segunda-feira, 17 de novembro de 2008

CARO MURICY RAMALHO

Por Silvio Pilau


Não nos conhecemos. Ao menos, não pessoalmente. Porém, estou muito familiarizado com teu trabalho, principalmente desde tua passagem por Porto Alegre comandando o time rival. Admito que não fiquei nem um pouco satisfeito com o que fizeste por aqui. Infelizmente, armaste a base para que o clube da beira do rio pudesse entrar de vez no seleto rol dos grandes, um grupo do qual tínhamos o orgulho de defender sozinhos a bandeira do Rio Grande.

Nos dois anos seguintes, teu trabalho à frente do São Paulo foi de louvável regularidade e, mais impressionante, de conquistas. Por duas temporadas consecutivas, tua equipe dominou com folgas a principal competição nacional. Para desânimo de boa parte da torcida brasileira, não houve adversários para o São Paulo em 2006 e 2007. Não reclamo, acredite. Tu fizeste por merecer e o bicampeonato nacional foi mais do que justo.

Desta vez, porém, é diferente. Desta vez, Muricy, teu caminho não está fácil. Tens uma pedra no sapato. No início, parecia uma pedrinha. Tu e todos os outros achavam que não faria diferença caminhar com ela. Não atrapalharia em nada. Mas, à medida que a caminhada se tornava mais longa, a pedra começou a incomodar. Começou a causar dor e preocupação. Uma pedrinha aguerrida, chata e que ninguém gosta. Uma pedrinha de três cores que, querendo ou não, continua no caminho.

Não esqueças, Muricy. Apesar de teus belos anos comandando o São Paulo, o Grêmio sempre foi um problema para ti. Tenho certeza de que lembras o que ocorreu ano passado, na Libertadores. Certamente acreditavas que o Tricolor era apenas mais uma vítima no teu caminho a uma nova final da Copa. Tomaste uma lição. Jamais se menospreza o Grêmio. Uma lição que tiveste novamente no Brasileiro deste ano: o Grêmio foi o único que venceu os dois duelos contra tua equipe.

E o que eu quero dizer com tudo isso? Por que escrever uma carta e publicá-la na Internet? Simplesmente para que tu estejas avisado que agora não será fácil como nos outros anos. O Grêmio está na tua cola. No teu encalço. Respirando no teu pescoço. Muricy, o Tricolor gaúcho está tão perto de ti que tu não serias capaz de enxergar pelo retrovisor. E, garanto, basta uma simples derrapada. Apenas uma titubeada. Se cometeres o erro de virar a cabeça para trás com o objetivo de ver qual a distância, ficarás para trás. Acredite nisso.

O que sabemos – eu, tu e todos os envolvidos nisso – é que será emocionante. Será uma grande corrida final, como há muito não se via no futebol brasileiro. Cada jogo será uma decisão. Como, aliás, já vem sendo. Prepara-te daí que nos preparamos daqui. E prepara teu discurso de vice.

Porque, desta vez, o Grêmio vai sair campeão.

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