quinta-feira, 30 de outubro de 2008

LEMBREM-SE DAQUELE SÁBADO

Por Silvio Pilau


Foi há quase três anos. Lembro bem. Era um sábado bastante quente em Porto Alegre. Provavelmente, estava ainda mais quente onde tudo aquilo acontecia. Aqui, o final de tarde trazia uma noite negra, que poderia durar mais um longo ano. A confiança que dormira pacificamente com todos os gremistas na noite de sexta-feira ameaçava fugir, escapando como areia por entre nossos dedos. A segurança de que tudo daria certo transformava-se em dúvida. Quase desespero.

Começou com um pênalti para o adversário, ainda no primeiro tempo. A maravilhosa defesa daquela trave trouxe alívio aos gremistas. Mas tudo piorou no segundo tempo, em um apito mágico, capaz de gelar milhões e milhões de corações. A marcação do segundo pênalti fez com que um longo filme passasse por todos os nossos olhos. Um filme sofrível, com cenários precários e uma narrativa entruncada. O típico filme que ninguém gostaria de assistir mais uma vez.
Para piorar, o vermelho começou a aparecer. Ainda mais preocupante que o uniforme do adversário, era a cor no cartão que teimava em subir na mão daquele juiz. Uma, duas, três, quatro vezes. O placar em branco. Um pênalti contra. E quatro jogadores a menos. Faltavam apenas poucos minutos. A torcida, a milhares de quilômetros de distância, acompanhando pela televisão ou pelo rádio, permanecia estática. O celular não parava de apitar. Mensagens dos rivais, já preconizando um novo ano no martírio.

Mal sabiam eles que nenhum gremista perdia a esperança. Havia, claro, medo. Até um certo estado de choque. Mas a confiança perdurava. A certeza de que o Grêmio sairia daquela situação era maior que tudo.

O resto é história. O resto é aquilo que ficou conhecido como A Batalha dos Aflitos, uma das maiores conquistas de um clube em toda a história do futebol. O que ficou foi a lição de entrega e sacrifício, o exemplo de superação e indignação. Foi a confiança cega de uma torcida e de um clube que dobrou as leis da natureza e promoveu aquilo que pode, sim, ser chamado de milagre. Foi a comprovação de que o Grêmio não é um mero time, mas uma entidade abençoada pelos deuses, destinada a provar seu valor a cada novo dia.

Hoje é um desses dias. Ontem, deu tudo errado. Os adversários venceram e a atuação foi, novamente, preocupante. A equipe ontem perdeu não somente para um time bem armado, mas para si mesmo. Perdeu para a própria afobação, para o nervosismo, para a ânsia de vencer a qualquer custo, sem qualquer cuidado. Deixou os outros candidatos ao título se aproximarem e colocou ainda mais fogo na reta final do campeonato. Alguém, no entanto, pensava que seria fácil?

Mas hoje é o dia de se recuperar. De começar, novamente, a mostrar o valor deste clube sem igual. O valor de uma torcida e a mágica dessa camisa que pode qualquer coisa. Hoje, é dia de lembrar daquele sábado, há quase três anos, quando a lógica perdeu sentido e quando o imponderável tornou-se regra. É dia de lembrar dos piores momentos daquela tarde e recordar como, quando menos se esperava, o Grêmio deu a volta por cima.

Se nem mesmo naquele dia eu perdi a esperança, por que perderia agora?

terça-feira, 28 de outubro de 2008

VIVEMOS DE ESPERANÇA

Por Felipe Sandrin


Quando você pensa no Grêmio, qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça? Desde que sou pequeno, é esperança que este clube me vende. Aprendi que a fidelidade e fé estão naquilo que conservamos com verdadeira paixão. Por isso, toda vez que estamos na beira do precipício, nosso amor pelo Grêmio se evidencia mais.

Onde muitos fraquejam, pensam em desistir, nós nos tornarmos mais fortes. Nesta quarta-feira, jogaremos mais uma entre tantas partidas decisivas. Jogaremos longe de nossos domínios contra um dos times líderes de aproveitamento neste campeonato, e o mais incrível disto tudo é a fé de nossa torcida – que mesmo não acreditando em Celso Roth ou em nosso plantel, segue a acreditar no Grêmio.

Não será diante uma vitória ou derrota para o Cruzeiro que o campeonato se decidirá. Seja qual for o resultado, seguiremos com nossa fé e força inabaláveis, porque este é o Grêmio que está em nossas cabeças; este é nosso espírito, e assim que aprendemos a ser.

Faltam sete jogos, não há mais tempo para descrença. Tentaram nos enfraquecer, desmerecer-nos, mas somos o Grêmio: de esperança vivemos e por isso conquistamos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

JOGO A JOGO

Por Silvio Pilau


Claro que o momento é de ansiedade. Faltam apenas sete rodadas para a definição da competição mais importante do futebol brasileiro e o Grêmio é, sim, o maior candidato ao título. A torcida, os jogadores, a comissão técnica, todos começam a vislumbrar a possibilidade concreta de comemorar o tricampeonato nacional. É inevitável. Por mais que se tente manter os pés no chão, flashes deste possível futuro passam por nossa mente.

Por isso, acima de tudo, o momento é de calma. Deve ser. Faltam apenas sete partidas. Seiscentos e trinta minutos, segundo meus cálculos rápidos feitos de cabeça. É preciso serenidade, sabedoria e experiência. Saber que o título está próximo e tem tudo para vir parar no Olímpico, mas que está, ao mesmo tempo, muito distante. Ainda temos sete montanhas para escalar e um tropeço para colocar por terra tudo aquilo que foi construído até aqui.

O Grêmio não vem jogando bem. Isso é fato. E, de certa maneira, algo que pode ajudar, uma vez que impede a acomodação e o salto alto. Sabendo que algo está errado, o trabalho será forte para corrigi-lo. É exatamente isso que o Grêmio precisa neste momento: foco. Concentração. Não podemos deixar uma vitória nos deslumbrar, assim como não se pode permitir que uma eventual derrapada acabe com todas as esperanças. É necessário trabalho, por parte dos jogadores e comissão, e apoio, por parte da torcida.

Como? Jogo a jogo. Pensar uma partida de cada vez. Sei que é difícil, em um campeonato como esse, jogar trinta e oito partidas como se fossem decisões. Porém, agora que faltam apenas sete rodadas, acredito ser possível fazer tal pedido. Acredito ser possível disputar cada um dos jogos restantes como uma verdadeira final, como um mata-mata decisivo, no qual não se pode ceder um centímetro de campo e que nada mais importa além da vitória, venha como vier. Por um a zero, jogando mal, com gol contra, desde que ela venha.

É assim que o Grêmio deve encarar o restante do campeonato, a começar pelo duelo no Mineirão contra o Cruzeiro. Além de uma partida importante por estar na reta final do campeonato, é contra um dos adversários ao título. Uma verdadeira final, e deve ser encarada e jogada dessa forma. Seria inadmissível, em um momento como esse, ir a Belo Horizonte para buscar um ponto. O objetivo é a vitória. Três pontos, fundamentais agora. Quarta-feira, o jogo mais importante do ano para o Grêmio.

Como serão todos os outros a partir de agora.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O MAIOR DE TODOS

Por Felipe Sandrin


O mais vitorioso dirigente brasileiro, um monstro da política administrativa, um mestre na arte de ultrapassar desafios. Esse é Fábio Koff, atual presidente do Clube dos 13 e o mais vitorioso gremista vivo.

Não, ele não está de aniversario. O idolatrado Fábio Koff não precisa de data especial para ser homenageado, ele só precisa ser Fábio Koff. Quem esteve presente nas eleições do clube ocorridas nesse sábado entende perfeitamente sobre quem escrevo.

Amigo leitor, você deve estar se perguntando: "mas e o que Koff tem a ver com a situação do Grêmio hoje?". Simples. O Grêmio, que hoje busca o título brasileiro, deve ser como o aguerrido e vitorioso Fábio Koff. Insistente, consistente e consciente de que apenas o trabalho árduo traz a vitória gloriosa.

Ele, Koff, o homem de voz fraca, corpo cansado e aparência frágil, consegue ser gigante ante desafios, torna-se intransponível, faz de conquistas uma questão de tempo. Prova que não existem limitações para aqueles que descobrem dentro de si a mais poderosa arma contra o fracasso: a luta.

Nenhum de nós recorda derrotas de Fábio Koff: mas, sim, ele já perdeu muito. Porém, suas derrotas se tornaram insignificantes diante de tamanhas conquistas. Está nele a receita de um Grêmio vencedor, a fórmula que faz de derrotas ensinamentos e de vitórias a gloria máxima.
Assim seguem tuas glorias, escreve-se tua historia, e eu sigo mesmo nas mais difíceis situações a te apoiar.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

NÃO VAI SER FÁCIL

Por Silvio Pilau

Por que não pode ser tranqüilo? Parece que é pra provocar. O Grêmio lidera, os adversários tropeçam e temos a chance de aumentar a vantagem. O que acontece? Derrota mais do que inesperada para oponentes contra os quais os três pontos eram obrigatórios. Não foi a primeira vez que aconteceu isso e, ao que parece, não será a última.

O fato é que o Grêmio continua longe de ser uma grande equipe. Ainda que seja o time com mais regularidade dentro do campeonato, e aí se explica a liderança em grande número de rodadas, o Tricolor ainda não possui esquema de jogo e elenco definitivos, o que resulta em oscilações de desempenho como aquelas que vimos ontem. Felizmente, não somos os únicos. As outras equipes, inclusive aquelas com as quais disputamos o título, igualmente atuam de forma inconstante, e aí mora nossa esperança.

O que temos a fazer? Seguir em frente, simplesmente. Roth tem sido um comandante inteligente, com boa leitura de jogo e capacidade para corrigir os erros apresentados.

Certamente, já deve ter percebido os motivos da surpreendente queda diante da Portuguesa e pensado em formas de revertê-los. O fundamental é não deixar que esta derrota abale a equipe para o restante do campeonato. O próximo jogo contra o Sport é, assim como os outros, decisivo e a vitória é o único resultado aceitável se ainda temos a intenção de sermos campeões.

Por isso, torcida e atletas, não desanimem. Por mais absurda que tenha sido a partida de ontem, ainda somos líderes. Ainda estamos no topo da tabela. Ainda somos a equipe com maiores chances de ser campeã. Não há motivo para se desesperar. É preciso calma e trabalho, pois a reta final será difícil e tudo se decidirá por muito pouco. Mas, tenho certeza, se decidirá a nosso favor, coroando o desempenho de uma equipe incrivelmente esforçada e de uma torcida sem igual.

Não vai ser tranqüilo. Até porque, com o Grêmio, nunca é.

sábado, 18 de outubro de 2008

ÍMPIA E INJUSTA GUERRA

Por Eder Fischer


"Algumas pessoas acham que futebol é uma questão de vida ou morte. Eu discordo. Futebol é muito mais importante que isso". A frase de Bill Shankly, ex-técnico do Liverpool dos anos 60, que abre o filme "Inacreditável, a Batalha dos Aflitos", também abre este texto, não por acaso.
Não espere, hoje, um texto sensato e politicamente correto: com certeza, perderei o pouco de compostura que me resta, talvez seja até insensato, confuso para expor minhas idéias, pois escrevo com o sangue fervendo.

A vingança está entre meus olhos e o monitor, os punhos estão cerrados e o pobre teclado, que não tem nada a ver com a história, corre sério risco de não resistir até o ponto final. O ódio e o desespero que senti hoje, quarta-feira, por volta das 18h, enquanto acompanhava o julgamento pelo site do stjd (em letras minúsculas mesmo), foi muito parecido com o experimentado no dia 26/11/2005. A sensação de impotência, de consumidor lesado, de torcedor frustrado, não chega perto do sentimento de humilhação a que nos submeteram esses nobres engravatados filhos de uma pu... digo, pátria - que, se há algum tempo ainda questionava, hoje tenho certeza de que moralmente me sinto fora.

Aos torcedores gremistas de outros Estados, não se sintam ofendidos: encarem como torcer por um time de outro país. Se ainda assim ficaram de certa forma frustrados, procurem pesquisar além dos livros de História e verão por que somos assim, descobrirão que não é apenas no futebol, mas que em todos os sentidos somos subjugados pelo Brasil desde os tempos de Império.
O sentimento hoje é de guerra, sinto pulsando aquele sangue farrapo que foi passado de geração em geração e ainda corre em minhas veias como gasolina esperando uma faísca para explodir.

Juro que se iniciasse uma guerra agora, estaria lá, na linha de frente, fuzil na mão. Juro mesmo! E antes que alguém diga "calma, é só um jogo, futebol é diversão", digo: será que, se futebol não fosse tão importante, as pessoas gastariam, às vezes, mais do que podem para ir aos jogos?

Será que milhares de pessoas se emocionariam com uma partida de futebol? Será que, se fosse SÓ UM JOGO, parariam uma guerra para assistir a uma partida? Será que seriam gastos milhões na compra de um jogador? Pensem! Agora sabem o porquê comecei o texto com aquela frase.

Neste momento, lembrei de uma professora de História que tive na 5ª série. Em meio à explicação da pré-história, ela abria parênteses enormes no meio da aula e falava-nos dos absurdos que aconteciam a nossa volta e ninguém fazia nada. "Por que os países de primeiro mundo chegaram ao primeiro mundo?", questionava. E antes que alguém respondesse, ela mesma respondia: "Porque eles podem ser pacíficos, mas não são passivos, eles não aceitam a corrupção como nós". E depois ainda complementava: "toda as grandes conquistas da humanidade foram adquiridas junto a derramamentos de sangue". To exagerando?

Se você acha isso, este é o momento pra largar o futebol de mão, pois aqui se separam os Homens dos meninos.

Sinto muito aos que acham radical a minha postura, mas com o espaço que me foi concedido, o qual tenho a honra de escrever e ser lido por torcedores que dividem comigo a mesma paixão, não poderia escrever um texto diferente, não poderia tratar tal situação com ironia ou falar por metáforas. Para mim, isto é coisa séria. Tive que ser cru e direto, pois eles mexeram com o povo errado, eles cuspiram suas babas fétidas em nossa bandeira, molestaram nossa moral, nos trataram como se fôssemos grossos e ignorantes. E o que eles desejam agora é que arranjemos uma taça e gritemos no final do campeonato: campeão moral!

Antes que eu publicasse o texto, o Grêmio conseguiu efeito suspensivo para as punições de Rever, Richard Morales e Leo. Foi uma batalha não só do jurídico do Grêmio mas de todos os gremistas que mandaram e-mails para a mídia, postaram comentários nos principais sites da Internet e que, de alguma forma, se manifestaram contra esta barbárie que estão cometendo com o Grêmio.

Missão cumprida. Agora podemos ficar tranqüilos nas nove rodadas restantes e certamente o campeão vai ser a equipe mais aplicada. Mas, por que na minha mente ainda se escuta uma voz dizendo: "cuidado... abre o olho"? Porque sabemos que não acabou, sabemos que a única coisa que mudará será o cuidado que este pessoal tomará para não dar tão na vista. Protestaremos até o fim do campeonato, uma forma de protesto preventivo.

Tivemos uma semana cheia e conturbada, o que fez com que meu texto, apesar de maior do que de costume, não tivesse espaço para todos os assuntos importantes que ocorreram neste curto espaço de tempo: julgamentos, condenações, efeitos suspensivos, a Geral se separa, a Geral não se separa mais, eleições presidenciais, sondagens européias em nossas revelações, fechando hoje, às 18 horas, com a eleição de um novo presidente do Grêmio (é mole ou quer mais?).

Mas amanhã, quando a bola rolar, esqueçamos tudo isso, porque nada disso terá sentindo sem os nossos onze guerreiros que estarão em campo domingo. Tenho certeza de que levarão consigo todo o sentimento de indignação que estamos sentido agora e, mesmo que seja difícil, lutarão até o fim, mostrando que não é por acaso que contém em nosso hino nacional a estrofe abaixo.
Mostremos valor, constância,Nesta ímpia e injusta guerra;Sirvam nossas façanhasDe modelo a toda a terra.

P.S.: Após o segundo jogo (Grêmio x Flamengo) do tricolor neste campeonato, escrevi o texto intitulado "Contra tudo e contra todos". Fui criticado por alguns pois falava que estava prevendo que o Grêmio seria prejudicado neste campeonato (só não imaginava que seria tão escancarado).


P.S. 2: Quanto custa um teclado novo?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

DEMOCRACIA TRICOLOR

Por Felipe Sandrin

Dos vários e-mails que recebo semanalmente, este do amigo Pedro chamou-me a atenção, e creio ser importante compartilhá-lo com vocês leitores.

Amigo Felipe,
Chegou o momento que todos nós Gremistas que sempre lutamos pela democracia no Grêmio esperamos. Como é bom ter a liberdade de escolha, a liberdade de poder ser peça importante dessa máquina de emoções chamada GRÊMIO FOOT-BALL PORTO ALEGRENSE!

Sábado é o dia que o Sócio-Torcedor terá a oportunidade ímpar de escolher o presidente para o Biênio 2009-2010 do Clube. É uma responsabilidade gigantesca, pois a chapa escolhida para comandar o Tricolor contará com a observância de cada torcedor.

De um lado, Duda Kroeff, conselheiro de longa data do Grêmio e filho do Patrono Fernando Kroeff, de outro lado, Antônio Vicente Martins, conselheiro desde 1990 e que não possui parentesco com ninguém "histórico" no Clube.

Mas o que ambos apresentam para nós torcedores? Quais são as propostas apresentadas por cada um, o que cada candidato tem a apresentar? Venho acompanhando atentamente o processo eleitoral e me deparo com pessoas que votam em um ou outro por causa do apoio dos "caciques", mas sim, cadê as propostas? Resolvi observar atentamente cada candidato, com critério, vendo o que cada um oferece. Então, analisei cada um e fiz a minha pesquisa pessoal:

Duda Kroeff: Não teve bom desempenho nos departamentos que esteve a frente no Grêmio. Numa época sem ISL ajudou a trazer Beto, Guilherme e Sérgio Manoel a preço de ouro, que não vingaram nada. Aliás, foram grandes fiascos culminados com a contratação do "técnico" Sebastião Lazaroni em 1998. No Marketing, como vice de Flávio Obino¸ não pude testemunhar nenhuma ação agressiva além do terrível logotipo do centenário e das camisas de 500 reais. Como candidato, apresenta apenas oito itens vagos como propostas. Me assustou mais ainda em acompanhar o debate dele na TVCOM, onde estava gaguejando, falando baixo e me parecendo constrangido. Ainda me deixou apavorado em demonstrar desconhecimento do projeto Arena, da Gestão de Futebol (não falou uma vez sequer nas Categorias de Base) e para piorar, confessou "não ter grande conhecimento de finanças" e que pediria ajuda aos membros da chapa. Tem apoio de Cacalo, Obino, Oly Facchin, André Krieger e Koff, que, pelo mostrado na ZH, apóia muito mais o Krieger do que o Duda.
Aliás, ter pessoas vencedoras como Koff e Cacalo ao lado de outros que rebaixaram o Clube é uma coisa estranha demais para mim. Logo, concluo: Como um presidente que não conhece dos projetos do clube e possui pouco conhecimento de finanças PODE SER PRESIDENTE DO GRÊMIO? Koff não é milagreiro e nem trabalhará na chapa de Duda, então, afinal, o que se espera do candidato?

Vicente Martins: Tem uma mancha em seu currículo em participar da gestão da ISL com contratações mirabolantes, mas foi ótimo vice jurídico. Observei o blog da campanha dele e pude observar o excelente programa de campanha da chapa, coisas que vão desde o aumento do número de sócios até a construção do CT de Eldorado, que vão desde a busca por novas receitas a idéias extraordinárias de exploração do espaço do Olímpico e da marca Grêmio. E fala em profissionalização, item primordial em tempos atuais. Gostei da postura dele no debate: Franco, consciente e demonstrando CONHECIMENTO SOBRE OS PROJETOS DO CLUBE. Além de continuar com os projetos da vitoriosa gestão Odone, que o apóia plenamente.

Claro que cada Torcedor tem o direito de escolher o seu candidato, mas acho, Felipe, que o Torcedor não pode votar em nostalgia! Precisamos de gente com energia, com gana e vontade para colocar o Grêmio de vez no Século 21, que tenha interesse pelo Projeto Arena, que tenha interesse em explorar mais o que o Grêmio tem de melhor: A SUA TORCIDA.

Finalizando, meu caro amigo, espero que a Torcida NÃO VOTE EM NOMES, VOTE EM PROPOSTAS.

Cordiais abraços.

Pedro F.
Creio que o amigo Pedro disse tudo, então serei breve falando sobre outro assunto: o STJD.
Para aqueles que tinham alguma dúvida, a exemplo de mim, agora tornou-se claro: Sim! Existe um complô que visa tirar o título brasileiro do Grêmio. Nunca na história do futebol houve condenações simultâneas tão absurdas. Se já era difícil entender as suspensões de André Luiz e Tcheco, o que falar sobre o fato ocorrido esta semana?

Sinceramente, estou desmotivado diante a certeza de que não existem mais lacunas de limpeza em nosso país. Tudo e todos estão tão contaminados que pouca esperança resta. Não basta que destruam nossa educação, ensino e segurança. Nem mesmo o futebol escapa, nem mesmo nosso mais puro amor não se contamina de dúvida ante aqueles que de justos não tem nada. Daqueles que há muito tempo deixaram de entender o que é realmente o futebol, que matam a esperança deixando em seu lugar a lembrança de uma época em que o futebol era vencido dentro de campo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

VENHAM COM O QUE TIVEREM

Por Silvio Pilau


Quem está habituado a ler estas linhas que escrevo duas vezes por semana pode confirmar: nunca comento sobre erros de arbitragem. A meu ver, os homens de preto erram e acertam para todos os lados. Em uma rodada, pode acontecer um deslize contra nós, mas na próxima a marcação pode ser a favor. E normalmente é assim. Na maioria das vezes, os juízes e comissão de arbitragem não agem de má fé. São apenas erros e, considerando todas as circunstâncias que envolvem uma partida de futebol, erros perdoáveis.

No entanto, existem casos impossíveis de se relevar. Um deles é essa clara tentativa de abalar o Grêmio na reta final do campeonato. Desde o início do torneio, somos o cavalo paraguaio. Somos o time repleto de pernas-de-pau, que não duraria muito tempo na liderança. Muitos, quase todos, falavam isso. Mas as rodadas foram passando. O Tricolor foi se firmando na liderança. Tropeçando ocasionalmente, como todos. Mas sempre no pelotão da frente, disputando a posição mais alta e o troféu. De nada adiantou eles falarem. E eles se deram conta disso. Decidiram, então, agir.

Como? O Supremo Magnânimo Idôneo Tribunal de (in)Justiça Desportiva. Há algumas rodadas, nosso maior rival ao título esteve prestes a perder seu principal jogador. Sem Valdívia, Diego Souza tornou-se o cérebro da equipe de Luxa, o armador das jogadas e o principal definidor ao lado de Alex Mineiro. Pois Diego foi a julgamento por um lance inegavelmente maldoso e desleal. Inclusive a imprensa de São Paulo comentou isso. Sentença: absolvido.

Claro, como tirar o principal atleta do marqueteiro Luxa quando o Palmeiras mais precisa dele?
Mas isso não bastava. O Grêmio continuava lá em cima. Permanecia como o principal candidato ao título, o time a ser batido. Se em campo não é possível, que seja fora. Então Tcheco envolve-se em nada mais que um desentendimento no Gre-Nal. É pisado e, com certa justiça, reclama com o adversário – sem encostar um dedo nele! Além da expulsão, que até se entende por acontecer no calor de um clássico atípico, o camisa dez é julgado. Sentença: gancho de dois jogos.
Diego Souza deve ter dado gargalhadas.

Isso, porém, era um aperitivo. A bomba foi largada ontem. Para quem ainda não sabe, Léo foi suspenso por 120 dias, Morales por oito jogos e Réver por três partidas. E o pior: por casos ainda mais esdrúxulos e simples que os de Tcheco. Talvez com exceção do lance de Léo, situações comuns de jogo, resultado de ânimos exaltados em uma partida nervosa. Nada mais do que isso. Mas, sem exceção, todas as sentenças foram exageradas. Absurdas. Descaradas. Vergonhosas.
No momento em que escrevo, tento segurar a raiva. A tentativa de nos tirar o título é óbvia.

Estou preocupado? Não. Furioso, não preocupado. O Grêmio, em toda a sua história, jamais venceu apenas dentro de campo. O Tricolor lutou fora também, contra a descrença, contra as falcatruas e contra todos os seus detratores. Os títulos gremistas são resultado não somente de futebol, mas de grandeza e hombridade em enfrentar todo e qualquer desafio.

Por isso, não me preocupo. Por isso, digo que venham. Venham para cima da gente. Empunhem suas armas, sejam elas feitas de chuteiras ou de maliciosas canetas. Venham com o que tiverem. Usem suas artimanhas, seus melindres. Sofreremos abalos, talvez nos desestabilizaremos um pouco. Mas superaremos. Como sempre. Passaremos por cima do que e de quem ousar parar em nossa frente. Venceremos. Com a força de uma paixão e veias pulsantes com um sangue que clama para ser de outra cor. Venceremos.

Arma alguma é capaz de parar o verdadeiro coração gremista.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

ACIMA DE TUDO ESTÁ O GRÊMIO

Por Felipe Sandrin


Teremos segundo turno, e eu, como bom amante da democracia, aplaudo o resultado das eleições desta segunda-feira. Mesmo com o domínio de Obino, Facchin e Cacalo dentro do Conselho, a Chapa 2, de Antônio Vicente Martins, conseguiu mais do que os 30% de votos necessários para levar a decisão aos sócios.


Novamente, nós, torcedores, decidiremos o futuro do clube. Gostaria que tivesse ocorrido o consenso e que não precisássemos passar por este processo eleitoreiro, mas vejo a direção lidando bem com esse assunto: aproveitou a viagem de nosso time para São Paulo e assim conseguiu isolar nossos vestiários de desnecessárias preocupações.


Quem assumir a presidência terá tempo para fazer um belo trabalho. É bem provável que o clube se classifique para a Libertadores, e um plantel qualificado é fundamental para quem almeja a conquista da América. Eu falo como torcedor quando expresso minha opinião e vejo como satisfatória a gestão de Paulo Odone. E justamente por vê-lo manifestando total apoio a Antônio Vicente Martins, abro meu voto e digo que votarei na Chapa 2.


Assim como eu, você, sócio gremista que votará neste sábado, tem seu candidato desde já. Porém, peço que não esqueça que acima de tudo está o Grêmio. Seu voto é importante, mas, independentemente de quem vencer, lembre-se de apoiar, lembre-se que somos nós que fazemos a diferença. Mas lembre-se, principalmente, de nossa luta desde o início deste campeonato, dos finais de semana acompanhando resultados, das quartas-feiras mal dormidas. Não podemos esquecer que nosso time dado como medíocre hoje lidera o campeonato mais difícil do mundo.


Gostaria de comentar o caso Tcheco também, mas é provável que desenvolva uma úlcera. Então, termino essa coluna fazendo o mesmo de sempre, pedindo forças a nosso Grêmio, tanto dentro quanto fora de campo.

sábado, 11 de outubro de 2008

PASSE ADIANTE

Por Eder Fischer

Na última quinta-feira, tirei folga. Já tinha planejado tudo desde segunda-feira, pensei: tenho algumas horas para tirar, vou ao jogo quarta-feira, saio 5 minutos antes, pois aos quarenta do 2º tempo já vai estar no mínimo uns 2x0 pro Tricolor, assim chego na parada uns 15 minutos antes de passar meu ônibus, havia ligado antes para o 0800 da empresa para certificar-me do horário da última viagem sentido centro-bairro, no outro dia, levo minha filha na creche, volto pra casa, recupero o sono perdido, acordo umas 11 horas (eu estou com uns quatro dias de sono atrasado), almoço qualquer coisa, levo a Suzi, como chamo a minha moto, Suzuki intruder, no mecânico, volto pra casa, pego minha filha mais cedo na creche, curto o resto do dia com ela e, à tardinha, quando ela dormir, escrevo o meu texto para a coluna de sábado, provavelmente sobre a vitória do Palmeiras com a ajuda da arbitragem e nosso retorno à liderança na próxima rodada. Tudo programado. Na segunda-feira, quando planejei tudo, já pude experimentar a sensação de estar tudo feito, como quem põe uma moeda na máquina e só espera a Coca sair lá embaixo, geladinha. Porém, como estava escrito em uma mensagem de MSN de uma adolescente: vida é o que acontece enquanto planejamos o que fazer com ela. Como Gremista, deveria saber disso, mais do que ninguém.


Quarta-feira, 8 de outubro

17 horas: Entrei no site do Grêmio para comprar meu ingresso como sempre faço. Fiz todos os passos, tela de usuário e senha, depois escolhi o setor, arquibancada é lógico, forma de pagamento, senha do cartão, confirma, aguarda, aguarda, ampulheta girando na tela e... escuro? Putz! É interessante como sempre alguém anuncia o óbvio, e naquele dia não foi diferente. Meu colega gritou: "Faltou luz!" Pensei: E agora? Será que eu consegui comprar? Muita gente desesperada, entre um “puta merda! acho que eu não salvei” e outros “liga e diz que vai atrasar”, lá estava eu com uma preocupação totalmente alheia. Respirei fundo e retomei uma serenidade zen em meio aquele caos. Contei meu dinheiro, R$ 17,50 e um ticket alimentação no valor de R$ 9,00. 17,50 menos 4,20 (valor da passagem de ida e volta) 13,30. Chegando lá, tento entrar, e se não der, peço pro meu amigo emprestado R$1,70 e compro meu ingresso. Volto ao mundo externo quando o Hino do Grêmio toca em meu celular, era o meu amigo. Deixo tocar alguns segundos antes de atender porque, sempre ao ouvirem o hino no meu telefone, meus colegas gremistas param o que estão fazendo e levantam a mão direta, e os colorados ficam P... mas não deixei tocar muito aquele dia.

-Eaeeeeee Rafa!? Fala, irmão! Vamô ganha hoje?


O tom de sua voz dispensava a resposta:

- eaê...

tentando impedi-lo de dar a noticia inevitável falei em tom quase ameaçador:
- Iiiii.... não vai dize que vai amarelar.

Mas, como sempre, foi em vão

- Ba, nem me fala véio. Fiquei engatado aqui no trampo, não vai rola hoje.
Agora, em tom de consolo respondi.

- Poow... bah, que pena cara, mas não esquenta, fica pra próxima então.

Tava decidido. Não ia ser um e setenta que estragaria todo o meu planejamento.
19 horas: Estava me dirigindo à parada quando um ex-colega me ligou.

-Fala, meu bruxo

Disse ele, com um som ao fundo que eu conhecia bem.

- Eaê, Alessandro! Tá no Olímpico, meu?

Perguntei, já com o animo recobrado.

-O que tu achas?

- Mazaaaa, to indo pra i. Me espera ali no 10.

De longe, avistei o cara e seu filho, o Wellington, de 9 anos. Isto significava uma coisa. Ele não vai na Geral. Mas tudo bem, o guri é gente fina pra caramba, mais torcedor do que muitos que estavam na nossa volta. Além do mais, o piá era pé quente. Cheguei nas catracas, passei o cartão, e nada, o cara olhou pra mim e disse: "Vira ele". Então apareceu no visor de LCD das catracas aquela frasesinha mágica: “Bom jogo, Eder”.

Ficamos na arquibancada, escorados na grade acima do portão central, bem no meio do campo, a melhor visão do jogo das arquibancadas.

Dali onde estávamos, dava pra ver a festa da Geral, deu pra ver também que ela está aumentando. Há alguns anos, ela ocupava todo o fundo do campo. Hoje, já fez a curva e dirige-se para o centro. Confesso que, ali onde eu estava, a torcida não é tão participativa, mas quando eu notava que dava uma “caída”, cantava mais alto, e quando percebia que a empolgação ia caindo, gritava: VAMO CANTA, CA**LHO!. O Wellinton me acompanhava, aos poucos fomos conquistando uns simpatizantes.


Bem, não precisa dizer que o jogo não foi barbada e não saí antes, pelo contrário, ainda fiquei alguns minutos cantando: ô tricolor, amo você...


Me despedi e fui correndo para a parada. Atravessando a rua, pude ver o meu ônibus (O ÚLTIMO) saindo. Peguei o “pinheiro” que passou uns 15 minutos depois, desci perto da Antônio de Carvalho e peguei um táxi. No caminho fui pensando que as coisas não haviam saído como planejado, mas saíram.


Quinta-feira, 9 de outubro

8 horas: Deixei a Victória na creche e voltei pra casa, dei uma olhada na Internet e, quando percebi, já se passava das dez horas, lá se foi meu sono da manha.

12 Horas: Descubro que não há nada para comer. Tudo bem, no caminho para a mecânica, páro em algum lugar e faço um lanche.

14 horas: Estou empurrando minha moto na Bento Gonçalves, pois ela apagou e não pegou mais. Só mais uns 4 ou 5 km e eu chego na mecânica. PQP!

14:10: Um motoqueiro para e pergunta se to precisando de gasolina. Eu digo que o problema deve ser o carburador e que estava justamente levando a moto para consertar. O cara, sem pensar, disse: "sobe ai que te empurro". Então, ele botou o pé direito no estribo do carona e me empurrou uns 4 quilômetros. Quando chegamos, quis pagá-lo. E ele me disse: "Guarda o teu dinheiro. Quando tu ver outro motoqueiro precisando, tu ajuda também."

Esta frase me fez pensar enquanto empurrava a moto nos 200 metros restantes.

Se todo mundo passasse adiante algo bom que nos foi feito, moraríamos num mundo bem melhor. Linkei este fato com a Geral do Grêmio, que vem conquistando novos adeptos, aumentando de tamanho a cada jogo. Se você, que adora ver e falar da nossa torcida para os outros, além de cantar junto, tentar motivar alguém do seu lado a cantar também e esse alguém incentivar outra pessoa, até o final do ano, quem sabe, teremos uma torcida única nas arquibancadas, uma Geral que vai de goleira a goleira no Olímpico. E isto não é utopia, é bem possível. Só que para acontecer, é necessário que você passe adiante.


Desculpem mas o texto também saiu muito maior que eu imaginava.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

CONSENSO. POR QUE NÃO?

Por Felipe Sandrin


É lamentável e, ao mesmo tempo, desconfortável para mim ter de escrever sobre esse assunto, justamente numa fase tão importante do clube. Nesta quarta-feira, ao chegar novamente no Olímpico, deparei-me com propagandas políticas e apelos oportunistas daqueles que querem representar o clube na próxima gestão.


Pergunto-me por que nossos dirigentes não conseguiram entrar em consenso? Antônio Vicente Martins concorre com o apoio de Odone, da torcida Geral do Grêmio e do Movimento Grêmio Sem Fronteiras. Ainda estão na chapa 2 outros nomes de muito respeito junto à nossa torcida, como o de Daniel Tevah, vice na gestão Fabio Koff. Com tantos requisitos favoráveis, por que então não houve um acerto que evitasse desgastes no clube logo agora?


Nunca estivemos tão perto de um título brasileiro, todos almejamos essa conquista, por que então Duda Kroeff seguiu a tentar a presidência? Ao que parece, essas eleições estão ganhas. Com Vicente Martins, entra a situação e, sendo assim, já nocauteia-se a oposição. Não havia a necessidade desse conflito interno, não agora, num momento que o país todo volta os olhos para o Grêmio e seca cada segundo de nossos jogos.


Mudando de assunto. O que vi no Olímpico esta quarta fez-me por três vezes chorar. Um estádio inteiro cantando junto, milhares de apaixonados, dispostos a doar toda sua voz e força para que o Grêmio ganha-se a partida. Foi nosso grito que impediu os gols do Santos e fez com que nossas bolas morressem no fundo da rede adversária.


Quero agradecer com força a cada um que se dispôs a ir ao Olímpico. Éramos milhares de fiéis torcedores unidos, abraços pela mesma causa. Foi ali, olhando para a torcida que vi ser possível, sim, este título. Obrigado a cada um de vocês por me permitirem seguir sonhando e acreditando. Vocês, que não se entregam por um mísero segundo, são minha disposição para cada um de meus textos, meus gritos.


Não existe lógica, probabilidades ou coisas do gênero, o que existe somos nós e o Grêmio. E mais uma vez eu vejo em vocês, torcedores, a esperança deste título brilhar e acender a Azenha em comemoração.


Grêmio, te dou a vida por esse campeonato.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

RESPEITEM OS MAIS JOVENS

Por Silvio Pilau


Quando somos crianças, nossos pais e tias do colégio ensinam uma série de lições para levarmos por toda a vida. São aprendizados que farão diferença para um adequado convívio social, em termos de solidariedade, humanidade e compaixão. Dentre eles, um dos mais importantes é aquele que ensina que é preciso respeitar os mais velhos. É uma veneração que eles conquistaram e nada mais justo do que tratá-los como merecem.


Pois o Grêmio está derrubando essa regra. Há duas rodadas, quando caímos fragorosamente diante do maior rival, a torcida inteira clamou por mudanças. Muitas sugestões surgiram, idéias pulularam e reclamações brotaram como plantas férteis do chão. Cada um tinha a sua opinião sobre o que precisava ser mudado, inclusive Celso Roth. Mas a mudança do treinador não foi tática. Não foi primariamente técnica. Foi uma mudança, acima de tudo, de fôlego.


Celso apostou na gurizada.


O longo campeonato parecia ter desgastado alguns jogadores. O Grêmio das últimas rodadas não era o mesmo do início do torneio. O ímpeto, a raça e a gana de vencer arrefeciam a cada nova rodada. Roth percebeu isso. Percebeu que era preciso sangue novo. Que o momento urgia por renovação. Tal qual um final de segundo tempo com atletas já cansados, Roth deu-se conta de que era necessária substituição para dar novo gás à reta final.


A equipe do Grêmio que entrou em campo contra o Botafogo e o Santos trazia mais da metade de jogadores recém-saídos da categoria de base. Guris crescidos no próprio Olímpico, com o espírito gremista que incendeia cada um de nós nas arquibancadas ainda forte no peito. Além das afirmações que já vinham jogando, os acréscimos de Felipe Mattioni e Douglas Costa. Uma molecada boa de bola, repleta de saúde e vontade de mostrar esforço.


Douglas, um talento bruto que ainda será lapidado. Mattioni, lateral veloz que pode se tornar ainda mais útil quando trabalhar a marcação. Léo, o zagueiro que já nasceu experiente. Magrão, o volante que, apesar de ter voltado mal após a lesão, é um dos grandes destaques do campeonato. Hélder, o novo titular. E Rafael Carioca, um monstro do meio-campo que certamente chegará ainda longe.


Ao lado deles, em meio às espinhas e barbas que começam a crescer, a liderança dos vovôs experientes Tcheco, Pereira, Réver o resto da equipe. Réver, aliás, merece algumas linhas de prestígio. Tem sido um gigante. Em minha opinião, o melhor jogador do Grêmio nas duas últimas partidas. Impecável e implacável na marcação, talentoso na saída de bola e até se arriscando no ataque, tendo decidido a partida contra o Botafogo.


Se a gurizada é a resposta até o final do campeonato, não sei dizer. Talvez não seja. Talvez seja fundamental retornar à experiência nas partidas mais decisivas. Mas eles eram a aposta para o momento. E deram resposta. Sabemos que é possível confiar no talento desses jovens quando chegar a hora deles. Entraram bem, pedindo passagem. Entraram pedindo respeito. Entraram quebrando uma das leis básicas da nossa sociedade. Entraram gritando em seus imberbes pulmões:


- Respeitem-nos. Respeitem o Grêmio. Respeitem os mais jovens.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

NOS PÉS DO MENINO

Por Felipe Sandrin


Todos nós gremistas já vimos o Grêmio renascer, conhecemos nossa força e dela tiramos este desígnio de nunca nos entregarmos. O Grêmio mágico que emerge do mais profundo inferno e glorifica-se nos céus é a constância que mantém nosso sentimento de imortalidade. Mas tamanhos feitos não surgem apenas porque queremos. É necessário mais do que simplesmente querer. É necessário que algo do tamanho de nossa fé se materialize: o ato que preceda o milagre.


Quem viu a partida de sábado talvez já entenda do que estou falando. Douglas Costa, um gremista que desde pequeno acompanha o clube das arquibancadas do Olímpico. Um garoto com um sonho, com um sincero desejo de ver materializar-se a mágica que só o Grêmio é capaz. Um garoto de 18 anos que treinou sua vida inteira esperando a oportunidade de mostrar o porquê merece vestir nossa camisa.


Para os que pensam que exagero, digo que revejam os lances da partida, onde um garoto em seu primeiro jogo, diante da responsabilidade de manter o clube vivo na briga pelo título, estreou fazendo gols e dando passes que pouquíssimas vezes neste mesmo campeonato vimos algum jogador do Grêmio fazer. Um garoto de 18 anos, que muitos apontam como um novo Ronaldinho – em talento, não em trairagem – entra numa partida decisiva, com toda responsabilidade de criação de jogadas e por nem um minuto se abstém de tamanha responsabilidade.


O Grêmio que padecia nesta segunda fase, era o Grêmio já desenhado da primeira. Todos os adversários sabem como jogamos, conhecem cada uma de nossas jogadas, pontos fraco e fortes de cada jogador. O Grêmio que decaía a cada partida era o Grêmio que havia muito não se renovava. Douglas trouxe mais do que sua habilidade precisa, ele veio trazendo a renovação, a esperança de surgir um novo ídolo para o qual podemos voltar nossos olhos, esperando, mendigando uma jogada brilhante, um lance que decida.


Douglas trouxe mais do que a própria vitória contra o Botafogo traria: vem dos pés dele a esperança que faz com que sigamos acreditando neste título. Porque se nossa maior força vem das arquibancadas, nada melhor do que alguém que saiu de lá, alguém que entende nossa força, e sabe do que o Grêmio é capaz.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

GLÓRIA EM TRÊS ATOS

Por Silvio Pilau


Não sei se vocês lembram, mas, logo após Batalha dos Aflitos, um jornal, acredito que britânico, publicou uma reportagem comparando o Grêmio a Rocky Balboa. Sim, o Garanhão Italiano da série de maior sucesso da carreira de Sylvester Stallone. A matéria fazia uma analogia entre a capacidade de Balboa em apanhar durante uma luta inteira para, no final, juntar forças não se sabe de onde e derrubar o adversário de uma vez por todas.

Trago esta lembrança à tona porque a trajetória gremista em 2008 também pode ser comparada à Sétima Arte. No caso, não digo exatamente a Rocky Balboa, mas à própria estrutura da imensa maioria dos filmes e histórias em geral, divididos em três atos. Claro que isso muito varia, por vezes, os três atos são claros; em outras, menos perceptíveis; e há também as produções nas quais esta divisão não existe.

O Grêmio atual encaixa-se na primeira opção. A jornada da equipe no Brasileirão é um caminho em três atos escancarados, tal qual um filme hollywoodiano no qual o mocinho vence ao final. É uma produção modesta, mas realizada por artesãos competentes, que conquista as platéias e leva-as a grandes e inimagináveis emoções. Os dois primeiros atos já foram deixados para trás. O terceiro começou no último sábado às quatro horas da tarde.

Senão vejamos. O primeiro teve início lá pelas bandas de maio. Foi o momento da apresentação dos personagens e da trama. Começaram a pintar alguns dos candidatos ao título e ao rebaixamento. O Grêmio aninhou-se no grupo de cima, mostrando que não entrava para figurar, mas para brigar pelo posto mais alto. Assim, foi indo, surpreendendo, assumindo a liderança e firmando-se ao lado dos prováveis campeões.

Eis que começa o segundo ato, o das dificuldades. O caminho do mocinho jamais é ausente de percalços. Fosse assim, qual seria a graça da história? Então, o Tricolor começou a tropeçar. Perdeu uns pontinhos aqui, foi abatido ali, caiu inclusive dentro de casa. Este segundo ato trouxe dramaticidade e emoção à narrativa. Mais do que isso, plantou as sementes para o promissor ato final. Mas, para isso, era preciso um momento definitivo. Uma situação que fizesse com que o mocinho, no caso o Grêmio, acordasse para dar a volta por cima.

Veio, então, o Gre-Nal.
A goleada para o maior rival foi exatamente a porrada que o Tricolor precisava. Foi o ponto de transição para encerrar de vez as dificuldades do segundo ato para começar o terceiro, onde tudo novamente se acerta e encerra com o final feliz. O terceiro ato começou no sábado, com a vitória contra o Botafogo. Com o orgulho abalado, os jogadores, comandados por uma gurizada de talento, deram a volta por cima, conquistando aquela que talvez seja a vitória mais importante do Grêmio em todo o campeonato.

Não falta muito para o filme acabar. No terceiro ato, porém, os pontos soltos da história são amarrados. O mocinho se dá bem. O vilão é punido. Ainda teremos muita emoção pela frente, mas os gremistas sabem o final desse filme. Sabem que esta produção não terá mais grandes surpresas. É uma história previsível, que já vivemos milhões de vezes. Uma narrativa em três atos, que se encerra apenas com o título. Com a conquista. Com a glória.

Bem o tipo de filme que não cansamos de assistir.

sábado, 4 de outubro de 2008

EU TENHO OLHOS

Por Eder Fischer

INOCENTES somos nós, em achar que fácil seria. POBRES COITADOS cantando “O Grêmio vai sair campeão” a cada gol marcado. RÍDICULOS em achar que jogaríamos as três ou quatro últimas rodadas somente para cumprir tabela. Há algum tempo tenho notado um comportamento incomum nas arquibancadas do Olímpico: a torcida peleadora tem sido um pouco carioca demais antes do apito final. O canto de “mesmo não sendo campeão, o sentimento não se termina” perdeu espaço para “Pingos de amor” e “fui numa festa na Geral do Grêmio”. Será que estou exagerando?

Talvez esteja, talvez seja somente eu o INOCENTE em achar que o que escrevo convencerá alguém. Talvez seja somente eu o POBRE COITADO, querendo comentar futebol através de idéias entre vírgulas mal colocadas. Talvez seja somente eu o RIDÍCULO, com a minha neurose em achar que existe uma conspiração contra a liderança do Grêmio. Minto: eu e o Santana. Em um desses programas pós-jogo, Paulo Santana, o autor da frase no cabeçalho desta coluna, fala dos lances que geraram os dois primeiros gols, que mudaram a história do jogo. Ele, mesmo botando qualquer um dos comentaristas de resultados que ali se encontravam no bolso, agüentou sorrisos irônicos de seus colegas de trabalho. Eu tenho olhos, dizia ele, cotovelos sobre a bancada, punhos levantados e seus indicadores apontados para a câmera como duas lanças espartanas. EU TENHO OLHOS!... Eu também tenho, Santana, mas se você, que é o grande Paulo Santana, foi ridicularizado, o que sobra a mim, um quase anônimo?

Como disse o Roth, uma derrota nunca vem sozinha. Junto com ela veio a perda da liderança, mesmo que seja nos critérios, a perda do meio campo INTEIRO e mais uma coisa que ele não disse, mas ponho na minha conta. Neste momento, alguns dos torcedores (a minoria na verdade) que estavam abraçados a mim ou a você, no Olímpico, sendo regidos por lalaia-las da vida, se transformam em nossos piores inimigos. Eles são aqueles a quem não podemos atacar. Eles vestem o traje tricolor, mas por dentro são mais peçonhentos, rasteiros e traiçoeiros do que os próprios vermelhos. Eles estão do nosso lado na arquibancada xingando o Paulo Sérgio, ficam torcendo que o Pico seja flagrado em dia de concentração no ensaio da Imperadores. Em seus íntimos, estavam tristes com a liderança tricolor por não poderem mais despejarem suas iras em Celso Roth.

É chegado o momento. Hoje, não precisaremos de pessoas que torçam pelo Grêmio, precisamos de pessoas que sejam o Grêmio, soldados que vão ao estádio como se vai à guerra. Não falo da guerra como ocorreu nas arquibancadas do estádio José Pinheiro Borda, e sim a guerra do alento inconfundível nas canchas do Brasil, proporcionados por nós, como fazíamos enquanto não éramos lideres. Defendam o Grêmio perante os inimigos, mesmo cobrando o técnico e os jogadores antes ou após o jogo. Mas durante somos irmãos defendendo a mesma pátria. Precisamos, hoje, de gremistas que vão ao estádio pelo prazer da batalha. A vitória, o título? Pouco importa, desde que o time em campo lute bravamente até o final. Se está difícil, melhor. Lembrem-se de quando começamos este campeonato. O que esperávamos?

Então, hoje, amigo tricolor verdadeiro, mas só você que sabe o que realmente é ser Gremista, vá ao estádio, pinte seu rosto com as cores do imortal, vista o manto sagrado, de preferência aquele das três cores, enrole-se em sua bandeira e torça para que o inimigo seja forte, torça para que o juiz seja digno de uma cela no presídio central, torça para que o jogo seja suado, pois é assim que gostamos, uma nova batalha tem início. O final? Pouco importa. Pois o melhor acontecerá durante.

Hoje, eu não serei mais publicitário, você não será mais médico, advogado, marceneiro ou estudante. Hoje, acima de tudo, quem ousar pisar no concreto cru das arquibancadas do Monumental terá que ser, pura e unicamente, gremista.

Gostaria muito de que quando eu estivesse lá, na quina do estádio, junto à melhor torcida do Brasil e do mundo, após o apito final, ao lado de irmãos, guerreiros e gremistas, independentemente do resultado, ao invés do tradicional “o Grêmio vai sair campeão”, cantássemos juntos o hino Rio-grandense. Mostraremos nossas virtudes, pois não basta pra ser campeão ser somente forte, aguerrido e bravo.

Douglas Costa
O que eu devo dizer: Muita calma, ele ainda é um menino estreante, sentirá os primeiros minutos até “ficar à vontade” com a camisa tricolor e estará suscetível a erros. Não devemos perder a paciência.
O que eu acho: Grande jogador. Vai dar conta do recado. O menino jogou em um treino na seleção principal entre as estrelas onde foi destaque e fez um golaço. Mostrou que tem personalidade.
O que eu torço: Mais uma revelação tricolor, vai ser o nome do jogo, após sua estréia vai ser difícil tirá-lo do time.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

É HORA DE TERMOS FOCO.

Por Felipe Sandrin


Quatro partidas decisivas, e a busca por no mínimo 10 pontos. Essa é a missão gremista que começa neste sábado. Já não importa quem não joga, quem é duvida, a formação tática, ou como irão se sair os adversários diretos. Chegou a hora de termos foco.


Diante o Gre-Nal, já lembrava que muito se falava. O futebol nunca foi vencido com a boca. Todos os dias escuto um gremista falando sobre um possível complô em prol do Palmeiras. Se realmente existe algo, não vai ser um bando de gremistas resmungando que irá mudar isso. Por tanto, façamos nossa parte, lotemos o Monumental e cantemos 90 minutos.


Olho com estranheza para grande parte de meus amigos gremistas, pois esses viviam a salientar que certa hora o campeonato se afunilaria e tornar-se-ia mais difícil do que já era. Chegamos em dado momento e agora muitos destes olham com tom de dúvida para nossa equipe. Sejamos sinceros: com o plantel que temos, foi um milagre termos liderado o campeonato até agora.

Ganhá-lo com folga, então... não estaríamos sendo o Grêmio.


Tenho certeza que o Olímpico estará lotado amanhã. Cada torcedor trará fé, alegria e força. E assim poderemos vencer, poderemos iniciar nossa maratona em busca de, no mínimo, 10 dos 12 pontos disputados.


Contra juizes, medos e dúvidas, segue o Grêmio a trilhar seu caminho - que, tenho certeza, não será diferente do que já há 105 anos traçamos.