sexta-feira, 29 de maio de 2009

FÉ CEGA E FACA AMOLADA.

Por Felipe Sandrin

Nas trincheiras da Venezuela, lutar não seria suficiente: era necessária a inteligência, a astúcia que desfruta apenas o guerreiro que sabe usar da mais invisível oportunidade. Nosso futebol pode não ter sido brilhante, mas enfim tivemos um jogo com os requintes cruéis de uma Libertadores.

Impressionou-me a disposição do time, que por 90 minutos correu: enquanto os venezuelanos caminhavam em campo e viam seus bons jogadores rogando para serem substituídos, nosso esquadrão azul seguia inabalado. E foi desta calma solidez que Tcheco respirou ,enxergou e calculou com precisão científica seu companheiro e único jogador livre na área adversária.

Por alguns dias, teremos de esquecer a Libertadores. Fica um lamento no ar. Por mim jogávamos todas partidas esse mês mesmo. A Libertadores tem um espírito diferente: antes, durante e depois do jogo nos embriagamos de euforia, mas não apenas pela vitória, mas também pela dedicação, pela entrega de cada um que está no campo.

Atrevo-me a dizer que a competição para nós gremistas só começou agora, e o Olímpico Monumental irá mostrar que estou certo. Finalmente borbulhará nosso caldeirão, ecoará nosso grito, nossa sincronia em busca de um título mais do que inesquecível.

Não há mais o que melhorar, o fundamental agora é entregar-se cada vez mais, de corpo e espírito. Vestir a camisa, beijar o escudo, orar de cabeça baixa ou com as mãos para o céu, implorar para que se haja alguma força mística e que esta nos empurre para a vitória.

É assim, com fé e também desconfiança, que as partidas vão sendo jogadas, os vencedores se definindo e o Grêmio seguindo vivo.

Falta pouco para o muito, para uma Porto Alegre iluminada e uma noite sem fim: ainda é cedo? Talvez, mas já estivemos mais longe deste incansável desejo.

Mais alguns quilômetros de estrada e breve estaremos a centímetros da taça.

Como diria o amigo Beto: fé cega e faca amolada.

Esse é o Grêmio, e vamos vencer.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A LIÇÃO DOS XENEIZES.

Por Silvio Pilau


Aconteceu há apenas algumas semanas. Todos devem lembrar. O Boca Juniors, clube latino mais vencedor desta década e um dos grandes favoritos ao título da Libertadores, caiu para o uruguaio Defensor. Eram as oitavas-de-final da Copa. Os argentinos conseguiram um empate na primeira partida em território adversário e acreditaram estar classificados. Ninguém em sã consciência consideraria possível um clube sem tradição vencer o Boca em um jogo decisivo de Libertadores dentro da Bombonera.

Pois aconteceu. Para o espanto de todos – e a alegria de muitos adversários –, o Defensor surpreendeu os xeneizes em seu próprio templo. A vitória uruguaia por um a zero acabou com os sonhos do Boca Juniors na Copa 2009. Acima de tudo, deixou uma importante lição: não existe jogo vencido. Hoje em dia, talvez mais do que em qualquer outra época, camisa e favoritismo não significam vitória. Nem mesmo uma equipe tecnicamente melhor e a força de um estádio oferecem essa certeza. O Boca, após o primeiro empate, pensou já estar classificado. Deu no que deu.

Pulemos para algumas semanas à frente. Mais especificamente, ontem à noite. O Grêmio viajou à Venezuela para disputar a partida inicial das quartas-de-final da Copa Libertadores da América contra a modesta equipe do Caracas. Foi um jogo difícil, sem grande futebol, como normalmente são os duelos da Copa. O Tricolor tomou um gol relâmpago, demorou para se achar em campo, sofreu com as terríveis condições do gramado e demonstrou, mais uma vez, possuir diversas fragilidades. Mas conseguiu o empate em um lance de grande visão de Tcheco e a presença-surpresa de Fábio Santos.

A atuação não foi boa. O resultado foi. Um empate fora de casa na Libertadores sempre é algo a ser comemorado, especialmente em um momento decisivo. Teremos agora a tranquilidade de jogar pela classificação em casa sabendo o placar que necessitamos. Iremos pressionar, esmagar e fazer tremer os venezuelanos com os cantos da mais apaixonada torcida e o futebol de qualidade superior que temos. Aqui, no nosso Olímpico, com um gramado perfeito para a prática do esporte, o Grêmio tem tudo para vencer o adversário e carimbar a classificação para as semifinais.

Mas – e esse "mas" é muito importante – com cautela. Com precaução. Com humildade. Sempre lembrando da lição ensinada pelo Boca há algumas semanas. Clube algum se classifica de antemão. Equipe alguma carimba vaga na próxima fase da Libertadores com apenas um jogo. O Grêmio é favorito, o Caracas provavelmente vai sentir a pressão, a qualidade da equipe gaúcha é maior. Porém, nada está garantido. No dia 17 de junho, será preciso jogar. Muito.

Acredito que o Grêmio encaminhou bem a classificação. Repito: encaminhou. Não está classificado. Temos que ter isso em mente. Temos que pensar que do outro lado existe uma equipe que vai se esforçar muito para passar à próxima fase. Se torcida, comissão e, principalmente, jogadores lembrarem disso, temos tudo para chegar às semi-finais. Se lembrarmos da recente lição xeneize, tenho certeza de que daremos mais um importante passo rumo ao tão sonhado tri da América.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

UM GIGANTE CONTINENTAL NA TERRA DO BEISEBOL.

Por Cristiano Zanella


A imprensa venezuelana, muito apropriadamente, classificou o tricolor como "um gigante continental", uma potência em nada comparável ao pobre e ainda embrionário futebol do país governado com mãos de ferro pelo presidente Chavez. Os esportes preferidos dos venezuelanos são, por ordem, o beisebol, o ciclismo, o boxe, e só em quarto lugar vem o futebol. O país encontra-se na antepenúltima posição na classificatória à Copa de 2010, na frente apenas da Bolívia e do Peru, o que deixa claro que, nesta Libertadores, o Grêmio até então enfrentou nada mais nada menos do que o que há de pior no futebol da América Latina. Ainda assim, respeito é bom, e eu gosto! Marcelo Rospide está na Venezuela desde sexta-feira e teve oportunidade de conferir o Caracas, um time perigoso, que conta com jogadores experientes e em nível de seleção. Os 27 mil ingressos para a partida estão esgotados, o estádio estará lotado, o gramado é "de Gauchão". O líder do campeonato local sabe que sua única chance de classificar-se à próxima fase é ganhando o jogo de hoje, e que em caso de empate ou derrota dificilmente conseguirá reverter o resultado no Olímpico.

O Grêmio vai a campo com o ânimo renovado e (mais uma vez) com seu time completo. Com a chegada do novo técnico, acirrou-se a briga por um lugar entre os titulares (a única dúvida, hoje, fica por conta da escalação de Adílson, que pode perder a posição para Túlio). É jogo para ganhar na experiência, que o Grêmio tem de sobra: cabe aos jogadores mais rodados (Ruy, Tcheco, Souza, Túlio, Alex Mineiro, Jadílson) a responsabilidade de coordenar as ações (o trabalho cerebral é com os experientes, o pulmonar com os garotos). Com Autuori, ganham espaço Túlio, Douglas Costa, Herrera, jogadores que podem fazer a diferença, mesmo entrando durante a partida. No ataque, vamos torcer para que Jonas, Maxi Lopez e companhia estejam em noite inspirada, pois o Caracas vem pra cima com tudo, dando chance aos contra-ataques. Olho vivo: tem que garantir o placar, pois no jogo de volta não teremos o insubstituível Victor. A campanha vitoriosa na Libertadores credencia o Grêmio como franco favorito, mas é preciso comprovar dentro do campo!

A "super quarta" reserva fortes emoções e, com certeza, algumas surpresas aos amantes do esporte bretão! O Grêmio tem que ser alma, superação! Jogar como se estivesse diante de um desafio mortal: o coração na ponta da chuteira, os dentes cerrados, na boca o gosto do sangue, a cabeça erguida, os olhos voltados para o amanhã! Aí ninguém mais segura o Grêmio nesta Libertadores 2009!!!

Vamos com força, vamos com raça, nós somos Campeões da América! Com o Grêmio sempre, onde ele estiver!!!

terça-feira, 26 de maio de 2009

VIDA LONGA AO "PROFETA COLORADO"!

Por Ricardo Lacerda


Nem Nostradamus, nem Mãe Dinah. O nome dele é Andreas Müller, e muitos de vocês devem conhecê-lo. Jornalista, conselheiro do Inter e dono das segundas-feiras no "À Sombra dos Eucaliptos", há mais de oito anos aqui no FinalSports, meu amigo Andreas foi brincar com a sorte e parece que acabou se arrependendo.

O dia é 25 de fevereiro. Estreia do Grêmio na Libertadores contra o Universidad do Chile no Olímpico, e este ilustre colorado resolve fazer uma chacota conosco na comunidade do Orkut chamada "Sport Club Internacional", que contava então com 332 mil membros. Eis o que ele escreveu:

OUÇAM O PROFETA – Grêmio campeão da América 2009

Ouçam a voz que NUNCA falhou em suas previsões: hoje o Grêmio começa a ser tricampeão da América.

O único jogo mais ou menos difícil para o Grêmio antes das finais será o de hoje, o da estreia. Sabem como é: ansiedade, torcida sedenta por títulos, etc... Tudo isso vai pesar no desempenho do time.

Mas a partir daí o Grêmio engatará uma sequência inacreditável de vitórias dentro e fora do Olímpico. Será o verdadeiro "Rolo Compressor" das Américas (expressão que eles criaram, eu estou apenas copiando).

Na finalíssima, contra um time que NÃO SERÁ DE TRADIÇÃO (esqueçam Boca, SPFC, Cruzeiro, etc), o Grêmio empatará fora e ganhará pelo escore mínimo em casa, gol redentor de Tcheco. O centenário colorado será esquecido a viver em Porto Alegre se tornará um pesadelo em azul, branco e preto.

Fujam enquanto é tempo porque eu nunca erro.

Nunca.

Abraço a todos.

Conhecido nos circuito colorado por errar todas as suas previsões, "Andreas, o Profeta Colorado" acabou mexendo num vespeiro. Àquela época, ao exercitar seu dom de futurólogo às avessas com o Tricolor, foi aplaudido e saudado pela turba secadora. Hoje, eles temem que a profecia seja confirmada. Temem e tremem. Tanto é que o próprio Andreas tirou a previsão do ar. Restou apenas a sequência de comentários, que começam festivos como uma brincadeira e que, aos poucos vão se convertendo em pesadelo. Muitos, inclusive, já assumem seu medo.

Não sou profeta. Longe disso. Quero, e espero, que sejamos campeões da Libertadores. Não posso garantir e tampouco me intitulo "a voz que NUNCA falhou em suas previsões". Não vencer a Copa é uma possibilidade, mas o fato é que até o presente momento, o Profeta Colorado deu com a língua nos dentes de maneira invejável. Cuspiu para cima e se esqueceu de sair de baixo.

Tal como um personagem de Ronald Golias, Andreas bradou que o Tricolor só enfrentaria dificuldade no primeiro jogo: fato. Disse que engataria uma sequência inacreditável de vitórias dentro e fora do Olímpico: fato. Disse que na final enfrentaríamos um time sem tradição, e mandou esquecermos Boca, SPFC e Cruzeiro. O Boca já caiu e, para chegarmos à final, Cruzeiro e SPFC obrigatoriamente terão que morrer antes: fato, fato e mais fato. Disse, também, que empataríamos a primeira fora e venceríamos em casa na finalíssima. Bem, para dizer isso, só sabendo que terminaríamos a primeira fase em 1º lugar. É incrível a sucessão de acertos do prognóstico. Tudo, absolutamente tudo, que o Profeta Colorado previu se confirmou na prática.

O fato de o Andreas ter deletado sua previsão é o que me traz mais esperança. Paira, agora, o medo de acertar e carregar o fardo para o resto da vida, tal como um tiro que saiu pela culatra. Os 890 comentários que sucedem a previsão (apenas ela foi apagada) atestam o medo de que esta seja uma profecia auto-realizável.

Eu nunca quis que um colorado se desse bem num desejo futebolístico. Desde o dia 25 de fevereiro, passei a torcer para que meu amigo – aliás, um de meus melhores amigos – Andreas esteja certo. A cada dia, a certeza de que ele é a reencarnação de Nostradamus se mostra mais latente. Vida longa ao Profeta Colorado!

Com Imortal não se brinca! É bem verdade que essa previsão até pode não se realizar. Mas, por enquanto, vou me divertindo. E, dando risadas, me voy.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

PAULO AUTUORI É MARRENTO.

Por Silvio Pilau

Conheço gaúchos que odeiam cariocas. Simplesmente desprezam essa espécie de brasileiro. Não por eles terem nascido na cidade maravilhosa e os meus conterrâneos sentirem inveja das praias e belezas naturais da ex-capital nacional. A repulsa deve-se ao fato de que, segundo estes gaúchos, os cariocas são as pessoas mais marrentas e metidas do Brasil. Acham que são os melhores, que tudo o que vem do Rio é mais bonito e que todo o resto do país sonha em ser carioca.

Se essa percepção é acertada, eu não sei. Não tenho tanta vivência assim no Rio para poder opinar. Mas acho que há, sim, um fundo de verdade. E Paulo Autuori, o novo treinador do Grêmio, é um exemplo disso. Na realidade, não sei dizer se Autuori é carioca por natureza, mas o sotaque entrega que ao menos ele viveu boa parte da vida lá. E, por isso, adquiriu boa parte das características que fazem os cariocas serem odiados por alguns: a autoconfiança exacerbada, um certo tom blasé ao conversar e, principalmente, a fala repleta de afetações.

Fato é que Paulo Autuori é marrento. Marrento como um carioca da gema. Mas de um modo natural. De uma maneira inofensiva. Nas entrevistas, por vezes sente-se uma espécie de enfado em sua voz, como se falar com os jornalistas e dar explicações sobre a equipe não fossem atitudes dignas para uma pessoa como ele. O tom é baixo, as palavras parecem murmuradas sem a menor vontade e a constante utilização do “cê tá me entendendo?” parecem tratar o interlocutor como alguém intelectualmente desprivilegiado.

Parecem. Autuori é marrento, mas não é arrogante. Acredita em si mesmo, mas não menospreza os outros. Na verdade, sua “marrência” não passa da certeza de ser realmente capaz de fazer aquilo pelo qual foi contratado. Paulo Autuori é um treinador vencedor, um estudioso do futebol, alguém que realmente entende o que é necessário para se montar um time. Um técnico inteligente, estratégico e que vê o futebol como um todo ao mesmo tempo em que consegue explorar as individualidades de cada atleta.

Mais do que tudo, Autuori compreende o lugar onde se encontra. Em todas as entrevistas que vi, li ou ouvi dele desde que chegou, o treinador sempre mencionou o fato de que o Grêmio não pode perder as suas características básicas: a raça, a garra e o coração. Claro que ele vai imprimir o seu estilo na equipe, mas o fará sem perder aquilo que fez do Grêmio o clube diferenciado que é. Autuori fará o Grêmio jogar de acordo com suas convicções pessoais, mas também de modo fiel à história do próprio clube.

E é isso que pode fazer toda a diferença. Roth, por exemplo, não é o pior técnico do mundo. Mas é prepotente, teimoso e acha que apenas a sua visão está certa. Segundo ele, nunca errou. Autuori me parece mais aberto, mais propenso a aceitar opiniões e críticas. Apenas compreender que o Grêmio é muito mais do que ele, muito maior do que qualquer treinador ou jogador, já demonstra que a troca de comandante foi muito saudável.

Se Paulo Autuori dará certo ou fará história no Tricolor, somente o tempo dirá. Mas começou dando os passos certos. Apertando as teclas certas. E dando esperanças para a torcida. Pode ser marrento, pode até se achar um pouco. Mas entende de futebol. Entende o que a torcida espera do time e de seu técnico. E entende, acima de tudo, tudo o que o Grêmio representa. Ou seja, tudo aquilo que é necessário fazer história aqui.

Cêis tão me entendendo?

A CURTO PRAZO.

Por Eder Fischer


Amanhã estréia o técnico que seguirá no comando do tricolor até o final de 2010. O investimento em um trabalho a longo prazo e o gerenciamento do futebol no Olímpico foram o que o convenceu. Até ai tudo bem, mas, qual o objetivo final de um trabalho desses? Estruturação? Aprimoramento da base? Tudo isto é ótimo, mas, não valerá de nada, se não botarmos faixas no peito e canecos no armário.

Com certeza, um planejamento já deve estar sendo traçado para o Brasileirão deste ano, o objetivo é sempre o mesmo para nós gremistas - Título. Conseqüentemente, vaga na Libertadores e depois o Mundial. Ora vejamos, são 38 jogos no Brasileiro deste ano, jogamos 2, então faltam 36. Mais, 6 jogos da fase de grupos da libertadores mais 8 jogos ao estilo mata-mata até o titulo, depois mais 2 jogos até a final do mundial. Se somei certo, temos um total de 52 (cinquenta e dois) jogos para que Autuori coroe sua passagem com o mais honroso título que um clube pode ter. Perfeito, mas, hei! pessoal, estamos a oito jogos do tri da América, que, não por ser fruto de um planejamento da gestão passada, deve ser posto em um plano secundário. Temos que jogar todas as nossas fichas neste título. Apostar alto, afinal, estamos perto, muito perto, este é o momento de investir em jogadores que venham para resolver. O valor dele se pagará em uma semana com a loucura que será a cidade de Porto Alegre querendo ficar azul de produtos do Grêmio. Fora isto, mais prestígio para negociar com um novo patrocinador e fornecedor de material esportivo. Direção, o TRI da América, é o que todos os gremistas querem para dar um presente digno para o co-irmão no ano do seu centenário, se isto ocorrer, os seus nomes estarão, para nós gremistas, no mesmo patamar de Fábio Koff e Paulo Odone, mas se não ganharmos este título, o inverso, também será verdadeiro.

Portanto, pensem, mesmo se o investimento for um pouco maior que os ganhos a curto prazo, a longo prazo, ganharemos muito mais. Tem times que se sustentam até hoje com títulos ganhos há três anos atrás, aumento do numero de sócios, venda de produtos, estádio ainda mais cheio, valorização da marca Grêmio e outros etc. Como valorização na venda de jogadores. Então, ou eu estou totalmente errado e não vale a pena (ou não precisa) investir nesta libertadores, e a camisa do Grêmio para o campeonato brasileiro é a mais bonita já feita, ou, Esta na hora da direção resolver dar aquela injeção de ânimo nesta reta final do título que deveria ser o mais importante para todos os times da América latina e se lançar de vez neste trabalho a curto prazo. Pois se a torcida perceber que todos os esforços estão sendo feitos, ninguém mais tira esta taça de nós.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

OS RENEGADOS.

Por Silvio Pilau

Habemus Tecnicum. Finalmente. Depois de quase um ano e meio, finalmente temos na casamata um treinador vencedor. Um cara que já conquistou títulos, com a experiência, a capacidade e a estrela que podem levar o Grêmio a novas e importantes glórias. Paulo Autuori pode não ser o maior gênio do futebol – e não o é – ou mesmo o salvador que a imprensa tem tentado fazer a torcida acreditar – e também não o é –, mas é um treinador capaz de fazer jus à grandeza do Grêmio e disputar troféus.

No entanto, essa é apenas uma parte daquilo que o Tricolor precisa. O treinador chegou? Ótimo. Ele é bom? Melhor ainda. Mas e os reforços? Já escrevi aqui que acho o time do Grêmio razoável. No máximo dos máximos, bom. Temos, sim, ótimos jogadores, mas também temos no elenco atletas que jamais deveriam vestir a camisa de um clube grandioso como o Tricolor. Nosso time, mesmo o titular, sofre com diversas carências. É verdade que a equipe ainda está se entrosando, mas isso é difícil quando falta qualidade.

Sabemos todos quais os problemas do elenco. Não vejo motivo em ficar relembrando-os aqui. Felizmente, parece que a direção tem consciência de que reforços são necessários e, ainda que caminhem a passos de tartaruga (como bem demonstroy aquela que talvez seja a contratação mais demorada de um treinador em toda a história), os indícios, declarações e entrevistas comprovam de que estão fazendo, ao menos, alguma coisa para acalmar os ânimos da torcida e montar uma equipe cada vez melhor.

Nós, torcedores, também temos consciência de que as condições financeiras do clube não são das melhores. Sabemos que trazer Ronaldo, Adriano ou até mesmo um Ronaldinho (cujos boatos pela volta ao Brasil são fortes) é praticamente impossível para o momento do Grêmio. Mas também tenho a certeza de que não precisamos nos ater a jogadores de segunda classe. Não precisamos trazer atletas de trinta anos que jamais deram certo em clube algum. Querem a solução? Pois eu a tenho.

A solução é trazer os renegados do futebol europeu. Simples. Tudo bem, não tão simples, mas é o caminho. Em outras palavras, buscar no mercado do Velho Mundo, ou até em outro como a Rússia ou as Arábias, aqueles jogadores que uma vez já deram certo aqui e que, por alguma razão, não conseguiram desempenhar o mesmo futebol por lá. Ou seja, atletas que já demonstraram possuir capacidade para jogar no nosso futebol, mas não eram craques a ponto de se firmar por lá.

Esse é o caminho. Essa é a solução. Ao invés de contratar apostas, contratar apostas que, ao menos uma vez, já deram certo. Jogadores como os próprios gremistas Souza e Maxi López. Ambos tiveram certo destaque em seus países, mas nunca tiveram sequência de jogos ou caíram nas graças de suas torcidas quando jogaram na Europa. Voltaram para cá não somente dispostos a provarem que têm futebol nos pés, mas com a certeza de que, aqui, são capazes de brilhar como um dia todos acharam que fariam.

Assim, de cabeça, eu não saberia citar nomes que se encaixariam nessa definição. Mas tenho a certeza de que uma rápida pesquisa poderia gerar vários resultados. E o melhor: dentro da capacidade financeira do Grêmio, pois são jogadores não-aproveitados pelos seus clubes e com o desejo de jogar. Infelizmente, isso é o que não somente nós, mas o futebol brasileiro todo pode fazer de melhor para montar uma equipe competitiva e de qualidade. Isso e, claro, torcer para que as categorias de base façam surgir um novo craque.

O problema é, como sempre, o tempo. Já estamos na metade da Libertadores e o Brasileirão começou há duas rodadas. Mais alguns dias de espera pode acabar sendo tarde demais. A direção precisa agir rápido. Renegados ou não. Enquanto isso, temos um jogo importante no nacional, em busca da primeira vitória. E com uma estreia. Não de reforços, mas do comandante. Que seja apenas o início de uma longa jornada de sucessos

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O CARA!?!?

Por Cristiano Zanella

Enfim, chegou o comandante Paulo Autouri, o cara certo, "no clube certo, com as pessoas certas, no momento certo", como ele mesmo fez questão de frisar em sua primeira entrevista coletiva. O cronista Nelson Rodrigues nos ensinou que a unanimidade pode ser burra, e Autuori é unanimidade entre dirigentes, imprensa e boa parte da torcida: é um sujeito de alto nível, respeitado e respeitador, treinador de grande capacidade profissional, dono de um currículo extenso e vitorioso. Para muitos, "o cara"...

Enganam-se, porém, os que acreditam que a simples presença de um novo treinador resolverá os problemas e carências do time. Mudança no esquema? Dispensas? Chegada de novos jogadores? Maior atenção às categorias de base? Sim, são fatores que, se melhor planejados e administrados pela nova comissão técnica poderão fazer a diferença. Mas, cabe lembrar: treinador não entra em campo, não acerta passe, não dá carrinho e nem faz gols! Pra vencer campeonato é preciso bom futebol, uma equipe com qualidade e entrosamento, coisa que o Grêmio ainda não tem. Todo time começa por um bom técnico, um cara capacitado a executar um trabalho aplicado ao material humano disponível. No caso do Grêmio, mesmo com um elenco superior (ou não?) ao de temporadas passadas, é incontestável o fato de que até agora a bola apresentada é muito aquém das expectativas – em confrontos contra times de primeira divisão brasileiros (onde a exigência é maior) acumulamos quatro derrotas (Inter e Atlético Mineiro, fora) e um empate (Santos, em casa), somando um mísero pontinho.

Acompanho o Grêmio desde os anos 70, sou da geração pré Batalha dos Aflitos, epopéia máxima da imortalidade tricolor. Até entendo que grandes conquistas acontecem também pela força da camisa, na tradição, na entrega, na vontade, na peleia, mas futebol de qualidade é fundamental! O Grêmio faz bem em dispensar Pereas, Reinaldos e Diogos. Sabe que precisa contratar e entrosar o elenco; sabe que os adversários na Libertadores até agora eram meros coadjuvantes! Neste sentido, as alterações nas datas em "La Copa" possibilitam ao Grêmio trabalhar com mais tempo, estudar os adversários, treinar forte, adaptar-se ao estilo e aos conceitos de Autouri, formar um time sólido e confiável, capacitado a disputar nas mesmas condições a Libertadores e o Brasileirão (com os titulares sempre)!

Se Autuori é ou não "o cara", só o tempo poderá dizer (seu contrato vai até o final de 2010). Se o grupo do Grêmio é mesmo unido e suficientemente qualificado, logo adiante vamos descobrir. Bem vindo ao Rio Grande, Paulo Autuori! É Libertadores na veia! Faltam apenas seis jogos! É hora de trabalhar! É bafo na nuca deles! É guerra total! Chega de ser roubado e baixar a cabeça! Vamos pra cima que a Libertadores é nossa!

Com o Grêmio sempre, onde ele estiver!!!

terça-feira, 19 de maio de 2009

DONOS DA AMÉRICA.

Por Felipe Sandrin


É uma fria noite em Porto Alegre, nada mais de tensão existe, agora apenas a euforia toma conta das ruas da capital gaucha: pensar tudo que passamos para chegar neste momento, para ouvir os gritos eufóricos, a multidão cantando, carros de som que tocam nosso hino a todo volume. Pensar na madrugada que não acabará tão cedo, que a cada minuto junto ao barulho de fogos nos lembrará que o Grêmio é tri da Libertadores.

Onde estão meus amigos e parentes colorados? Por que tantos celulares desligados? Vai ser uma grande noite, e logo cedo estarei de pé, acompanhando os noticiários que vão abrir mostrando a festa azul nos quatro cantos do país.

Haja alma para resistir a tanto desejo, haja força para gritar tão alto e sonhar com tanta intensidade. Haja lágrimas para lavar o espírito dos que sofreram em outros tempos diante derrotas.

Eu quero apenas poder olhar o céu, procurar estrelas; com a camisa em mãos, enxugar minhas lágrimas e suor, agradecer em silêncio e entender o porquê de só agora realizarmos tão antigo sonho. Eu quero ver milhões iguais a mim, correndo sem direção, agindo sem intenção, apenas se deixando levar, se deixando confundir sem saber para onde ir.

No dia seguinte, a camisa já tão surrada seguirá comigo sem ter sido lavada. Ela transportará a lembrança de uma noite que não teve fim. Ela será exibida com orgulho em alguma rua de alguma cidade que, entre tantas outras, também amanhecerá azul, cheia de bandeiras em sacadas, cheia de camisas pelas calçadas, cheia de orgulho.

Não importam as olheiras nem o trabalho que começa cedo: neste magnífico dia, não importa se chove ou o sol brilha intenso, tudo o que importa é o Grêmio campeão, os pôsteres sendo vendidos a 20 reais, as bandeiras sendo negociadas em cada esquina.

Nesta breve folga de Libertadores, eu fico a imaginar como seria o Tri. Acabo assim, não descansando da tensa rotina à qual a competição nos leva, pois vejo quanto trabalho ainda temos pela frente.

Que Autuori seja iluminado, que jogadores sejam agraciados com a mesma vontade que nós torcedores temos. Para que, assim, esta noite que hoje é apenas sonho possa se tornar realidade, e nós possamos nos tornar por algumas horas nada mais, nada além do que simplesmente os donos da América.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

TE MEXE, AUTUORI!

Por Ricardo Lacerda


Culpado pela crise financeira mundial, pela febre amarela e muito provavelmente pela gripe suína, Celso Roth foi-se embora da província há pouco mais de um mês. Excomungado pela imensa maioria de nós, gremistas, deixou um legado que permaneceu inalterado por Rospide. Ora, se estava tudo tão errado, por que o interino não mudou alguma coisa? O que Ibsen Pinheiro disse um dia foi aplicado no Grêmio: “mudar não mudando”.

Rospide deu continuidade ao que Celso Roth propôs. Os jogadores, inclusive, parecem acreditar que o time e o esquema tático estão corretos. Se funcionou no ano passado, e agora contra Aurora, Boyacá, La U, San Martin... por que não funcionaria contra Santos ou Atlético Mineiro? Pois é, deu breque. Imaginem quando estivermos diante de um Cruzeiro? Tudo bem, mata-mata, o Olímpico ferve, mas apostar novamente na torcida como elemento de diferenciação – tal qual em 2007 – não dá.

Celso Roth, o bode que leva as culpas pelos insucessos do Tricolor e pelos infortúnios do mundo, despediu-se do Grêmio somente sábado. Ele, vitorioso; nós, derrotados. O cúmulo. Hoje, Rospide passa a bronca para Autuori. Como nossos feitos costumeiramente são epopéicos, a vinda do novo treinador me lembrou a Odisséia, de Homero: Autuori era Ulisses retornando da Ítaca, enquanto a diretoria se fazia passar por uma paciente Penélope.

A partir de hoje, será preciso “mudar mudando”. E a mudança começa pela casamata. Quem assume tem pedigree. Carrega no currículo, entre outras coisas, um Brasileiro, duas Libertadores e um Mundial. Por alto, não recordo de treinador que tenha chegado ao Olímpico com tanta grife. Espinosa, Felipão, Tite e Mano: todos são filhos do Rio Grande e estavam no começo da carreira. Tradicionalmente, nos damos bem com profissionais do pago, mas dessa vez era preciso trazer alguém como Autuori. Em meio a uma competição do porte da Libertadores, não se poderia arriscar.

Se Obama soubesse quem é Autuori, diria que “ele é o cara”. Esperamos que seja. Muito além de uma aposta, o ex-treinador de times como São Paulo e Cruzeiro é o primeiro ponto com nó dado por Duda. É o primeiro reforço de peso da nova diretoria, e não admitimos que seja o único. Estamos esperando Renato e Rafael Carioca. Não vêm? Que busquem outros do mesmo naipe. Não tem grana? Deem jeito. Somos um clube cheio de sócios, que sempre tem ótimo público e renda. Além disso, temos uma marca forte, posicionamento global e reconhecimento. Por que Fluminense, Palmeiras e São Paulo, por exemplo, conseguem parceiros para bancar contratações caras e por aqui elas são tão poucas? Por que Grêmio e Inter seguem reféns da miséria paga pelo Banrisul? Enfim, aí já desviei o assunto, que pode até ser debatido num outro post.

O papo é o adeus a Roth, ainda que Roth já não estivesse mais aqui, e as boas-vindas a Autuori. Mais do que um “bem-vindo”, a primeira palavra que ele tem que ouvir é “mexe!”. O tal “mexe” pode ser de diversas maneiras. Pode mexer no esquema tático; pode mexer na pontaria de Jonas; pode mexer na “vontade” do Tcheco e na braçadeira de capitão; pode mexer numa cartola e fazer ressurgir o futebol de Alex Mineiro. São muitas as possibilidades. São muitas as coisas a se fazer.

O que seria inadmissível à Autuori é justamente não mexer em nada. O caldo tende a entornar na Libertadores. O Caracas não é tão mumu assim, mas ainda é pior do que quase todos os times do Brasileirão. Já patinamos por duas rodadas num campeonato em que não se pode patinar. Estamos correndo atrás. A diretoria precisa acelerar a busca por gente qualificada para o plantel. De resto, a coisa toda é com Autuori. E antes que salte alguém gritando que ele treinou o Inter e não deu certo, lembro que aquele era um Inter que por gerações foi mero coadjuvante. Um Inter que não ganharia nem com Felipão ou Ferguson, nem com Telê ou Minelli. Aquilo de 99 não era esse neo-Inter, um recém-nascido muito promissor, confesso.

A bola tá contigo, Autuori. Te mexe! Para quem não sabe, o ditado correto diz que “quem tem boca, vaia Roma”. Roth foi embora porque a torcida gremista “teve boca e vaiou Roth”. Mas não custa nada lembrar que também se diz que “quem tem boca, vai a Roma”. Aí me dou conta de que “quem tem time, vai aos Emirados Árabes”, onde acontece o Mundial no fim do ano. Esperando por este time, até a pé nós iremos. Assim, me voy.

domingo, 17 de maio de 2009

DIREÇÃO

Por Eder Fischer


Se não fosse uma afronta ao vernáculo, começaria a escrever com três interrogações, assim “???”, como num bate papo no MSN, porque é exatamente isso que vem a cabeça quando penso em Duda Kroeff . Não tomei partido nas eleições, pelo simples fato de não conhecer o perfil de atuar dos candidatos e acreditar que o Grêmio estava em primeiro plano para os dois. As propostas de ambos? No fundo, se resumiam a duas palavras que não são novidades para qualquer torcedor - Grêmio Campeão. Contentei-me em acompanhar as eleições e torcer pelo representante eleito, fosse ele Duda Kroeff ou Antonio Vicente Martins.

Assim que saiu o resultado, fiz o que faria nas arquibancadas. Apoio incondicional a Duda, como se fosse a contratação de um terceiro reserva desacreditado de Vasco ou Flamengo. Dei tempo ao tempo para poder julgá-lo, e, hoje, quase ao final de seu primeiro semestre, ainda não consigo traçar claramente o seu perfil. Penso que ele é o presidente que desfez um departamento de futebol que funcionava, não fazendo esforço algum para manter profissionais competentes, mas é também o presidente que trouxe profissionais a altura do tricolor para as lacunas abertas, o profissional que manteve um técnico odiado pela torcida, mas que também trouxe um dos melhores profissionais do mercado mundial. Será ele um presidente que deu sorte ao apostar num interino ou ele sabia exatamente quem ocupava interinamente o cargo? O presidente que deixou mais tempo o Grêmio sem um técnico ou o presidente que teve culhões e agüentou a pressão da torcida para por um técnico que ele tinha convicção de que seria a melhor escolha. Seria mais fácil contratar Renato e ser ovacionado pela torcida, não? Tudo isto será respondido ao final desta campanha do Grêmio na Libertadores. Não digo que, se perdermos, tudo estará mal, ou se ganharmos, tudo estará bem. Mas tudo dependera de como isto ocorrer.

Somos passionais e isto interfere um pouco em nossas análises, provavelmente poderemos analisar Duda com mais clareza ao final de seu mandato, mas nesses seis meses podemos perceber características evidentes no nosso presidente. Ele ainda não está maduro e talvez não tenha velocidade, capacidade e prestígio suficiente para tomar decisões no tempo que o futebol moderno exige, mas ele tem convicções, pois bem ou mal, ele manteve um técnico que apesar de rejeitado era o vice campeão Brasileiro.

Parabéns a Rospide

Hoje, fechará a sua curta passagem pelo cargo de técnico de um dos times mais vitoriosos do Brasil e do mundo, com apenas um empate, contando Brasileirão e Libertadores. Rospide não mudou o time, foi tímido em suas estratégias e substituições, mas mesmo assim foi competente e teve méritos, pois sem dúvida o time foi mais competitivo com ele do que com Roth a beira do campo. Gostaria de vê-lo algum dia, mais maduro e mais preparado comandando o nosso tricolor.

Que venha Autuori

Um técnico vencedor e que tem vontade de atuar pelo Grêmio, inclusive, com interesse de abraçar a gurizada da base que ficou meio órfão com a saída de Rodrigo Caetano e Julinho Camargo. O resto, só veremos em campo.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

É PRECISO JOGAR.

Por Silvio Pilau

Não existe torneio igual à Libertadores. Talvez o único campeonato que possa ser equiparado com nossa competição continental é a Liga dos Campeões da Europa. Ainda assim, tenho minhas dúvidas. Claro que lá os milhões de dólares rolam soltos e a qualidade das partidas é maior, com cada duelo recheado de craques para todos os lados. Mas não existe a rusticidade que a Libertadores tem. Lá não é um torneio de tanta catimba, de tanto brio, capaz de exigir o próprio sangue dos atletas.

A Libertadores da América sempre foi assim. Um torneio disputado por homens capazes de se sacrificar para alcançar uma glória. Jogadores que colocavam na ponta da chuteira todos os seus sonhos, desejos e, acima de tudo, a própria vida. Não há lugar para medo. Não há espaço para frescuras. Uma mera hesitação, um rápido esgar de pavor no rosto, um átimo de segundo onde não se doa 100% podem fazer a diferença no resultado de uma partida e separar o sucesso do fracasso na maior competição das Américas.

Eis, então, que vem a Conmebol querer fazer da Libertadores aquilo que ela não é. Não sou um Paulo Vinícius Coelho, mas duvido que algo semelhante tenha acontecido em toda a história da competição. Não lembro de duas equipes passarem de fase sem jogar. São Paulo e Nacional simplesmente não precisaram entrar em campo nas oitavas-de-final com a alegação de ser perigoso jogar no México contra seus adversários. A Conmebol entrou na onda, proibiu as partidas por causa da gripe do porco e os mexicanos caíram fora.

Palhaçada. Sem querer ser insensível, hoje sabemos que a tal da gripe não é uma epidemia que vai dizimar parte da população. A recusa dos são-paulinos e dos uruguaios em jogar lá não é somente uma postura ridícula para uma equipe de futebol, mas uma vergonha para um torneio como a Libertadores da América. Pior do que isso, somente a atitude da Conmebol em corroborar a covardia das duas equipes. Por que não, então, colocar no lugar dos mexicanos os dois clubes logo abaixo na classificação geral? Difícil entender.

Mas nada podemos fazer. Decisões como essa estão além de nossa alçada. A nós, cabe apenas fazer aquilo que a Libertadores pede: jogar. E jogando estamos. Não com o melhor futebol do mundo, mas um bastante eficiente. As duas vitórias contra o San Martín solidificaram ainda mais a melhor campanha da Libertadores. O Grêmio continua com fragilidades, é verdade, mas também com afirmações. Agora, com a confirmação da chegada de Autuori, esperamos que estes defeitos sejam reduzidos ao máximo, porque as pedreiras estão para começar e cada detalhe é crucial.

Por uma certa ótica, o fato de ter jogado as oitavas-de-final é melhor para o Grêmio. Os embates contra o San Martín foram tranquilos, sem grandes desgastes. Mas serviram para deixar ainda mais claro para os jogadores o sentimento da Libertadores. A cada partida, o espírito da competição se finca no peito de cada gremista. São Paulo e Nacional, nesse sentido, largam atrás. Se isso vai fazer diferença, não sei. Só sei que não existe competição como a Libertadores. E, para vencê-la, é preciso jogar.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"1983, o Ano Azul" - breve num cinema perto de você.

Por Cristiano Zanella


Dezembro de 1983, o Grêmio para a eternidade: Mazaropi; Paulo Roberto, Baidek, De León e Paulo César Magalhães; China, Osvaldo (Bonamigo) e Paulo César Caju (Caio); Renato, Tarciso e Mario Sérgio! O mundo aos nossos pés! Pra cima, pra cima, vai pra cima, tricolor! O Grêmio é Campeão do Mundo, nada pode ser maior!!!

E não é que a epopéia do Grêmio em Tóquio em breve estará projetada nas telas dos cinemas de todo Rio Grande do Sul? Comemorando os vinte e cinco anos da histórica e pioneira conquista tricolor em terras orientais, o longa-metragem "1983, o Ano Azul", documentário com aproximadamente 90 minutos de duração, contará através de depoimentos de jogadores e comissão técnica a inesquecível saga que elevou o Grêmio ao topo do mundo.

Além de grande profissional, um gremista fanático, o replicante Carlos Gerbase é o pai do projeto, realizado em parceria com o próprio Grêmio. Ainda sem data oficial de estréia, em entrevista inédita e exclusiva, Gerbase revela detalhes sobre a produção de "1983", filme que deverá repetir o estrondoso sucesso de "Inacreditável – a Batalha dos Aflitos" (2007), provocando descontrole geral e ruidosas avalanches nas platéias dos cinemas do Rio Grande, do Brasil e de todo o planeta Terra!

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Carlos Gerbase (jornalista, diretor cinematográfico, músico).

Gerbase, tu é um gremistão que acompanha o tricolor desde criança: teu pai, José Gerbase, foi presidente do Grêmio ainda nos anos 40, e nasceste em 59, na década em que foi inaugurado o Olímpico, quando o Grêmio foi soberano, conquistando doze campeonatos gaúchos em treze anos! As tuas recordações tricolores mais remotas...

São da década de 60, Campeonato Gaúcho, com o Grêmio ganhando tudo. Eu ia sempre com meu pai e meus irmãos, e lembro da dificuldade em subir as escadas até as cadeiras locadas, pois o meu pai era parado a cada dois metros para conversar sobre o Grêmio.

Onde assistiu ao jogo contra o Hamburgo? Quais as lembranças daquela madrugada de 11 de dezembro de 1983, ano em que lançaste o super-8 "Inverno" e que Os Replicantes ensaiavam seus primeiros acordes?

Eu morava na Marquês do Pombal, e vi o jogo em casa. Estava tranqüilo e confiante. Aproveitando uma sessão do "Inverno" na Cinemateca Uruguaia (bendita coincidência...), tinha assistido ao Grêmio empatar com o Peñarol, em Montevidéu, em junho. Em dezembro de 83, Os Replicantes estavam começando na garagem lá de casa, e o gremista Wander ainda não tinha entrado pra banda. Eu tinha que conviver com os irmãos Heinz, Claudio e Heron, ambos colorados.

Muitas histórias já foram contadas sobre a conquista do maior título da história Grêmio! Vinte e cinco anos depois, o que ainda pode ser dito a respeito daquele jogo? Quais os principais depoimentos que compõem a narrativa do filme? Além de jogadores, comissão técnica e dirigentes, há depoimentos de jornalistas e torcedores que estiveram em Tóquio?

As principais entrevistas são Koff, Espinosa, Ithon Fritzen, Verardi, Mazaropi, De León, Baidek, China, Oswaldo, Mário Sérgio, Renato e Tarciso. Optamos por centrar esforços nos personagens diretamente envolvidos com os episódios, especialmente os jogadores e o técnico, de modo a criar um clima de documentário mesmo, com informações novas e algumas re-interpretações do que aconteceu. Os jornalistas são sempre fontes secundárias, falam sobre o que viram, e não sobre o que viveram. Quanto aos torcedores, achamos que, embora eles sempre tragam emoção, poderiam dispersar um pouco a narrativa. Tenho certeza que os torcedores de hoje vão se emocionar, e os de 1983, inclusive os que foram a Tóquio, terão a oportunidade de relembrar tudo com riqueza de detalhes. Uma das histórias mais divertidas é sobre a multa do Renato, que, poucos dias antes do embarque pra Tóquio, ameaçou voltar pra Bento e pra profissão de padeiro. No filme, o caso é contado pelo próprio Renato, pelo Espinosa e pelo presidente Koff.

Os colorados costumam menosprezar nossa pioneira conquista mundial, afirmando tratar-se de um título sem o aval da Fifa (mesma instituição que rebaixou-os em 96, e mandou tirar seu nome da fachada do Beira Rio em 2006), chamando de Toyota, taça intercontinental, etc. O que tu pensa a respeito?

É ridículo, pura dor de cotovelo. Como diz o presidente Koff no filme, o primeiro é o que fica na história.

O filme utiliza imagens de arquivo? Que acervos pesquisaste embusca deste material?

Usamos um pouco de tudo: vídeos, fotos, jornais, imagens do Memorial do Grêmio, computação gráfica, cartuns, etc. Pesquisamos em todos os acervos tradicionais e na internet. O filme começou a ser feito no final de 2006 e a última entrevista foi realizada em novembro do ano passado.

Um filme brasileiro dificilmente alcança um milhão de expectadores, e o Grêmio possui muito mais torcedores do que isso – qual a expectativa de público para "1983"? Vai ser lançado em salas de cinema (no interior do estado, poucos cinemas ainda sobrevivem), DVD e na tv simultaneamente, como teus últimos trabalhos?

Acho que o circuito das salas é, hoje, mais uma plataforma de lançamento do que um mercado propriamente dito, pelo menos para filmes brasileiros. Portanto, não sei ainda qual é o potencial do filme nas salas. A produção é do Grêmio, assim com a responsabilidade pela distribuição, eu vou ajudar no que for possível. A expectativa fica mesmo com os DVDs. Espero que a vendagem seja muito boa e traga retorno financeiro e institucional para o clube.

Como define o sentimento de ser um torcedor gremista? E as possibilidades para a Libertadores 2009?

Não sei o que é ser gremista, porque nunca fui outra coisa. Só sou, e tá bom assim! Futebol é pra esvaziar a cabeça e fazer a saudável catarse de cada dia. Temos boas possibilidades na Libertadores. Vamos empurrar o time, como sempre, e aí quem sabe chegamos lá de novo...

terça-feira, 12 de maio de 2009

SOBRE TURISTAS E CORNETEIROS.

Por Ricardo Lacerda

Sete minutos. Foram parcos 420 segundos de festa. Do gol de Réver à punhalada de Molina. É brabo ter que admitir, mas não senti nem de longe a paixão e o comprometimento da torcida neste domingo. Foram míseros sete minutos de cantoria entusiasmada. Bem na metade do “pingos de amor”, bola na gaveta do Victor. Tirando a Geral e a Velha Escola - onde a festa até titubeou, mas não parou - o resto emudeceu.

Não foram poucas as vezes em que vi 10 mil pessoas gritarem bem mais do que as 45 mil de domingo. Aliás, conseguimos o recorde de público da primeira rodada. Dessas 45 mil, 20 mil eram senhoras e senhoritas, cujo “ingresso 0800” fez com que embelezassem o Monumental ainda mais. Anel inferior entupido, cadeiras cheias. Tinha tudo para ser daqueles jogos em que abafar o adversário do primeiro ao último minuto é obrigação. Mas não foi por aí... A partida não estava lá essas coisas e a dificuldade de fritar o peixe foi deixando muita gente inquieta, especialmente os turistas de estádio.

Pior do que não apoiar é cornetear. Se é pra xingar, fica em casa, mané. Xinga a televisão, o Paulo Britto, o Galvão, a mãe do Badanha! Agora se o vivente se dispõe a ir ao estádio, que vá pra apoiar. Domingo bonito de sol, Dia das Mães, perfeito para um “programa diferente”. Resultado: milhares de turistas de máquina fotográfica em punho. Mal olhavam o jogo. O visual, pelo menos, estava maravilhoso. Não vão pensando que condeno a presença das meninas. Muito pelo contrário, seria tão mais agradável se tivéssemos 20 mil mulheres amanhã à noite pela Libertadores. Melhor ainda se elas ocupassem o lugar dos corneteiros.

Vaiaram além da conta o Rospide quando sacou Maxi Lopez. Depois do jogo, o interino explicou que já no intervalo o centroavante tinha manifestado desconforto em função de um lance no começo da partida. É incrível como nós, torcedores, somos passionais. Muito se ouvia que Rospide deveria ser efetivado, que era bom treinador, que era barato, entre outros quetais. Bastou tirar um atacante e colocar um volante que já ganhou a alcunha de “discípulo do Roth”. Ora bolas, não estava evidente que ele é, sim, discípulo do Roth? Afinal, manteve o mesmo esquema, o mesmo time, etc. De mocinho a vilão. De nome mais aplaudido a culpado por um empate desgostoso. Nem sabemos o que se passa nos bastidores. Rospide tem autonomia para mexer no time, de fato? Ele sabe que o melhor a fazer, enquanto esquenta o banco do Autuori, é o feijão com arroz. Demorou cinco jogos para sentir o quanto pode ser implacável uma torcida.

Também quero o 442. Com a formação atual, o time tem falhas, sim. Ficou claro que os alas têm dificuldades, em especial Fabio Santos, que acerta pouquíssimos cruzamentos e cobre mal a defesa. A cada dia, novos adeptos ao coro anti-Tcheco. Há tempos digo que ele já passou. O capitão (!) oscila momentos de dedicação e bravura com outros de sonolência e aparente desinteresse - muito mais estes, aliás. Tenho a minha opinião, não acho que tudo são flores, mas nem por isso jogo contra quando estou na terra santa. Autuori vai precisar aparar urgentemente algumas arestas se quiser vencer a Libertadores e não fazer feio no Brasileiro. A primeira aresta a ser aparada é justamente a chegada do hômi. Algumas outras são mudar o esquema, passar uma carraspana no capitão e colocar óculos em Jonas. Apesar de o Mineiro não ter mostrado muita coisa, ainda defendo um time no 442 com ele e o Maxi na frente.

Espero que Rospide mantenha o aproveitamento que vem tendo, que é excelente. Espero que não sejamos burros de fazer terra arrasada por causa de um empate. Espero não mais ouvir os arautos da vaia e, principalmente, espero ver 20 mil mulheres pagando ingresso e comparecendo a todos os jogos daqui para frente. Com toda essa esperança, que não é pouca, me voy.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O FIDALGO TRICOLOR.

Por Silvio Pilau

No início de 2008, o Grêmio passava por um processo de reformulação completo. Após um longo período, Mano Menezes deixava o comando do Tricolor para buscar novos desafios em São Paulo e a equipe que ele montou começava a se desfazer. A direção, então, partiu para as contratações. Diversos jogadores vieram, boa parte deles nomes desconhecidos, encarados com desconfiança pela torcida. Entre eles, estava um zagueiro de nome estranho e aparência ainda mais: Réver.

O amor com a torcida não foi não foi à primeira vista. Na verdade, duvido que algum torcedor esperasse grande coisa de Réver. Àquele momento, o zagueiro era apenas mais um que vinha dentro da sacola dos contratados. Sua compleição física – alto e magro – passava logo de cara a idéia de se tratar de alguém desengonçado, sem agilidade, que parecia mais apto a estrelar uma comédia pastelão do que assumir o difícil posto de zagueiro de um dos clubes mais vencedores do Brasil.

Pois Réver acabou aquele ano como o melhor zagueiro do Brasileirão. E ninguém que tenha acompanhado o campeonato poderia contestar essa afirmação. Em menos de doze meses, Réver saiu de mera aposta de um time em reformulação para talento indiscutível do futebol brasileiro. Talvez até mais importante, conquistou a admiração e, acima de tudo, a confiança da sempre exigente torcida gremista. E conseguiu isso destilando talento, garra e uma surpreendente classe dentro de campo.

Normalmente, diz-se que um zagueiro firme, capaz de impor respeito, é um xerife. Réver, no entanto, não é um xerife. De um xerife espera-se uma certa dose de rudez e grosseria. Alguém que exibe seu poder através de métodos nada requintados. Réver não se encaixa nessa definição. O zagueiro gremista sabe ser duro quando necessário, mas o faz sempre com classe. Sempre de maneira certeira. A imagem típica de um xerife em meio à poeira e circulando por saloons do velho oeste não se encaixa nele. Réver tem postura de quem pertence à realeza. Um verdadeiro nobre de chuteiras.

E isso fica muito claro quando tem a bola nos pés. O esguio zagueiro gremista não é adepto a chutões – ainda que o faça, quando necessário, e sem qualquer medo. Seu corpo inusitado para um jogador de futebol esconde um futebol sofisticado, com toques simples e eficientes. Quando tem a bola nos pés, seus quase dois metros transmitem a ideia de que irá perdê-la a qualquer momento. Os dois parecem não se entender. Uma ideia que logo se revela equivocada, quando Réver a coloca no chão com intimidade, a distribui com inteligência e ousa com dribles curtos e bem-sucedidos.

Tudo aquilo que o transformou em ídolo gremista foi posto em prática ontem, na partida contra o Santos. Na estreia tricolor no Brasileiro, Réver foi grande, mais uma vez. Jogando quase como um volante, constantemente saindo para o jogo, demonstrou sua capacidade, que foi coroada com um gol muito comemorado. Ao mesmo tempo, foi implacável na marcação, vencendo quase todos os duelos pessoais e comandando a equipe como um verdadeiro líder e capitão deve fazer. Réver, apesar de sua pouca idade, exala maturidade e autoconfiança que passam tranquilidade à torcida.

Se Réver será novamente eleito um dos melhores do país, somente o tempo dirá. Aposto que sim. Mais do que talento, nosso longilíneo defensor exibe uma regularidade impressionante na qualidade de suas atuações. E, na verdade, ser reconhecido pelo Brasil não é fundamental. Réver pode ficar tranquilo, pois já conquistou um lugar especial onde realmente importa: no coração da apaixonada torcida gremista.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A DIFERENÇA.

Por Silvio Pilau


Mano Menezes é um grande técnico. Hoje, certamente está entre os melhores do Brasil. Seu Corinthians é uma equipe muito bem armada e consciente, além de contar com um gênio que, mesmo fora de forma, é capaz de fazer a diferença no futebol brasileiro. Mais do que isso, Mano demonstrou seu talento aqui mesmo no Grêmio, em temporadas de surpreendente sucesso com elencos de qualidade duvidosa. Foi ele o homem que encarou a pedreira da Série B e, pouco mais de um ano depois, disputava a final da Libertadores contra o Boca Juniors.

Então, Mano Menezes é, sim, um grande técnico. Mas Mano tem um problema: os jogos fora de casa. Sem a intenção de ofender esse treinador que tanto fez por nós, afirmo que Mano é extremamente covarde em partidas longe de seus domínios. Aqui, no Grêmio, essa condição foi latente. E isso está ficando mais claro agora, no Corinthians. Por exemplo, na semifinal contra o Santos, na Vila, o Timão jogou retrancado e somente não perdeu porque Kléber Pereira não estava em uma noite inspirada, ao contrário do goleiro Felipe, e porque o gordo fez a diferença. O jogo contra o Atlético na Arena foi igual: tomando três na cola, o Corinthians conseguiu achar dois gols no finalzinho que deram tranquilidade para definir no Pacaembu.

E todos aqui lembram a campanha gremista na Libertadores de 2007, sob o comando de Mano. Com a torcida apoiando como nunca um time desacreditado por muitos, o Tricolor foi eliminando adversário após adversário até o confronto final com Riquelme. Aquela equipe, porém, passou por incríveis dificuldades fora de casa. Nas partidas de mata-mata, por exemplo, o Grêmio perdeu todos – repito, todos – os jogos longe do Olímpico e precisou sempre apelar para a imortalidade e para a torcida para reverter o placar e se classificar. Foi uma campanha magnífica, que encheu a todos os gremistas de orgulho pela superação, mas uma campanha irregular e cheia de percalços graças às partidas fora de casa.

Essa é a principal diferença de 2007 para 2009. O Grêmio de agora é um time que não tem medo de encarar o inimigo na terra dele. Não é mais uma equipe caseira, que joga somente com a torcida ao lado. O Tricolor de Rospide (e, vá lá, de Celso também) tem 100% de aproveitamento em jogos fora de casa nesta Libertadores. Vencemos todas as partidas disputadas nas plagas adversárias, inclusive a importantíssima vitória de ontem contra o San Martín. Se o Grêmio daquela Libertadores se tornava o Grêmio que conhecemos apenas no Olímpico, o de hoje consegue fazer jus à história de glórias também longe de nosso estádio.

E isso pode fazer toda a diferença para um time campeão. Claro que cautela é fundamental; não dá pra ser temerário ao ponto de se jogar para o ataque sempre, acreditando ser possível vencer todas as partidas. O Grêmio ainda está para enfrentar um adversário qualificado contra o qual será muito difícil vencer longe daqui. Mas, por enquanto, está fazendo o seu papel. Mesmo quando não joga bem, está vencendo. E, sabemos todos, o título não vai para quem joga melhor, mas para quem vence. Entre futebol arte e resultados, fico com o segundo.

Fora de casa, o nosso Grêmio de agora não joga mais como um time pequeno, como fazia aquele de Mano Menezes. Hoje, jogamos como time grande. Jogamos como o Grêmio. Jogamos como um time com postura de vencedor da Libertadores. Como um time pronto e focado para conquistar a glória. Um time que não se diminui, que encara o adversário de frente sem se encolher. Um time que demonstra não tremer as pernas longe do abraço de sua torcida e que cresce de maneira espetacular com o apoio dela. Um time com atitude de campeão.

Na minha opinião, a equipe de hoje não é tão boa quanto a de 2007. Acima de tudo, receio que possamos ter um choque de realidade quando pegarmos um adversário verdadeiramente qualificado. Mas estamos no caminho certo. Estamos fazendo – muito bem – a nossa parte. Inclusive e especialmente fora de casa, o que é fundamental em um torneio como a Libertadores. Por isso, mesmo considerando Mano Menezes é um grande técnico, afirmo sem pestanejar que levo muito mais fé no Grêmio de hoje.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O CAMPEONATO MAIS IMPORTANTE DO ANO.

Por Gustavo Foster


Começa neste domingo o campeonato mais importante do ano. E com "mais importante" eu me refiro menos à grandiosidade do título e mais à vontade da torcida e do clube, como entidade, em ganhar este campeonato. Ganhamos infinitos Gauchões, uma confortante Copa do Brasil, uma insuperável Libertadores da América, um heroico Mundial de Clubes. Tudo isso desde 1979. Mas, desde aquele ano, não ganhamos um sequer Campeonato Nacional. É o que falta a essa geração vencedora, à qual me incluo.

Nós, de 15, 25, 30 anos, vimos o Internacional honrar o nome como nunca antes havia feito, dando a volta ao mundo e vencendo todo e qualquer time, da Azenha à Barcelona, vimos o Colorado elevar-se a um nível acima e pairar, lá em cima, flutuando sobre todos os outros clubes do mundo, como quem olha e diz, para todos ouvirem (mas principalmente a torcida): "Hoje, eu sou o melhor time do mundo".

Vimos isto, mas não vimos o nosso clube do coração conquistar o Brasil. É o que nos falta, e 2009 é o ano em que temos tudo para conquistá-lo. Há muito se diz isso, eu sei, mas 2009 é diferente, como sentencia Marcelo Benvenutti. Em anos anteriores, fazíamos campanhas de satisfatórias a excelentes contra times da ponta ascendente, de nível maior, de qualidade superior. São Paulos, Palmeiras, Flamengos, Cruzeiros nunca nos meteram medo. O problema era contra times considerados pequenos, fáceis, ganhos. O desempenho contra esses, que deveria tender ao 100%, era pior do que o anterior ou, no mínimo, de resultado lamentável.

No ano do Centenário – mesmo ano em que se completam 30 anos do último Campeonato Nacional, conquistado pelo timaço da década de 1970 –, o Inter porta-se de maneira diferenciada. Contra os melhores, apresenta dificuldades aceitáveis e ganha de maneira equilibrada. Quando enfrenta adversários mais fracos, joga como se jogasse qualquer outro jogo e aplica o resultado de forma natural. Se a diferença de qualidade entre o Inter e o adversário for liquidante, avassaladora, implacável, o placar, abdicando do papel injusto por vezes concedido, mostrará a quem quiser ver números verdadeiros e, fazer o que, humilhantes. Números não mentem.

Trinta anos depois, o Inter conquistará o Campeonato Brasileiro. Os adversários, em cinco meses, ficam claros e expostos: um Corinthians ascendente da Divisão do Limbo, com Ronaldo agora desempenhando uma função mais "centroavante-espigão"; um Cruzeiro com Kleber e Ramires, bem na Libertadores e impiedoso no estadual; um Grêmio com Souza comendo a bola e Rospide encarnando o Felipão no Grupo dos Mortos; um São Paulo sempre de butuca e mais algum que corra por fora. Sport, Palmeiras, Santos não chegam. O resto fica entre a 7ª e a 20ª colocação, por ordem de chegada.

Vejo nesse time de Tite o foco do Inter de Abel em 2006. Os jogadores dormiam com um olho fechado e um olho no adversário. Cada um dos 38 jogos deste campeonato devem ser jogados como contra o Barcelona. Esqueçam lesões, esqueçam cartões, esqueçam tudo. Todos os zagueiros são o Puyol e todos os goleiros são Victor Valdez. Só precisamos de um gol. O Índio sangra o nariz mas segura a onda lá atrás. Foco, que venceremos.

Time para isso nós temos.

VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA.

Por Cristiano Zanella


Mais uma noite de futebol latino-americano movimenta a quarta-feira tricolor, na peleia pelo tri da América. Na pauta, o primeiro confronto entre o Grêmio Foot-ball Porto-alegrense e o glorioso Club Deportivo Universidad San Martín de Porres, do Peru. Sobre o adversário, poucas informações, mas vale a máxima que diz que "em Libertadores não tem barbada", e cabe ainda salientar: por mais desgraçado que o futebol peruano possa vir a ser, trata-se do atual bi-campão nacional, portanto cuidado e respeito para com o San Martín. Pero... somos de Grêmio, e aí são outros quinhentos!

De olho também no Brasileirão, chegam Túlio e Joílson, dois jogadores com experiência em grandes competições. E ainda tem Molina, Lucio Flávio e o garoto prodígio Marlos cotados. O Grêmio começa a formar um grupo de verdade, e com tantos assuntos paralelos, a questão técnico fica mesmo em segundo plano: o invicto Rospide é o treinador, respaldado pela comissão técnica, atletas e torcida. Sim, temos um comandante, e seu nome é Rospide, Marcelo Rospide. Joga com o mesmo time sempre, fez o Grêmio alegre e vencedor, não inventa e nem faz experiências infrutíferas, treina com os portões abertos, tem os pés no presente e os olhos no futuro. Quem lembra de Valdir Espinosa, um técnico emergente..., e por que não? Rospide sabe, mais do que qualquer um, que o itinerário a ser percorrido até a semi-final foi facilitado para o time com melhor campanha na competição: pega adversários de menor expressão e decide em casa sempre. Num torneio de tiro curto, fatores que podem vir a ser determinantes na hora do "vamos ver".

Hoje é dia do ataque acordar, jogar em cima, marcar a saída de bola. O meio campo tem que fechar a intermediária, correr os 90 minutos, e aos zagueiros cabe ocupar todos os espaços na retaguarda. O gol fora é qualificado, pode valer por dois em caso de empate. Além do horizonte nossa estrela vai brilhar, iluminando os caminhos que haverão de conduzir o Grêmio rumo à mais esta conquista histórica!

Tricolores: as veias da América Latina estão abertas, para que por elas escorra o sangue azul que irá novamente pintar a Terra em tons celestes! Dentro em breve, libertaremos a América! Depois, o mundo... O céu é o limite!

Vamos juntos, com o Grêmio sempre, onde ele estiver!!!

terça-feira, 5 de maio de 2009

COMO EM 2005.

Por Felipe Sandrin

Eu olhava para o Tuta entrando em campo, seu jeito inconfundível de caminhar, o chiclete o qual ele não conseguia mascar de boca fechada, e dizia a mim mesmo: esse time é incrível, essa torcida é algo que nunca mais há de se apagar; veja só como eles cantam, pulam e vibram a cada lance; fazem tanto que não importa o pouco que ele, Tuta, faça, pois nós estamos aqui e, juntos, nós somos o Grêmio que não se entrega.

Lembro que na primeira fase da Libertadores daquele ano já podíamos sentir a energia de uma torcida revigorada, confiante e inabalável diante da glória do inacreditável, ante o que aconteceu um tempo antes em uma batalha de aflitos.

O tempo passou, e os jogadores que fizeram parte daquele épico feito seguiram seus caminhos longe do Grêmio. Sobraram fotos, histórias, momentos inesquecíveis, sobraram as lembranças que freqüentemente nos vêm à mente, lembrando de tudo que passamos em tão pouco tempo: da Série B para a final de uma Libertadores. Mas, aos poucos, o espírito que fazia o impossível ser apenas uma palavra se desgastou, e hoje muito pouco resta daquela alma que lutava para reerguer o Grêmio.

Hoje, eu me pego olhando para Maxi, Souza, Rever, Victor e vejo ali bons jogadores capazes de ganhar um grande titulo, mas não sinto mais aquela energia de uma geral cantando com a alma, não consigo mais ver a força que fazia até mesmo os que sentavam na social levantarem para cantar: hoje, vejo muito pouco do que tanto é necessário para os que almejam algo tão grande como uma Libertadores.

Sabe o que falta ao Grêmio hoje? Uma torcida que volte às origens. Muitos acham vergonhosa a Série B, mas foi lá, naquela mesma Série B, diante da vergonha, que gremistas se tornaram ainda mais gremistas. Vou dizer a vocês: em nenhuma disputa de titulo, o Grêmio teve mais amor nas arquibancadas e dentro de campo do que na época em que estávamos na Segunda Divisão. Estar ali significa algo mais do que gostar do Grêmio. Por 90 minutos, cantávamos e torcíamos por 11 nabas, 11 caras que não jogavam nada, mas que eram o melhor que poderíamos ter na época.
Eu botei na minha cabeça que precisava mudar, fiz um pacto comigo mesmo e, a partir de agora, toda vez que eu estiver a caminho do Olímpico para a disputa desta próxima fase, vou lembrar o quanto é difícil estar em uma Libertadores; vou lembrar da época em que eu torcia por 11 nabas numa Segunda Divisão, uma época em que muitos chamam de vergonha, mas que eu e, tenho certeza, muitos outros lembramos com orgulho.

Faça o que for preciso, veja vídeos da Libertadores 2007, lembre daquele time que tinha tudo para ser um fracasso, mas que conseguiu algo histórico com a nossa ajuda. O que te peço, amigo torcedor gremista, é que TU sejas a força deste clube como sempre foi.

O tempo irá passar, cada jogador seguirá seu caminho, mas o nosso seguirá sendo o mesmo. A cada passo que eu der em direção ao Olímpico, quero comigo a sensação de dever cumprido. Eu quero sentir que fiz o possível, quero lembrar com orgulho de uma época em que, independentemente de resultados, eu fiz o meu melhor. Eu quero ter o direito de poder dizer que nossa torcida venceu mais uma vez com e pelo Grêmio.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Por Ricardo Lacerda

Desde quinta-feira estou abrigando um casal de amigos do Rio de Janeiro que se queda até o próximo sábado. Ele, flamenguista roxo, é baita simpatizante do Tricolor. No feriado de sexta-feira, fomos aos dois estádios. Passamos pela frente de um Beira-Rio movimentado, mas sem descer do carro. Depois de dar uma volta por Ipanema, chegou a vez do Monumental – afinal, o melhor sempre se deixa para depois.

Batemos fotos, fomos às arquibancadas, compraram camisa... tinha bastante gente. Os números já marcam dois mil novos associados desde a partida diante do Boyacá, chegando aos 54 mil – sem contabilizar gatos, cachorros e papagaios, vale ressaltar. Na volta para casa, meu amigo Carlos disse, contente, que não esperava por isso, porque no Rio tem que pagar pra entrar no Maracanã, por exemplo.

Fanatismo à parte, senti orgulho de percorrer Porto Alegre e observar coisas que muitas vezes passam despercebidas. Entre elas, a quantidade de gente com camisas de Grêmio e Inter – além de meu amigo com a sua rubro-negra, é claro. Outra coisa que os deixou surpresos foi a limpeza da cidade e o grau de arborização. Não sei se pegaram uma semana de sorte, mas o fato é que a capital está mesmo limpa – ao menos as grandes avenidas.

Quando estamos na presença de “estrangeiros”, nos tornamos mais bairristas do que nunca. Num churrasquinho para comemorar o aniversário de minha progenitora, o carioca queria saber com qual time simpatizamos no Rio de Janeiro. Mudez total. Não simpatizamos com ninguém, ora pois. Somos gremistas ou colorados, apenas. Para ele, isso é egoísmo. Explicamos que é amor incondicional, mas não adiantou. Não demovemos Carlos da ideia de que somos grandes egoístas. Depois de cantar o parabéns normal, veio o parabéns gaudério. Ainda entoamos o hino do Rio Grande, embalados pela ceva gelada. Pedi para que ele cantasse o hino do Rio de Janeiro. Malandro, não titubeou e puxou um “cidade / maravilhosa / cheia de encantos mil”... Festeira, a galera cantou junto aquele que obviamente não era o hino carioca.

Hospitaleiro, meu pai (colorado) iria levar as visitas ao Beira-Rio na quarta-feira, diante do Náutico – infelizmente o único jogo que teremos por aqui esta semana. O plano mudou depois da definição da Libertadores: vamos a um bom boteco assistir algo maior, mesmo que seja pela TV. Aos olhos de quem vem de fora da província, a futebolização do gaúcho está em alta. O Inter avança e, teoricamente, tem caminho fácil à final da Copa do Brasil, apesar de carregar um karma nada agradável contra os "pequenos". Da mesma forma, o Grêmio enfrentará equipes sem tradição pelo menos até a semifinal da Libertadores. O Brasileirão começa na próxima semana, e aí veremos como será a vida nos pontos corridos. Com cada um na sua, a dupla Gre-Nal vai mostrando a força do Sul ao Brasil e à América. Na quarta-feira, enquanto correr o Nal-Nau, disputaremos um jogo que é a nossa cara: San-Gre. Por toda América, me voy – e a pé, sempre.

PS: Pobre do Carlos. Tentamos em tudo quanto era canal assistir a final do Carioca e só passava o "jogo do Gordo". Apesar do bairrismo e do gremismo, comemorei (moderadamente, é claro) quando o Bruno pegou o último pênalti (à moda Victor!), que só conseguimos ver porque a Band passou num quadradinho da tela. Legal ver um amigo feliz pelo seu time, desde que não seja um colorado.

sábado, 2 de maio de 2009

O SIMPLES NÃO TEM LUGAR.

Por Felipe Sandrin

É como uma manhã de domingo chuvosa, onde acordamos dispostos a viver um excelente dia, mas as nuvens negras pairam parecendo destruir todo e qualquer plano.

Eu creio nos que vencem pela coragem, que desafiam os ditos poderosos, que se empenham sem o receio de que não seja o suficiente. Eu acredito naqueles que, com espírito, lutam sem perder o orgulho, sem esquecer o porquê de estarem lá. Eu tenho fé apenas diante do que parece mais do que difícil, quase que impossível, pois só assim eu acredito no sobrenatural, acredito em uma meia, uma cueca, uma oração que faça de meu time o campeão.

Um dia, todos seremos torcedores cornetas, rígidos, confiantes, cansaremos de futebol por um tempo para logo em seguida voltarmos muito mais fanáticos. Todos nós detestaremos alguma atitude de algum dirigente que nos representa, pediremos reformas totais, exigiremos jogadores que desequilibrem. Todos nós um dia não teremos fé suficiente, ou seremos a fé que a outros faltam.

E quem de nós viveu em outras vidas para ter certeza de onde vem o sucesso? E quem de nós, mesmo descontentes, hoje duvida do Grêmio?

O que contaremos no futuro? A história de um time que, com um técnico interino, modelou-se e cresceu para tornar-se dono da América, ou a forma como um péssimo planejamento resultou na farsa, esperança e tristeza?

Eu não duvido de nada, muito menos do Grêmio, e o porquê é simples: em um triste domingo de chuva, chegando no Olímpico, fiz-me feliz, cantei, aplaudi e guardei em mim uma grande lembrança.

Obstáculos destroem fracos, e elevam os fortes. É por isso que nós vamos com o Grêmio: o simples não tem lugar em nossa história.