terça-feira, 30 de junho de 2009

Juntos outra vez.

Por Mano Menezes

Não faz muito que estive em Recife visitando uns amigos que já jogaram no Grêmio e hoje atuam pelo Sport; foram dias cercados de histórias futebolísticas e ótimas risadas. No apartamento localizado à beira da praia de Boa Viagem, toda noite era noite para relembrar o que cada jogador passou. Somália, hoje atuando pelo Náutico, fazia todo mundo cair na gargalhada com seu encantamento por Porto Alegre e a noite da Capital. Wilson e Vandinho falavam sobre sua experiências internacionais em países como a Ucrânia. Eu e Guto – jogador colorado que está emprestado ao Sport –, salientávamos porque o Gre-Nal era um clássico inigualável.

Entre tantas experiências distintas de vida, também havia espaço para a emoção: bastava ouvir Sandro Goiano e Bruno Teles falando sobre o Grêmio de 2007, e eu imediatamente me calava para entender cada detalhe que conduziu aquele grupo limitadíssimo a uma final de Libertadores.

- Nós estávamos perdendo por 2 a 0, e tudo que o professor pedia era para que segurássemos o jogo. Quando chegamos no vestiário, a única coisa que ele falava era que no Olímpico iríamos brilhar.

Este era Mano Menezes, motivador, estrategista e um fã declarado das mágicas do Olímpico. Foi essa a receita do Grêmio 2007: se o time era limitado, se os jogos eram guerras, teríamos de superar isso de alguma forma, e aquele ano foi a força da torcida que fez o Grêmio surpreender o Brasil, eliminando os favoritos da competição.

O primeiro jogo do Grêmio dentro dessa Libertadores ficou conhecido como "o massacre sem vitimas", um jogo inesquecível para qualquer gremista. Em meio a tantas dúvidas e pessimismo, eu me apeguei a uma idéia de que o Monumental Olímpico sabia o que fazia, e que os gols perdidos na verdade apenas estavam sendo guardados para um jogo mais importante.

Não existem hoje resquícios de 2007. A única coisa que permanece intacta é nosso amor, nossa fé e a mística sobre o poder do Monumental Olímpico.

Quando Mano Menezes se despediu do Grêmio, ele disse que voltaria, falou sobre a indescritível e inigualável torcida que temos e que, mesmo longe, jamais esqueceria dos dias de glória - quando o impossível se tornava apenas palavra diante de um Olímpico que pulsava numa mesma batida.

Juntos, somos invencíveis. E quinta-feira, mais uma vez, mostraremos isso.

domingo, 28 de junho de 2009

Os cinquenta mil da Azenha.

Por Eder Fischer


Um resultado de três a um a ser revertido contra um time tido por muitos como sendo o mais forte, cujo retrospecto em confrontos em copas e seus títulos não desmentem o seu tamanho. Uma batalha em campo que se recusa a acabar após o apito do árbitro suplente, estendendo-se a juizes que usam martelo ao invés de apito. Uma semana com previsão de frio e chuva.

Muitos torcedores baixariam a cabeça, muitos torcedores acompanhariam a partida no máximo em um bar, muitos torcedores vaiariam a volta do time ao seu estádio, muitos torcedores comuns, mas não gremistas. Gremistas de verdade não se desanimaram após o jogo, gremistas de verdade suspiraram com satisfação e agradeceram aos Deuses do futebol por propiciarem este cenário bélico e permiti-lhes não somente presenciar, mas pelear junto mais esta batalha na vida daquele que é conhecido como imortal.

Gremistas, agradeçam! Vistam a camisa mais surrada que tiverem, talvez aquela que vocês estavam usando naquele inesquecível sábado de 2005, pois não vamos ao Olímpico a passeio, pintem seus rostos, desfrutem cada minuto do segundo dia do mês de julho antes da partida, preparem o espírito e quando alguém comentar o quão duro será o jogo, apenas sorriam. Sorriam o sorriso do guerreiro. O sorriso de quem espera pela batalha que tanto aguarda pacientemente enquanto amola a sua espada. Na próxima quinta-feira não vamos ao Monumental simplesmente. Na próxima quinta-feira marcharemos as calçadas estreitas da avenida Azenha, deixaremos o ar gélido do nosso inverno entrar em nossos pulmões e ser expulso pelo calor dos nossos corações, nos alimentaremos com o som dos nossos companheiros que lá nos aguardam e formaremos junto a eles nossa linha de frente nos dois anéis do poderoso estádio Olímpico Monumental. E lá, não haverá espaço para disputa ou vaidades entre os nossos, cantaremos juntos, de goleira a goleira, de inferior a superior, de Geral a Social, a mesma canção, pois só assim nossa força se fará presente, nos lembraremos do motivo maior pelo qual vestimos as mesmas cores.

Nossa garganta será nossa espada; a camisa, nossa armadura; e com isso, lutaremos e faremos o melhor que pudermos, pois comparado à grande nação tricolor espalhada pelo mundo, os cinqüenta mil da azenha serão os poucos privilegiados a fazer parte de mais este feito.

Então, companheiro gremista, se vai ao estádio na próxima quinta-feira, saiba desde já o tamanho de sua responsabilidade. Não se preocupe com a sua voz e no dia seguinte quando perguntado se a perdeu, diga que não. Diga que ela está no Olímpico e ficará lá, perpetuada junto a outras 50 mil que levaram o Grêmio a mais esta façanha.

Loucura?

ISTO-É -GRÊMIO!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

As missões de quinta-feira.

Por Felipe Sandrin


Não lembro quando, não lembro quem, mas lembro como: o Grêmio perdia por 3 a 0 em um primeiro tempo tenebroso, no qual o time não jogou absolutamente nada, mas aos 46 minutos, quando o árbitro estava para terminar o primeiro tempo, em uma bola alçada para a área, o Grêmio descontou. O 3 a 1 estava de bom tamanho perto do baile que havíamos levado. No segundo tempo, faltando 8 minutos para acabar o jogo, arrancamos o empate, e o 3 a 3 àquela altura era uma vitória não somente do Grêmio, mas sim pessoal de cada um daqueles jogadores. Faltou qualidade, mas sobrou raça.

"O Cruzeiro vai massacrar. O Grêmio não irá ver a cor da bola. Agora vocês vão ver o que é um time de verdade". Ouvi isso a semana toda, cheguei a ficar apavorado pensando que por 90 minutos seriamos o tatu escondido no buraco, mas bastaram alguns minutos de jogo para que eu disse-se a mim mesmo: independentemente do resultado hoje, nós vamos buscar no Olímpico.

Quando Souza chutou aquela falta e correu para comemorar, notei que nenhum jogador do Grêmio foi pegar a bola que repousava sozinha dentro do gol: eles erguiam as mãos ao céu, agradeciam com punhos fechados e gritos abafados, eles sabiam, assim como nós, que aquele gol não era por acaso, ele era um gol do Grêmio, um gol com a cara do Grêmio, um gol que torna o impossível apenas uma questão de entrega, de raça e de fé.

Será que é possível o Grêmio ganhar de 2 a 0 jogando no Olímpico? Não, essa não é a pergunta que devemos nos fazer, mas sim: será que é possível o Grêmio não conseguir ganhar de 2 a 0 no Olímpico?

Muitos acham que futebol é 11 contra 11, mas peça isso a quem já jogou no Olímpico um jogo decisivo, pergunte a essa pessoa se nós torcedores não entramos em campo.

O Grêmio não é o Grêmio porque empata com o Caracas jogando fora de casa. O Grêmio é o Grêmio porque mesmo perdendo de 3 a 1 consegue inflamar sua torcida, fazer com que até os mais pessimistas, ante a falta de fé, saibam que na semana seguinte eles devem estar no Olímpico.

Você conhece alguém que não vá no jogo porque o Grêmio tem que fazer 2 gols? Os supostos incrédulos, cornetas e pessimistas estarão lá, eles não vão mudar porque no fundo eles sabem que são tudo isso, mas também sabem quem é o Grêmio.

A nossa missão é torcer sem cessar, a dos pessimistas é insistir no "não vai dar". E a do Grêmio é juntar todos em torno do que não pode ser explicado, em torno de algo que só nós entendemos e chamamos simplesmente... imortalidade.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Adeus, Cruzeiro.

Por Silvio Pilau


O Grêmio está na final da Libertadores da América. Não tenho dúvidas disso. Se alguém tem, não é um gremista de verdade. Confesso que o terceiro gol do Cruzeiro fez com que eu pensasse que tudo estava perdido. No entanto, a falta brilhantemente cobrada por Souza não somente colocou o Tricolor de volta à disputa, como me deu a certeza de que estamos classificados. O Grêmio, vocês verão, está na final Libertadores da América mais uma vez.

Por que eu sei disso? Sei porque o jogo do dia 02 de julho vai exatamente como a gente gosta. Exatamente. Sem pôr ou tirar. Vai ser uma partida difícil, sofrida, dura, emocionante. Mas vai ser no Olímpico e vai ser com o Grêmio já sabendo o resultado necessário. Vai ser da forma Grêmio joga melhor. Da forma que o Grêmio prefere e está acostumado a jogar. Alguém por aí já esqueceu que há exatos dois anos eliminamos por dois a zero os "infinitamente superiores" São Paulo e Santos, além do Defensor?

Mas claro que essa vitória e a fantástica classificação não virão somente com a minha confiança e minhas palavras. É preciso que vocês todos acreditem. Que os jogadores acreditem. E que acreditem em mim quando digo: é muito mais fácil do que parece. O Cruzeiro é um time bom, com jogadores que podem fazer a diferença. Mas, diante de um Grêmio motivado, ao lado da torcida e sabendo o que precisa fazer para chegar à final, eles não terão a menor chance.

Aos pessimistas, digo ainda mais: o Grêmio poderia ter feito o dois a zero necessário ontem mesmo no Mineirão. Se uma daquelas três chances claras do início tivesse entrado, a história seria outra. Tudo bem, é "se". Mas serve para mostrar como o placar aqui não somente é possível, como vai acontecer. Essa macumba que impede os gols do Grêmio não vai durar para sempre. Um dia ela vai acabar. E esse dia será a próxima quinta-feira. Não há feitiço, macumba ou adversário que resista ao Olímpico rugindo e vibrando de paixão.

O grande erro do Cruzeiro foi simplesmente ganhar do Grêmio. Eles teriam mais chances de passar de fase se tivessem empatado o jogo lá. Se fosse assim, a partida da volta seria apenas mais uma. De jeito que foi, será uma verdadeira guerra. Será uma batalha campal, onde os onze tricolores dentro de campo e os cinquenta mil ao redor atropelarão os pobres e indefesos mineiros. Do jeito que foi, o Grêmio entrará em campo motivado e para sair classificado.

Os cruzeirenses não sabem o que fizeram. Ao vencerem, acordaram um gigante. Um gigante que demonstra força monumental quando preciso. Acordaram o Grêmio. O jogo de ontem acendeu nos gremistas a chama que faltava para convocar, mais uma vez, a imortalidade. Reavivou no peito de cada alma tricolor o espírito fundamental para a conquista dessa Libertadores. Despertou o sentimento de vontade e superação que molda os verdadeiros campeões.

Aos cruzeirenses que lêem, sinto dizer: fizeram uma bela campanha. Mas a jornada de vocês acaba aqui, em Porto Alegre, quinta-feira que vem. Boa sorte na próxima.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Por una cabeza.

Por Ricardo Lacerda


A história do Tricolor bem que poderia se confundir com um tango qualquer. O ritmo, surgido no fim do século XIX em bordéis de Buenos Aires e Montevidéu, tem o poder de partir ao meio qualquer coração. Assim foi, assim é, e assim sempre será com o nosso Grêmio. Segundo Henrique Discépolo, autor de Cambalache, “o tango é um pensamento triste que se pode dançar”. E era assim que estávamos ao cair da noite de sábado: tristes com a iminência de uma derrota para o Goiás. Éramos 20 mil no Olímpico, outros tantos milhões Brasil afora.

Assim como um LP (porque tango deve ser ouvido em LP – de preferência um vinil 78 rotações) só termina quando a agulha emudece o lado B, o jogo só acaba quando o árbitro assopra o apito, ergue as mãos para o céu e depois para o centro do gramado. No último suspiro, o flerte fatal e a chave de ouro de um soneto: das melenas douradas às redes de Harlei. Esse foi o caminho da pelota. O último passo do tango bailado sábado só poderia ter sido dado por ele, Maxi López. Nosso centroavante deveria pedir, humildemente, que Gardel reencarnasse num vivente qualquer e cantasse com sua voz inolvidável Por una cabeza, de Alfredo Le Pera.

Foi por una cabeza que empatamos a partida sábado. E foi também por una cabeza que trilhamos a conquista da Libertadores 95. Aquele que talvez seja o tango mais famoso do mundo fala da paixão tresloucada de um homem pelo turfe. A sutil diferença entre o pobre viciado e nós, tricolores, é que os cavalos em que ele apostava jamais venciam.

Historicamente, encarnamos o sofrimento do tango. No entanto, ao contrário do que acontece com a música do Rio da Prata, peleamos sem esmorecer por um gran finale. Fossem gremistas os compositores de tango, o protagonista da canção sempre conquistaria a mulher amada e o apostador jamais perderia no jogo de azar. É assim que fomos forjados, à base da luta. Não adianta levantarem vozes para dizer que a mística da alma castelhana é balela, imitação, e outros quetais. Essas pseudocríticas não passam de ecos invejosos, meros sussurros de quem está longe e quer chegar onde já estamos há tempos.

Mesmo que de maneira inconsciente, temos, sim, a alma castelhana. O gaúcho ortodoxo confunde-se com o gaucho, o vaqueano, o arriero... Enfim, somos todos irmãos de essência. Aqueles que se abrasileiraram demais que tomem o vermelho como bandeira a hastear. Filhos do Sul, nossa cor é o azul.

Contra o Goiás, de onde brotou a gana para buscar o empate em duas oportunidades? Da Argentina. Herrera e Maxi, tal qual Gardel e Le Pera. Precisam apenas afinar a sintonia. Enquanto um compõe, o outro poderá cantar novos tangos à nação tricolor. De início, o espetáculo geralmente soa triste, dolorido, mas o que importa é o resultado final. Os feitos alcançados ao longo de décadas pela instituição da Azenha jamais caíram de maduro. Nunca pedimos que fosse fácil – e nem queremos que seja. Perde a graça e diminui a paixão. Um novo som, tocado ao ritmo do violão e do bandoneón, está surgindo em Porto Alegre. Mesmo que pareçam errantes, que se arme o palco e deixem que eles apresentem. Que, ao menos, contagiem os outros com sua obstinação. A nós, caberá apreciar o espetáculo. Dito isso, me voy.

sábado, 20 de junho de 2009

Nunca é tarde.

Por Eder Fischer


Enquanto tomava o seu café preto e forte pela manhã começava a ler o jornal de trás pra frente como de costume, começava sempre pela página de esportes, balançando a cabeça negativamente a cada notícia boa ou ruim que lia na parte dedicada ao Grêmio, ele era gremista, desde pequeno, os seus 35 anos lhe permitiam ainda recordar de todas as grandes conquistas tricolores. O primeiro Campeonato Brasileiro, Libertadores, mundial, copas do Brasil depois, mais brasileiros, mais libertadores... Eram muitos títulos, Glórias, Façanhas, muitos ídolos, grandes dirigentes que vinham do passado e se faziam presente como que desafiando cada parágrafo que lia naquele jornal. O filho se sentava à mesa para tomar o seu Nescau, e ele ignorando os seus oito anos de idade ao invés de um bom dia começava a manhã perguntando:

- Viu o teu time...

O complemento era mais desanimador:...

Vão contratar aquele refugo do futebol europeu, Não conseguiram ganhar daquele time meia boca ou, só conseguiram fazer um golzinho jogando em casa e por ai seguia. No trabalho todos sabiam do seu gremismo, por isso os colegas gremistas sempre o procuravam para saber sua opinião em dia de jogo. Olha com este time vai ser difícil, dizia ele, ou quando o jogo parecia fácil: se não ganhar deste time fecha as portas. Não era menos gremista que ninguém, pelo contrário, era um baita gremistão. Era sócio havia mais de 10 anos. Sempre que dava, ia aos jogos nas sociais com seu filho, tinha umas 20 camisas no armário desde as mais antigas até as atuais, mas ultimamente se sentia meio desgostoso, não tinha mais aquela alegria de torcer, o time não estava bem, o Clube com problemas financeiros, e para ajudar o rival vivia a melhor fase dos seus 100 anos de história, e nos últimos dias passou a não acompanhar muito o seu time fosse lendo o jornal, na Internet ou nos programas esportivos da TV e do rádio, ia ao monumental muito raramente, gostava de olhar jogos internacionais e enquanto suspirava vendo jogadores como Cristiano Ronaldo fazendo jogadas "malabaristicas" falava para o filho, ta vendo? Isto que é jogador, não é aqueles perna de pau que tem no teu time.

Certo dia seu filho perguntou com entusiasmo:

- Vamos no jogo, né, pai?

- Quando, filho?

- Poxa pai, vai ser na quarta! Nós vamos decidir o titulo!

Embora isto nunca tivesse sido problema, a correria dos últimos dias no trabalho fazia com que esquecesse. Então falou meio sem graça...

- É mesmo, filho, claro. Quem a gente pega?

O menino, meio surpreso pergunta:

- Tu não sabe, pai?

- Claro que sei! - fez um esforço enorme, mas conseguiu lembrar.

Logo em seguida, disse:

- Filho, é perda de tempo, não temos time pra ganhar esta taça, se fosse o Grêmio do Felipão eu já encomendava os foguetes, mas este ai...

Seu filho não disse nada e foi saindo, enquanto ele saia percebeu que tirava a camisa. Não qualquer camisa, mas mesma camisa tricolor antiga, que ele vestia quando ia aos jogos na sua infância. Foi deitar e não conseguiu pegar no sono, virava de um lado ao outro na cama, até que se levantou e foi até o quarto do filho para dar boa noite e o peso na consciência fez com que perguntasse meio sem graça:

- Se quiser ir ao jogo, podemos ir. O que é que tu achas?

Sem se virar na cama ele responde:

- Não pai, este time podre não vai ganha mesmo.

Pensou em falar alguma coisa, mas não tinha moral para tal. Só voltou ao quarto e brigou por mais de uma hora para pegar no sono.

No fim da tarde do dia seguinte, o menino chega da escola correndo e lhe dá um abraço; antes de dar um oi, ele fala:

- Pai, eu posso ver o jogo amanhã?

- Claro, filho, podemos ir...

Sem conseguir completar a frase, o menino fala:

- Valeu, paizão, vou ir na casa do Maurício, então!

- Mas o pai do Maurício não é colorado?

- Sim, pai, mas o time deles é bom, como o senhor fala, o nosso time é podre.

Queria dizer que não, mas estaria se contradizendo.

No dia do jogo, ao voltar do trabalho, teve que passar pela azenha em frente ao monumental. O trânsito lento fez com que ele observasse o movimento de um grupo numeroso de gremistas de ambos os sexos e várias idades cantando uma música da torcida que dizia: Grêmio, eu te dou a vida... ele viu um pai com o filho na garupa que cantavam junto. Lembrou do tempo em que era criança e acompanha o seu pai ao monumental, da alegria que era o simples fato de torcer, sem a preocupação com o resto. Ouviu no rádio alguns jogadores que falavam com o coração da alegria de estar disputando o título pelo Grêmio.

Um filme passou na sua cabeça neste momento, tudo que o Grêmio já havia feito na sua vida, as melhores lembranças com seu filho e que tinha de seu falecido pai eram vestindo as três cores sagradas. Lembrou também de quão ingrato tinha sido com o tricolor. Não tinha mais tempo, apertou a buzina e deu um jeito de chagar o quanto antes em casa. Chegando viu que o filho não estava mais, foi correndo até a casa do amiguinho Maurício, mas quando se aproximava, viu pela janela uma grande animação. Lá estava o seu filho, junto ao Mauricio e seu pai, todos vestindo roupas vermelhas. Ficou ali parado, atônito. Não havia nada a ser feito, ele era o culpado. Se virou e voltou para o carro. Era tarde demais.

Baixou a cabeça no volante e cochilou, quando acordou percebeu que estava em seu quarto, que tudo não passara de um sonho. E a primeira coisa que fez, foi acordar seu filho, dar um abraço forte e falar:

Te prepara guri! Hoje é o dia que vamos ao Olímpico.

-Ué? Mas o senhor disse que não vamos ganhar, pai.

Vamos ganhar, sim, filho. Seja qual for o resultado, porque o Grêmio não é apenas um time, é uma lição de vida.

O Grêmio e mais nada.

Por Felipe Sandrin

Eu ergui as mãos ao céu, parei de respirar, o tempo parou. Eu levei as mãos à face, fechei os olhos e, enquanto o ar saiu todo de uma vez, o tempo me mostrou que faltavam agora apenas quatro jogos... depois de tudo que passamos, apenas mais quatro jogos.

Um time tecnicamente razoável, sem grandes nomes e façanhas continentais, este era o Caracas. Já o Grêmio, o poderoso e sempre imprevisível Grêmio, das meias sujas de barro, das camisas encharcadas de suor, da torcida que não cala, que cobra apenas ao apito final... o Grêmio de sua torcida que junto ao apito final cantava: "Grêmio, Grêmio seremos campeões da América".

Onde estão as vaias? Onde está a cobrança pelo zero-a-zero? Onde está a exigente torcida que jamais se contentaria com um empate diante o modesto Caracas? Está ali, nas arquibancadas geladas, nas cadeiras onde o vento sopra gélido, congelante. Eles cantavam, sorriam e se abraçavam, e eu fiquei a sorrir, a agradecer, a imaginar, e então eu finalmente entendi: estávamos a quatro jogos do título, e agora não importava mais somente o futebol, agora não importava mais o que agradava ou não, agora era O GRÊMIO E MAIS NADA.

Em uma fria noite de quarta-feira, começou a Libertadores. Como mágica, tudo o que faltava surgiu, ressurgiu no mágico Olímpico Monumental. Os que exigiam sorriram aliviados, os que apoiavam há tanto tempo seguiram cantando e todos nós entramos em sintonia, entendemos que, de agora em diante, não era mais somente futebol.

Eu não me distrai com o garoto ao meu lado que insistentemente pronunciava a palavra: "RONALDO". Eu ergui as mãos ao céu, parei de respirar, o tempo parou. Eu levei as mãos à face, fechei os olhos e, enquanto o ar saiu todo de uma vez, eu imaginei, eu vi e ouvi o Grêmio campeão da América.

Talvez eu esteja sonhando, talvez eu acorde e veja que tudo não passou de imaginação, ou talvez quem sabe o pesadelo é que esteja passando, eu esteja novamente acordando e voltando à realidade do quanto é esplendoroso ser O GRÊMIO E MAIS NADA.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Libertadores começou ontem.

Por Silvio Pilau

Sejamos francos: a campanha gremista até aqui na Libertadores foi um passeio no parque. Ou melhor, até ontem. Antes da partida da última noite contra o Caracas, o Grêmio parecia tirar doce de criança a cada atuação. Os adversários eram incrivelmente inferiores e os duelos pouco exigiam do Tricolor, que vencia sem grandes dificuldades, mesmo quando não jogava bem. Talvez isso tenha colaborado para a mobilização mais fraca da torcida nesta Libertadores, especialmente se compararmos com 2007.

Tudo isso, como disse, foi até a partida de volta contra o time venezuelano. Ontem, pela primeira vez no torneio desse ano, a torcida pôde vivenciar um verdadeiro duelo de Libertadores da América. Um jogo tenso, nervoso, de muita briga, onde a qualidade do futebol por vezes é esquecida. Um combate onde o que realmente importa não é jogar bem, mas colocar em campo o espírito de um verdadeiro libertador. Ontem, a Libertadores teve início para todos os gremistas.

Foi difícil, muito difícil. Os gremistas sabiam que assim seria. Somente novatos nessa história de competições internacionais acreditam que existe jogo jogado em uma quarta-de-final de Libertadores da América. O Caracas não é um time de grande qualidade, fato. Mas tem uma equipe bem montada, que sabe o que quer e complicou para cima do Grêmio. Muito disso se deveu às próprias falhas do Tricolor, claro, mas a equipe venezuelana demonstrou possuir valor ao enfrentar de cabeça erguida um dos clubes mais vencedores do continente em seus próprios domínios.

Todos viram que o Grêmio não jogou bem. As deficiências da equipe continuam saltando aos olhos, talvez ainda mais exacerbadas devido ao momento de transição de esquema. Os dois laterais continuam devendo bastante, Tcheco mais uma vez foi abaixo da média e Souza parece estão não somente com a cabeça, mas com os pés em Paris. Porém, mais uma vez, o grande problema foi a falta de gols. Acho que nunca vi uma equipe perder tantos gols quanto o Grêmio neste ano. É algo a ser estudado por cientistas. As chances são criadas, mas a dificuldade para balançar as redes é monumental.

Até agora, conseguimos driblar isso. No entanto, a cada nova fase, as oportunidades são cada vez mais raras. Em uma semi ou em um final, as partidas são decididas no detalhe. Essa macumba, esse azar ou essa falta de competência que torna escasso o aproveitamento Tricolor pode fazer a diferença para a conquista de um troféu. É algo preocupante. Parece que a única solução é passar uma semana inteira treinando exclusivamente finalizações.

Outro problema continua sendo a falta de experiência do elenco. Ontem, isso ficou muito visível. O time realmente não sabia o que fazer com a pressão originada com a falta de gols. Continuar atacando para garantir uma vitória ou se segurar para não levar o gol? Continua faltando um líder dentro de campo, não para ter ataques histéricos com os colegas, mas para passar aos jogadores a tranquilidade que um time precisa em momentos como esse. Esse cara poderia ter sido Emerson, mas a direção não o quis. Vai entender.

Por outro lado, tivemos coisas boas. A classificação foi uma delas, claro. Mas o que se destacou foi a solidez defensiva. O Caracas nada criou durante aproximadamente oitenta e cinco minutos. Somente ao final, com o nervosismo à flor da pele e o cansaço batendo, o Grêmio bobeou por duas vezes e quase entregou a partida. Mas Léo e Réver estiveram bem, Túlio carregou com eficiência o piano à frente da defesa e Adílson provou mais uma vez ter a capacidade de ser um grande jogador. Ainda precisa evitar certos exageros, mas será um volante completo em alguns anos.

Entre altos e baixos, passamos. Aos trancos e barrancos, estamos entre os quatro finalistas da Libertadores. E, como nenhuma das equipes está a ponto de bala, temos boas chances de chegar ao título. Vai ser difícil, vai ser sofrido, vai ser chorado. Vai ser como o Grêmio gosta. O jogo de ontem serviu para duas coisas: confirmar a classificação e despertar nos atletas e na torcida o verdadeiro sentimento da Libertadores. Serviu para acender, no peito de cada gremista, a chama da vitória.

A Libertadores começou ontem. E termina, para nós, no dia 15 de julho, com mais uma faixa no peito.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Não é jogo jogado.

Por Cristiano Zanella

Torcedores, secadores e simpatizantes: na Copa Libertadores da América, passada a primeira fase, todo jogo é "o jogo do ano". E hoje à noite, contra o Caracas, não será diferente. A partida é decisiva; quem não mata, morre! Respeito, cautela e concentração são as armas que definirão o duelo às semifinais. O Grêmio vem com tudo: mesmo perdendo o Gauchão e os Gre-nais, abalado pelas trocas no comando técnico e com uma trajetória não mais do que mediana no Brasileirão, o tricolor se manteve firme e forte no certame continental – é dono de uma campanha invejável, até então talvez a melhor na história da competição!

No último jogo, pelo Brasileiro contra o Fluminense, o esquema de Autuori (o famoso 4-4-2) mostrou-se mais ofensivo, porém pouco efetivo. A bola continua não chegando ao ataque, e quando chega, os atacantes não fazem. Tcheco estava mais solto, menos preocupado com a marcação (mesmo assim e como de praxe, aquém das expectativas). Túlio e Adilson são mais marcação/destruição do que criação, não são jogadores que decidem (assim como Douglas Costa, meros coadjuvantes). Maxi Lopez é muito esforço e movimentação, mas pouco futebol (respeito opiniões em contrário, ele é talvez o menos pior do ataque, mas está longe de um "ídolo tricolor"). Alex Mineiro entrou bem (não pode ser reserva de Jonas), participando, dividindo, fazendo a parede, mas parece ter desaprendido o caminho do gol – quem sabe hoje, Mineiro? Quantos aos laterais (agora alas), respaldados pelo meio campo povoado, eles tem que finalmente entrar em campo, pô!!!

Já o primeiro confronto contra os venezuelanos foi atípico: viagem desgastante, gramado péssimo, pressão da torcida, gol no primeiro minuto, até o sistema de irrigação do gramado foi ligado no intuito de coibir o futebol! Isso tudo é fato, mas, vamos combinar, faltou tranqüilidade, e porque não dizer qualidade ao Grêmio. Não dá pra depender da bola parada, de gol de lateral. Já afirmei aqui neste espaço que o Grêmio – atualmente – depende do futebol de Souza! Este é o jogador que pode fazer a diferença, por sua qualidade e liderança. No drible, na tabela, no lançamento ou na bola parada, é Souza o diferencial! O milagreiro Victor – que é também diferencial – não estará em campo! Se apertar, vamos de Alex Mineiro, Maxi Lopez e mais Herrera pra cima deles! Vale a máxima que diz: "em Libertadores, não tem barbada" – e não tem mesmo! O presidente Duda Kroef e boa parte do elenco garantem: não é jogo jogado!

Também não enxergo o arco-íris no horizonte tricolor, mas o Grêmio é o Grêmio porque é Grêmio, e, como dizia o baita gremista Victor Matheus Teixeira, o popular Teixeirinha, gaúcho de verdade não dobra a esquina quando vê o perigo e, quando luta, vence!!!

A Libertadores 2009 haverá de ser nossa! Rumo ao Monumental! É com o Grêmio sempre, onde ele estiver!!!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

NOTÁVEL EVOLUÇÃO.

Por Ricardo Lacerda

Quatro-4-2, sim, mas com três zagueiros de origem, vale lembrar. Thiego foi bem: defendeu com eficiência, dando mais liberdade a Fábio Santos, que melhorou consideravelmente depois da chegada de Autuori. Os dez dias de treinos com o esquema alterado fizeram bem à equipe. Aliás, mudança esta alardeada - e esperada - há bastante tempo. Com quatro homens na meia cancha, o time ficou mais consistente, envolvendo o Fluminense, que tem bons jogadores, como Conca e Fred, em pleno Mário Filho. Vamos a uma breve análise do nosso meio campo:

Túlio - novo titular - é um burocrata: nada de mais, nada de menos. Faz muito bem a função que lhe é atribuída - e zé fini;

Adílson é uma explosão de hormônios: raçudo, ora com excelentes passadas, ora fazendo umas cagadas impressionantes. Tem lapsos de craque. Lapsos, eu disse. Precisa evoluir, aprender a fazer as coisas de maneira mais simples;

Souza já se assumiu atucanado com a novela Grêmio-PSG. A propósito: a direção precisa resolver esta pendenga o quanto antes. Já tá ficando chato;

Tcheco é um capítulo à parte. No 4-4-2, voltou a fazer a função que gosta. Agora, quando não jogar bem, ninguém poderá dizer que é porque está sendo "sacrificado" na volância. Pra mim, ele tem virtudes, mas também defeitos. É inteligente, tem ótimo passe e manda bem nas bolas paradas. Por outro lado, é lento, some em muitos jogos e quase sempre leva cartão. O fato de se dizer gremista e outros quetais é jogo pra torcida. Já disse: ele é inteligente. Jogador inteligente sabe jogar pra torcida, se fazer bem quisto. Não digo que ele é mentiroso. Realmente existe uma identificação de Tcheco com o Tricolor. Eu também me identificaria com um patrão que há anos me paga um salário de dezenas de milhares de reais e me entragaria de corpo e alma no exercício da profissão. Ainda assim, não vejo no elenco alguém que possa colocá-lo no banco. Se viesse o Renato, aquele da "novela" das Arábias, aí sim. Por enquanto, acho que não deveria mais ser o capitão. Sugiro Réver, mas é só sugestão.

Já que falamos do meio-campo, vamos adelante... Apesar de estar retomando o ritmo, Alex Mineiro é infinitamente melhor que Jonas. Sabe se posicionar e é inteligente. Não é normal errar gols como os que perdeu contra o Fluminense. Agora vamos à surpresa do ano: Maxi López. Temos que assumir que a maior incógnita do ano está se revelando um ídolo. O maior salário do Tricolor procura, incansável, justificar o estrondoso ordenado que embolsa no fim de cada mês. Corre pra lá, corre pra cá, marca, dá carrinho, empurra, faz faltas (e, assim, frea muito bem o avanço dos adversários)... E o melhor é que não é apenas isso! O marido da estonteante Wanda Nara sabe jogar bola. Faz muito bem o papel de pivô, ganha as bolas altas e engana a todos quando pensamos que vai fazer alguma cagada com a pelota nos pés. É objetivo e dificilmente erra um passe. Fiquei chocado ao ver, algumas vezes, Maxi López fazer perfeitas inversões de jogo. Parabéns a quem identificou nele um jogador que poderia render no Olímpico. Errado compará-lo a Jardel, como já andaram fazendo. Maxi é Maxi, ponto. Em comum, a camisa 16. O argentino ainda precisa provar muita coisa, e isso será feito somente com canecos. O importante, hoje, é frisar que o cara está correspondendo.

Agora, os destaques negativos: Douglas mostrou que ainda é guri. Joga bola, eu sei, mas é guri. Acho que o fala-fala de Manchester isso, Manchester aquilo, deixou o piá nervoso. Autuori precisa dar um jeito nesse pessoal que sai do banco com a intenção de ajudar e acaba atrapalhando. Foi assim com Jonas, com Joílson e, agora, com oprojeto de craque. Herrera só não vai expulso porque tem entrado com pouco tempo. Ainda assim, geralmente "fatura" um amarelinho. O compatriota de Maxi até tem mostrado evolução, mas é raça além da conta. Todo esse pessoal do banco anda precisando tomar mais Maracujina.

Agora é Libertadores. Que venha o Caracas. Vamos de 4-4-2 pra dentro deles. Esse time aí complicou aquele Santos que tinha Zé Roberto comendo a bola em 2007, em plena Vila Belmiro. Não é jogo jogado, mas penso que temos obrigação de passar bem, sem maiores dificuldades. Vamos todos ao Olímpico. A pé, me voy.

Oxalá tudo dê certo esta semana. Mando um saludo especial a um amigo da várzea: ele é centroavante, ficou famoso depois dum episódio com um pessoal da Farrapos... o bom é que, apesar de pançudinho, quando o time precisa ele guarda. Um abraço, Ronaldo!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Diga ao povo que fica, Willamis de Souza!

Por Cristiano Zanella


O Grêmio atual é Souza e mais dez! Trata-se de um time pouco criativo e dependente das boas atuações do meia. Vou além: o tricolor é hoje quase um refém de Souza! Sabe que somente através do futebol deste talentoso alagoano pode conquistar a Libertadores e tentar algo no Brasileirão. Assim, justifica-se a tolerância para com seu comportamento dentro e fora de campo: dentro do campo é individualista, auto-suficiente, às vezes craque; fora dele é arrogante, polêmico, provocativo em suas declarações.

Era um velho sonho gremista contratar Souza. Se na maioria das vezes contrata-se quem está disponível no mercado, com Souza foi diferente: já no segundo turno do Brasileirão 2008, a diretoria trouxe o craque dizendo tratar-se da “cereja do bolo”, a peça que faltava na engrenagem. Trouxe a cereja, mas faltava o bolo! E cabe lembrar que, na hora do “vamos ver”, foram pífias suas atuações, e o Grêmio desandou na reta final do Brasileiro. É certo: uma equipe vitoriosa não se faz com uma ou duas individualidades, mas com um elenco entrosado e em harmonia.

Jogo contra o Náutico, intervalo da partida: parte da torcida vaia o time, cobra Souza. Segundo tempo: Souza vai lá e faz dois, e cobra a torcida! Quer ouvir o seu aplauso, seu canto, mostra seu comprometimento, assume a responsabilidade, e exige uma espécie de retratação! É, mais uma vez, o nome do jogo!

Após a Libertadores, é quase certo, sairão Victor, Réver, e Souza também não deve ficar. Historicamente é assim – abre a janela do meio do ano e as propostas do exterior falam mais alto. Souza é um jogador já em idade avançada (30 anos), caro para os padrões gremistas. Junto com Victor e Réver (que interessam a clubes italianos), é sem dúvida o que há de melhor no Grêmio. A CBF já nos tirou o goleiro dos próximos jogos (é terceiro reserva na seleção, e quando voltar periga vir fora de ritmo, esgotado pelas concentrações e pelas longas viagens de avião). Só falta chegar – novamente – até a final e não poder contar com o futebol de Victor, Réver e Souza...

Em suma: a almejada conquista do tri da Libertadores passa necessariamente pela manutenção de Willamis de Souza Silva no elenco. Os dirigentes estão otimistas, e o próprio jogador diz que pretende ficar, encerrar a carreira jogando pelo Grêmio. Então, se é para o bem de todos, e felicidade geral da nação tricolor:

- Souza, diga ao povo que fica!!!

Vamos com tudo, Grêmio! Para o que der e vier!!!

terça-feira, 9 de junho de 2009

CONFIANÇA.

Por Silvio Pilau


Lembro claramente da campanha gremista na Libertadores de 2007. Naquele ano, o que mais se destacava era a confiança de que o Grêmio sairia campeão. Praticamente todas as vitórias eram na base da superação, tendo que virar um placar desfavorável. A torcida apoiava como poucas vezes antes, em qualquer clube do mundo. Os jogadores pareciam compreender que faziam parte de um momento histórico e se doavam dentro de campo. Todos, da torcida à imprensa, sabiam que o Grêmio não tinha o melhor time, mas ninguém se arriscava a dizer que o Tricolor não sairia campeão.

Não vejo isso agora em 2009. Mesmo com uma campanha muito mais sólida e um caminho mais fácil pela frente, são poucos os que realmente creem que o Grêmio possa alcançar o lugar mais alto na competicção. Até para a torcida gremista, que certamente irá acreditar e torcer até o fim, o título parece uma possibilidade distante. A mobilização em busca do tri não se compara àquela de dois anos atrás e o Grêmio corre em busca da copa como um grande azarão.

O motivo para essa diferença de espírito é difícil de ser apontado. Pode ser porque aquela Libertadores foi logo após o título colorado. Pode ser porque hoje a Geral se dividiu e o Olímpico não canta mais em uma só voz. Pode ser que a sombra daquela derrota para o Boca ainda paire sobre todos os corações gremistas. Sinceramente, não sei qual a principal diferença. Mas qualquer um que frequente o estádio, qualquer um que viva o dia-a-dia gremista, sabe que ela existe.

O que resta aos jogadores e comissão técnica é saber tirar vantagem disso. Se a confiança não é tanta, isso deve ser usado como motivação. Se o Grêmio não está entre os favoritos, essa é mais uma razão para jogar com ainda mais raça e vontade. Em toda a sua história, o Grêmio sempre partiu do grupo dos desacreditados para alcançar a glória. A posição de favorito não condiz com nosso espírito. O Grêmio nasceu para calar bocas com faixas, não para confirmar ser o melhor.

E essa é a esperança para a Libertadores de 2009. Há dois anos, a confiança era maior, mas o título não veio. Agora, a crença no troféu é muito menor. Mais um sinal de que o final dessa história será diferente.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

POR QUE SOMOS DE GRÊMIO?

Por Eder Fischer

Ano 2004, caímos pela segunda vez para a segunda divisão do campeonato Brasileiro, um sentimento de desilusão transformou-se naquele ano em uma das maiores, se não a maior, loucura nas arquibancadas dos estádios mundiais. Um sentimento de identificação e cumplicidade tomou conta de cada gremista, não em uma Libertadores, mas na segunda divisão. Apesar de fazer pouco mais de três anos, acredito que é mais fácil para um gremista dar a escalação do time bi campeão da América do que daquele time. Por quê? Porque o que mais importava, não eram os jogadores, e sim, o Grêmio, torcer e vestir as três cores sagradas reconhecidas em qualquer parte do mundo sem a necessidade de escrever uma letra sequer. E a nossa recompensa veio num feito heróico comparado a contos vistos antes somente em fabulas mitológicas.

Às vezes escuto pessoas me dizerem que preferiam que o retorno a séria A, fosse como o do Corinthians, tranquilo. Eu não mudaria uma virgula do que aconteceu, futebol pra mim é a expurgação do racional, to cagando para gerenciamento, finanças e outros assuntos que são resolvidos por senhores polidos de gravata, não que não seja importante, mas o meu papel como Gremista é o de torcer, amar, me emocionar e comemorar, que cá entre nós, é a melhor parte, nós é quem somos os astros. Nós somos de Grêmio. Nós somos o Grêmio.

Eram 21 horas da última quinta-feira quando, mesmo tomando um café quente sentado na minha cadeira sob ar condicionado do meu trabalho, invejava a nossa torcida que estava exposta ao frio no concreto do Olímpico Monumental. Quando na primeira tentativa frustrada de drible de Souza, ouvi as primeiras vaias. Não estávamos mais com o Roth na casamata, não fomos desclassificados após uma campanha ruim na libertadores e nem estávamos vaiando o Ramon ou o Tuta. Se tratava do segundo jogo no Olímpico sob o comando de um técnico com credenciais e vontade de treinar o Grêmio que vinha de um resultado importante na Libertadores e após uma tentativa de infiltração daquele que é hoje o referencial técnico do time, Souza. Nem a vitória por três gols de diferença apagou a minha preocupação. Fiquei me perguntando se esta torcida é a mesma que trouxe o Grêmio de volta a primeira divisão, se é realmente a mesma torcida que levou o Grêmio a uma final de libertadores. se é a mesma torcida que já foi reconhecida por apoiar incondicionalmente.

Onde está o nosso orgulho de vestir o manto tricolor mesmo após derrotas que há tão pouco tempo se fazia presente?

É visível que assim que o inter conquistou o titulo que já tínhamos após 23 anos e viu que não bastava para nos abalar, tratou de tentar diminuir a nossa conquista, vocês que acompanham o FinalSports ou qualquer outros comentários de noticias, blogs ou orkut já devem ter se dado conta, posts do tipo, teu time é podre o meu time é de estrelas é corriqueiro, é uma atitude inconsciente e natural. O que eles querem é que sejamos como eles foram durante duas décadas, vestindo camisa de adversários do Grêmio porque tinham vergonha de vestir a própria camisa. Em Porto Alegre tinha torcedores do Grêmio, em sua maioria, depois tinham torcedores do Palmeiras, Corinthians e até do holandês Ájax, todas mais numerosas do que as camisas do rival na rua. Os poucos amigos colorados que conheci que vestiam a camisa do seu clube, são os únicos que respeito até hoje e incrivelmente são os únicos que apesar de terem conquistados alguns títulos ultimamente, reconhecem a grandeza do Grêmio.

Sou louco? Internem-me, mas prefiro voltar à segunda divisão com aquele sentimento mágico de loucura, amor, paixão e devoção que caracterizam o verdadeiro motivo de torcer, do que ficar exigindo estrelas e craques no meu time e me submeter a uma noite fria para vaiar, seja no campeonato Brasileiro ou numa final de libertadores.

Estou neste momento formando uma concha com a mão junto com a orelha, como fez o Souza após o seu primeiro gol na quinta-feira.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

SÓ RESTARÁ UM.

Por Felipe Sandrin


Apesar de parecer uma vitória simples e natural, nessa quinta-feira conseguimos o fundamental para trazer a tranqüilidade ao grupo que, pela primeira vez, terá tempo para trabalhar junto a Autuori.

No meio da semana, o que poderia se tornar um total desconforto com a suposta intriga entre Maxi e Souza foi sabiamente contornado por ele próprio, Autuori, ainda no domingo: trata-se de um grupo cobrado que também se cobra ao máximo. Eles sabem que falhas não podem se repetir nos jogos decisivos e cada vez mais difíceis que teremos pela frente.

Marcelo foi bem em seu primeiro teste, seguro e nada comprometedor: não é a primeira vez que o goleiro entra sobre pressão, e tenho certeza que Victor encontrará o Grêmio como quando partiu, lutando por títulos.

Nestes tempos difíceis, onde secar o co-irmão é tão difícil quanto vê-lo sair dos campeonatos, agradeço todos os dias pela bendita Libertadores de cada dia.

Ao longo dos mais de 90 gols do Inter nesse ano, está meu avô que, insistentemente, após cada um deles, toca sua buzina a ar enlouquecendo a gremistada das redondezas. Esse é o retrato dos colorados, cheios de confiança, inundados de motivos para acreditar em um centenário cheio de glórias e títulos; os gremistas, por sua vez, estão quietos, desconfiados, apenas esperando e tentando não prever o pior fim.

A grande questão é se a lógica de tanta confiança e desconfiança irá operar ou não. De qualquer maneira, alguma coisa me diz que só um lado será feliz esse ano, mas eu espero estar errado e que os dois consigam grandes títulos: porque se alguém tem mais chances de terminar o ano chupando o dedo este alguém somos nós do Grêmio.

Meio que cambaleando, mas indo. Quando e onde pararemos, como sempre, só o tempo dirá: certo apenas é aquele velho bordão "com o Grêmio onde o Grêmio estiver".

quinta-feira, 4 de junho de 2009

PARA APAGAR A VERGONHA.

Por Silvio Pilau


Não me interessa se o foco é a Libertadores. Não estou nem aí se os jogadores estavam cansados da viagem à Venezuela. Não me importa que a equipe esteja em fase de transição. Aos infernos com as desculpas. O fato é um só: a atuação do Grêmio contra o Vitória no último domingo foi uma das coisas mais vergonhosas que vi em toda a minha vida como gremista. Fiquei tão revoltado que hoje, quatro dias depois, ainda senti a necessidade de escrever sobre aquilo.

Uma coisa é jogar mal, outra é não ter vontade de jogar. Uma coisa é não se achar em campo, outra é jogar de maneira covarde. Aquele Grêmio parecia um bando de criancinhas mimadas fazendo birra por algum motivo e não querendo jogar. Entraram em campo com a intenção clara de trazer um empate da Bahia. Não adianta Autuori dizer o contrário: Victor fazendo cera a cada tiro de meta e a entrada de Douglas Costa nos descontos são sinais claros de que o Grêmio tinha como objetivo máximo conseguir um mísero ponto da ridícula equipe do Vitória.

Isso, sinceramente, me enche de raiva. Nunca, jamais, sob qualquer hipótese ou circunstância, um clube do tamanho do Grêmio pode se apequenar diante de um adversário como o de domingo. Nós, torcedores, somos muito capazes de aceitar uma atuação ruim. Mas jamais vamos aceitar uma apresentação medrosa, especialmente para um clube pequeno como o Vitória. O Grêmio passou o jogo inteiro dando bicos para a frente e, quando conseguia ter a bola nos pés, os jogadores mostravam que não tinham a menor vontade de estar ali.

Juro que fazia tempo que não sentia tanta indignação com uma atuação do Grêmio. Anos, provavelmente. Fica claro que existem no elenco jogadores preocupados somente com os próprios umbigos, que simplesmente não entendem o clube ao qual fazem parte. Chega a ser uma blasfêmia ver certos atletas entrando em campo como se fossem disputar uma pelada com os amigos, ignorando por completo a atitude de heróis que construíram uma história repleta de glórias no Grêmio.

E é a eles esse meu apelo. A vocês, jogadores. Espero que tenham aprendido a lição. Espero que isso jamais se repita. Como eu disse, podemos aceitar más atuações, podemos engolir derrotas, mas nunca aceitaremos a falta de espírito e de entrega. Jamais abraçaremos atuações que reduzam o tamanho do Grêmio. Vestir essa camisa, defender essa torcida e honrar essa história é assinar um termo de compromisso para se doar completamente dentro de campo. É se sacrificar. É esquecer do resto quando se está dentro das quatro linhas e pensar única e exclusivamente na vitória. Isso é ser gremista.

Caros atletas, vocês têm a chance de fazer história. Possuem em suas mãos e seus pés a oportunidade de marcarem seus nomes na eternidade e serem lembrados para sempre no coração de cada gremista. Mas isso nunca será alcançado jogando apenas futebol. Para atingir essa posição aonde poucos chegaram, é preciso se dedicar 100% em cada minuto das partidas. Essa é a diferença entre um verdadeiro ídolo e um jogador comum. Essa é a diferença entre um grande homem e uma pessoa qualquer.

Cada vez que entram em campo vestindo uma camisa do Grêmio, vocês devem fazer uma escolha: estão ali a trabalho, apenas para jogar uma pelada e acrescentar algumas dezenas de milhares à conta no final do mês? Se a resposta for sim, o lugar de vocês não é aqui. Mas se estão dispostos a jogarem de acordo com a história tricolor, doando-se por completo a cada lance, nunca desistindo e compreendendo a grandeza desse clube tomado de glórias, então sejam bem-vindos. Sejam bem-vindos porque são vencedores.

Então, agora é hora de dar a volta por cima. É o momento de apagar a vergonha do último domingo. Aquilo que entrou em campo defendendo nosso uniforme não era um time à altura do Grêmio. Mas vocês, e somente vocês, podem dar a resposta. Podem mostrar que as críticas após aquele jogo estão erradas. Podem provar que possuem, sim, a capacidade de ganhar títulos e entrar para a história. Depende de vocês. Estão a apenas cinco jogos de se tornarem imortais. Façam a escolha.

Aproveito este espaço para prestar uma homenagem ao gremista Plínio Almeida, arquiteto que planejou o Olímpico Monumental, local que faz parte da vida de todos os gremistas. Que vá em paz.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

MEU PRIMEIRO GRÊMIO.

Por Cristiano Zanella


Nasci no Hospital Fêmina, em Porto Alegre, no dia 25 de agosto de 1971, e mesmo antes de acordar para o mundo já haviam decidido as cores da minha história. Meu "tip-top" em azul, preto e branco deixava evidente que o meu destino futebolístico estava traçado e escrito nas estrelas. Mas, ao longo dos anos 70, era difícil a vida de um pequeno gremista. Os coleguinhas, na maioria colorados, vibravam com seu time vitorioso, seu novo e reluzente estádio, suas contratações milionárias; para nós, gremistinhas, restava invejar as conquistas tri-nacionais do nosso tradicional adversário, então pioneiras no estado. Era brabo!

Tanto que o meu primeiro Grêmio foi o Campeão Gaúcho de 1979! É claro que, antes disso, teve o Grêmio de 77, campeão do estadual (na época bastante valorizado) com o inesquecível gol de André Catimba, que nos libertou de quase uma década de silêncio e sofrimento. Mas o meu primeiro Grêmio, mesmo, pra valer, "às ganhas", foi o de 79 – o Grêmio que abriu os caminhos que nos levariam rumo a conquistas nacionais, continentais e finalmente ao mundial. O Grêmio de Manguita Fenômeno (o melhor goleiro que tive o privilégio de ver jogar), Ancheta, Vantuir, Paulo César Caju, o Flecha Negra Tarciso, o Canhão Éder Aleixo, Baltazar de Deus e outros craques. Era o embrião do time que conquistaria o Brasileirão de 81, e era o meu primeiro Grêmio!

Lembro que o anel superior do Olímpico ainda não estava completo, mas a união fazia a força dentro e fora de campo, e em poucos anos teríamos nosso estádio finalizado, o projeto era o "Olímpico Total"! O placar funcionava manualmente, era operado através de um sistema de placas que eram substituídas exibindo os números da partida. A camisa (acreditem!) era tricolor, com listras verticais em azul, preto e branco – sem frescuras ou modernismos. O churrasco de domingo era na Mosqueteiro! Os talões do "Bolão do Grêmio", previamente adquiridos pelo meu pai Renato José Zanella, garantiam nosso ingresso no estádio durante o ano todo, e ainda davam o direito a concorrer a prêmios como carros, motos, eletrodomésticos (não ganhamos o automóvel, mas sim um belo faqueiro que durante anos nos serviu com excelência, sendo finalmente aposentado em nossa casa de praia)! Nosso companheiro de campo era o lendário Tio Nelson, uma baita gremista e botafoguense, que há muito já foi torcer (e tomar os seus drinques) através da eternidade, na companhia de Lara, Everaldo e outro imortais. Nossas conquistas eram verdadeiras, na base da vontade, da emoção e da superação, e os protagonistas eram gente como a gente – ao contrário de hoje em dia, o futebol não era apenas um mero planejamento mercadológico dominado por empresários inescrupulosos e especuladores financeiros. O Brasil tava com esperança no Brasil, era "um país que vai pra frente, de uma gente alegre e tão contente, de um povo unido e de grande valor, um país que canta, trabalha e se agiganta"! Ah, que tempo bom! E o melhor estava ainda por vir...

Lembram? E como foram tricolores os anos 80 e 90! A primeira Libertadores, o mundo aos nossos pés, a Libertadores outra vez, e novamente o Brasileirão, além das inúmeras Copas do Brasil e disputados Gauchões! Nossos ídolos eram Hélio Dourado, Koff, Paulo Santana, Camelinho, até mesmo a Terezinha Morango passou pro nosso lado; dentro de campo Telê, Catimba, depois Fantoni, Éder, Baltazar, o Cabeção Ênio Andrade, Leão, Paulo Isidoro, De León, Caio, Tita, Baideck, China, Espinosa, Renato Portaluppi, Mazaropi, Alfinete, Luiz Eduardo, Cuca, Lima, Assis (sim, até mesmo o filhote mais querido da Miguelina!), Edinho, Paulo Egídio, Dener, Danrley, Felipão, Adilson, Rivarola, Arce, Dinho e Goiano, Arílson, Paulo Nunes e Jardel; já no século vinte o capitão Zinho, Sandro Goiano, Lucas, Carlos Eduardo, Anderson, grandes e inesquecíveis personagens que encantaram gerações e continuam vivos no imaginário tricolor.

Pois assistindo ao filme "1983: o Ano Azul", segunda-feira à noite no Iguatemi, lembrei-me com saudade dos tempos em que o meu Grêmio era um verdadeiro desbravador – um time inconformado, obcecado pela vitória, ávido por novas conquistas. Faz tempo! Não existia tv a cabo, muito menos internet ou telefone celular, e a globalização econômica, cultural, social e midiática era ainda um projeto capitalista (mas que em breve iria dominar o mundo, reduzindo-o a uma tela iluminada orientada pelo clique de um mouse)! Muitas das crianças, adolescentes e jovens que estavam na sessão de pré-estréia do filme infelizmente não viveram esta verdadeira era de ouro tricolor (e onde estavam os integrantes do elenco atual? Vendo a novela?)! Era um tempo em quer as pessoas se relacionavam, se encontravam, trocavam experiências, sempre com respeito e educação, conceitos básicos das relações sociais – e, neste ponto, o futebol tinha (quero crer que ainda tem) um papel fundamental!

O meu Grêmio, o Estádio Olímpico, fazem parte desta história, desta tradição! É evidente que novas histórias serão contadas, grandiosas e inéditas conquistas serão alcançadas e novos ídolos surgirão, mas com certeza não com a mesma intensidade do que o foram no século passado! Tchê, quanta saudade... É como diz Paulinho da Viola: "Eu não vivo do passado, mas o passado vive em mim"; ou Belchior: "Nossos ídolos ainda são os mesmos, e as aparências não enganam não, você pode até achar que eu estou por fora, ou então que estou inventando, mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem?". Ficam o passado e as lembranças, impressas em imagens nítidas em nossas retinas... O importante é que emoções eu vivi!!!

Pra cima, pra cima, vai pra cima tricolor! Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe Grêmio! Seremos campeões! É com o Grêmio sempre, onde o Grêmio estiver!!!

terça-feira, 2 de junho de 2009

POR UM MILAGRE. OU NÃO.

Por Felipe Sandrin

Difícil ver o time do Grêmio campeão hoje, é um time com falhas, pecados individuais e precipitações nítidas. Vemos pouco de um time campeão, mas nós sabemos como ninguém que o Grêmio dos grandes títulos modelou-se assim, e do que era desacreditado vieram nossas maiores glórias.

É bem provável que passemos as semifinais da libertadores e ai chegará a hora da grande verdade, pois deste confronto que sairá o campeão das Américas.

Ficam várias dúvidas perambulando quando vemos um jogo pelo Brasileirão. A primeira delas vem junto ao fato de jogadores que tiram o pé na hora da dividida mais dura, talvez temam uma eventual contusão: prefiro acreditar nisso para não desacreditar de vez que haverá alguma alegria esse ano.

Não sei o que se passa, nem muito no que pensar, eu quero é que os jogos aconteçam logo e o que tiver de ser será. Jogo qualquer Brasileirão fora por um título de Libertadores, mas já vimos inúmeras vezes que isso tem seus revés, o clube cai fora da própria e ainda joga fora o campeonato nacional: o vida dura essa de torcedor.

Às vezes me pego sonhando acordado, imaginando a noite do titulo, outras vezes me vejo desacreditado: a realidade da provável eliminação e o sonho da conquista brigam dentro de mim como cães ferozes, e eu já nem sei mais qual alimentar.

Encaremos os fatos friamente: só um milagre nos traria a América...porém, o Grêmio já mostrou desconhecer o impossível e ser íntimo de milagres.

Bom, voltei para a dúvida, mas desta vez paro por aqui: deixemos para a justiça divina resolver. Talvez algo bom aconteça. Se não acontecer, paciência: não tem sido uma década fácil para nós.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

SOBRE BRASILEIRO E LIBERTADORES.

Por Ricardo Lacerda


O gol do Vitória aos 47 do segundo tempo poderia ter acontecido antes. A trave – e Victor, sempre ele – já haviam livrado o Grêmio de levar o primeiro tento muito antes. Para um time que almeja ser tricampeão da Libertadores, ser dominado 90 minutos por um modesto Vitória é brabo de engolir. Tudo bem que no Brasileirão não tem jogo jogado, afinal os times estão em sua maioria nivelados, mas não oferecer perigo ao adversário não dá pra aturar.

O Grêmio ainda não se achou no certame nacional. E já se vão quatro rodadas, e temos quatro míseros pontos. Tivéssemos feito três pontinhos a mais no ano passado, teríamos sido campeões. Nessas quatro rodadas que se foram, deixamos de ganhar outros 12 pontos – dificílimos de recuperar na finaleira.

Ainda bem que na Libertadores só nos resta mata-mata. Nesse tipo de disputa, vai adiante quem “se matar” mais em 180 minutos. Aquele trololó de que “temos grupo, temos equilíbrio” geralmente não vale muita coisa nessas horas. Por isso, devemos manter mais viva do que nunca a crença de que o caneco da Copa pode ser nosso. Nãovejo adversário impossível de ser batido. Assisti semana passada a Palmeiras 1 x 1 Nacional. Uma chatice. Dois times ruins. Diego Souza parece uma ilha cercada de incompetência. Acho que do lado de lá o Estudiantes deve chegar à final. É um time argentino típico, com cara de copeiro. Do lado de cá, apesar de melhor time, acredito que o Cruzeiro cairá para o São Paulo – mais fraco este ano do que nos anteriores.

Analisar que os possíveis adversários na Copa não são lá essas coisas traz alívio. O problema é que estes mesmos possíveis adversários devem olhar o Grêmio e pensar a mesma coisa: esse time que empatou com o Santos, que perdeu pra Atlético Mineiro eVitória não mete medo!

Podemos, sim, ganhar a Libertadores. Em casa, nos mata-matas, tradicionalmente somos quase imbatíveis. Quando o time é meia boca, a torcida acaba fazendo a diferença, como fez em 2007, até que perdemos para um time infinitamente melhor. Hoje, o Grêmio está meia boca de novo. As vitórias e o incrível retrospecto na Copa estão enganando, maquiando uma realidade que agora no Brasileirão começa a aparecer.

Autuori precisa exigir reforços. Mesmo que não venham para a Libertadores, para o nacional eles se fazem fundamentais. Se continuar como está, temos chances de faturar o maior caneco da América. Mas isso acontecerá à base de superação, estádio lotado, alma castelhana, alento, imortalidade, espírito copeiro e peleador... e aquele monte de coisas legais e genuinamente gremistas. A questão é que pro Brasileiro isso não funciona. Para conquistar um campeonato longo assim, mais do que qualquer coisa, é fundamental ter um grupo qualificado.

Se novos nomes não desembarcarem logo no Salgado Filho, resta a esperança de que Autuori consiga azeitar o time. Para isso, vai ter que fazer com que jogadores que já provaram serem bons voltem à plena forma. Souza pode ser menos fominha e mais ligado no jogo; Alex Mineiro poderia ser aquele do Palmeiras, tal como o Herrera do Corinthians. Dá pra se pensar que Douglas Costa deve jogar mais e que Jonas só serve como banco... Enfim, só aí já vai dar um trabalhão pro “professor”.

Feito o desabafo, me voy.