quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pontos corridos.

Por Cristiano Zanella

Quando, no distante ano de 2003, decidiu-se que o Brasileirão seria disputado pelo sistema de pontos corridos, previ que ia ser difícil para o Grêmio adaptar-se a esta nova fórmula, já que o imortal era então tido com imbatível no “mata-mata” (Libertadores, Copa do Brasil, Gauchão). Dito e feito: se desconsiderarmos o ano de 2008, quando entregamos o título na reta final, a trajetória é bastante irregular, e o aproveitamento do Grêmio desanimador. 2009 não será diferente, e, ao que tudo indica, não deixará saudade para os torcedores da dupla.

Para ser campeão pelo sistema de pontos corridos é preciso planejamento, estrutura, um time de qualidade, recursos financeiros, influência política – tudo que o Grêmio não teve nos últimos anos. Troca direção, troca técnico, modifica-se o elenco e o trabalho parte do zero a cada início de temporada. Esta prática vai minando também a identidade do clube, e aos poucos o futebol-força, o futebol-raça, o futebol-pegada, o futebol-alma, que sempre foi a marca do Grêmio, parece estar desaparecendo. A culpa não é exclusiva de Autuori (o pior aproveitamento entre os últimos técnicos do Grêmio – Rospide, Roth, Mancini, Mano), do elenco ou da torcida. Tampouco culpo a atual direção, que trouxe bons reforços e manteve os titulares, investiu o que pôde na Libertadores e está tentando botar a casa em ordem, dispensando atletas encostados e pagando credores. É sim, todo um conjunto de fatores que precisam ser avaliados, analisados, comparados, confrontados e solucionados, com todas as partes envolvidas no processo operando em sinergia: torcida, dirigentes, comissão técnica, atletas.

Contra o Goiás, perdemos (mais) um jogo perfeitamente vencível, mas, é claro, não adianta individualizar a culpa: o futebol do reserva Thiego já nos custou alguns pontos, e é por isso mesmo que ele é reserva! E que falta fez Mário Doril, sentadinho ali no banco... Não tinha um pra sentar a botina no Léo Lima, que entrou solito, soberano, cruzou toda intermediária sem marcação e cabeceou pra dentro? Será que uma semana toda de treinamento não foi suficiente para anular uma jogada que era sim previsível? Aí o cara tira o Jonas (tudo bem, não tava jogando nada, mas é goleador do campeonato) pra botar o Herrera? Olha, o ataque com os dois argentinos é um dos piores que já vi jogar no Olímpico, e não vai a lugar nenhum... junto com o resto do time caminhava em campo, mostrando-se satisfeito com o empate contra o Goiás do Hélio dos Anjos! É dose! Dos seis que entraram amarelados, apenas Rafael Marques levou o terceiro e não joga a próxima, o que mostra claramente que faltou marcar e fazer faltas, dar carrinho e dividir bola – é esta a marca do Grêmio, o treinador precisa entender e incorporar esta característica que está no DNA do clube a seus conceitos futebolísticos! E, de tanto cozinhar o empate, o adversário foi lá e fez a dele: Goiás 2 x 1 Grêmio, um resultado mais do que esperado.

Mas... o campeonato só acaba quando termina! Gremista de verdade não joga a toalha, levanta a cabeça, dá a volta por cima! Se o título está cada vez mais difícil, vamos à ele! O foco tem que estar – sempre! – no título, assim uma possível classificação à Libertadores será apenas uma óbvia conseqüência (afinal de contas, é o Grêmio, o time das causas impossíveis)! Ainda tem tempo de reverter a tendência de Sulamericana 2010, mas o que está faltando vai além das questões técnicas e táticas: é marcação, raça, pegada, peleia, a obsessão pela vitória, custe o que custar!

Retroceder? Nunca! Render-se? Jamais! O que passou já é passado, não adianta lamentar, são pontos perdidos! Daqui pra frente, tudo vai ser diferente! Mas, insisto: o Grêmio precisa ser novamente o Grêmio, um time que disputa, que marca, que faz faltas, tem que ser o velho Grêmio! Vamos com tudo pra cima do Sport somar mais três pontos corridos, aos trancos e barrancos, chutando a bola e o adversário, que a hora é essa, e atrás... vem gente!

É Grêmio sempre!!!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Se não fosse o Grêmio, diria que já era.

Por Ricardo Lacerda


Balde de água fria. A derrota pro Goiás deu uma bela freada na ambição tricolor. Chegamos a pensar no título, depois de duas vitórias consecutivas, mas o fato é que acabar o campeonato na ponta de cima da tabela é praticamente impossível. Fosse qualquer outro time, diria que é, sim, impossível, mas em se tratando de Grêmio, ninguém duvida de nada.

Disseram que o time passou a semana estudando o Goiás e se preparando para jogar no contra-ataque. Ok, o primeiro tempo não foi ruim, mas também não vi a velocidade de um time que quer ganhar no contra-ataque. Talvez porque o time de Hélio dos Anjos tenha nos sufado, tal como Autuori esperava. O que eu vi? Um meio de campo lento e muita ligação direta entre zaga e ataque. Jonas e Maxi não foram eficientes ao prender a bola, que muitas vezes chegou quadrada. Especialmente quando o autor da “ligação” era Thiego.

Meu deus! O que tem esse Thiego que só os treinadores enxergam? Mais do que qualquer outro, o cara é uma unanimidade negativa. Não conheço ninguém que diga que Thiego é bom jogador. Roth gostava e escalava Thiego. Autuori faz o mesmo. Decerto é compenetrado nos treinos e, mais do que isso, é aplicado. Thiego é o típico jogador que faz exatamente o que o treinador manda. Deve ser por isso que ele joga. Com Nunes era assim. Era nossa Geni. Todo mundo xingava, falava mal, e sempre que um titular do meio de campo se ausentava, lá estava Nunes. Precisou o Paulo Sant´Anna fazer um apelo na ZH para que Nunes fosse barrado do time.

Agora temos Thiego. A culpa pelos infortúnios não é só dele. Longe disso. Só acho que não é jogador pro Grêmio. Não tem ninguém na base que possa render mais que Thiego enquanto Mario não está 100%? Saimon tá jogando a Copa Arthur Dallegrave. Traz o guri. Pior que Thiego ele não é. Thiego vai acabar se queimando (sim, ainda mais) de modo que só vai piorar sua situação enquanto profissional. Quando todo mundo vai contra, é difícil dar certo. Thiego já fez a cagada se ser expulso contra o Coritiba de maneira infantil. Agora, dá um senhor passe pro Felipe nos matar no Serra Dourada. Sem contar outras tantas. Chega, né!?

É ruim ficar falando mal dos outros, mas se o espaço está disponível, é preciso ser dito: Thiego não dá pra engolir! Quanto ao resto, vamos lá, é o que tem. Tô curioso para ver Pessali e Mithyuê jogando no profissional. Parece que aquele jogo contra o Vitória foi apenas um deslize na vida de Réver e Adílson, que são bons jogadores, sim. O banco fez bem a Tcheco. O coro para que voltasse deu moral ao capitão e confesso que ele retornou melhor do que andava, o que não é lá muito difícil. Mas, ainda assim, tenho a impressão de que o capitão carrega um saco de areia nas costas. Rochemback foi boa contratação, é brigador, bate de longe e passa bem, mas a impressão é de que está travado, pesado, não consegue ter explosão – talvez só esteja 100% na próxima temporada. Collaço não compromete e dá boa resposta, mas é menos jogador que Lúcio em plena forma, sem dúvida.

Falta gente pro ataque. Jonas é um esforçado, está metendo gols. Acho que junto com Maxi pode render legal, mas não existe banco. Herrera parece um cachorro louco. Entra fazendo uma correria, mordendo todo mundo, mas de maneira meio atrapalhada e que não tem dado resultado.

Enfim, duas vitórias fáceis contra Náutico e Fluminense nos encheram de esperanças. Esperanças estas que o Goiás acabou levando embora. Título, como dito anteriormente, é praticamente inviável. Acho que vamos ficar por aí, brigando pela Libertadores, secando, etc. Libertadores é o mínimo. Não vamos aceitar o discurso de que o time de 2010 é que vai ser bom. De nada adianta ter um belo time e não disputar o maior campeonato da América. Sulamericana é para os medíocres. Me voy.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Revolução Gremista.

Por Silvio Pilau


No Brasil, ninguém tem tanto orgulho de sua terra quanto nós, gaúchos. Isso não é opinião, é fato. Comprovei-o ainda esta semana. Questionei um colega paulista se ele sabia ao menos um trecho do hino do seu estado. A resposta, claro, foi negativa. Creio que somente aqui no Rio Grande do Sul a população saiba de cor os versos de seu hino. Quem não o conhece por inteiro, ao menos sabe cantar com o peito inflamado o “Sirvam nossas façanhas/De modelo a toda a terra”.

Ainda nesta semana, comemoramos uma das datas mais importantes de nossa história: o aniversário da Revolução Farroupilha. O 20 de setembro, que também consta no hino, segue ainda hoje como o símbolo máximo deste povo bravo, guerreiro e apegado às suas tradições. São características que, querendo ou não, despertando ódio ou não, nos diferenciam dos demais povos do Brasil. O gaúcho não se acha melhor, como pensa o resto do país. Mas o gaúcho sabe que tem características diferentes, que não condizem com a malemolência e o “jeitinho brasileiro”. Características únicas e peculiares.

Características que o Grêmio representa como nenhum outro clube.

Durante muito tempo, o Grêmio foi o embaixador do Rio Grande nos quatro cantos do planeta. O Tricolor, em seu centenário de vitórias, circulou por todo o mundo atraindo seguidores, inspirando fãs e, inclusive, despertando paixões que levaram novos torcedores a abrir filiais gremistas pelo mundo. Já ouvi diversas histórias de façanhas tricolores pelo globo, como o homem que batizou sua filha de Gremina após uma turnê tricolor ou um pub na Holanda cuja única camiseta que o orgulhoso dono estampava no estabelecimento era a tricolor.

Claro que outros irão chiar, mas é inegável que o Grêmio é o clube que levou para os gramados o espírito dos caudilhos, que desbravavam os pampas sobre cavalos, peleando por sua terra. A história do Grêmio se erigiu assim, imprimindo na ponta da chuteira a alma da bota e da espora. Os grandes heróis gremistas são homens que honrariam bravos gaúchos como Bento Gonçalves e o General Netto, por dedicarem-se à luta com todas as suas forças e brigarem, se preciso, com os dentes em busca de um ideal maior: a eternidade no coração de cada torcedor.

Neste momento, a história peleadora do Grêmio precisa novamente ser convocada. Está sendo convocada. A Revolução Gremista no Brasileirão de 2009 já teve início e as batalhas contra as forças do resto do país estão em andamento. Se terminarão em triunfo, se esta guerra vai se encerrar com a bandeira das três cores fincada nos campos pelo Brasil afora, por enquanto não sabemos. O que sabemos é que a fibra que forma um espírito gaúcho não nos deixará desistir.

Brigaremos, como sempre até o final. Brigaremos com a certeza de que todo gremista tem orgulho de ser gaúcho, mas nem todo gaúcho tem a honra de ser gremista.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

E aí?

Por Cristiano Zanella

E aí? Grande jogo domingo contra o Flu, uma verdadeira demonstração de gauchismo e paixão: ao todo, mais de 30 mil torcedores entoando com orgulho o hino rio-grandense, muitos deles pilchados, centenas de bandeiras tricolores em azul, preto e branco, e também em vermelho, verde e amarelo, tremulando lado a lado. Bonito de ver...

E aí? Um ano invicto em casa, não é pouca coisa não! Mais treze partidas fecham o campeonato brasileiro, seis delas no Olímpico. Mesmo enfrentando times fortes, ninguém há de duvidar que o Grêmio vença todas em seus domínios. Já o aproveitamento fora de casa... Mas o fato é que o time está crescendo na hora certa, ou seja, na reta final, e já tem a melhor campanha do segundo turno, o melhor ataque da competição (48 gols) e melhor saldo disparado (19 gols). Náutico e Fluminense são dois dos piores times do campeonato e não servem como parâmetro, mas o objetivo é somar pontos sempre, e pelear até o fim!

E aí? E o Jonas? Goleador do Brasileiro? Já faz tempo que ouço torcedores gremistas afirmando que faltou Jonas no ano passado (enquanto ele marcava os seus pela Portuguesa, nós gremistas orávamos por gols de Marcel, Morales, Reinaldo, Soares...)!

E aí? Time completo no domingo para pegar temido Goiás, a semana toda pra encaixar a equipe e estudar o adversário, Autuori apostando em jovens talentos (Mário Fernandes, Bruno Colaço), Lucio, Perea e até William Magrão voltando aos treinos, e o Grêmio definitivamente na briga para entrar no G4!

E aí? Apesar da vitória no Brasileirão 2008 (0 x 3, dois de Marcel), pegar o Goiás embalado dentro do Serra Dourada é sempre complicado. A derrota até seria um placar compreensível, mas não neste caso, já que o adversário é concorrente direto à vaga na Libertadores. Então, o Grêmio não pode nem pensar em perder a partida! Jogo encardido!!!

E aí? Depois do Goiás, o quase rebaixado Sport, no Olímpico, e mais três pontos na nossa conta! Mas, contra o Goiás, titulares absolutos entram em campo amarelados: Adílson, Bruno Collaço, Jonas, Mário Fernandes, Rafael Marques e Victor. Dependendo da gravidade do confronto, periga chegar desfalcado em todos os setores para o jogo contra os pernambucanos!

E aí, Grêmio? Será que ainda dá? É claro que dá, tchê! Gaúcho de verdade não dobra a esquina quando vê o perigo! Tamos contigo nesta peleia – vamos com tudo, tricolor!!!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Eu te devo desculpas, Jonas.

Por Ricardo Lacerda

Perdão, Jonas. Apesar de achar que todos os adjetivos que já te chamei ainda valem, retiro o pedido de que te vás do Grêmio. Continuo pensando que tu é tosco e acho que não teria vaga nem no meu time da várzea, mas no Grêmio tu tá dando certo. Então, te mantém aí e não desiste nunca. Tu é brasileiro, a gente sabe, mas acima de tudo tem que ser gremista. E tá sendo.

Pausa no texto. Só um minuto.

Rebobine, por favor:

Sábado, 8 de novembro. Trigésima quarta rodada do Brasileirão 2008. Portuguesa X São Paulo no Canindé. Os portuga lá na rabeira do campeonato. Os bambis beliscando a ponta de riba, lá onde estávamos. Borges aos 8, Jonas aos 41. Borges aos 46, Jonas aos 27 do segundo. Feito! O time do Ricky perderia 2 pontos preciosos. A Portuguesa jogava, Jonas era destaque até que Zé Luis faz o terceiro dos são-paulinos aos 42. Merda! Faltavam míseros 3 minutos para o fim do jogo. Pra matar secador, aos 46 Edno erra um gol feito, cara a cara com Rogério Ceni. O São Paulo venceu e Jonas mostrou ali o quanto era gremista. Era um recado à nação azul, branca e negra... algo do tipo “olhem aqui, eu sei fazer gols”.

Pronto. Voltemos a hoje.

Jonas é, ao lado de Adriano Imperador, o atual artilheiro do Brasileirão 2009. Tem 13 gols e isso que nem era titular absoluto duas semanas atrás. Desse total, foram só 2 de pênalti. Poucas vezes me irritei tanto com um jogador quanto com Jonas. Irritava. Hoje, já não me irrito. Acho graça. Ele é assim, e podem escrever: Jonas vai virar lenda. Ele é folclórico. Pra começar, é um atacante que sequer sabe comemorar seus gols. Já ouviram falar em vergonha alheia? Pois é, sinto vergonha por Jonas quando ele sai fazendo aquelas dancinhas ridículas ou então apontando o dedo a lá Clint Eastwood – a lá Ronaldo ou a lá Adriano.

Mas aí eu paro e penso: “E eu com isso que é ridículo, é gol do Grêmio, porra!”. É gol do Jonas, por mais incrível que pareça. Começam a chamá-lo de anti-herói. Não acho que seja isso. O clássico anti-herói brasileiro é o Macunaíma de Mário de Andrade, personagem cheio da malandragem, vadio que se dá bem, etc etc. Não é o caso. A impressão que tenho sobre Jonas é até mesmo de que lhe falta malandragem. Por outro lado, lhe sobra esforço. Nosso 9 parece ter encarnado aquele lema do governo federal: “Sou brasileiro e não desisto nunca”. Assim, compensa todo o resto. Não sei dizer se ele é sortudo ou azarado. Na Libertadores, ao errar três vezes um gol feito, no mesmo lance (!), foi taxado de “el peor delantero del mundo” por um jornal espanhol. Malditos jornalistas, mal sabiam eles que estava ali o cara que mais sacudiria redes no Brasileiro 09 até agora e, Oxalá, até o fim do campeonato.

Contra o Botafogo, no 3 a 3 de poucos dias atrás, fez um gol dos mais engraçados. Chuta, bate na trave, volta, bate na cabeça, insiste, chuta, goool! Perseverança pura. A cara do Grêmio. Sin perder la raza jamás.

Contra o Náutico, balãozinho dentro da área (!) e goool! Lance de craque ou o destino sorriu para o atleta esforçado? Assim anda Jonas, até mesmo a sonhar com a Seleção. Alguém que não seja sua mãe consegue imaginá-lo vestindo a amarelinha, tabelando com Kaká, tocando bola para Luís Fabiano!? Que momento mágico seria.

Por enquanto, nos contentamos em ver Jonas tabelando com Maxi. Com o argentino recuperado, acho que Jonas pode evoluir ainda mais. Contra o Goiás, essa dupla tem que funcionar...

Desculpa, Jonas. O texto, hoje, é pra ti. Não vamos falar muito nos rumos do Grêmio.De vilão a herói, temos em Jonas a esperança da ponta de cima. “Eu sou foda, batam palmas pra mim”, esbravejava um renegado Aílton contra a Portuguesa em 95. Se Gabiru fez gol de mundial, quem somos nós para falar mal de Jonas? A propósito, quem são ELES para rir de Jonas, que vai meter gol no Grenal que se aproxima? É assim que queremos ver o nosso camisa 9. Falar de Jonas já está virando caso de família. É como aquela história “eu posso falar mal da minha irmã, mas tu não!”.

Jornais espanhóis, destaquem as peripécias de Jonas. Façam ecoar as tosquices de nosso artilheiro bufão na Grécia. Seguir a falar mal de Jonas, para que ninguém o compre, me voy.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

História Imortal.

Por Silvio Pilau

A semana é de comemoração e de homenagens. Então, para celebrar os 106 anos de glórias gremistas, republico aqui um texto que escrevi há algum tempo, sobre essa história que tanto nos orgulha.

Parabéns a todos os gremistas.

História Imortal

Mais de um século de história
De uma jornada sem igual
Coleção de títulos e glórias
O surgimento de um imortal

Grêmio, gaúcho das três cores
Honra e orgulho de um Estado
Clube de valorosos gladiadores
Exército de atletas preparados

É imensa a história já erigida
Cada atleta um ícone copeiro
Capazes de doar a própria vida
Pela vitória, para ser o primeiro

Lara, o craque sempre altivo
Precursor de grandes homens
Ídolo antigo, hoje ainda vivo
Ressoa aos céus o seu nome

Aqui não basta saber jogar
É preciso fibra, um algo a mais
Saber, em campo, se portar
Para vestir o manto de imortais

Poucos são os que conseguem
Tornar-se um com a eternidade
Muitos vêm, vários se despedem
E há os para sempre, de verdade

A lista é pequena, mas de valor
Um rol único de nomes e de ditos
Desde o próprio Lara, o precursor
A Galatto e Anderson, heróis aflitos

Passa pelo grande Foguinho
Por Flecha Negra, veloz Tarciso
Alcindo, De León, sempre Dinho
O breve Dener, atacante liso

Tem Baltazar, o artilheiro de Deus
E Everaldo, seleção brasileira
Homenageado na volta pelos seus
Com a única estrela na bandeira

Felipão, Adílson e, claro, Danrlei
Time de Paulo Nunes e de Jardel
Para sempre Renato, eterno rei
Verdadeiro nome do maior troféu

Quanto a títulos, tem de tudo
Dono da América e do Brasil
Para sempre, campeão do mundo
Pintando o céu da cor de anil

Longo trajeto de vitórias e ardor
Novas conquistas em construção
Eterno, único, imortal tricolor
Símbolo de garra e superação

Mas entre todos estes feitos
O maior orgulho é a torcida
Apaixonada, que grita do peito:
"Sou gremista por toda a vida".

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Parabéns, campeão!

Por Cristiano Zanella


Com cinco ou seis anos de idade já freqüentava o Olímpico, lá por 77, 78! Era difícil ver crianças ou mulheres no estádio, na Geral quase não tinha – de modo que comecei indo a jogos do Gauchão, acompanhado pelo meu pai, meu tio, em grupos, com os amigos do meu velho. Mais tarde, já me levavam nos Grenais, o Grêmio tentando se re-erguer, jogos mais pegados, tumultuados (na época em que ainda vendiam cerveja, conhaque, e até dose de uísque na arquibancada). Jogos no inverno, comendo bergamota, ateando fogo em jornais ao final da partida, o cair da tarde, o cheiro da fumaça... São talvez minhas mais remotas recordações do Grêmio e do Estádio Olímpico!

Minha própria história de vida confunde-se com o ato de torcer para o Grêmio; o gremismo está arraigado em minhas mais profundas lembranças de infância e juventude. É uma alegria, motivo de muito orgulho, uma grande honra pertencer a esta torcida que emociona e serve de inspiração. Ao longo de quase 40 anos, na condição de gremista atuante, vivi o futebol e o incorporei em minha rotina prática afetiva da vida cotidiana, buscando no esporte laços de memória, identidade, visibilidade, pertencimento, parentesco, comunidade, estabelecendo, assim, novos sistemas sociais. Desculpem a viajada..., mas tento fazer uma leitura do futebol principalmente como prática social, o que torna imensurável a importância do Grêmio na minha vida! Quantas histórias e personagens, quantos amigos..., quão rica é a trajetória deste imortal tricolor, pioneiro em grandes conquistas – o número um no ranking da CBF (oficial FIFA), terceiro brasileiro no ranking da Comnebol (oficial FIFA), o mais internacional dos times gaúchos!

Neste 106 anos de história, gostaria de te agradecer, Grêmio, pelos momentos de alegria que me proporcionaste! Parabéns, campeão! Que a força esteja sempre contigo... e, agora é esmurrugar o Flu no domingo, e partir pra primeira vitória fora – o Estádio dos Aflitos já pode ser considerado a nossa casa!

Salve tricolor, gigante do futebol! A nação tricolor, este exército de bravos guerreiros, te abraça e te saúda como o maior do mundo! Parabéns, torcedor gremista! E vamos com tudo para os próximos 100 anos!!!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Filhos de um mesmo sonho.

Por Felipe Sandrin


E ficamos a imaginar o futuro, guiados por sonhos, imaginação, mas principalmente pelo passado. Não importa a qual época pertencemos: vestir a camisa do Grêmio é ir muito além do presente, é uma dádiva de gerações que faz de milhões uma única família.

Poderíamos estar na Azenha, contornando nosso Monumental Olímpico às vésperas de mais um jogo. Poderíamos estar em Santa Catarina, junto ao sol que dá vida às grandes paisagens, tornando o azul do céu e dos mares ainda mais azul. Poderíamos estar em Buenos Aires, ou finalmente realizando o sonho de conhecer a Europa. Poderíamos estar onde estivéssemos, vivenciando novas realidades, recordando junto a saudades a falta que família e amigos nos fazem. Poderíamos estar onde, como e com quem estivéssemos, mas ainda assim seríamos Grêmio.

Assim, eu completo 106 anos; assim, meus filhos vão completar 156 anos, e meus netos, 206 anos. Porque o Grêmio é a força invisível que me liga ao passado, trazendo-me no presente a certeza de um futuro esplendoroso.

No dia 15 de setembro de 1903, nosso Grêmio nascia composto por 32 rapazes que buscavam, junto a bola, uma forma única de amizade. Mais do que um esporte, o futebol levava-os a uma idéia sólida de união. Hoje, exatos 106 anos depois, nossos laços se estenderam vencendo o tempo e a distância: somos mais de 8 milhões, filhos de um mesmo sonho, irmãos de uma mesma busca, herdeiros da mesma história que um dia nossos filhos serão.

Crises surgiram, provaremos do veneno que dissolve finais de semanas, das derrotas que arrasam o ego, mas isso não nos deterá. Um dia nos perguntaremos: de onde vem tanto amor por esse clube? Porque eu nunca desisto de acreditar? Não havendo resposta lógica, deixaremos de pensar nisso. E assim, de forma silenciosa, nosso espírito imortal nos falará:

Eu não sou de hoje,
Não pertenço ao tempo.
Das canções que me fazem lágrimas e alegrias
Sou loucura que invade, alucina e irradia.

Eu não sou de hoje,
Não pertenço ao tempo.
Uns me chamam de Grêmio, imortal tricolor
Enquanto outros se calam, sou o êxtase e a dor.

Eu não sou de hoje, porque o hoje é vago.
Eu sou para sempre porque esse é raro.
E não importa como me chamem,
Mas sim como me sentem.

Foi assim que me fiz,
Eterno...
Digno de um passado,
Que nunca me deixará ter fim.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pela volta da corda esticada.

Por Ricardo Lacerda


Perder ou até mesmo empatar com o Náutico, aquele Náutico de craques do quilate de Kuki e Rudinei, seria vexatório. Fizemos, assim, nada mais que a obrigação. Obrigação que inclui agora uma vitória consistente contra o tísico Fluminense e uma sequência de boas partidas não só dentro como fora de casa. Não podemos nos contentar com menos. Daqui para frente, cada jogo deve ser encarado como o do título. Aquele papo da “corda esticada”, de esgotamento físico e outros que tais, precisa voltar urgentemente. Ano passado, lideramos grande parte do campeonato justamente porque estávamos com a tal “corda esticada”. Onde raios puseram a maldita corda?

Faz um bom tempo que já não somos um time de meros operários, como muito se dizia. Lembremos que a diretoria atual, taxada de insossa, trouxe Maxi Lopez, Herrera e Alex Mineiro. Comprou Souza, trouxe Rochemback e Lúcio. Não deixou que Réver e Victor saíssem. Apostou e bateu pé querendo Autuori, um treinador com raro pedigree. É claro que queríamos mais, mas não se pode negar que, em meio a um tremendo esforço de equilíbrio de contas, os homens que comandam o futebol têm feito sua parte. Se os caras não correspondem em campo, ou na casamata, aí é outra questão. A folha salarial, antes tão distante daquela que o abastado co-irmão paga aos seus galácticos, já não deve ser assim tão pequena. Por isso, meus caros, não podemos não lutar pelo título. A vaga na Libertadores do próximo ano deve vir como consequência de um infortúnio na briga pelo título – tal como aconteceu em 2008.

A corda precisa ser esticada novamente. Nosso time está em dívida. Beliscar Brasileiros e Libertadores é bom. Melhor ainda é vencê-los e encorpar a maior galeria de troféus do Sul do Brasil. Para isso, será preciso mais do que nunca que o time incorpore a velha tradição gremista. Copero y peleador, alma castellana, imortalidade, chamem como quiser. Para mim, basta lembrar o que é a verdadeira cara do Grêmio. Apesar de alguns nomes mais técnicos, não somos uma equipe de toque de bola refinado ou cheia de frufrus. Autuori, que é um cara inteligente, precisa compreender isso o quanto antes. Vejam bem, não é a questão de ter um time recheado de brucutus ou que só faça chuveirinho na área adversária. Não é isso. É encarnar o espírito de que o jogo só acaba quando termina, com o perdão da redundância, e que não existe bola perdida. Até o Róger chinelinho, quem diria, captou essa mensagem, transmitida por ninguém melhor do que nós, o pessoal da arquibancada.

Contra o Botafogo, entregamos uma vitória na mão por ter desistido do jogo faltando mais de 15 minutos para o encerramento. Ontem, contra o Náutico, fizemos dois gols e desistimos de atacar no segundo tempo. Quando encaminha a vitória, este Grêmio de hoje se acomoda e acaba torturando nós, os torcedores, a única razão de viver de um clube de futebol. Mesmo aqui no Olímpico, enfiamos três no Galo e administramos no segundo tempo. Ora bolas, essa moleza não é típica desta plaga!

A corda, pelo que temos visto, não tem sido esticada. Parece que, muito mais do que sorte ou qualquer outra coisa, tem nos faltado dar aquele último pique. Por mais pastiche que pareça, nosso artilheiro é ninguém menos que Jonas. O que parecia heresia pouco tempo atrás, hoje é realidade: Jonas é fundamental para o Grêmio. O peor delantero del mundo é hoje artilheiro ao lado de Adriano Imperador. Jonas é ruim. Jonas é tosco. Jonas não sabe sequer comemorar os gols que faz. Mas o fato de fazê-los, de sacudir as redes, o coloca acima de todas as contestações. Jonas é o exemplo do que deve ser o Grêmio de agora em diante. Para ele, não tem bola perdida. De desacreditado a goleador, com direito a balãozinho dentro da área e tudo. Jonas entendeu o que é ter a corda esticada. Talvez seja porque ele já teve a mesma corda enrolada como uma serpente em seu pescoço. Que Jonas sirva de lição. Que a corda volte a ser esticada.

Atropelar o Fluminense, me voy.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Lembrem-se dos Aflitos.

Por Silvio Pilau


A partida de domingo não será a primeira do Grêmio nos Aflitos após aquele dia inesquecível. O Tricolor já jogou outras vezes lá e, inclusive, voltou com vitória. Porém, este é o jogo mais importante do Grêmio no local desde que a canela de Galatto e a malícia de Anderson dobraram os deuses do futebol. Domingo, o Grêmio enfrenta mais um desafio nos Aflitos – um desafio que pode definir o ano gremista.

Acredito que não seja preciso escrever sobre o episódio único que ficou conhecido como “A Batalha dos Aflitos”. Longos e belos versos já foram erigidos em homenagem àquela data e àqueles heróis. Até hoje, os acontecimentos inexplicáveis e inacreditáveis daquele sábado servem de inspiração para mentes criativas e corações combalidos. Naqueles 71 segundos, o Grêmio mostrou que um clube de futebol pode ser mais do isso e escapou das páginas da história do futebol para adentrar com louvor nos documentos da eternidade.

Hoje, o Grêmio passa por mais um período de turbulência – apenas mais um nos últimos anos. Pela primeira vez, o trabalho do técnico Paulo Autuori começa a ser contestado com firmeza e a torcida percebe que sonhar mais alto é praticamente impossível neste ano. O empate com o Vitória em casa criou dúvidas sobre a até então irrepreensível campanha em casa, o que, somado ao pífio desempenho longe do Olímpico, enegreceu as esperanças da torcida.

Se o Grêmio pretende algo ainda este ano, seja uma vaga à Libertadores ou o distante título, tais pretensões passam pela partida de domingo. O destino do Grêmio, mais uma vez, passa pelo Náutico nos Aflitos. É o resultado desse jogo que mostrará se o Tricolor ainda tem forças para escalar a tabela ou se está esgotado e não mais se mexerá. A equipe tem consciência disso e vai em busca de uma compensação para o tropeço contra o Vitória. Mas somente isso não tem adiantado.

O que pode fazer a diferença é o próprio estádio. Os Aflitos. Naquela grama, a mesma grama onde o Grêmio assombrou o planeta, mora a história tricolor. Por isso, ela pode ser o peso ao nosso favor. A equipe do Náutico sabe a façanha que o Grêmio conseguiu lá. Os jogadores gremistas do grupo atual também. Para nós, é uma vantagem. Para eles, um peso que paira sobre suas cabeças. Depois daquele dia, o estádio não mais é a casa do Náutico, mas um memorial do Grêmio.

Claro que é um jogo em circunstâncias totalmente diferentes, mas é impossível não lembrar. Será impossível não se arrepiar ao ver o azul, o preto e o branco entrando no gramado para mais uma batalha nos Aflitos. Essa será a nossa motivação, nosso incentivo para a primeira vitória fora de casa. Que aquela conquista inesquecível sirva de inspiração aos atletas. Que o espírito guerreiro daquela data tome conta do sangue de nossos jogadores.

Que essa partida seja a grande virada. Como o foi naquele 26 de novembro.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Breves relatos de um gremista em Buenos Aires.

Por Cristiano Zanella


Aproveitando a promoção pague um, leve dois (com gripe suína grátis) da Aerolineas Argentinas, fomos passar o feriadão “en mi Buenos Aires querido, tierra florida, donde mi vida terminaré” (tema cantado em verso e prosa pelo imortal Carlos Gardel)! Entre os muitos aspectos que fazem o povo gaúcho sentir-se em casa na capital portenha estão a paixão pelo futebol e pela carne assada (onde quer que se ande, o futebol monopoliza as rodas de amigos, e o delicioso cheiro de graxa queimada impregna no ar). Mas, vamos aos fatos...

No primeiro dia, sexta-feira, andando pelo centro da cidade e arredores, chamou-me atenção o grande número de lojas de artigos esportivos que comercializam especialmente camisas de futebol. São milhares de camisas de times argentinos, brasileiros, europeus e de seleções: originais “de fábrica”, out-lets, réplicas de modelos antigos, falsificações grosseiras e honestas, de todas as cores, tamanhos, preços e etc. (vi um modelito 2008 da tricolor gremista exposto em uma vitrine “a la calle Florida”). Na busca por uma “retrô” do Racing Club de Avellaneda, acabei fazendo uma aquisição preciosa: a réplica da gloriosa camisa do San Lorenzo de Almagro (foto 1), um dos times mais queridos do futebol argentino (o detalhe é o patrocinador da equipe, a sexagenária fábrica de motos e ciclomotores Zanella). Fim de noite na pizzaria El Quartito, com suas paredes cobertas por posters e fotografias de futebol e boxe – clássico!

Já é sábado! Ricoleta, feira, cemitério, La Biela Café! Ao final da tarde, saio à cata de uma lan house para conferir o placar contra o Vitória (diga-se de passagem, tirando algumas peladas do Ruralzão, o primeiro jogo do Grêmio que perco no ano). Decepção: empate chorado, com sabor de vitória, sem Victor, Tcheco no banco, Mário Doril salvando uma bola já quase nas redes, golzito de Jonas. Pelas ruas da cidade, out-doors da Coca-Cola convocam os argentinos para o jogo de logo mais, com os dizeres “5 de setiembre, Argentina-Brasil: refresquemos el otimismo”. Entre uma Quilmes litro e uma empanada criolla (continuava a promoção pague um, leve dois, para a bebida, comida, roupas, etc), nos tocamos a pé rumo ao Puerto Madero, chegando em tempo de assistir o timeco argentino ser açoitado pela seleção canarinho. Num bar chamado Hooters (um dos menos refinados do Puerto, local fresco demais para chinelos da Osvaldo Aranha, acostumados a beber céva na Lancheria do Parque), hidratados por jarras de cerveja Isenbeck, testemunhamos mais uma derrota ao natural dos gringos ante nosso selecionado – desta vez, em casa. Sublime!

Domingo, 6 de setembro: La Boca y Caminito. Enquanto cumprimento Diego Armando Maradona, “El 10” (versão sarará crioulo, mais parecendo o Jairzinho – foto 2), pela derrota da noite anterior, centenas de turistas brasileiros invadem os principais pontos turísticos do bairro. Impressionante a paixão dos locais pelo Boca Jrs. Argentinos com os quais converso informalmente dirigem palavras de respeito e admiração ao Grêmio, e insultos impublicáveis ao nosso tradicional adversário! Mais além, já em San Telmo, pela janela de um tradicional café, observo um grupo de gremistas “pilchados” que passeiam pela feira de antiguidades, exibindo com orgulho a tricolor dos pampas (foto 3). Com o Grêmio onde o Grêmio estiver! Uma baita parilla pra fechar o último dia!

Independência ou morte! Segunda-feira, 7 de setembro, Aeroporto Internacional de Ezeiza. É hora de regressar à terra do melhor futebol do mundo. O vôo sai às 9:00hs, mas é preciso duas horas de antecedência para o check in. Virado, sem dinheiro, com a boca seca e a alma lavada, cruzo com centroavante gremista Maxi Lopez, que adquire bons vinhos no free shop próximo à área de embarque. Discreto e reservado, prontamente atende alguns torcedores para fotos e um breve papo:
- “Esperamos que vuelves logo a jugar”, digo à Maxi, num espanhol tosco.
- “Gracias”, responde, sem muito entusiasmo, o argentino.

A foto? Ficou meio fora de foco, nublada e com pouca definição (foto 4), como o futebol de Maxi (mas vale o registro). Deixa estar... a festa nunca termina! Neste fim de semana tem batalha nos Aflitos, e tudo volta ao normal! O Grêmio será novamente um guerreiro em terras estrangeiras, um legítimo representante do futebol dos pampas, orgulho do Rio Grande, do Brasil, do Mundo! Y no importa mas nada...

Dale Grêmio querido, dale Grêmio campéon, da Libertadores, e de Mundial!!!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Precisamos confiar no Inter.

Por Ricardo Lacerda


Um dos traços mais apaixonantes do futebol é o seu farto material surrealista. Nada pode ser mais inventivo e intrigante do que 90 minutos de um bom entrevero ludopédico. E é justamente aqui, no sul do Brasil, neste muy valoroso recanto da Terra em que se acomoda o Rio Grande, que o futebol vem produzindo suas mais fantásticas obras. Veja a situação de Grêmio e Inter, por exemplo: até as semifinaisda Libertadores deste ano, pensávamos ser bem possível o tricolor nos presentear com o tricampeonato. Da mesma forma, era impraticável pensar que o Inter, com todas as suas estrelas hollywoodianas, acabaria se resguardando ao papel de melhor ator coadjuvante do país. Pois sim, levaram uma lambada do Mano, mais uma vez no comando de um time recém saído da segundona. Convenhamos: surrealismo dos bons. Nem Salvador Dalí seria capaz de tamanho arroubo criativo.

É claro que toda essa conversa tem um propósito. Trata-se de conduzir o caro leitor pela mãozinha, passo a passo até o ponto central desta crônica: o fato de que 2009 reserva um final surpreendente para os enredos do futebol gaudério. Sim, amigos, notem aí o que este pobre escriba lhes antevê na primeira metade de setembro: seja qual for o desfecho do Campeonato Brasileiro, será um desfecho inesperado. E éinegável que os fatos apontem hoje um Inter campeão e um Grêmio sulamirando. Contra isso e contra todos, dou um conselho: não tente confiar nas aparências neste ano de 2009.

O futebol tratará de surpreendê-lo, invariavelmente.

O Inter é a maior prova disso. Pois basta nossos queridos rivais serem considerados o carrossel do futebol tupiniquim para que faísquem sorridos de malícia e faceirice. É bem aí que eles tropeçam contra um portentoso Rondonópolis da vida. O nosso Grêmio, é claro, não foge à regra. Desde o início deste Campeonato Brasileiro, os operários gremistas deixaram escapar todos os pontos possíveis fora de casa.

Vitórias, mesmo, só aconteceram naquelas partidas em que a expectativa apontava para o 12º jogador: o Olímpico Monumental. Nesses casos, o Grêmio não só venceu, como na maioria das vezes patrolou - dando aulas de uma simbiose entre atuação coletiva e torcida. Nesta plaga, amordaçou equipes tradicionais, donas de alguns dos melhores plantéis do Brasil, como Cruzeiro e Corinthians. Ah, é claro, derrotamos o glorioso rival, apontado no começo do campeonato 09 o melhor time do Brasil. Mesmo lero lero de 2008, 2007... bla bla bla... whiskas sachê...

Daí que eu afirmo: nós, gremistas, devemos parar de desacreditar o Inter. Nosso dever cívico para com a pátria gremista é o de confiar no Inter, saudar o Inter, ter certeza de que o "vamo, vamo, Inteeer" funciona (que incentivo ridículo, esse, convenhamos). Nossa fé no triunfo colorado tem de ser inabalável. Da mesma forma, é preciso que se esvazie o Olímpico. Devemos ser todos pessimistas quanto ao futuro do Grêmio. Temos de nos portar como derrotistas, uns corneteiros insuportáveis, sem crença nenhuma na possível conquista do título ou mesmo de uma vaga à Libertadores.

No final, o destino acabará nos surpreendendo, acreditem.

Como não sou nenhum Dalí, nem me lanço a qualquer tipo de "arroubo criativo", copiei e colei um texto publicado pelo colorado Andreas Müller dia 20 de outubro de 2008 aqui no FinalSports. Evidentemente, fiz uma dúzia de alterações - essenciais para que, pouco menos de um ano depois, as coisas ficassem em seus devidos lugares. "Nada como um dia após o outro", li uma vez. Que assim seja. Esperando pelas surpresas do destino, me voy.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O fim da Era Tcheco.

Por Silvio Pilau


Quem me acompanha aqui por esse espaço ou me conhece pessoalmente sabe que não gosto do futebol de Tcheco. E isso não vem de hoje, quando ele é contestado por quase todos. Desde sua primeira passagem pelo Olímpico, aponto que o jogador não possui futebol para ser o camisa 10 de um clube como o Grêmio e, muito menos, a referência de qualidade e liderança da equipe.

Na minha opinião – e sei que estou em minoria –, Tcheco é lento, é frágil, não possui habilidade, erra dezenas de passes por jogo e não sabe chutar a gol. Não gosto nem mesmo de seus “idolatrados” cruzamentos: a maioria não passa de balões para a área, os chamados “chuveirinhos”, que dão tempo de sobra para o goleiro adversário sair e para a defesa se posicionar.

Mais do que tudo, Tcheco não é um vencedor. É um Rubinho Barrichello, um Celso Roth. Em outras palavras, não possui estrela nem o perfil de campeão. Já falei isso outras vezes: enquanto Tcheco for o líder gremista, continuaremos sem título. Enquanto dele dependerem as nossas esperanças, seguiremos amargando vice-campeonatos e eliminações antes do tempo.

Não que ele seja o culpado de todos os fracassos gremistas nos últimos anos. Longe disso. É ridículo culpar um único atleta pelo fato de um time não conquistar qualquer coisa durante algum tempo. Mas ele é o símbolo do Grêmio há alguns anos. Não sei quem o colocou em tal condição, se torcida ou imprensa, mas o fato é esse. Tcheco é a referência gremista, com forte influência junto ao elenco e comissão técnica. E, enquanto for assim, continuaremos à sombra do que um dia já fomos.

Aí me vêm os defensores do camisa 10 esbravejar: “Ele tem identificação com o clube, é verdadeiramente gremista”. Eu sou verdadeiramente gremista! Minha irmã é verdadeiramente gremista! Mais da metade dos meus amigos é verdadeiramente gremista! Alguns de meus tios são verdadeiramente gremistas! Mas nenhum deles tem futebol suficiente para ser titular do Grêmio. E o mesmo acontece com Tcheco.

Apesar de tudo isso, eu ainda o aceitava como titular. Ainda engolia a sua presença em nosso meio-campo. E isso por uma simples razão: Tcheco não tinha substituto. Há um bom tempo o Grêmio não possui um meia de qualidade para fazer sombra à titularidade de Tcheco. Basta olhar para as opções para ver que, dentre todas elas, Tcheco continua como a única. Ou melhor, continuava.

Fábio Rochemback chega para colocar Tcheco, definitivamente, no banco.Sempre fui fã de Rochemback. Admito que não o vejo jogar há algum tempo, mas talento ele possui. Rochemback é um jogador capaz de se tornar dono do meio-campo de uma partida, marcando e combatendo com vontade ao mesmo tempo em que constrói jogadas e conclui com inteligência e potência. Foi assim que o atleta surgiu no rival e foi assim que se tornou ídolo no Sporting.

É um meia de ligação? Não, não é. Pelo menos, não é a sua função de origem. Mas, convenhamos: Tcheco também não é. Por isso, creio piamente que Rochemback pode exercer com muito mais eficácia tudo aquilo que o nosso camisa 10 hoje faz. Nosso novo reforço é capaz de ajudar Túlio e Adílson na marcação e dar o apoio necessário para Souza e para os atacantes. Rochemback pode ser a peça que faltava para fazer o meio-campo gremista funcionar.

Mas, para isso, preciso pedir coragem. Não ao próprio Rochemback, mas a Paulo Autuori. A coragem, por exemplo, que faltou a ele com aquela substituição covarde no último jogo. Peço a Autuori a coragem de tirar Tcheco do time. De colocar nosso “líder” no banco. Por alguma razão que foge à minha compreensão, Tcheco é um medalhão e possui cadeira cativa na equipe. No entanto, ele não deveria estar ali – e boa parte da torcida hoje percebe isso. Espero que Autuori também perceba.

Felizmente, pela primeira vez em muito tempo, Tcheco tem uma grande ameaça à sua titularidade. Ou ele começa a jogar, ou veremos o fim da Era Tcheco. E, como gremista, torço pela segunda opção.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A reboque.

Por Felipe Sandrin


Vou deixar o jogo de domingo para trás e evitar comentar sobre ele. Digo apenas que poderíamos ter vencido, e não teria sido injusto se tivéssemos perdido.O fato mais importante desde final de semana, pra mim, foram as declarações de Paulo Autuori se mostrando contra os campeonatos regionais.

A meu ver, as declarações do treinador foram até brandas, visto a mediocridade do futebol e estrutura apresentados pelos clubes do interior gaúcho. Há muito tempo, o Gauchão virou uma palhaçada, um circo totalmente dependente da dupla Gre-Nal e que nada acrescenta ao torcedor.

O descaso com os campos, a falta de segurança que compromete torcida e jogadores e a ridícula infraestrutura de alguns estádios, que deviam nos pagar para que os freqüentássemos, já seriam motivos suficientes para os dois maiores clubes gaúchos não participarem deste ruralito sem grife. Junte a isso o ridículo prêmio pago ao clube vencedor e os grande risco atribuído à integridade física de atletas dados como fundamentais para nossos dois principais times e temos vários dos motivos que tornam este campeonato apenas mais um comercial inútil para uma Federação, que muito pouco vemos fazer.

Francisco Noveleto veio a público falar sobre a importância da dupla Gre-Nal junto a outros clubes gaúchos, alegando que estes só sobrevivem por causa, justamente, de Grêmio e Inter. O estranho é que não vejo nada disso, não vejo nenhum outro clube gaúcho vencendo e crescendo: o Juventude está falido, tentando não cair para Série C, nossos representantes da Série C não subiram e vários clubes do interior não estão participando da Copa Arthur Dellagrave por não terem um tostão furado sequer no caixa.

Sim, o futebol gaúcho está totalmente dependente da dupla Gre-Nal. Esta dependência cresceu junto a glórias e rivalidade inigualável que os dois times despertaram pelos anos. Porém, é necessário abrir-se os olhos para nossos outros times, para os talentosos jogadores que buscam espaço desempenhando um bom futebol em nosso interior, mas isso só será possível quando nossa Federação deixar de ser essa máquina caça-níquel que vê apenas Grêmio e Inter como grandes e trata outros como simples e eternos coadjuvantes.

Em 50 anos, fora Grêmio e Inter, os clubes pouco evoluíram e seus passos foram os de tartarugas. Está na hora mesmo da dupla cair fora deste campeonato chinfrim e fazer o pessoal tomar vergonha na cara pra correr atrás de algo além dessa total dependência pelos dois grandes do Estado.