quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Avaliação.

Por Silvio Pilau


Que a vitória ontem diante do Avaí não engane ninguém: 2009 acabou para o Grêmio. Nem vale a pena dar asas às ilusões. Não vamos chegar à Libertadores e, se algum doente por aí ainda acredita nisso, também não seremos campeões. Tá, tudo bem, é o Grêmio e a gente sempre surpreende. Sei disso. Mas, do jeito que estamos jogando, é mais fácil terminarmos o campeonato abaixo da posição que estamos agora do que escalar a tabela até o G-4.

Ganhamos de 3 a 1 ontem. Ótimo. Mais uma vez, porém, a atuação foi lamentável. O Grêmio parece um time de várzea, repleto de pernas-de-pau incapazes de acertar um passe e sem qualquer esquema de jogo. Talvez pela ressaca do Gre-Nal, ontem os jogadores pareciam todos nervosos e sem confiança. Estavam ainda piores do vinham jogando. Sorte que o juiz inventou um pênalti que fez o Avaí abrir espaços e nos dar os contra-ataques para finalizar a partida.

Mas o fato é esse: 2009 acabou para o Grêmio. Direção e jogadores já sabem disso e começam a pensar no próximo ano, o que não deixa de ser correto. O problema? Quem está pensando no próximo ano são as mesmas pessoas que pensaram no Grêmio de 2009. E isso traz apenas desesperança. Como acreditar que 2010 pode ser melhor depois do que vimos em 2009 e sabendo que quem manda no Olímpico são exatamente as mesmas cabeças?

Enfim, é o que temos. E, já que é o que temos, vou pelo menos dar a minha contribuição sobre o que penso sobre o time atual. Não vai adiantar nada, mas, se pelo menos algum dirigente lê essa coluna, vai fazer pensar em algumas coisas.

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VICTOR: Não tem muito mais o que falar sobre ele. Victor é gênio. Um dos melhores goleiros do mundo, sem qualquer exagero. O Grêmio deve se esforçar para mantê-lo.

MÁRIO FERNANDES: Talvez o melhor zagueiro surgido nas categorias de base do Grêmio em muito tempo. Mário tem excelente tempo de bola e não perde nenhuma no mano-a-mano. Ainda peca um pouco no posicionamento, mas nada que a experiência e um bom treinador não deem um jeito. Porém, é zagueiro, não lateral.

LÉO: Caiu muito desde quando surgiu como promessa. Comete lances infantis e está lento, mas serve como reserva, para ser utilizado somente quando não há outra opção.

RÉVER: Não exibe o mesmo futebol deslumbrante do ano passado, mas ainda assim é um ótimo zagueiro. Referência para a defesa e sabe jogar futebol, além de ser uma arma ofensiva com suas cabeçadas.

THIEGO: Não pode vestir a camisa de um time como o Grêmio. Simplesmente não pode. Nem mesmo no banco. Na arquibancada, talvez.

ADÍLSON: Por algum tempo, foi o melhor jogador gremista ao lado de Victor. Inexplicavelmente, caiu de produção e chegou a ter atuações bizarras. Mas é um jogador de qualidade, com boa marcação e qualidade na posse de bola, que ainda vai evoluir muito.

TÚLIO: Esforçado, mas nada além disso. O bom de Túlio é que não gosta de inventar e faz o básico. Um bom reserva e só.

FÁBIO ROCHEMBACK: A maior decepção do ano. Chegou como esperança de futebol aguerrido e, ao mesmo tempo, de qualidade. O que se viu foi um jogador lento, acima do peso, que erra diversos passes e não acerta um lançamento sequer. Onde foi parar o Rochemback de antigamente eu não faço ideia.

LÚCIO: Outro que decepcionou. Confesso que, ao contrário de Rochemback, não tinha muitas esperanças. Jamais achei Lúcio um bom jogador, mesmo em sua passagem pelo Grêmio em 2007. De qualquer forma, é deficiente na marcação e não tem qualidade no apoio.

TCHECO: Banco, já. Tcheco jogou bem ontem, mas é um jogo a cada quinze. Querem mantê-lo no Grêmio? Então que seja na reserva, pela liderança. Mas, em campo, ele não lidera ninguém e irrita com sua lerdeza e falta de habilidade.

SOUZA: Assim como Tcheco, oscila demais. Mas Souza, pelo menos, é mais decisivo. Quando quer jogar e para com as firulas e os dar dribles a mais, tem a capacidade de fazer diferença. É rápido, tem visão, drible e sabe chutar a gol. Precisa ser mais objetivo.

DOUGLAS COSTA: Segue na promessa. Acho que todos já se deram conta de que Douglas não é o craque que tanto prometeram. De qualquer forma, é habilidoso e rápido e merece uma sequência de jogo. Nem que seja a última.

PEREA: Deu pro colombiano. Em dois anos no Olímpico, pouco ou quase nada fez. É hora de mandá-lo buscar outros ares.

JONAS: É atrapalhado, perde gols, frágil, mas ainda assim é nosso artilheiro na temporada. Não vejo Jonas como titular, mas não deixa de ser uma opção razoável para grupo.

MAXI LÓPEZ: Provavelmente, o argentino não vai ficar, o que considero uma perda para o Grêmio. Está longe de ser um craque e definitivamente não é um artilheiro, mas é um jogador de qualidade, que consegue segurar a bola no ataque como nenhum outro de nossos atacantes e é capaz de criar jogadas apenas no enfrentamento pessoal com os zagueiros. Gostaria que ele ficasse.

PAULO AUTUORI: Eu demorei pra começar a criticar o nosso treinador, preferindo dar tempo para ele trabalhar. Mas, hoje, vejo que ele não é o técnico ideal para o Grêmio. Tudo bem, a sua chamada falta de pegada irrita, mas não é só isso. Depois de sei lá quantos meses, o time não possui qualquer esquema de jogo, com onze caras perdidos em campo. E o pior: suas alterações são, em sua maioria, erradas – vide o que ele fez com Douglas Costa no Gre-Nal. No entanto, ele continua em 2010. Esperamos que, com um time mais qualificado, ele possa fazer alguma coisa.

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Fiquei só nos quem vêm jogando, que são aqueles sobre os quais é possível ter uma opinião mais embasada. Em resumo, não acho o time do Grêmio ruim. Longe disso. Verdade que algumas peças não têm lugar na equipe e outras não deveriam nem estar no Olímpico, mas é um grupo de certa qualidade (ao menos o time titular), que poderia ter demonstrado um desempenho melhor neste campeonato.

Não o fez e agora é pensar no próximo ano.

Medo, muito medo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Domingo de Gre-nal – o filme.

Por Cristiano Zanella


No ano de 1979 foram disputados cinco Gre-nais, clássicos inesquecíveis extremamente equilibrados, com muita pancadaria comendo dentro e fora de campo (uma vitória para cada lado, três empates, tendo cada um dos times marcado apenas quatro gols). Pelos gramados do Olímpico e Beira-Rio, desfilavam grandes craques como Manga, Ancheta, Vantuir, Jurandir, Paulo César Caju, Dirceu, Tarciso, André Catimba, Éder, Baltazar (Grêmio), Benitez, Mauro Galvão, Cláudio Mineiro, Falcão, Batista, Jair, Valdomiro, Bira e Mário Sérgio (Inter).

O sexto Gre-nal foi “disputado” nas telas dos cinemas do Rio Grande do Sul, e ficaria marcado na história como um dos mais obscuros e (por que não dizer) malditos filmes já produzidos em solo gaúcho. “Domingo de Gre-nal”, (longa-metragem em cores, com 90 minutos aproximadamente, censura de 10 anos) estreou em 24 de setembro de 1979, sendo lançado em algumas das principais salas exibidoras de Porto Alegre (cines Victoria, Rey, Miramar e Roma). Ficou pouco mais de uma semana em cartaz! Escrito por Sérgio Jockymann (jornalista, colorado, colunista da Companhia Jornalística Caldas Jr), produzido por Antônio Crivelaro e dirigido por Pereira Dias (diretor dos longas-metragens protagonizados pelos “cowboys gaudérios” Teixeirinha e José Mendes), ao lado de outras produções que estavam pintando da época, foi o embrião do cinema gaúcho urbano – até então, a produção cinematográfica local era dominada pelo chamado “melodrama-musical-regionalista”, de temática essencialmente rural, enredos ingênuos e precariedade narrativa extrema. A idéia era transpor a estes pampas a trágica história de amor entre Romeu e Julieta, transformando a inimizade dos Montecchio e Capuletto na disputa acirrada entre as torcidas de Grêmio e Internacional.

Paulo Santana (Hugo), então vereador de Porto Alegre e colunista de Zero Hora, odiado pelos colorados, protagonizava o patriarca do núcleo tricolor; o humorista colorado Chibé (Juca) era o representante vermelho. Duas típicas famílias de classe média, moradoras de uma casa geminada, declaram guerra quando – na semana em que se decide o Campeonato Gaúcho – descobrem que seus primogênitos vivem uma paixão secreta e proibida. Roberto Gigante, jornalista, ator de teatro e colunista social do Jornal do Almoço (então torcedor símbolo do Inter que, entre outras peripécias, protagonizou o “Caso Cléo” – quem se lembra?), fazia o papel do padre do bairro, que acoberta o namoro, tentando assim evitar uma que tragédia familiar. O filme contava ainda com participações especiais de cronistas esportivos da época, como Armindo Antônio Ranzolin, Enio Mello, Haroldo de Souza, José Matzembacher, Larry Pinto de Faria, Lauro Quadros, Luiz Carlos Bencke e Ruy Carlos Ostermann, além dos torcedores da dupla Camelinho e Terezinha Morango. Bons tempos...

Fracasso de público e crítica (Tuio Becker, Goida, Ivo Stigger, Hélio Nascimento, entre outros críticos da época, simplesmente destruíram o filme), voltou a ser exibido em São Paulo, em 81, com novo título: “Amor e... bola na rede”. Atualmente, “Domingo de Gre-nal” tem sua única cópia restante arquivada na Cinemateca Brasileira (SP), aguardando restauração.

Trinta anos se passaram, mas parece que foi ontem! Nada mudou: no passado, no presente e no futuro, nas telas ou nos gramados, Gre-nal é Gre-nal – o maior clássico do futebol brasileiro! Com os pés no presente, os olhos no futuro e o coração no passado... um excelente Gre-nal aos os gaúchos e gaúchas de todas as querências!

Com o Grêmio sempre – na peleia!!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mais do mesmo.

Por Silvio Pilau


Escrever sobre o Grêmio neste Campeonato Brasileiro é um verdadeiro desafio à criatividade. Dia após dia, jogo após jogo, mês após mês, a situação continua a mesma. Nada parece mudar e nada realmente muda. Os problemas se repetem, o discurso é igual e a desconfiança por parte do torcedor permanece. Falta assunto. As novidades são nulas. O Grêmio se limita às obviedades, um verdadeiro pepino para qualquer escritor que busque redigir algo no mínimo original.

Este final de semana foi mais um deles. Novamente, agora contra o logo-acima-da-zona-de-rebaixamento Coritiba, a atuação ficou devendo. E muito. A defesa continuou inconsistente, com os atacantes paranaenses finalizando toda hora na cara do milagreiro Victor. Não fosse esse, mais uma vez, teríamos perdido. Victor não é somente o melhor goleiro do futebol brasileiro, mas um dos melhores do mundo. Se ele não tivesse sido convocado, poderíamos ter vencido os últimos jogos. Ou alguém acha que ele tomaria alguns dos gols que Marcelo levou nesse tempo?

Vejam só, já voltei a um assunto recorrente. Falar dos milagres de Victor não é mais novidade para ninguém, e lá estava eu discorrendo novamente sobre isso. Mas, também, sobre o que mais posso falar? O gol de Perea, talvez. É uma boa. Belíssimo gol, com direito a entortada no zagueiro e finalização perfeita e surpreendente. No entanto, todos nós conhecemos o futebol de Perea e, por isso, sabemos que momentos como esse são lances raros na carreira do colombiano. Torço, ao menos, que essa raridade venha com mais frequência.

Tem outra questão que também acontece toda semana, mas que não comentei aqui ainda: a disparidade entre o que vemos em campo e o discurso de Autuori. Para o nosso comandante carioca, tudo sempre parece bem: segundo o que dá pra entender de suas digressões, o Grêmio só perde nos detalhes, sempre jogando e criando mais que o adversário. De onde ele tira isso, não sei. O Grêmio tem jogado menos que o Inter. Qualquer um vê. A defesa está furada, a criação é fraca, o time está desligado em campo. A vontade de vencer não parece existir.

Tcheco? Não falo mais sobre Tcheco. Todo mundo que acompanha esse espaço sabe a minha opinião sobre o camisa 10. Minha preocupação verdadeira para o Gre-Nal é a perda de Máxi López. O argentino está longe de ser craque, mas também está muito à frente de nossos outros atacantes. Máxi sabe segurar a bola, faz bem o pivô, luta com os zagueiros e consegue criar lances de perigo apenas no enfrentamento pessoal. É o nosso único atacante capaz de fazer isso e será um desfalque gigantesco para o clássico.

No geral, foi mais uma atuação abaixo da média. Nem mais em casa o Grêmio consegue convencer. Assim iremos até o final, aos trancos e barrancos, apostando nas defesas de Victor, nos lances de bola parada e, principalmente, na inépcia dos adversários. O Tricolor demonstrou, mais uma vez, que briga pelo G4 não porque está em crescimento ou com um time encaixado, mas porque as demais equipes estão ainda piores.

Agora vão me xingar por estar falando mal do Grêmio após uma vitória. Bom, falar mal após derrota é o normal. Assim, pelo menos, eu consigo fugir um pouco da obviedade.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A análise do Irineu.

Por Cristiano Zanella

Gremistas do meu Brasil varonil e mundo afora!

Entre os inúmeros e-mails que recebo de amigos “virtuais” (que “conheci” através das colunas do Final Sports), destacam-se as mensagens enviadas pelo professor Irineu Staub, especialista em administração e planejamento, consultor em marketing, profissional de elevada cultura e inteligência e, é claro, como toda pessoa de boa índole, torcedor do Grêmio. Trata-se de um “gremistão original de fábrica” (sócio desde 72), autêntico e atuante, daqueles que costumo classificar sob o status de “gremista pré Batalha dos Aflitos”, ou seja, identificado com a verdadeira alma tricolor e acostumado com as grandes vitórias.

Em sua última mensagem (abaixo, em anexo), enviada logo após o jogo contra o Corinthians (outra derrota? Até quando?) o professor diagnosticou, com clareza e objetividade, o atual momento do Grêmio: “tem atleta confundindo futebol limpo (fair play) com atuação frouxa, demora com tranqüilidade, pressa com rapidez, displicência com calma, e outras tantas coisinhas...”.

Em sua busca incansável pela consolidação do Grêmio como “marca mundial em futebol”, transcrevo, com algumas pequenas alterações, a análise muito apropriada do professor!

---Estou impressionado com o Grêmio e sua apática performance em 2009. Muitas apresentações simplesmente são ridículas: contra o Atlético Paranaense foi uma delas; contra o Sport, outra.

Além de falta de talento, a equipe é carente de "mentalidade vencedora".

Assisti no Discovery Channel um documentário chamado "Mestres do Combate", no qual dois americanos saem mundo afora pesquisando (estudando, aprendendo) e "participando" como alunos de eventos de artes marciais (estiveram duas vezes no Brasil, estudando a Capoeira e o Jiu-Jitsu).

Uma das artes apresentadas foi o Kung Fu, que sempre considerei muito especial, cuja filosofia e prática considero importante na formação dos atletas profissionais de todas as áreas, a começar pela formação do cidadão. Pois as práticas filosóficas e empíricas do Kung Fu viriam a calhar para o estilo de futebol preconizado por Paulo Autuori.

Nos vários "combates" que o documentário apresentou, a "postura" e o "comportamento" dos atletas foi exemplar. Fora dos "rounds", todos eram pessoas extremamente educadas. Quando dada a "ordem de combate", os lutadores viravam feras, com um poder impressionante de realizar o trabalho: executar os golpes.

Quando, eventualmente, cometiam faltas ou algum outro ato proibido, eram extremamente polidos, diplomáticos e corretos no sentido de reconhecerem seus erros e se desculparem com o adversário. Mas, o que chamava a atenção era a determinação, a força mental, a certeza e rapidez dos golpes, a precisão dos ataques, a vivacidade mental e a capacidade de "ler" o adversário e perceber os pontos fortes e fracos, que eram devidamente explorados.

Ou seja, APRESENTARAM TUDO O QUE ESTÁ FALTANDO AO GRÊMIO!

Ao time falta "gana", vontade de ganhar, de se empenhar. Tem atleta confundindo futebol limpo (fair play) com atuação frouxa, demora com tranqüilidade, pressa com rapidez, displicência com calma, e outras tantas coisinhas...

Como consultor, diria ao Dr. Meira que a falta de POSTURA, da mesma forma que os problemas de PERSONALIDADE, são diagnósticos conceituais.

A questão é: QUAL A RESPOSTA ESTRATÉGICA E OPERACIONAL QUE A DIREÇÃO DARÁ AO PROBLEMA?

A bem da verdade, em termos de "estudos organizacionais", parece que o diagnóstico está impreciso, incompleto.

A "postura" é propensão, tendência, julgamento (Sou "contra" o fumo...). O "comportamento" é ação, realização, operação (Eu fumo ou não fumo...).

Pela enésima vez, digo e repito:

É visível que falta ao plantel, comissão técnica e dirigentes do Grêmio, dois tipo de trabalho, nas áreas de:
1. COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL, que vale para todos;
2. PSICOLOGIA ESPORTIVA, especificamente para os atletas.

A fragmentação reiterada, a queda vertiginosa da equipe fora de casa, são mostra indisfarçável da FALTA DE UMA MENTALIDADE VENCEDORA, sem contar a ausência de ESPÍRITO COMPETITIVO, PELEADOR, AGUERRIDO.

No jogo de sábado (contra o Corinthians) mais uma vez a dispersão do ataque, a desarticulação do meio (jogo do Sport) e a fragilidade do sistema defensivo. Ter gana de vencer, jogar forte, não quer dizer ser "desonesto". Quer dizer SER PRECISO, ASSERTIVO, FIRME, EFICIENTE.

Tenho a impressão de que o Paulo Autuori prega um futebol limpo, firme, seguro, eficiente.

Por que os atletas não conseguem responder a essa prescrição de forma correta? Aulas de Kung Fu neles!

A propósito do Planejamento 2010, sugiro incluir a contratação de profissionais dessas duas áreas, lembrando que "de boas intenções, o inferno está cheio"...

Bom feriado. Ótima semana.

Saudações tricolores.

Irineu Staub

---Se o atual técnico tem ou não “a cara do Grêmio”, se o Grêmio tem ou não “o melhor time do Brasil” (afirmação de Sousa), numa coisa todo mundo concorda: a expectativa era de uma melhor performance no Brasileirão. O elenco não é tão desgraçado assim para brigar por vaga na Sul-Americana. Está faltando, sim, “mentalidade vencedora”, gana, vontade, disposição para “pelear”, obsessão pela vitória a qualquer custo, entre outros tantos predicados que fizeram do Grêmio “marca mundial em futebol”.

A continuar com esta filosofia passiva e conformada dentro (e fora) do campo, é evidente que os próximos tempos serão difíceis...! Se os colorados já não agüentavam mais as explicações auto-enrolativas do pastor caxiense, nós gremistas também já estamos por essas com o discurso (e o “planejamento”) vazio e infrutífero da direção e comissão técnica (se era pra fazer uma campanha destas, podiam ter trazido o Renê Simões ou o Vadão, deixado o Rospide no cargo ou até mesmo ter re-contratado o pastor Adenor) – Autuori é salário top Brasil (equiparado com Luxa e Murici)!

O Grêmio que abra o olho! O Coritiba (do Marcelinho Paraíba, que o Grêmio não quis contratar) vem aí e é um time traiçoeiro! A equipe defende a invencibilidade no Olímpico, entra com atletas pendurados e o próximo jogo é o Gre-nal! Se não fosse gremista, já tinha jogado a toalha...

Acorda, Grêmio!!!

Saudações sempre tricolores,

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Eles merecem jogar no Grêmio?

Por Felipe Sandrin


Afinal, onde mora essa tal esperança?

No tornozelo de um injustiçado, que de vilão tornou-se artilheiro, titular incontestável? Serão as lágrimas de Jonas o sinal do desespero? O fim do caminho deste que é o ataque mais positivo do campeonato?

Está na frieza de um Autuori que quase não gesticula, grita ou perde a paciência? Ou está na sua forma humilde de assumir a culpa por erros que não são somente dele?

Existe, afinal, alguma esperança olhando um Thiego que cai sozinho, marca mal e, mesmo jovem, corre tão pouco quanto Ronaldo? Sobrevive a esperança ante um Herrera que no mais simples domínio consegue por a mão na bola?

Veio do Paulista uma esperança chamada Victor, mas e quando ele não está em campo, o que nos resta de nosso milagreiro além do topete que também está na cabeça de Marcelo?Afinal, onde morre nossa esperança? E quando ressurgirá ela? Em 2010, o ano dos planejamentos que se tornarão realidade?

Que mágica é essa que nos ilude achando que o trabalho ganhará consistência, que Thiego aprenderá a jogar bola, que Herrera aprenderá a dominar, e o Tcheco a passar?

E então, será tal esperança apenas ilusão? Sonhar com a Libertadores é permitido, ou melhor agradecer por não estarmos vivenciando o pesadelo do rebaixamento?

Quando não existem respostas dentro de campo, sobram perguntas fora dele. Sendo assim, nos resta fazer de cada jogo um jogo. Pensar adiante é besteira, achar que em 2010 tudo será diferente também é besteira: por mais que o trabalho amadureça e evolua, não surgirá o grande jogador capaz de desequilibrar, o grande lateral dos bons cruzamentos, o atacante que não erre gols e o zagueiro que vista a braçadeira de capitão e diga: “aqui mando eu”.

A receita de um bom time não são 11 jogadores incríveis, mas também nunca bastaram 11 determinados. É preciso mesclar, contratar com sabedoria e comandar com rigidez.

Tem muito jogador fazendo festinha por ai, se deliciando junto às mais belas mulheres do planeta: sim, as gaúchas são de cair o queixo, mas daí pra perder a vergonha na cara e fica fazendo porre mesmo depois de péssimos resultados é castigo demais pra nós torcedores.

Tá faltando humildade pra gente do grupo, faltando coragem pra baixarem os vidros dos carros peliculados e, olhando no olho dos torcedores, falarem de forma sincera: “vamos lutar até o fim”.

A principal pergunta é a que cada jogador deveria fazer a si mesmo: “eu mereço jogar no Grêmio?”.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Exames.

Por Silvio Pilau

Não sou médico, mas todo mundo sabe que o corpo humano tem recursos para nos avisar que algo está errado. São os chamados sintomas. Assim que algum vírus ou corpo estranho começa a prejudicar nosso corpo, o organismo envia sinais de que um problema ocorre: dores de cabeça, febre, vômitos, etc. É através destes sintomas que começamos a cogitar a possibilidade de alguma doença estar nos atacando para, em seguida, buscar o tratamento necessário.

Pois o Grêmio está doente. Não sei ainda qual o diagnóstico, mas algum mal aflige o nosso clube neste Campeonato Brasileiro. Os sintomas são claros. Ocorrem a cada nova partida. A falta de ímpeto e de vontade de ganhar. A falta de apoio dos laterais. Os meias que freqüentemente somem do jogo. A facilidade com a qual os adversários chegam em nossa área. E por aí vai. Indícios óbvios, claro, da enfermidade que atinge o Grêmio e da qual a cura parece longe.

Hoje, o Grêmio é um paciente em convalescença. Alguém que parece ter sofrido com alguma doença e que, apesar de dar mostras de recuperação, jamais consegue ter alta. Ou mais: um doente que se sente bem dentro de casa, mesmo que com alguns problemas, mas assim que passa pela porta da frente, logo começa a se sentir mal. O Grêmio cambaleia, levanta, dá uma corrida, perde o fôlego, tem uma parada cardíaca, levanta de novo e assim continua. Não há um quadro estável que o faça seguir em frente.

E o pior é que a doença parece não ter cura. Ou, pelo menos, o remédio não foi encontrado. O doutor Autuori enrola os familiares dizendo que a situação está evoluindo, mas ninguém percebe isso. Os sintomas continuam se repetindo. Um deles, por exemplo, é significativo: em todas as partidas, ocorrem pelo menos dois lances nos quais os jogadores gremistas seguram a bola no meio-campo até um adversário chegar por trás e roubá-la. Isso é inadmissível. Uma das primeiras coisas que qualquer guri aprende jogando futebol é gritar “Ladrão” quando um oponente vem tirar a bola do companheiro que está de costas. Parece que ninguém do Grêmio faz isso. Assim, é inevitável a conclusão de que eles não estão nem aí para ganhar ou perder.

E mais: pode o nosso jogador mais talentoso, aquele do qual dependemos para a criação das jogadas, ficar praticamente o jogo inteiro sem tocar na bola? Ou alguém viu Souza em campo ontem? Pelo menos, Rochemback demonstrou pela primeira vez que ainda tem talento. Seu primeiro tempo foi impecável: combatendo e apoiando com eficiência, nosso camisa 4 parecia estar em todos os lugares do campo. Depois cansou um pouco, mas foi o Rochemback que esperamos. Muito disso se deve ao fato de que Túlio guardou posição à frente da área. Acho que Adílson tem muito potencial, mas precisa um pouco mais de amadurecimento e, na situação atual, Túlio pode ser a melhor opção.

O fato é que está na hora de o organismo tricolor começar a funcionar. Ainda estamos vivos em busca do objetivo da Libertadores, mas é hora de parar de sangrar, fazer os curativos e ficar em pé com toda a disposição. A família gremista de milhões está sempre apoiando. Falta um pouco mais de força do próprio paciente e do doutor Autuori. Antes que seja tarde demais.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A praga do “Vesgo”.

Por Cristiano Zanella


Recordar é viver! E o povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la! Esta semana um amigo (diga-se de passagem, baita gremista) enviou-me uma mensagem de e-mail que tinha como assunto “Grandes títulos, só em dez anos”, e trazia anexada uma imagem da contracapa do jornal Correio do Povo, do dia 02 de março de 2005. Nela, Mário Sérgio – o “Vesgo” –, então coordenador técnico do Grêmio, previa que o tricolor iria amargar uma década de insucessos até que um título importante fosse conquistado. “Grandes títulos só dentro de dez anos”, preconizava o “Vesgo”, grande jogador, comentarista esportivo experiente, empresário e técnico de futebol. Direta, sincera, nua e crua, a frase de Mário repercutia mal entre os dirigentes tricolores, que prontamente trataram de desmenti-la e descontextualizá-la, numa clara demonstração de – no mínimo – falta de autocrítica.

A comparação era inevitável: recuei mais alguns anos no tempo, especificamente ao ano de 2001, e lembrei da frase do então coordenador técnico do co-irmão ribeirinho, João Paulo Medina, ao traçar um diagnóstico do Inter da época. Segundo Medina, o clube levaria entre quatro e seis anos para tornar-se auto-sustentável, prazo no qual seu trabalho começaria a “dar frutos” (títulos). Para quem estava há mais de duas décadas “na seca”, é até normal... mas a frase estremeceu os alicerces coloridos, causou enorme polêmica às margens do Guaíba e culminou com a demissão do professor Medina. O ano era 2001, o Grêmio Tetra Campeão da Copa do Brasil, com o pastor Adenor no comando – o mundo é mesmo uma grande piada! Quase dez anos atrás... é tempo pra burro!

Pois a avaliação de Medina foi exata, não é preciso lembrar-lhes o porquê. Duas frases, dois profissionais sérios, dois clubes em processo de reformulação, e a mesma avaliação: é preciso organizar-se primeiramente como instituição, e depois como equipe de futebol. Talvez (e é muito provável que) a gestão de Duda Kroeff, no Grêmio, repita a gestão de Fernando Miranda, no Inter – sem títulos expressivos, mas deixando a casa em ordem, para então partir para algo mais do que meros Gauchões (pra quem está desde os tempos do Tite “na seca”, é o que tem)!

Esta semana, o “Vesgo” – que é vesgo, mas não é bobo (olha pra um lado e lança a bola pelo outro) – desembarcou no Salgado Filho com o mesmo discurso de 2005, quando esteve no Grêmio: a identificação com o clube, os grandes títulos conquistados, a visão pragmática e objetiva, solicitando apoio à torcida, exigindo motivação aos atletas! Desta vez (ainda) não arriscou um prognóstico para a próxima década (até porque, não costuma ficar mais de meia temporada pelos clubes onde tem passado)!

Mário Sérgio Pontes de Paiva, Campeão do Mundo, rogo-te uma praga: para cada “dez anos do Grêmio sem grandes títulos”, ficarás vinte sem ganhar nada, e tua sina como treinador será a derrota até o fim dos teus dias – e, por fim, a Tríplice Coroa Centenária estará resumida ao Carnaval de Porto Alegre, ao Gauchão e a Suruga Cup (e, por hora... é o que tem)!

Futebol é momento, e de uma hora pra outra tudo pode mudar! Torço para que a praga do “Vesgo” não se concretize, mas, caso ele venha a acertar sua previsão de 2005, (ufa!) quase cinco anos já se passaram! E, pensando bem, se for preciso mais vinte, trinta, quarenta ou mesmo cem anos para um título de expressão, não importa – maior ainda será o meu gremismo! Jamais nos matarão! Assim foi, assim será, e não adianta... Afinal de contas, é Grêmio sempre!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Quatro passos para estragar um domingo.

Por Felipe Sandrin


Poderia ter sido um domingo perfeito: o céu estava azul e o calor nos dava a idéia de um dia onde tudo daria certo. Porém, não havia uma defesa no meio do caminho, no meio do caminho não havia uma defesa.

Vendo o jogo, gol sofrido após gol sofrido, não era tristeza que eu sentia, e sim raiva. Foi um jogo de atos culposos, daqueles que você fica dias a lamentar-se – às vezes, até a vida toda, como foi contra o Figueirense na época de Mano, um jogo dado como fácil que nos custou a Libertadores do ano seguinte.

O mais incrível de nossas falhas é que essas não precisam ser comentadas uma a uma, gol a gol. Fazendo uma análise em cima de apenas um dos lances, concluímos a mesma coisa. Mas mesmo assim podemos destacar o que nos fez deixar escapar dois fundamentais pontos.

Primeiro, Marcelo está muito abaixo de Victor. Ele não chega a ser um mau goleiro, mas sua insegurança reflete em nós: ver Marcelo debaixo do gol é ter medo de toda bola que ronde nossa área. E se Marcelo nos faz sentir assim, será que também não faz com que seus companheiros de defesa se sintam? Temos um grande goleiro para substituir Victor e o nome dele é Matheus Cavichioli. Atualmente emprestado ao Caxias, o arqueiro não somente se firmou como grande destaque do time grená, mas também hoje é o capitão e o cara que mais chama atenção nos treinos e jogos do time serrano.

Segundo, a volta de Leo, que, após um longo tempo sem atuar pelo time principal, teve a chance perfeita de voltar e semear a dúvida na cabeça de Auturori, mas os gols ridiculamente sofridos acabaram por trazer certeza ao nosso treinador – que hoje, obviamente, vê Rafa Marques como titular incontentável de nossa zaga.

O terceiro ato vem no pênalti de Tcheco, que podia até aquele momento ser chamado de tudo, menos de um mau batedor. Mas, no futebol, se até os melhores e mais incríveis jogadores erram, o que dizer de Tcheco, que este ano não vem sendo nada mais do que um mediano jogador na reta final de uma carreira?

Quarto, definitivo e mais irritante ato é, óbvio, a entrada de Thiego. Em um jogo onde tudo dava errado e somente a torcida fazia sua parte, Paulo Autuori resolve se queimar com quem? Exatamente, a torcida.

Agora, dois jogos fora. Em outras épocas, pediria a todos esperança, mas desta vez podemos fazer um discurso um pouco diferente. Quem sabe apenas pedir que sigam fazendo o que fizemos até agora: não desistam do Grêmio. Xinguem jogadores, os gols estúpidos que não cansamos de tomar, mas nunca, nem por um momento, desista do Grêmio.

Assim, no final, independentemente da colocação que terminemos, com orgulho, poderemos dizer que nós fizemos nossa parte.

Sem perder o espírito!

Por Felipe Sandrin


Não trata-se mais de acreditar em título ou mesmo numa vaga para a Libertadores, mas sim em acreditar no equilíbrio, nunca alcançado dentro do campeonato. O clube de melhor campanha em seus domínios padece sobre oscilações e inconstância quando joga fora.
O campeonato está longe de terminar, mas as esperanças se esgotam ante a pergunta sem resposta: por que jogamos tão mal longe do Olímpico? De onde vem esta diferença tão brutal de futebol?
Seria mais fácil de entender se jogássemos mal, seria simples pensar que vencemos não convencendo, mas isso não acontece: em casa somos, ousados, fortes incansáveis; o time atira-se de tal forma que não existe medo de derrota e assim a vitória surge com naturalidade, sem obrigação, apenas por determinação.
Contra o Goiás, mal chagávamos ao ataque, e mesmo assim foi uma das partidas fora de casa na qual mais atacamos. Como pode o time se esconder tanto? Por que a bola fica tão pouco conosco sendo que temos jogadores experientes e habilidosos?
Nosso grande problema tornou-se a passividade. Jogando fora, nosso pensamento fica em contra-ataques, em um único ataque que mude o jogo, um gol que nos tranque na defesa. Mas porque não fazemos como no Olímpico? Por que não marcar a saída de bola, atacar, atacar e atacar? Qual o risco de sermos ousados? Perdermos? Mas é isso que vem acontecendo desde o início, então não existem mais riscos, apenas novas buscas.
Autuori é tático, estuda, analisa e busca aperfeiçoar posições, mas hoje nossos grandes problemas não são individuais, mas sim de grupo. Enquanto uns entram voando, outros então no marasmo do “empate é bom”, e nesse ritmo o grupo fica sem forças para reagir, tomamos gols e o time pensa que ai está mais uma derrota.
O time precisa produzir. Contra o Sport, faremos isso; mas e contra Atlético e Corinthians? Dois jogos fora de casa, dois jogos de fundamental importância, que botariam o clube novamente na briga pelo equilíbrio que sagrará o campeão.
O time precisa produzir, atacar, atacar e atacar, moer o Sport desde o início, mas o mais importante é assim que o jogo acabar tentar não esquecer a forma com que jogamos, a forma como fomos ousados, porque se conseguirmos ser isso nas partidas longe temos muito mais chance de vencer do que ficando atrás como um time medíocre.
Temos jogadores bons, que desequilibram, temos até o artilheiro do campeonato, melhor então manter a bola lá na frente, não é mesmo? Nossa defesa é muito boa, mas defesas estão ai mais para afastar perigos do que cadenciar jogo ou decidir em jogada individual.
Precisamos de vitórias, de ousadia, precisamos entender que não há mais nada a perder e ser corajoso significa correr riscos.
Se é pra perder, que percamos lutando e atacando, porque dessa forma perdemos apenas o jogo e não nosso espírito. Perdendo o jogo, ainda teremos o próximo, mas perdendo o espírito, só o que nos sobra é a morte lenta e o adeus frustrado de quem pouco fez e nada mereceu.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Inspiração europeia.

Por Silvio Pilau


O futebol europeu me deixa mal-acostumado. É sempre a mesma coisa. Basta começar a temporada no Velho Mundo que me dou conta de como a bola jogada aqui no Brasil é fraca. Não que nossos jogadores sejam ruins, mas os melhores jogam na Europa. Este ano, ainda temos um Adriano, um Ronaldo, um Fred, um Gilberto, que acrescentam qualidade ao nosso Brasileirão. Mas o fato é inegável: comparado ao que é apresentado em gramados, principalmente, da Espanha, da Itália e da Inglaterra, o que se vê aqui chega a ser vergonhoso.

Com exceção da última partida pela Liga dos Campeões, assisti aos três jogos anteriores do Barcelona. É algo impressionante. Atualmente, ninguém joga futebol melhor e mais bonito que o clube catalão. A equipe de Guardiola tem uma combinação perfeita entre classe, habilidade e agressividade, conseguindo marcar e atacar com grande eficiência. Claro que o ataque, com Messi, Ibra e Henry, é infinitamente melhor que a defesa, mas o Barca, além de golear, consegue morder e apertar tanto que os adversários não conseguem jogar.

O time grená é, hoje, o pináculo do futebol mundial, mas não é o único que joga com beleza em terrenos europeus. Assistir a Chelsea, Real, Manchester e até clubes medianos é sempre um prazer, pois se encontra um futebol que não temos aqui. São poucos erros de passe, jogadores que sabem bater na bola, juízes que deixam a partida correr e extrema eficiência na marcação. Exatamente o contrário dos chutes de canela, displicência dos atletas e covardia dos árbitros que acompanhamos no Brasil.

E acompanhar o futebol europeu, como disse no início desse texto, está me deixando mal-acostumado. Digo isso porque a minha visão do futebol costuma ser diferente daquela que a maioria tem. Por exemplo, muita gente viu o Grêmio com boa atuação no último domingo, contra o Goiás. Paulo Autuori, inclusive, foi um deles. Porém, ao meu ver, o Tricolor foi patético. Ainda na metade do primeiro tempo, mesmo vencendo o jogo, falei para quem estava ao meu lado que o Grêmio perderia aquele jogo.

Não, não estava secando. Mas qualquer um via que a equipe não sustentaria a vitória por muito tempo. Simplesmente pairava o desinteresse em todos os atletas com a camisa gremista. A marcação, que sempre foi a grande força desse clube, chegava a dar vergonha. Os jogadores do Goiás dominavam a bola e carregavam-na por dez, quinze, vinte metros sem serem incomodados. A distância entre nossos marcadores e quem dominava a pelota era imensa. Encurtar espaço pra quê? Léo Lima disparou do meio de campo e chegou na cara de Victor para cabecear sem um esboço de reação de qualquer gremista para marcá-lo. Assim é fácil.

E com a bola no chão não foi diferente. Rochembak conseguiu errar todos os lançamentos que tentou. Tcheco sumiu novamente. Souza exagerou nas firulas. Jonas e Maxi não conseguiam segurar a bola – mas, a favor deles, a ligação direta defesa-ataque foi feita durante toda a partida. Bruno Collaço foi o covarde de sempre: burocrático e só com passes para trás. E Thiego... ah, Thiego. Preciso falar sobre Thiego? Que ele não é lateral, todo mundo sabe. O problema é que nem mesmo como zagueiro ele deveria vestir a camisa do Grêmio. É jogador de segunda divisão do Gauchão, no máximo.

E Autuori? Evitei até o momento reclamar do treinador para ver se o tempo gerava resultados. Porém, a cada novo jogo eu me decepciono um pouco mais. Tudo bem que faltam opções de reposição quando ocorre a perda de atletas, mas o Grêmio tem um time titular bom que poderia render mais, especialmente fora de casa. O grande problema da equipe, que passa diretamente pela mão de Autuori, é a apatia. O Grêmio parece não entrar em campo com a vitória como objetivo. Se ganhar, se perder, tudo parece estar bem. Cadê a vibração que tanto orgulha os tricolores? Por onde anda a marcação que sempre foi o destaque gremista? Onde foi parar a fibra e a luta que nos deram tantas glórias?

Hoje, o Grêmio é passivo, covarde. Uma equipe que parece jogar por obrigação. Um time que se amedronta quando está ganhando e se diminui até tomar os gols e entregar mais uma partida. Claro que não é sempre assim. No campeonato, já fizemos ótimos jogos. Mas o fato é que o Grêmio jamais deve com esse desinteresse. Jamais. Talvez Autuori e os jogadores achem que um ou outro jogo de apatia pode acontecer. Pois, antes que seja tarde demais, é bom que eles entendam: para o verdadeiro gremista, isso é inaceitável.

Torcer, torceremos sempre. Mas está cada vez mais difícil não se irritar vendo os jogos do Grêmio.

Sorte que a temporada europeia está apenas no início.