segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A REALIDADE DÓI

Por Silvio Pilau

O que houve com o Grêmio? Essa é a grande dúvida do momento, não somente na cabeça dos gremistas, mas de todos que acompanham o futebol. A equipe liderou o campeonato por quase a metade das rodadas, somou incrível número de pontos no primeiro turno e apareceu, surpreendentemente, como um time forte e candidato ao título. Sem alarde, sem estrelas, sem glamour, chegou a abrir boa vantagem em relação ao segundo colocado, despertando na torcida o sonho do tri.

No entanto, veio o segundo turno. Veio a queda. Queda de posições, queda de rendimento, queda de qualidade. O Grêmio simplesmente parou. Começou a encontrar dificuldades inexistentes para jogos no Olímpico e praticamente desistiu de jogar fora de casa. Os pontos e as vitórias que vieram foram, em sua maioria, resultados únicos de esforço e dedicação. Vieram pela camiseta, pela torcida e pela falta de qualidade dos adversários. O Grêmio começou a perder para si mesmo.

Este cenário, porém, é ilusão. As coisas não aconteceram exatamente dessa forma. O campeonato tricolor não foi tão preto e branco assim, com um primeiro turno brilhante e um segundo a ser esquecido. Isso é a imagem que temos graças aos resultados. As vitórias e os pontos somados na primeira metade do torneio colocaram uma máscara sobre como realmente é a equipe. Estivemos, todos, cegos. Estivemos tão deslumbrados com a possibilidade de mais uma glória que esquecemos um detalhe: o desempenho atual faz jus à equipe que temos. O engano foi o primeiro turno.

E afirmo isso com certa autoridade. Lembro de dois textos que escrevi há alguns meses. O primeiro foi, se não estou enganado, após o empate contra o Sport na Ilha do Retiro, ainda no primeiro turno. Comentei que a atuação havia sido lamentável e que o Grêmio já não jogava bem havia algumas rodadas. Repito: o Grêmio não jogava bem havia algumas rodadas. Apesar dos pontos somados e das vitórias, as atuações ainda deixavam a desejar. O que o Grêmio tinha ali era algo que falta atualmente: um pouco de sorte.

Outro texto que escrevi tinha o nome “Sorte de campeão”. Disse que tínhamos motivos para acreditar na conquista porque tudo dava certo para o Grêmio. Os astros estavam alinhados. Ganhávamos partidas por detalhes, os adversários derrapavam quanto tropeçávamos e mantínhamos a liderança mesmo sem encher os olhos. A sorte estava ao nosso lado. Vinha, claro, junto do trabalho e do esforço, mas ela existia e fazia a diferença ao nosso favor.

Infelizmente, agora não acontece isso. Demos de cara com a realidade e ela dói. As deficiências técnicas da equipe saltaram aos olhos. Os problemas vieram (lesões, cartões) e as boas atuações começaram a ficar ainda mais raras. O pior? Os pontos também vieram em menor quantidade. Mas não foi de uma hora para outra. O Grêmio ainda é a mesma equipe do primeiro turno. Os jogadores não são piores, o técnico não é mais burro e a torcida não apóia menos. A mesa simplesmente virou. A sorte que estava ao nosso lado parece ter feito as malas e partido.

Por isso, será muito difícil. Será quase impossível. Para o decisivo duelo contra o Palmeiras, temos um incrível número de desfalques. No entanto, ainda acredito. Ainda acho que podemos e iremos ser campeões. Ainda tenho a esperança de que terminaremos o campeonato no lugar mais alto. Chamem-me de louco, de sonhador, de cego. Chamem-me de burro, de ingênuo, de tolo.

Ou me chamem, apenas, de gremista.

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