ou supera a de 2007, um meio campo pouco mais qualificado e bons alas dos dois lados.

Adversários 2009 < 2007.

Em 2007, havia a ótima equipe do São Paulo, o bom Santos do Zé Roberto e o Boca de Riquelme, que dispensa comentários. Sem contar a surpreendente equipe do Cúcuta, do panamenho Blas Pérez, que só saiu na semifinal contra o campeão daquele ano no saldo qualificado. Em 2009, o Brasil está muito bem representado pelos times com mais tradição no torneio juntos à boa equipe do Sport. Todas boas equipes. Porém, no meu ponto de vista, inferiores as de 2007.

Técnico 2009 = ou > 2007.

Talvez, a grande maioria discorde, porque o Mano é, sem dúvida, mais carismático, mas se analisarmos friamente, veremos que quem vencia os jogos éramos nós. O Mano era muito pequeno fora do Olímpico, tivemos apenas uma vitória fora de casa em toda a Libertadores, seu esquema era o 3-6-1, com Tuta, sozinho e mascando chiclete na frente. Era sempre assim, perdíamos, e em casa nós dávamos um jeito de levar o time à vitória. Sempre acreditávamos.

Torcida 2009 = 2007?

Isto, só cada um de nós poderá responder. Temos que olhar para dentro de nós mesmos e tentarmos encontrar aquela confiança que tínhamos há dois anos. Tínhamos a certeza de que qualquer resultado poderia ser revertido.

Então, gremistas, proponho uma trégua ao Roth – ao menos antes e durante as partidas. Mas não o deixem perceber que estamos satisfeitos, Roth é o típico caso que precisa de pressão para trabalhar. Se traçarmos seu perfil psicológico nestes 10 meses de Grêmio, percebemos isto claramente em três episódios: o primeiro, depois do amistoso contra o Avaí, que resultou na vitória contra o São Paulo, na estréia do Brasileirão 2008; depois, contra o algoz Figueirense no Olímpico, que nos deu a inesperada vitória fora contra o Palmeiras; por último, o pós Gre-Nal, que terminou com um bom jogo em Tunja. Nos três casos, Roth precisou da vitória para dar uma resposta às vaias que recebia. Juntemo-nos a Celso para atingirmos o nosso objetivo. Apoiaremos o time. Se ele botar mais um zagueiro, cantaremos tão alto que o Réver encarnará Baltazar e trocará de área. Celso saberá que a razão de ele estar ali é o nosso grito, pois, com ele, podemos tanto derrubar adversários quanto derrubar técnicos.

Depois do título ou da perda do mesmo, podemos ir até o Olímpico, pegar o sujeito gentilmente e convidá-lo a embarcar no primeiro navio para a Antártida ou no primeiro T5 no sentido Monumental - aterro. O que ele achar melhor. Mas antes disto seremos Grêmio, acima de tudo, acima de Roth, acima da direção. Mostraremos que os tor-ce-do-res – como ele se dirige a nós de forma pejorativa – não são somente responsáveis pelo seu gordo cheque no final do mês, mas também a razão pela qual ele deve lutar, se doar, e de se explicar em caso de falhas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

MANDAMENTOS SAMURAIS.

Por Felípe Sandrin


1. CHUGO – Lealdade e Dever O samurai é eternamente fiel ao seu senhor e eternamente responsável por aqueles que tem a seu cuidado. Só há uma lealdade superior à de um samurai: a do seu senhor para com os seus súditos."A minha espada é a minha ama. A minha alma pertence ao meu Daimyô. Ultrajar a minha espada é afrontar o meu Daimyô".

2. MAKOTO – Honra Quando o samurai diz que fará algo, é como se já estivesse feito. Nada o impedirá.A morte não é eterna; a desonra, sim".

3. YU – Heroísmo O samurai deve combater como se procurasse a morte. O medo deve ser eliminado. A vitória total deve ser o único pensamento."O samurai nasce para morrer. Portanto, a morte não é um mal a evitar, mas o fim natural de toda a vida".

4. GI – Ética O samurai acredita na justiça que emana dele próprio, não na justiça ditada por outros."Não existe meio termo, apenas o certo e o errado".

5. MEYO – Sinceridade O samurai não pode esconder-se de si próprio."Uma ofensa pode desconhecer-se, ignorar-se ou perdoar-se. Mas nunca pode ser esquecida".

6. JIN – Compaixão O poder do samurai deve ser usado para o bem de todos.

7. REI – CortesiaO samurai não tem motivos para ser cruel, nem com seus inimigos. A força é demonstrada nas situações adequadas.

"Uma alma sem respeito é uma casa em ruínas. Deve ser demolida para construir uma nova".

Não bastassem todos os obstáculos, o Grêmio, que busca ser campeão, terá de vencer os tropeços de seu comandante: Celso Roth não será demitido, ele é nossa sina, o pagamento de algum pecado, ou talvez nossa redenção.

Os adversários tornam-se a menor das preocupações diante do fato da falta de equilíbrio interno. Hoje, o grande inimigo do Grêmio é intímo, interno e irremovível. Celso Roth conseguiu desarticular o grande trunfo de um clube sem grandes jogadores: sua torcida.

A má noticia é que tensões como as vividas nas últimas semanas tendem a se repetir, e a boa é que mesmo um cabeça-dura como Celso tem chances de acordar e fazer deste Grêmio um grupo solidário, onde cada jogador luta por quem está a seu lado.

Existe uma esperança para este Grêmio ser campeão, e esta é a união. Quando o futebol parece insuficiente, o comandante perde a razão, os inimigos começam a perder o respeito, prepare-se para a humilhação...

Ou para a glória que a história não permite que se apague.

quinta-feira, 12 de março de 2009

TEMOS QUE ADMITIR.

Por Silvio Pilau


Alguém colocou uma maldição no ataque do Grêmio. Uma macumba, sei lá. Só pode ser essa a explicação. Juro que nunca vi um time perder tanto gol quanto o Grêmio nas duas partidas da Libertadores até aqui. É algo impressionante. Fora do comum. O Tricolor joga bem, cria inúmeras situações, mas, por alguma razão, aquela maldita esfera branca parece uma criança birrenta e teimosa que simplesmente não quer passar pela linha branca e abraçar as redes.

Foi assim na estreia, contra o Universidad, aqui no Olímpico. E foi assim ontem. Felizmente, a macumba jogada sobre o ataque gremista parece não fazer efeito sobre bolas paradas e Souza conseguiu fazer o golzinho solitário. Único. Isolado. Mas, ainda assim, salvador. Um gol que dá ao Grêmio a tranquilidade de estar novamente bem posicionado na tabela e, ainda mais importante, a paz que tanto os atletas quanto a comissão técnica buscavam para dar continuidade ao trabalho.

E, agora, o que pensar de Roth? Sim, eu sei que muitos pediam a demissão do técnico – inclusive eu –, mas isso não vai acontecer. O resultado positivo e a boa atuação, apesar dos gols perdidos, garantiram sua permanência no cargo e o depósito dos duzentos mil em sua conta por mais algum tempo. E, temos todos que admitir, o Grêmio fez mais uma bela atuação na Libertadores. Apesar do início claudicante, a equipe se postou de forma impecável em termos táticos, sem dar espaços para o adversário e criando diversas chances de gol.

Se formos pensar com mais calma, as duas apresentações gremistas na Libertadores poderiam ter facilmente terminado em goleadas. O Grêmio jogou para isso contra o Universidad e jogou para isso contra o Boyacá, ontem. Em termos de postura dentro de campo, o Tricolor esteve praticamente perfeito. Os atacantes erraram, mais uma vez, centenas de gols, mas, assim como criticamos quando ele erra, temos que admitir quando Roth acerta. Ontem, o Grêmio foi uma equipe muito bem armada. Celso acertou até nas substituições.

O que o Grêmio mostrou na Libertadores até aqui dá esperanças para a torcida. Tudo bem que não foram os oponentes mais qualificados da competição, mas o Tricolor mostrou que tem condições de brigar pelo título. No entanto, para que isso aconteça, precisamos que duas coisas aconteçam: que os atacantes comecem a fazer os gols (ou dêem um jeito de tirar a maldição que recai sobre eles) e que Roth pare com a arrogância e diminua seus erros.Se isso acontecer, garanto a todos que somos sérios candidatos a levar nossa terceira Copa.

terça-feira, 10 de março de 2009

PARA SEMPRE GRÊMIO

Por Felipe Sandrin


Havia centenas de pessoas a minha volta, caminhavam na mesma direção, compartilhando os mesmos sonhos a cada passo. Vestiam o mesmo azul que eu, apesar das diferentes formas e modelos: muitas dessas camisas eram iguais, mas, se observadas bem a fundo, notava-se que cada uma delas tinha uma história própria. A minha ia até meus joelhos, foi-me dada maior para que pudesse usar por vários anos – já que minha família não tinha tanta condição financeira.

A maioria dos gremistas tem uma primeira vez no Olímpico. A minha não foi algo menos que nascer de novo, conhecendo algo que me mudaria pra sempre minha forma de amar. Nasci em 1986, portanto, não vi o primeiro título brasileiro, a primeira Libertadores, o inesquecível título mundial – aliás, até a década de 90, fiquei sem entender muito de futebol, sem saber o que era torcer, amar um clube, até que, por algum motivo, em algum sagrado momento, passei a me sentir parte de algo. Foi junto ao azul, branco e preto que descobri os atalhos para a felicidade extasiante e a tristeza incurável.

Felipão ensinou-me a ver palavrões com outros olhos, o baixinho Paulo Nunes tinha a coragem de um leão e o gigante Jardel era nada menos que um herói indestrutível que, quando bem entendesse, esmagava seus inimigos com testadas poderosamente mágicas. Diante de um time que mudava, mas jamais mudava sua característica de luta, aprendi a colecionar títulos. E não importavam os perdidos, pois havia a convicção de que era questão de pouco tempo para novamente estarmos lutando por este. Foi assim contra o Ajax, quando qualquer dor tornou-se meramente ilustrativa ante o fato de uma equipe que a cada ano tornava-se mais forte. Porém, os anos passaram, algumas coisas foram mudando e nosso grande rival, motivo de nossa incessante luta, alimentou-se esperando o momento de acordar.

Logo: Internacional campeão da Libertadores. Internacional campeão do mundo, Internacional campeão de tudo. Meu tio colorado me deu uma camisa do Inter quando eu tinha cinco anos e, por mais de uma vez, usei-a, mas não havia ali afinidade, sabe? Era uma coisa meio forçada, eu podia sentir o vermelho sem vida quando vestia aquela camisa, meu lance mesmo era aquele azul com um símbolo enorme onde a palavra GRÊMIO parecia explodir sendo maior do que tudo, uma pequena palavra que tornava invisível a própria camiseta, tudo que se via ali era GRÊMIO.

Enquanto meus tios saiam a fazer passeata, se diziam donos do mundo, eu estava em casa. Até hoje, eles passam buzinando aqui no bairro, vestindo orgulhosos uma camisa vermelha, falando dos projetos centenários, do estádio que hoje é um dos melhores da America, falam de Pato com orgulho, pronunciam novos nomes que o Inter aposta e que vão dar certo no futebol mundial: hoje em dia, meus domingos são assim, regados de orgulho colorado que eu rebato com aquilo que o Grêmio me ensinou a ter: coragem.

A Batalha dos Aflitos foi um marco, mas o que estava fazendo o Grêmio na Segunda Divisão? Chegar na final da Libertadores é uma dádiva, mas o que aconteceu naquele último jogo? Ficar tanto tempo na liderança de um campeonato que não apostávamos nada era um sonho, mas que maldição dos deuses da bola nos faz subir às nuvens apenas para cair lá de cima despedaçando nossos mais formidáveis desejos?

Eu ainda ouço gritos lá fora, são colorados comemorando a hegemonia nos Gre-Nais, comemorando títulos Sul-Americanos e contratando jogadores que quase ninguém hoje em dia pode contratar, senão os gigantes da Europa. Mas quer saber a verdade? O que ecoa mesmo em mim não são os gritos lá de fora, são os GRITOS DENTRO DE MIM, QUE URGEM O MEU PEITO, QUE ME FAZEM ACIMA DE TUDO SENTIR ORGULHO DE MIM, DE OUTROS GREMISTAS E DO GRÊMIO.

Já passamos por tanta coisa, a década de 70 foi toda do nosso rival, e mesmo que não haja títulos internacionais, era o Rolo Compressor que dominava aqui, era algo nada além do maestro Falcão regido e guardado por iluminado Figueroa: eles também têm sua historia e, por incrível que pareça, desdenhar dela é ser pequeno diante da realidade. Mas houve os que sobreviveram até mesmo ao Rolo Colorado, houve gremistas que transformaram a dor na glória inesquecível das décadas de 80 e 90. E, mesmo assim, os vermelhos sobreviveram, se fortaleceram e hoje colhem o que foi plantado, o que foi trabalhado com muito suor e força de vontade.

Amigos, o Grêmio voltará. E tenham certeza que não será nem mais nem menos do que aquilo que sempre foi: os anos passam, os dirigentes passam, mas NUNCA, EU DISSE NUNCA, há de passar o sentimento que nos faz sobreviver ante as mais dolorosas derrotas: não existe uma década de dor que sufoque meus dias de alegria, quando vestir a camisa do Grêmio era nada menos do que ser algo além do simples Felipe Sandrin.

Tenham fé, tenham força, porque esta é a matéria-prima para tudo em nossas vidas. E quando os dias escuros findarem, sejam os primeiros a lembrar do que nos levou até aquele momento e nunca mais esqueçam dos tempos tristes aos quais sobrevivemos, quando, mesmo com o orgulho ferido, soubemos o que era ser, independentemente de tudo, do Grêmio, maior do que nós mesmos, mas não do que nosso peito.

O Grêmio não é de hoje e a muito já sobreviveu. Por mais que dificuldades surjam, ele sempre volta. É assim que nós o fizemos, céu e paraíso.

Para que no fim a dor seja passageira, e sobrem unicamente as glórias.

segunda-feira, 9 de março de 2009

AMNÉSIAS QUE VÊM PARA BEM.

Por Ricardo Lacerda


Como não sou nem um pouco masoquista, dediquei parte da noite de domingo a descobrir alguma fórmula mágica que pudesse evitar uma rotina de auto-flagelação. Pelo menos até a próxima quarta-feira. Lembrei daquele aparelhinho do MIB – sim, os “homens-de-preto” – que o Will Smith e o Tommy Lee Jones usam para apagar a memória das pessoas-ETs.

Procurei gôndola por gôndola e não achei nada parecido à venda no mercadinho aqui da Vila Jardim. Ainda assim, mesmo sem recursos mirabolantes, me obriguei a esquecer as últimas semanas. Ao menos em se falando em futebol, porque de resto vou muito bem, obrigado. Pouco adianta começar a semana lamentando a última derrota no Gauchão, a apática atuação no Gre-Nal, a permanência do Roth e outros quetais.

Esqueci tudo o que se passou recentemente. Amnésia total. Procurem fazer esse exercício, eu garanto que faz bem. A única coisa que me lembro é que no calendário da Copa está marcado Boyacá Chicó X Grêmio, em Tunja, na Colômbia, dia 11 às 21:50h. É nisso, e única e exclusivamente nisto, que vou dedicar minha atenção quando o assunto for futebol. O adversário se chama Boyacá Chicó. Eu sei que o nome é meio que uma piada-pronta, mas o fato que é todos – sim, todos, mesmo – os clubes brasileiros gostariam de estar onde estará o Grêmio nesta quarta-feira que se aproxima. Por quê? Ora, vocês sabem melhor do que ninguém – no mínimo, duas vezes mais do que alguns – que nada se iguala às peleias da Copa.

Como resolvi deixar para trás os fatos mais recentes, começo a semana tomado por uma confiança inabalável. Por mais que tentem me convencer que tudo está errado, tenho convicção de que a próxima partida será a da retomada. Não sou Nostradamus, mas nem por isso devo esconder aquilo em que acredito. Eu não acreditava numa grande atuação no último clássico – tampouco nestes cafezinhos que temos tomado. Já disse na semana passada que a cabeça estava longe. Mais precisamente na Colômbia. Não que eu compactue com esta atitude, este desvio de atenção e foco, mas é o que é. E dos fatos ninguém foge. Acredito no time que temos.

Acredito que o momento de instabilidade se acaba no meio desta semana. Acredito num Roth que ninguém acredita. Acredito que, sendo gremista, nunca poderemos deixar de acreditar. Porque o Grêmio é isso, é sofrimento e redenção. Quando ninguém mais acredita que vai dar certo, é aí mesmo que o Tricolor se agiganta. Meu pensamento e minhas ideias podem soar como as de um imbecil, um lunático, mas ninguém me tira o direito de ser gremista, e por consequência, de acreditar sempre.

Força, meu Grêmio. Em ti, eu acreditarei. Solito de outras crenças, me voy.

sexta-feira, 6 de março de 2009

MOMENTO DESABAFO, MOMENTO TORCEDOR.

Por Felipe Sandrin

Onde estão aqueles que apoiaram Duda? As comunidades do Orkut estavam infestadas da gente fazendo campanha para ele. Agora, o barulho é unicamente de quem não entende o que está acontecendo com essa direção.

Que Celso já passou do prazo de validade e hoje é peso morto, todos sabemos. Mas, sinceramente, não esperava uma direção assim, que não está dando a mínima para a torcida. Se eles não ouvem 99% dos torcedores, o que fazem no Grêmio?

Muita gente deixando de pagar a mensalidade, botando a raiva acima da razão. E este é o ponto em que chegamos: muitos torcem para que o Grêmio não vença a fim de que Celso caia. E POR QUE DIABOS A DIREÇÃO NÃO OUVE A TORCIDA? Se houvesse equilíbrio ou pelo mesmo uma pequena parte da torcida ainda querendo a seqüência de Celso... mas acabou, esgotou a paciência!

Quem defende Roth não defende o Grêmio, quem defende Roth não sabe o quanto este Grêmio já foi vitorioso. A politicagem dominou o Olímpico, tem dirigente que só aparece ai pra fazer campanha, ficar com os amiguinhos no alto cargo. Enquanto isso, afundam-se a Arena, o time e a torcida.

Cansou, chega! Tá na hora de alguém ter atitude. E esse alguém somos nós torcedores, porque já vi que, se dependermos dos engravatados, o Grêmio vai tomar pau na Libertadores, assim como foi humilhado pelo Internacional.

Chega, o tempo de passividade morreu junto com esse técnico e direção que beiram a mediocridade a cada nova decisão.

quinta-feira, 5 de março de 2009

QUE SEJA PELO GRÊMIO.

Por Silvio Pilau

Foram três dias de bombardeio. Segunda, terça e quarta. Nessas setenta e duas horas, nosso treinador foi alvo de petardos de todos os lados. Torcida, imprensa, direção. Colunistas do Final Sports. Até dos jogadores, quem sabe? A pressão em cima de seu corpo rechonchudo tornou-se praticamente insustentável. Pediam-lhe a cabeça de forma definitiva. Voltou à tona a questão seu salário desproporcional. Faltou apenas uma caminhada furiosa com a turba portando tochas e foices.

No entanto, ele se segurou. Com a segurança e auto-confiança características, o treinador se manteve em pé. Utilizou o corpitcho reforçado como uma verdadeira barreira aos tiros. As investidas ricochetearam e só não voltaram aos agressores porque seria difícil descobrir a origem diante de tantos ataques. Mas ele ficou. Inabalável, sisudo, despreocupado. Ele continuou. Continua. Permanece como o comandante. Seguirá, a contragosto da maioria, liderando o esquadrão tricolor na jornada rumo ao topo da América.

A luta solitária de Celso Juarez Roth contra as hordas ensandecidas de gremistas clamando por sua cabeça não é um capítulo inédito na história tricolor. Já ocorreu outras vezes, em passagens anteriores do treinador pelo Largo dos Campeões. A mais recente, porém, foi no primeiro semestre do ano passado. Todos devem lembrar. Foi logo após as quartas-de-final do Gauchão. O Grêmio recém havia sido eliminado da Copa do Brasil pelo inexistente Atlético-GO e iria defender, no Olímpico, a vantagem adquirida na primeira partida contra o Juventude.

O que aconteceu todo mundo sabe. Caímos de forma vergonhosa, tomando três a dois em um estádio lotado de gremistas confiantes. O que se seguiu foi algo semelhante ao ocorrido nos três últimos dias: manifestações intensas contra a permanência de Celso Roth no Olímpico. Parecia que ele não iria aguentar. Mas, por alguma razão, a diretoria resolveu apostar no treinador. Contra todos, decidiu bater o pé. O resultado foi uma belíssima campanha gremista no Brasileirão. Uma campanha surpreendente que deve, indiscutivelmente, mesmo que digam o contrário, muitos méritos a Celso Roth.

Chego agora, finalmente, depois dessas linhas tortas de devaneios, ao ponto principal desse texto. Neste instante, hoje, estamos em um momento semelhante àquele pós-queda diante do Juventude no último ano. O ódio contra Roth e a desconfiança em relação à equipe estão altas – assim como estavam naqueles dias. Mas, há quase doze meses, isso acabou ajudando o Grêmio. A equipe renasceu com força redobrada após a catástrofe. O grupo se uniu, o treinador deu a volta por cima e o Grêmio só não levou o caneco por detalhe. Logo nos primeiros jogos, a torcida recobrou a confiança no time e, como sempre, não parou de apoiar mesmo após o apito final do árbitro na última partida, em dezembro.

Não digo que o mesmo irá acontecer agora. Não possuo poderes paranormais para afirmar isso. Mas, por que não poderia? O momento no Olímpico é de turbulência, tal qual ano passado. É a hora do grupo conversar, baixar a cabeça e trabalhar. Corrigir os erros. Buscar soluções. Retornar com a cabeça erguida. É a hora de Celso deixar seu passado de erros, quase-títulos e arrogância para trás e mostrar que tem, sim, estrela. Tudo bem que ela ainda não apareceu, mas se até Abel Braga foi campeão do mundo, por que não esperar algo mais de Roth?

Antes que me xinguem por defendê-lo, digo que não o faço. Sou o primeiro a criticar Roth quando ele erra, como fiz na minha última coluna. O fato é que nada podemos fazer a respeito agora. Ele ficou. A diretoria o segurou. Até, ao menos, a próxima partida na Libertadores, Celso será o nosso técnico. Até lá, temos três jogos. E, a nós, só nos resta apoiar. Só nos resta torcer e cantar. Se não pelo técnico, que seja pelo time. Que seja pelo Grêmio. Porque é isso o que fazemos de melhor.

terça-feira, 3 de março de 2009

CABEÇA LONGE NÃO LEVA A NADA.

Por Ricardo Lacerda

Vamos tricolor / queremos a Copa / a banda tá louca e eu quero ver-te campeão.

O cântico que mais tem ecoado pelo Monumental parece ter jogado contra o Tricolor neste domingo. Isso mesmo, mas não é culpa nossa. Estou convencido de que tanto a diretoria e a comissão técnica falaram que o foco é a Copa que o clássico acabou ficando menor do que ele deveria ser. Clássico é clássico, e vice-versa, já diria um poeta. Nunca devemos menosprezá-lo.

É evidente que o foco é a Copa, mas na hora de jogar um clássico, exigimos a mesma vontade de vencer de quem disputa um mata-mata da América. O que se viu foi um Grêmio apático, desligado. Não quero desmerecer o co-irmão, que dominou a partida e tem, de fato, ótimos jogadores. Quando anunciaram a equipe com apenas um avante, quase apanhei dos amigos ao dizer que entendia o que Roth queria. A intenção era repetir aquele povoamento do meio campo e aproveitar ao máximo os alas. Caso o esquema não funcionasse, nosso comandante colocaria mais um atacante, sacando um meia ou um zagueiro. Para mim, parecia simples, ainda que a manutenção do 3-5-2 fosse evidentemente algo mais óbvio.

A questão é que várias coisas acabaram dando errado. Eis apenas algumas delas: nossos dois alas estavam sonhando com as belezas da encantadora cidade de Tunja, onde reside o ilustre Boyacá Chico, e se olvidaram de ir ao Beira-Rio. Nosso meio-campo sentiu muita falta do D´Alessandro, afinal, é sempre legal jogar contra um castelhano chiliquento – coisa típica da Copa, a qual estamos tão acostumados. Não restam dúvidas de que o Ruy estava com a cabeça (!) na altitude e se perdeu totalmente na hora de fazer a linha-burra. Tcheco, nosso maestro (!!), foi um exímio capitão: gritou, xingou e esperneou – só esqueceu de um pequeno detalhe: jogar um bom futebol.

Não vou agregar valor ao coro dos que dizem que não faz diferença termos perdido o clássico porque é Gauchão e é de pouca valia. Ora bolas, devemos lembrar que desde 2007 não derrotamos o co-irmão. No ano passado, os três pontos que perdemos naquele vexatório 4 a 1 poderiam ter nos dado o título brasileiro. Agora, recém começa março e já levamos duas bangornadas. Tudo bem, o foco é outro, todos sabemos. Mesmo assim, não me conformo. Ser campeão da Copa e não vencer clássico é, no mínimo, feio. Isso que estou falando do ápice de minha arrogância gremista, considerando que efetivamente venceremos a Copa.

Esse era o Gre-Nal que tínhamos que vencer, pois havíamos perdido o primeiro do ano jogando melhor – sem falar no apito amigo. Fiquei contente porque não teríamos pela frente o mala do D´Alessandro. O brabo é que se esse aí – que sempre incomoda – não jogou, um outro castelhano acabou sobrando em campo: Guiñazu. Me dói reconhecer que falta um desses na Azenha.

Bem, a ideia não é criticar um por um – tampouco exaltar o lado oposto. Mas não posso fugir dos fatos. É verdade que logo embarcaremos em grandes viagens pela Latino America, rumo ao TRI. Enquanto isso, outros provavelmente viajarão pelos mais recônditos pagos deste Brasil. Cada um na sua. O que não podemos esquecer jamais é que quando os dois estão na mesma – ou seja, em dia de clássico – exigimos que a vontade, a garra e a superação sejam, no mínimo, equivalentes. O segundo turno do Gaúcho e o restante do ano nos reservam vários clássicos. Aí, amigos, será obrigação fazê-los puxar a charrete. Podemos até mesmo ir de banguzinho, tal como fizemos em 95, priorizando a Copa. O que não pode faltar é vontade, garra, gana de vencer. No caso dos gre-nais, muitas vezes o fato de suar sangue acaba valendo mais do que um time recheado de estrelas que não põem o pé.

Sem mais delongas – e sem cair na vala comum de fazer de Roth o único culpado pelo insucesso nos clássicos mais recentes –, me voy.

segunda-feira, 2 de março de 2009

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA.

Por Silvio Pilau


Uma tragédia em três atos.

ATO 1

Celso Juarez Roth não é um vencedor. Ponto final. Não o considero, da forma que muitos o fazem, como um treinador ruim e sem qualidade. Pelo contrário, acho que Roth é, sim, um técnico de certo talento, capaz de montar uma equipe competitiva, especialmente quando ela é formada por jogador medianos e sem grandes estrelas.Digo isso porque Roth já provou sua capacidade nesse sentido. Em diversos campeonatos, o ex-bigodudo era o homem ao comando de equipes que apresentaram boas campanhas, chegando até o final como grandes surpresas de tais competições. No entanto, quando chegava na hora final, no momento da decisão, quando a estrela de Roth precisava brilhar para fazer a diferença, algo sempre dava errado.

Ontem foi mais um exemplo disso. Não que o Grêmio tenha sido genial ao longo de todo o primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Não o foi, muito também pela política de poupar os jogadores para a Libertadores. Mas o Tricolor chegou à final, graças ao imenso abismo existente entre as equipes da capital e do interior, e, uma vez lá, caiu. Mais uma vez, perdeu. Novamente, um título escapou das mãos da Roth.Lamentaria se fosse a primeira ou uma das primeiras vezes, mas sabemos que é somente mais uma para o currículo dele.

ATO 2

Noite de quarta-feira, vinte e cinco de fevereiro. O Grêmio fez a estreia na Libertadores da América de 2009 contra o chileno Universidad. Jogando no 3-5-2 que quase consagrou a equipe no ano anterior, a equipe simplesmente patrolou o adversário, em uma atuação de luxo que apenas não rendeu a vitória por azar. Como eu mesmo escrevi, foi uma verdadeira chacina sem vítimas.

Diz o ditado: em time que está ganhando não se mexe. Tudo bem que não ganhamos, mas foi quase, e uma apresentação daquelas pode ser considerado como algo que não deve ser mexido. Com solidez na defesa e criatividade na armação, tudo indicava que o Grêmio entraria no Gre-Nal com os mesmos esquema e equipe da estreia na competição continental. Isso, afinal, seria o mais lógico.

Eis que surge, novamente, Celso Juarez Roth. De forma inexplicável e incompreensível, o treinador simplesmente decidiu modificar o que havia dado certo, fazendo com que a equipe voltasse a jogar com apenas um atacante. Um pobre, solitário, isolado Alex Mineiro imerso em um mar de defensores vermelhos. O resultado não poderia ter sido outro. O Grêmio simplesmente não conseguiu criar, limitando-se a marcar o meio-campo colorado.

Mas quis o destino que Roth voltasse atrás em sua ideia. Tudo bem que isso deu-se unicamente graças ao primeiro gol colorado, porém, ele mudou. E, assim que Jonas entrou, a defesa colorada teve mais alguém com quem se preocupar, Souza ganhou mais espaço e o Grêmio cresceu na partida, chegando ao gol de empate em uma jogada entre – vejam só! – os dois atacantes.

Agora, indago: como teria sido se Roth não fosse tão teimoso em suas idéias e tivesse colocado os dois avantes lado a lado desde o início?

ATO 3

Linha burra. De novo: linha burra. Não linha inteligente, não linha genial, não linha comum, nem ao menos linha sem educação. Linha, simplesmente, burra. Existe um motivo para ela ser chamada assim e juro, de pés juntos, que não é por ela ser brilhante. A linha de impedimento é conhecida como linha burra por uma razão muito básica: ser burra.

Ano passado, por mais que falemos que o Grêmio derrapou em momentos cruciais na campanha pelo título brasileiro, por mais que lamentemos o deslize contra o Figueirense aqui no Olímpico, acredito que o time poderia ter saído com o troféu se não tivesse apelado tanto para a linha burra. Lembro, em minha memória nada estatística e ainda afetada pelo álcool do carnaval, de pelo menos três gols sofridos em cobranças de falta que a zaga saía para deixar o ataque adversário impedido, mas algum idiota sempre ficava dando condições. Lembro de três, mas acho que foram mais – sem contar, claro, aquelas que não resultaram em gols e poderiam ter nos prejudicado ainda mais.

Fazer a linha de impedimento é de uma estupidez imensa. Esse é um risco totalmente desnecessário, pois depende de uma série de fatores para dar certo, inclusive a capacidade e boa vontade de um bandeirinha. O tiro pode sair, e muitas vezes já saiu, pela culatra, custando pontos valiosos em importantes partidas. Ontem, rendeu o primeiro gol colorado. Culpa de Ruy por ter dado condições a Índio? Um pouco, talvez. Mas, ao meu ver, a culpa maior é de quem insiste em continuar fazendo essa linha burra.

E esse papel cabe a ninguém menos que o treinador.

EPÍLOGO

Não há como evitar apontar um responsável pela derrota de ontem. Sou o primeiro a defender Roth quando acerta, mas ontem o Grêmio perdeu mais um Gre-Nal simplesmente por causa dele. Tudo bem que a apatia dos atletas gremistas foi, talvez, a grande arma do Inter, mas o resultado final é consequência das escolhas erradas do nosso treinador.

E minha mente não para de formular pensamentos de que, enquanto Celso Juarez Roth estiver aqui, nada ganharemos. Tomara que eu esteja errado. Torço para que ele cale minha boca. Apoiarei incessantemente para contradizer a mim mesmo. Mas, diante do histórico do treinador e de tudo o que vi ontem, alguém ousa dizer que também não pensou nisso?