segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Egos não fazem a história.

Por Felipe Sandrin


Shing Yang morava ao norte do Japão. Em uma época conturbada, via seu povo ser escravizado pelas demais tribos. Diante de armas primitivas, as vitórias em combate se decidiam por somente números e não táticas. Tudo mudou quando ele, Shing, desenvolveu sua primeira espada, que logo se tornariam 100, e mais tarde fariam de seu povo a força máxima, inigualáveis dominadores: a lâmina reescreveu a história e tornou-se a julgadora para os até então injustiçados.

Em uma nova era, surgia uma proposta inovadora, um estádio moderno, difícil de ser imaginado, quanto mais construído... Com esforço e união, moldou-se um sonho que mais tarde deixava de ser impossível para se tornar realidade.

O Olímpico significou mais do que a casa do Grêmio: foi ele a iniciativa de muitos outros clubes brasileiros, uma amostra concreta do que um clube e seus apaixonados torcedores podiam fazer. Mais do que um estádio, o Olímpico emergia trazendo um novo Grêmio, multi-campeão, que deixava de ser regional para tornar-se desbravador.

A geração Yang era respeitada, vistas como grande responsável pelo poder que a pequena vila 100 anos mais tarde havia conseguido. O tataraneto de Shing ainda era tratado como rei, e seu sobrenome era precedido pelo seu nome. Ante tanto poder, Shing Quarto se sentia um deus, invencível herdeiro do homem que inventou a espada. Porém alguns anos mais tarde surgiam boatos de que não muito longe daí, um bruxo de outro povoado havia inventado um pó capaz de produzir fogo, o qual eles chamavam de pólvora. Shing Quarto não deu importância para tal informação, ele acreditava cegamente no poder da espada... Alguns anos depois, o castelo Shing padeceria, e os exércitos seriam dizimados junto ao poder da pólvora.

Nosso Olímpico envelheceu, as casas, ruas, o bairro que o ostentavam também. Nossa grande invenção, nossa casa de tantas glórias perderia força, e ante os restos que dele se faziam, nosso Grêmio, nosso povo, padeceria buscando novamente a grandeza que um dia foi alcançada.Nossa força é conhecida, nossa espada todos temem, os quatro ventos do mundo sopram nosso nome e nossos adversários lembram:
-“lá, nas longínquas terras do Rio Grande, existe um time que quando luta em seu castelo torna-se invencível”.

Hoje, porém, nosso Olímpico é uma espada, nossos inimigos descobriram a pólvora, e não tardaram a nos atacar. Resta a nós decidirmos: viveremos do passado, da força de nossa invenção e orgulho, ou combateremos com nossa genialidade, aprimoraremos nossa capacidade e construiremos um novo castelo, uma arena, que novamente nos permitirá explorar o mundo, desafiar outros povos, e reinar no topo dele?

Nosso passado e nossas histórias nunca serão esquecidos. Porém, os pecados de nossos reis, de nossas gerações anteriores que construíram o Olímpico podem decretar um erro fatal, um erro que nos fará um time somente de passado, e sem nenhum futuro.

Egos não fazem a história. Está na hora de deixar nomes e gerações de lado... Afinal, somos conhecidos como um exército de gremistas, e não como de “dourados”.

É suicídio ter uma nova e moderna casa? Não, suicídio é ver as pessoas que representam nosso clube sendo retrógradas, inacessíveis e manipuladores.

Nosso novo estádio pode ser vermelho? Chamaram-me de burro, apelaram e perderam boa parte do respeito.

Mais fácil seria sentar, aprimorar, e juntos decidirem, mas preferem ficar se atacando, até apelando para mentiras.

Sim, muito há de ser melhorado em nosso contrato com a Arena, e será! ... Mas negar que estamos à beira do caos administrativo com um estádio falido, isso não é solução.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Você pagou com traição!

Por Cristiano Zanella


Uma inesquecível celebração ao gremismo o jogo de despedida de Danrlei de Deus Hinterholz, no sábado, partida que marcou o encerramento da temporada tricolor 2009. Mais de 33 mil torcedores em êxtase, doze toneladas de alimentos arrecadadas! Bonito de ver a vitalidade de Tarciso, o “Flecha Negra”, 58 anos, mais de uma década defendendo a camisa do Grêmio! Ver o jagunço Dinho chorando como uma criança, afinal de contas, os brutos também amam! Ver Paulo Nunes cruzar para Jardel fazer de cabeça, correr pra galera, como nos velhos tempos! O “Capitão América” Adilson Batista, Arce, Rivorola, Roger, Carlos Miguel, só faltou o lendário borracho Arílson! O goleirão Mazaroppi, o bigodudo Nildo, que grandes presenças! Era o Grêmio dos sonhos que estava em campo, uma seleção dos maiores craques que passaram pelo clube nos últimos vinte anos, personagens que fizeram parte de nossa infância e juventude e que continuam vivos no imaginário dos gremistas de todas as idades! “As pessoas vêm nos agradecer por tudo que fizemos pelo Grêmio, mas, para nós, é o contrário”, afirmava Paulo Nunes – “a gente é que agradece o que o Grêmio fez por todos nós”.

Fazia tempo que não ia de Social (existem lendas que no local se reúne a fina-flor dos corneteiros), mas visto que era um jogo festivo e as filas estavam enormes em todos os portões, nos emburacamos no portão 5, do lado oposto à Geral.

Bola rolando, só alegria, até que...

Segundo tempo, o ex-jogador Roberto Assis Moreira (hoje empresário, presidente do Assis Moreira Group, proprietário do Porto Alegre Futebol, time fundado em 2006) entra em campo! Vaias generalizadas, em todos os setores do estádio! Cada vez que tocava na bola, aumentavam as vaias: quando conduzia a bola, vaias estendidas; quando dava de tapinha nela, vaia breve, um rápido “buh”! Eram vaias que cheiravam a mofo, há muito estavam guardadas no peito da torcida tricolor!

Aos dezessete minutos da etapa complementar, gol de Assis, de cabeça! Foi a primeira vez, em meus 38 anos, que vi um gol gremista ser comemorado com vaias, em pleno estádio Olímpico! A avalanche desabou meia arquibanca e congelou! A torcida ficou sem reação! Começou a chover novamente!

Constrangimento total...

O povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la! Não sei onde ouvi esta frase, mas, desde então, não parei de repeti-la, incessante e insistentemente. Para minha alegria, os milhares de gremistas que compareceram à comovente homenagem provaram que o Grêmio, mais do que ter história, também tem memória!

Muitos afirmam que um profissional moderno não tem apreço à camisa, apenas cumpre seu papel de jogar bola, sem mostrar identificação com o clube, beijar o distintivo, declarar eterno amor, etc. Assis Moreira já sabia disso há mais de vinte anos. Com o sotaque chiado que o caracteriza (nunca falou a língua do “tu”, preferindo a impessoalidade do “você”), disparou o ex-pseudo-craque, em entrevista (disponível no site Final Sports):
-“As portas do estádio Olímpico estão abertas para nós. A nossa história aqui dentro permanece intacta”.

Ledo engano...

Recordar é viver: em dezembro de 1987, os jornais noticiavam o “desaparecimento” de Assis, então com 16 anos, que, levado à Itália por um empresário, estava treinando no Torino. Todos os esforços possíveis foram feitos para trazer de volta o “garoto de ouro”, promessa de craque que nunca se concretizou (foi vendido em 1992, por um valor pífio). Anos mais tarde, em 2001, o caçula dos Assis Moreira, o mais festejado filhote da Miguelina, internacionalmente conhecido como “Ronaldinho Gaúcho” (recentemente eleito o “Craque da Década” – a julgar pelas últimas temporadas e participações na Seleção Brasileira, uma homenagem póstuma a um jogador em final de carreira), repetia o irmão! Assessorado pelo próprio Assis, fazendo juras de amor eterno ao Grêmio (embora já com um pré-contrato assinado com o Paris Saint-Germain), o dentuço deixava o tricolor em circunstâncias obscuras, em meio a uma batalha judicial que se estendeu por meses, episódio que a maioria dos gremistas classifica como verdadeira e inequívoca “trairagem”!

Há quem diga que a gota d´água foi a ida do filho de Roberto Assis para o colorado (foto), ou a inesquecível “performance” de Ronaldinho na final do Mundial Interclubes 2006 – partida que seria o “jogo do perdão”!

Tanto faz... a ordem dos fatores não altera o produto final!

Todos sabem que é esta a marca da família Moreira: na hora “da boa”, de comemorar, festejar os tempos que (infelizmente) não voltam mais, sempre presentes! Pra gravar comercial da Nike e fazer samba em concentração, 100%. Na dificuldade, na hora “da ruim”, escondidos, cabisbaixos, rendidos e derrotados, lá no fundo, talvez até constrangidos por sua conduta dita “profissional” – afinal de contas, profissional não tem time, aluga seu corpo e alma à quem lhe pague um soldo mais polpudo!Assis Moreira: “você” pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão!

Direção: mais uma vez imploramos, ouçam a torcida! O Grêmio, mais do que nunca, precisa de união, dos gremistas de verdade! Errar é humano, insistir no erro, burrice! Não falo em nome da torcida, falo por mim: filho da dona Miguelina, jogando no Olímpico, só se for vestindo a camisa do adversário – de preferência a vermelha, que é a que lhes cai bem!!!

Com a palavra, o caro leitor...Na boa ou na ruim, como o Grêmio sempre – na raça e na convicção, sem pipocar!!!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vai-se a década maldita.

Por Felipe Sandrin


ACABOOOOOUUUUUUUUUUUUUUUU!!!

Para muitos, a década acaba em 2010; para mim, ela acabou domingo. Chega de tanto sofrimento, de gritos que não saíram, de fogos que não subiram: que parta 2009 e venha logo a redenção, a glória de um Grêmio campeão, de um Grêmio que, por anos, nos acostumou com glórias infindáveis e inesquecíveis.

Onde mora meu orgulho desses últimos dez anos? Claro, em uma batalha de aflitos, num jogo atípico que nunca novamente será visto... Jogo inesquecível, mas título sem grande valor. Foi assim que vivenciamos os últimos anos: nossos grandes feitos nem foram grandes títulos. Da Batalha dos Aflitos para uma final de Libertadores, a qual nos deixa sentimentos incompletos até hoje.

E para finalizar, restou a nós entregarmos um jogo, sangrar a carne de nossos rivais que por uma semana entoaram nosso hino, gritaram nosso nome e imploraram por nossa ajuda: eles negaram, mas lá estão as provas, os vídeos incontestáveis. E quando eles disserem “vocês entregaram”, eu direi: Sim! E vocês foram tri vice. No ano do centenário de vocês, quem dançou a marcha fúnebre foi o Inter, enquanto nós, regentes do hino dos mortos, apenas rimos e tocamos a última nota, junto à última pá de terra que pousou sobre tuas gélidas esperanças, torcedor colorado.

Acabou! Fim de década, que morram as datas malditas e que levem o QUASE, que levem os falsos gremistas, aqueles que, filhos de um Brasil corrupto, também destoaram o azul de minha bandeira.

É hora de darmos um adeus ao herói, um homem com mais títulos que muitos clubes brasileiros, um defensor das causas de paixão, um declarado de coração azul, que nunca quis ter razão, pois esta sempre foi amor pelo Grêmio. Parte Danrlei, o goleiro que defendia muito mais que nossos sonhos e desejos. Parte Danrlei de Deus, abandona os campos, mas deixa-nos o pranto que regou títulos e sorrisos que até hoje ecoam no peito dos que amam o Grêmio.

Levem-me essa década maldita, a qual sempre volta, a qual sempre finda, mas que nunca vence... Porque o Grêmio é imortal, e nessa década que pouco nos trouxe, aflorou-se de vez esta palavra, IMORTAL. Porque anos, décadas não nos vencem, não nos diminuem a torcida, os prazeres, não nos vencem nem nos fazem menos do que O MAIOR DO RIO GRANDE.

Tu esteve na segunda, mas poderia ter ido para a terceira ou quarta. Hoje já não importa teu lugar exterior, pois eu conheço teu lugar interior. E tu, GRÊMIO, SÓ TU, GRÊMIO, és dono desse coração. Namoradas se foram, amigos se foram, e tu aqui, firme, forte. És tu a primeira, segunda, terceira e quarta batida mais forte deste meu coração que um dia há de parar sabendo que tu haverá de seguir.

Acabou a década, e enquanto alguns pensam que foi a década dos perdedores, eu digo que foi esta a dos vencedores, a de gremistas fortes que souberam ver rivais campeões, diretorias medíocres e sonhos interrompidos; a de gremistas fortes que suportaram tanto quanto outros gremistas em outras épocas suportaram para poder forjar novamente o Grêmio que não se apaga, não se abala ante a peleia.

Acabou! Fim de década, fim de era e começo de um novo velho Grêmio.

Eu estive, eu estou e eu estarei lá... Tudo por um Grêmio campeão? Não, tudo pelo Grêmio...

Ser campeão é conseqüência, ser gremista é merecimento.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Carta ao Presidente.

Por Silvio Pilau


Caro Presidente Duda Kroeff

Tenho certeza de que o senhor está acompanhando todas as manifestações sobre a partida de domingo. De um lado, estão os colorados, indignados com a possibilidade de entregarmos o jogo e de torná-los vices, mais uma vez. De outro, estamos nós, gremistas, ansiosos pela oportunidade de sacanear o grande rival, mesmo que a custo de uma derrota de nosso próprio clube.

Não preciso explicar este cenário ao senhor. Como homem inteligente, sei que o senhor tem consciência de tudo o que está em jogo. E entendo as declarações que deu afirmando que o Grêmio jamais entrará para perder. É necessário falar isso, compreendo. Faz parte da politicagem e, de certa forma, também é uma maneira de se preservar, evitando represálias dos tribunais, que estão de olhos abertos para qualquer sinal de corpo mole.

Mas, cá entre nós, sei que o senhor também quer a vitória do Flamengo. Ao menos, é o que espero de um gremista. E o senhor é gremista, não é? A diferença é que nós podemos gritar isso para quem quiser ouvir, o senhor não. Nós podemos expor aos quatro ventos que, no domingo, não queremos vencer. O que importa é tão-somente não deixar nosso maior rival levar para casa o quarto título do Campeonato Brasileiro.

Presidente, agora é a sua hora. Melhor do que ninguém, o senhor sabe que não está bem cotado junto à torcida gremista. O ano de insucessos e os erros cometidos na temporada fizeram com que a nação tricolor encerrasse o ano com um pé atrás em relação a toda a diretoria. Pois bem, senhor Presidente, essa é a chance de redenção. Esse é o momento de fazer a torcida voltar para o lado de vocês. Façam o que ela pede.

O senhor, os demais diretores, os jogadores e a comissão técnica estão sempre falando diante dos microfones que o Grêmio só existe por causa da torcida. Dizem que os seguidores são o maior patrimônio do clube. Então, escutem-na. Escutem-nos. Não queremos o Inter campeão. Principalmente às nossas custas. Gremista algum quer carregar consigo, por toda a vida, a culpa de saber que o maior rival ganhou um título nacional por nossa causa.

Honra? Dignidade? Tudo isso é muito bonito, mas não cabe aqui. Os colorados estão apelando para estes valores como se isso tivesse alguma coisa a ver com o que vai acontecer domingo. Não tem. Os gremistas só não querem ver o Inter campeão. Simples. Seria exatamente igual se o cenário fosse inverso. Nada relacionado a honra e dignidade. É pura e simplesmente, a divertida, honesta e abençoada rivalidade.

Afinal, sabemos todos que uma das principais razões para o futebol ser tão bonito e apaixonante é essa rivalidade. É a competitividade, a emoção, a provocação entre duas torcidas. Sem o Inter, o Grêmio não seria tão grande, e vice-versa. Sem a disputa – saudável e sem violência, sempre –, o futebol perderia muito de sua graça. Peço, Presidente, que o senhor faça jus a essa rivalidade que move o coração de milhões e milhões de gaúchos.

Dirijo essa carta ao senhor porque sei que, ao final, a decisão será sua. Como a maior autoridade do clube, cabe ao senhor bater o pé em relação ao time que vai entrar em campo. Tem gente por aí dizendo que, devido ao retrospecto gremista longe do Olímpico, toda a polêmica é gratuita, pois não ganharíamos do Flamengo com o time titular. Eu digo: por que arriscar?

Presidente Duda Kroeff, espero que, como gremista, o senhor tome a decisão que toda a torcida espera.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Fim de festa.

Por Cristiano Zanella


As reuniões dançantes foram a marca da minha geração. Sou do tempo em que os encontros de jovens (aniversários, festas de 15 anos) eram “disputados” nas garagens, vigiados de perto pelos apreensivos pais donos da casa, embalados por temas musicais executados em toca-discos de vinil portáteis, uma época que realmente traz boas recordações. As gurias de um lado, os guris do outro, esperando a música certa para tentar uma aproximação. Era final dos anos 70 (declínio da “disco music”, início do “pop”), e o que estava pegando eram lps como Discoteca Papagaios, Sua Paz Mundial, depois Hit Parede, Flipper Hits, Vídeo Hits, trilhas de novelas – coletâneas com músicas lentas e dançantes (aqui pra nós, um “somzinho” pra lá de bagaceiro, mas autêntico pra caralho). Os “amassos” eram meras beijocas que não duravam mais do que uma dança, mas causavam grande alvoroço no colégio ou entre os amigos da vizinhança. Faz tempo... Eram os anos 70, começo dos 80, uma época de sofrimento para os gremistas – eu estava mais interessado em reuniões dançantes, matinês no cinema e garotas!

Quando já passava das dez, onze da noite, e ia se aproximando o fim da festa, as poucas gurias que ainda estavam disponíveis na pista eram, geralmente, os encalhes da turma – traduzindo para uma linguagem do Campeonato Brasileiro, eram a Sulamericana e a Segundona! Título de campeão e Libertadores, que eram as garotas mais disputadas e desejadas (às vezes, secretamente), já eram... estavam em casa dormindo ou nos braços de um tipo qualquer. Zero a zero: um final melancólico para uma noite de expectativas. E eu ia voltar pra casa “invicto”... de novo!

Mas, como bom sonhador, “o último romântico” (na realidade, era uma baita de um punheteiro), eu nunca deixava de acreditar que, subitamente, a garota que eu queria ia entrar no salão e caminhar na minha direção, quase que implorando pela próxima dança, uma música lenta, inesquecível, e eu ia entregar a ela todo meu amor juvenil – já era prorrogação, e eu prestes a marcar o “golden-gol”, consagrando a máxima que diz: “quem espera, sempre alcança”.

Mas, que eu lembre, isso nunca aconteceu! E, na maioria das vezes, o cara acabava “agarrando o que tem”, provando e comprovando a versatilidade e desenvoltura do brasileiro na nobre arte da conquista amorosa! Ufa, a menina era feia, usava aparelho e não sabia dançar – um prêmio de consolação, mas vá lá: “a vida é assim mesmo, e amanhã vai ser outro dia”!

O tempo passou, e este humilde tricolor sagrou-se multi-campeão de tudo, alcançou o topo do ranking, foi ao inferno e voltou! Torceu, gritou, sofreu, cantou e vibrou, ano após ano, até o último momento, e sobreviveu à pós-modernidade conservando o gosto pelo futebol e pelas mulheres (coisa rara em tempos de “diversidade”). Já adulto, viu a festa do Brasileirão 2009, como as velhas reuniões dançantes de garagem, começar bastante animada, com momentos de indefinição, aflição, desespero, quando finalmente, já quase sem esperança, a sonhada garota chegou! Estava irresistível, como nos tempos de outrora... vestindo – acreditem – uma camisa do Flamengo (coincidência ou não, nosso arqui-rival dos anos 80)! Dançamos até o amanhecer, numa espécie de tributo aos bons tempos que, infelizmente, não voltam mais! Foi lindo!

Enquanto dançava, me dei conta que a festa do Brasileirão chegava ao seu final! O Flamengo era o Campeão Brasileiro 2009 – estava decretado! Podem me xingar, podem me bater, podem até deixar-me sem comer, que eu não mudo de opinião! O Grêmio não irá entregar o jogo, é claro... irá perder mais uma partida longe do Olímpico, fato que em nada surpreende na atual temporada (uma extenuante rotina de derrotas fora). E, em tempo: a força que demos ao co-irmão já o coloca no seleto grupo de classificados à Libertadores 2009!

Assim sendo, conceito posto e bem entendido, visto que é claro e direto, sem rodeios, questionamentos ou possibilidades extra: parabéns, Flamengão! O título está em boas mãos! E, no domingo, todos os caminhos levam à avenida Goethe – é fim de festa e, mais do que nunca, é preciso “agarrar o que tem”: os vermelhos, comemorarão a vitória sobre o Santo André e a almejada vaga na Libertadores; nós, azuis, o Penta-vice vermelho (1987, 1988, 2005, 2006 e 2009 – ninguém é mais vice na história do Brasileirão)! É só alegria no Rio Grande! Abra suas asas, solte suas feras, caia na gandaia – a festa é nossa, e estão todos convidados: urubus, bambis, porcos e sacis! Mas, desta vez, é o mosqueteiro quem dança com a dona da festa!!!

Com o Grêmio sempre, cantando e encantando, até a última música do lado b!!!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Aqui se faz, aqui se paga.

Por Felipe Sandrin

Domingo de sol, o churrasco, a cerveja; mais de tardezinha, o futebol. Vejam que maravilha de esporte: imita a vida, altos e baixos e rivalidades superadas pela amizade. Meu Avô, colorado apaixonado, fuma seu tradicional cigarro, chega manso ao meu lado: “será que o Grêmio ajuda o Inter hoje, Lipe?”.

Já são 17 horas e a bola rola, não demora para que o Inter marque seu gol, o gol que transporta o Rio Grande do Sul inteiro para o jogo entre Grêmio e Flamengo. Mas o que é isso? Final do primeiro tempo, e o Grêmio segura o 0 a 0? Será? Será?

Chega o segundo tempo, e junto com ele a dúvida. Sobre cada esquina, cada casa onde sofás acomodam gremistas e colorados, uma incógnita sobre o que o destino prepara.

Já passam dos 35 minutos, bola alçada na área... sim! É gol do Grêmio, é gol do título, é o Inter sendo campeão brasileiro. Algo nunca visto antes está acontecendo. Gremistas e colorados lado a lado, rindo, brindando e comemorando, por um momento, um final de tarde, nosso Rio Grande deixa de ter cor, os foguetes que estouram selam a paz de um ato nobre, uma façanha nunca antes vista ou imaginada no futebol.

Eis que o relógio desperta, começa mais uma manhã de segunda-feira, triste, silenciosa... Eis que na padaria, o jornal me arranca um sorriso, matéria de capa: “INTER PERDE TÍTULO BRASILEIRO”.

O Sorriso se propaga: havia sido apenas um pesadelo, o Grêmio fez sua parte, e nossa rivalidade fez sermos Flamengo.

Aqui se faz, aqui se paga... Sempre haverá o troco.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O nome dele é Marcelo.

Por Silvio Pilau


Imaginem uma empresa. Uma companhia grande, bastante reconhecida em seu segmento. Chamem-na como quiserem. Agora imaginem um funcionário dessa empresa. Não um funcionário qualquer, mas um homem que lá trabalha há quinze anos. São quinze anos de pura dedicação. Um empregado exemplar, que sempre desempenhou suas tarefas com competência e alta dose de profissionalismo.

Certo dia, o chefe de seu setor é demitido. Este era um cargo de grande responsabilidade, verdadeiramente vital para o sucesso da empresa. Os diretores, devido a essa importância, precisavam preenchê-lo de alguma forma o mais rápido possível. Por saberem que o funcionário exemplar conhecia os pormenores da tarefa, colocaram-no na função. Mas deixaram claro: ele atuaria apenas como quebra-galho, até chegar o profissional que realmente assumiria a posição.

O interregno durou aproximadamente dois meses. Neste período, de trabalhador pouco reconhecido, o funcionário exemplar ganhou destaque. Superou as expectativas de todos, gerou bons resultados, mas, em seu íntimo, sabia que sua situação tinha um prazo final. E, como a diretoria havia dito a ele no início de tudo, seu tempo realmente acabou. O figurão contratado para o seu lugar chegou e, humildemente, nosso empregado voltou à sua função anterior.

Nos meses seguintes, ele seguiu trabalhando com o mesmo profissionalismo de sempre. Enquanto isso, o novo chefe, cheio de referências e recomendações, não conseguiu chegar nem perto do seu desempenho no cargo. Os resultados eram fracos e geravam desconfiança. Pouco a pouco, a situação foi se tornando insustentável e o figurão aproveitou uma proposta para cair fora. O funcionário exemplar viu, ali, mais uma chance de provar seu valor. E a diretoria ofereceu uma nova oportunidade.

Mais uma vez, ele soube aproveitar esta ínfima janela para mostrar o seu trabalho. Os resultados voltaram a aparecer e, somados à sua primeira chance no cargo, superavam em muito as estatísticas dos antecessores. Ainda assim, mesmo com os números ao seu favor, mesmo com boa parte dos investidores da empresa apoiando a sua permanência, a diretoria continuava insistindo em não propor a ele a permanência na função.

Muita gente não entendia. O funcionário exemplar tinha o já citado apoio da maioria dos investidores e acionistas da empresa, aqueles que realmente a faziam funcionar. Estes lembravam que nem sempre os figurões dão certo e citavam outros profissionais antes desconhecidos que geraram excelentes resultados para a empresa. Diziam ainda que o dinheiro investido na contratação de um chefe com grande currículo poderia ser economizado e revertido na busca de reforços para a equipe, algo necessário para os objetivos da companhia.

Enquanto isso, o funcionário exemplar continua tapando buraco no cargo. Como sempre, não reclama, não chia e consegue bons resultados. Ele teve a oportunidade. Mostrou sua capacidade. Falta apenas a diretoria da empresa mostrar cojones para bancá-lo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Perder ou...perder?

Por Felipe Sandrin


Fica a discussão: entregar ou lutar contra o Flamengo? Muitos dizem por seu gremismo acima de tudo, que jamais conseguiram não torcer para que o Grêmio vença. Outros tantos dizem que ajudar o Inter a conquistar o título é a prova mais cabal de estupidez vista nos últimos anos.

Então, afinal, quanto de nosso amor pelo Grêmio também não está relacionado ao nosso principal rival? Os que não moram no Rio Grande do Sul pregam facilmente o vencer acima de tudo, mas e nós aqui do sul, que temos amigos, vizinhos e parentes colorados? Que agüentamos ligações, cornetas, foguetes e buzinas?

Já contra o Cruzeiro tive de torcer contra meu Grêmio... De que adiantaria ser competente naquele momento? Ser gremista sempre é fácil, mas ser gremista sempre resulta na balança que hora pende a nosso lado e hora para o lado vermelho: Anti-Grêmio? Jamais! Porém, diante dos grosseiros erros e grotescas campanhas apresentadas, o que me restou foi o medo de que o time que não vencia fora de casa resolvesse ajudar os colorados a tacarem corneta sobre nós gremistas.

Extrapolou o aceitável e agora Meira (ops, quis dizer beira) o ridículo. Primeiro não ganhamos nada durante o ano todo, agora querem fazer de cada jogo a vida? Querem mostrar que jogam com raça e não se importam com o rival? Só falta dizer que os jogadores estão ganhando o famoso “bicho” após cada dramático jogo os quais valem... valem... valem... Valem porcaria nenhuma.

Colorados, façam festa, comemorem a vaga na Libertadores, pois nós gremistas também comemoraríamos e muito. Quem sabe ano que vem o Inter não seja Bi da Libertadores: se forem, botem na conta de nossa direção, dona não somente uma medíocre campanha, mas também da classificação colorada.

O mundo dá voltas. Ano passado, colorados não mediram esforço para prejudicar o Grêmio, mas a doce ironia sempre será amarga para alguns, e esse ano o sonho do título ficará longe do Beira-Rio, já que se depender do Grêmio entregaremos o jogo... A não ser que o que parecia impossível se confirme e a casa caia revelando a verdade.

Não é de hoje suspeito, talvez seja verdade,No armário de dirigentes a prova da falsidade.Atrás de tanto azul, mora a camisa vermelha,Faz-se de conta gremista, mas colorado por natureza

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Foi-se um gremista.

Por Felipe Sandrin


Destaco trechos de um texto no qual desconheço autor:

O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída.

Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesa azul.

- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito? - diz ela. O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:

- Quanto de dinheiro você tem? Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós.

Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:

- Isso dá?Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.

- Sabe, quero dar este presente para minha irmã mais velha. Ela cuida de mim e dos meu irmãos e não tem tempo para ela... É aniversário dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.

O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou-o com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.

- Tome!!! - Disse para a garota.

- Leve-o com cuidado.

Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo. Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:

- Este colar foi comprado aqui?

- Sim senhora.

- E quanto custou?

- Ah!! - Falou o dono da loja - o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente. A moça continuou:

- Mas minha irmã tinha somente algumas moedas!

O colar é verdadeiro, não é?

Ela não teria dinheiro para pagá-lo!

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu a jovem.

- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar.

ELA DEU TUDO O QUE TINHA

Tcheco chegou ao Grêmio em uma época ainda conturbada, de indefinições quanto ao verdadeiro futuro do clube. Tímido, porém sempre sorridente, Tcheco mostrava-se a cada dia mais apaixonado pela capital gaúcha, suas belas mulheres e o povo cheio de particularidades que a ele eram confortantes o suficiente para saber que dali por diante o Grêmio seria sua casa.

Em um mural de imagens marcantes ficou faltando a dele, Tcheco, erguendo uma taça, uma foto que ganharia molduras dignas de estar ao lado das de grandes campeões. Ele e nós torcedores sabemos que diante das alegrias nossa maior mágoa é essa: não vermos um homem que tinha tudo para escrever sua história no clube, escrever um final feliz inesquecível.

Tcheco foi um filme de grande roteiro e recursos suficientes para tornar-se um épico, mas assim como grandes obras o futebol também é uma incógnita que razão alguma explica: ninguém sabe quando surgirá um herói, um vilão ou um simples coadjuvante.

Fecha-se um ciclo, parte um jogador sem meios termos, que ou ia mal, ou ia bem, ou decidia a favor ou contra, ou era amado ou era odiado: com Tcheco, nunca houve meios termos, e mesmo quem estivera longe de ser a solução, nunca foi nosso principal problema.

Discute-se muito sobre a saída de nosso capitão, se o Grêmio ganha ou perde sem ele, mas no fim, neste jogo de perdas e ganhos, quem realmente ganhou foi Tcheco, que por quatro anos vivenciou uma das mais puras paixões por um time de futebol.

O ciclo termina, e o sujeito dos discursos ponderados, palavras estudadas, das comemorações mais sinceras e emocionadas parte deixando a certeza de que o pouco que ele nos deu para ele foi muito, pois era tudo o que ele tinha.

Chegou como mais um, mas tenho certeza de que partirá gremista. Dentre seus orgulhos, fotos de uma época que não voltará, e mesmo que muitos de nós torcedores digamos “ainda bem”, ele, Tcheco, com os olhos cheios de lágrimas, murmurará com paixão e saudades a palavra infelizmente.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vencido sem lutar.

Por Felipe Sandrin

E agora? Não sobraram nem as perspectivas de “trabalho a longo prazo”. Autuori partirá e sobrará apenas a certeza de que TODAS, ABSOLUTAMENTE TODAS as metas de nossa direção falharam.

Contratações ditas razoáveis se mostraram péssimas, contratações ditas para o grupo se mostraram irrelevantes e contratações ditas principais se mostraram insuficientes. Títulos? O que são títulos? Promessas? O que são promessas? Compromisso para com torcedor, futebol de certezas, bons investimentos e pessoas sérias nos cargos certos... Algo disso agradou? Algo funcionou?

Lá se vai Mauro Galvão levando algo mais importante do que deixou: nossas lembranças. Afinal, quem lembra de Rodrigo Caetano? Homem de trabalho sério, que mais uma vez mostrou sua total competência sendo um dos principais responsável pela volta do Vasco à elite do futebol brasileiro.

Este ano é mais do que um ano jogado fora. Anos jogados fora “não fedem nem cheiram”. Esse ano deve ser dado como o ano em que jogamos fora e não vencemos, o Náutico venceu, o Barueri venceu, até o time do Caixa Prego jogou fora e venceu, mas o Grêmio não. Esse ano pode ser dado como o ano em que resolvemos inovar na direção, demos chance ao experimente Mauro Galvão, responsável por montar grandes equipes pelo Brasil a fora. Este ano pode ser o do time que jogou sem técnico, o ano em que o tal Rospide se tornou o cara com a MELHOR campanha entre os técnicos que aqui passaram e, que doce ironia, o homem dos 15 mil mensais rendeu mais do que os de 250 mil.

Em 2010, podemos usar o seguinte slogan: “2009, o ano que não acabou”. Sim, porque, do jeito que tudo, caminha confiar em 2010 é pedir pra se decepcionar, é como acreditar que alguma das meninas da Tia Carmen seja fiel a você e não a seu dinheiro.

Autuori partirá deixando a certeza de que nossa direção nunca teve certeza sobre o que fazia. Todas aquelas entrevistas de planejamento, de longo prazo, tudo foi papo furado, uma espécie de sedativo que mantinha a torcida longe do Olímpico, sem manifestações e cobrança.

O que fazemos nós agora? Torcer pro Inter ficar fora do G4? Veja que constrangimento que me sobrou, meu coração balançado e eu já nem sei se quero ganhar do Cruzeiro. O Grêmio que sempre em meu coração foi o primeiro, hoje está ancorado no cais do caos, seus tripulantes abandonam o navio, seus comandantes divergem sobre para qual deles será o próximo bote salva-vidas, e nós, familiares desesperados à procura de informações, perdemos a esperança de que este barco navegue em águas calmas no ano que vai chegar.

E eu que pensava que este ano não poderia ser pior do que o ano passado, quando entregamos o título brasileiro. Agora vejo que triste não é lutar e ser vencido, mas sim ser vencido sem lutar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Seis meses e 48 horas!

Por Cristiano Zanella

Paulo Autuori não é mais o técnico do Grêmio! Em coletiva que reuniu imprensa e dirigentes no final da terça-feira, o técnico anunciou que nas próximas 48 horas decidiria sua continuidade no tricolor... 48 horas – era o tempo necessário para definir o seu futuro!

Autuori era convicção da direção. Enquanto a maioria da torcida pedia Renato Portaluppi (e até mesmo Fábio Koff, nosso maior dirigente, afirmava com todas as letras que chegara a hora do nosso maior ídolo vivo treinar o time), a direção esperava pela confirmação da chegada do grande estrategista – finalmente, um técnico consagrado e com perfil vencedor treinaria o Grêmio!

Esperou-se quase dois meses pela chegada de Autuori, e ele veio mesmo! A torcida encheu-se de esperança, a imprensa esportiva rasgava elogios ao competente e polido “gentleman”, a direção apostava todas as fichas no novo treinador. Depois dos quase dois meses de espera, foram mais uns quatro esperando que o trabalho diferenciado e elegante do técnico finalmente “entrasse em campo”. Foram quase seis meses de expectativas e frustrações!

Pois bem: a temporada terminou, o Grêmio lutou contra tudo e contra todos e, aos trancos e barrancos, fracassou na Libertadores e no Brasileirão!

Em campo, especialmente neste segundo semestre, um time molenga e sem vontade, sem ambição, sem gana, sem liderança, sem esquema definido, sem jogadas ensaiadas e, principalmente, sem o gremismo correndo nas veias (coroando o pior aproveitamento e custo benefício entre os últimos treinadores do tricolor).

Autuori: o triste fim de uma longa espera!

No futebol moderno, é difícil um atleta ou treinador permanecer mais de uma temporada no clube, fazendo com que o torcedor se veja obrigado a aplaudir profissionais que ganham pra perder, que não tem prejuízo algum com a derrota, que não fazem questão de ao menos demonstrar algum comprometimento, envolvimento pessoal ou identificação com o clube – é tanto fez, tanto faz... Indignação? Inconformidade? Atitude? Que nada! Os burocratas e mercenários do futebol transformaram a nossa paixão em um mero negócio, num balcão onde se compra e vende em nome do “profissionalismo”, das “modernas relações de trabalho”, do lucro da empresa.

Esperar mais 48 horas seria verdadeiramente inaceitável, mas agora é oficial: Paulo Autuori não é mais o treinador do Grêmio! E, cá pra nós gremistas, já vai tarde (na Arábia, o salário é dobrado e a cobrança não deve chegar nem na metade)! O elenco tricolor é limitado, todos concordamos com isso, mas é bem superior a campanha no Brasileirão 2009!

E o Ruy Cabeção, hein? Ouvi no rádio que foi demitido (da noite pro dia) por ter chamado seu novo treinador de “Rolando Lero”. Coberto de razão (é um cara que tem a cabeça feita, pensante, avantajada), o lateral havia diagnosticado o verdadeiro perfil do filosofal Atuori (outros adjetivos menos elogiosos se aplicariam ao citado personagem, mas como sou um polido “gentleman”, não poderia publicá-los neste espaço)!

Caem por terra o planejamento, as convicções e expectativas! Foram apenas seis meses de Autuori no Grêmio, mas pareceu uma eternidade! O primeiro ano da gestão de Duda Kroeff pouco ou quase nada somou à nossa história, cobriu de frustração a massa gremista, decretando um final de ano antecipado à maior e mais fanática torcida do sul do Brasil! Que venha 2010, e junto com o novo ano, bons tempos! O primeiro passo já foi dado! Mudança de atitude já!!!

Eu sou gaúcho! Na boa, na ruim, mas na peleia com o Grêmio sempre!!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Gauchão 2010 é prioridade.

Por Cristiano Zanella


Gre-nal se ganha “na vontade”, declarou o goleiro Danrley ao jornal Zero Hora, alguns dias antes do último clássico, há umas duas semanas. Muito oportuna a afirmação do ex-craque gremista, talvez já prevendo mais um derrota de seu time do coração, que ele conheceu forte e vitorioso e hoje não passa de mero coadjuvante no cenário nacional. Jogando “na vontade”, “na superação”, “na base do empenho”, “na garra”, “na peleia”, não há limites para o sonho... tudo é possível! Quem conhece a nossa história de grandes e inesquecíveis batalhas sabe do que estou falando!

Neste Brasileirão, mais uma vez o tricolor contraria a lógica, a razão! Ironicamente, está invicto há mais de um ano em casa, e tem o melhor ataque do campeonato; já na tabela de classificação, despenca posições a cada rodada, decretando um final de ano antecipado para sua incansável torcida. A fase é complexa, difícil de avaliar: treinador e direção contestados, time molenga e sem esquema de jogo, alguns jovens talentos sendo queimados, disputas políticas internas, muita especulação sobre o futuro do clube e seus empreendimentos. Projetar o próximo ano é a única saída para quem, infelizmente, já encontra todas as portas fechadas no campeonato nacional.

Ruim com Tcheco e Maxi Lopez, mas muito pior sem eles? Renovar contrato ou dispensar os bem amados da torcida? Manter Perea e Herrera seria insistir no erro? Procuram-se novos laterais? Comprar ações da revelação Mário Fernandes (antes que ele tome Doril e suma do mapa novamente)? Paulo Autuori é mesmo “o cara” ou não tem a nossa cara? São algumas questões que estão na pauta! Quem sabe, o mesmo elenco que foi incapaz de ganhar a Libertadores e o Brasileirão 2009, com alguns reforços, consiga fazer frente no Gauchão ou na Copa do Brasil (onde a exigência é menor) – sem jamais cair novamente no erro de priorizar uma determinada competição!

O ano de 2009 acabou..., e não vai deixar saudade! A torcida – como sempre – fez a sua parte, acreditando até o fim! Nem ao menos o direito de secar o co-irmão nos foi dado nesta reta final de campeonato, e a única motivação que restou é permanecer invicto no Olímpico até o final da temporada! É muito pouco pelo montante investido, mas, pensando bem..., no campeonato dos medíocres, aposto uma cerveja no Bar da Saldanha que ainda chegamos na frente “deles”!

Em 2010 é cair na real: o Gauchão e a Copa do Brasil são prioridades máximas, tem que entrar com tudo e começar de baixo – caso contrário, será ainda mais árduo o caminho até que o Grêmio encontre novamente seus momentos de glória, de raça, de superação, de identificação com a massa da arquibancada, de eternidade! A humildade é o símbolo da nobreza, e azul é o sangue nobre do Rio Grande do Sul! Mudança de atitude já, obsessão pela vitória sempre, custe o que custar! Acorda, tricolor – levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima!

Com o Grêmio sempre e cada vez mais!!!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Avaliação.

Por Silvio Pilau


Que a vitória ontem diante do Avaí não engane ninguém: 2009 acabou para o Grêmio. Nem vale a pena dar asas às ilusões. Não vamos chegar à Libertadores e, se algum doente por aí ainda acredita nisso, também não seremos campeões. Tá, tudo bem, é o Grêmio e a gente sempre surpreende. Sei disso. Mas, do jeito que estamos jogando, é mais fácil terminarmos o campeonato abaixo da posição que estamos agora do que escalar a tabela até o G-4.

Ganhamos de 3 a 1 ontem. Ótimo. Mais uma vez, porém, a atuação foi lamentável. O Grêmio parece um time de várzea, repleto de pernas-de-pau incapazes de acertar um passe e sem qualquer esquema de jogo. Talvez pela ressaca do Gre-Nal, ontem os jogadores pareciam todos nervosos e sem confiança. Estavam ainda piores do vinham jogando. Sorte que o juiz inventou um pênalti que fez o Avaí abrir espaços e nos dar os contra-ataques para finalizar a partida.

Mas o fato é esse: 2009 acabou para o Grêmio. Direção e jogadores já sabem disso e começam a pensar no próximo ano, o que não deixa de ser correto. O problema? Quem está pensando no próximo ano são as mesmas pessoas que pensaram no Grêmio de 2009. E isso traz apenas desesperança. Como acreditar que 2010 pode ser melhor depois do que vimos em 2009 e sabendo que quem manda no Olímpico são exatamente as mesmas cabeças?

Enfim, é o que temos. E, já que é o que temos, vou pelo menos dar a minha contribuição sobre o que penso sobre o time atual. Não vai adiantar nada, mas, se pelo menos algum dirigente lê essa coluna, vai fazer pensar em algumas coisas.

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VICTOR: Não tem muito mais o que falar sobre ele. Victor é gênio. Um dos melhores goleiros do mundo, sem qualquer exagero. O Grêmio deve se esforçar para mantê-lo.

MÁRIO FERNANDES: Talvez o melhor zagueiro surgido nas categorias de base do Grêmio em muito tempo. Mário tem excelente tempo de bola e não perde nenhuma no mano-a-mano. Ainda peca um pouco no posicionamento, mas nada que a experiência e um bom treinador não deem um jeito. Porém, é zagueiro, não lateral.

LÉO: Caiu muito desde quando surgiu como promessa. Comete lances infantis e está lento, mas serve como reserva, para ser utilizado somente quando não há outra opção.

RÉVER: Não exibe o mesmo futebol deslumbrante do ano passado, mas ainda assim é um ótimo zagueiro. Referência para a defesa e sabe jogar futebol, além de ser uma arma ofensiva com suas cabeçadas.

THIEGO: Não pode vestir a camisa de um time como o Grêmio. Simplesmente não pode. Nem mesmo no banco. Na arquibancada, talvez.

ADÍLSON: Por algum tempo, foi o melhor jogador gremista ao lado de Victor. Inexplicavelmente, caiu de produção e chegou a ter atuações bizarras. Mas é um jogador de qualidade, com boa marcação e qualidade na posse de bola, que ainda vai evoluir muito.

TÚLIO: Esforçado, mas nada além disso. O bom de Túlio é que não gosta de inventar e faz o básico. Um bom reserva e só.

FÁBIO ROCHEMBACK: A maior decepção do ano. Chegou como esperança de futebol aguerrido e, ao mesmo tempo, de qualidade. O que se viu foi um jogador lento, acima do peso, que erra diversos passes e não acerta um lançamento sequer. Onde foi parar o Rochemback de antigamente eu não faço ideia.

LÚCIO: Outro que decepcionou. Confesso que, ao contrário de Rochemback, não tinha muitas esperanças. Jamais achei Lúcio um bom jogador, mesmo em sua passagem pelo Grêmio em 2007. De qualquer forma, é deficiente na marcação e não tem qualidade no apoio.

TCHECO: Banco, já. Tcheco jogou bem ontem, mas é um jogo a cada quinze. Querem mantê-lo no Grêmio? Então que seja na reserva, pela liderança. Mas, em campo, ele não lidera ninguém e irrita com sua lerdeza e falta de habilidade.

SOUZA: Assim como Tcheco, oscila demais. Mas Souza, pelo menos, é mais decisivo. Quando quer jogar e para com as firulas e os dar dribles a mais, tem a capacidade de fazer diferença. É rápido, tem visão, drible e sabe chutar a gol. Precisa ser mais objetivo.

DOUGLAS COSTA: Segue na promessa. Acho que todos já se deram conta de que Douglas não é o craque que tanto prometeram. De qualquer forma, é habilidoso e rápido e merece uma sequência de jogo. Nem que seja a última.

PEREA: Deu pro colombiano. Em dois anos no Olímpico, pouco ou quase nada fez. É hora de mandá-lo buscar outros ares.

JONAS: É atrapalhado, perde gols, frágil, mas ainda assim é nosso artilheiro na temporada. Não vejo Jonas como titular, mas não deixa de ser uma opção razoável para grupo.

MAXI LÓPEZ: Provavelmente, o argentino não vai ficar, o que considero uma perda para o Grêmio. Está longe de ser um craque e definitivamente não é um artilheiro, mas é um jogador de qualidade, que consegue segurar a bola no ataque como nenhum outro de nossos atacantes e é capaz de criar jogadas apenas no enfrentamento pessoal com os zagueiros. Gostaria que ele ficasse.

PAULO AUTUORI: Eu demorei pra começar a criticar o nosso treinador, preferindo dar tempo para ele trabalhar. Mas, hoje, vejo que ele não é o técnico ideal para o Grêmio. Tudo bem, a sua chamada falta de pegada irrita, mas não é só isso. Depois de sei lá quantos meses, o time não possui qualquer esquema de jogo, com onze caras perdidos em campo. E o pior: suas alterações são, em sua maioria, erradas – vide o que ele fez com Douglas Costa no Gre-Nal. No entanto, ele continua em 2010. Esperamos que, com um time mais qualificado, ele possa fazer alguma coisa.

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Fiquei só nos quem vêm jogando, que são aqueles sobre os quais é possível ter uma opinião mais embasada. Em resumo, não acho o time do Grêmio ruim. Longe disso. Verdade que algumas peças não têm lugar na equipe e outras não deveriam nem estar no Olímpico, mas é um grupo de certa qualidade (ao menos o time titular), que poderia ter demonstrado um desempenho melhor neste campeonato.

Não o fez e agora é pensar no próximo ano.

Medo, muito medo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Domingo de Gre-nal – o filme.

Por Cristiano Zanella


No ano de 1979 foram disputados cinco Gre-nais, clássicos inesquecíveis extremamente equilibrados, com muita pancadaria comendo dentro e fora de campo (uma vitória para cada lado, três empates, tendo cada um dos times marcado apenas quatro gols). Pelos gramados do Olímpico e Beira-Rio, desfilavam grandes craques como Manga, Ancheta, Vantuir, Jurandir, Paulo César Caju, Dirceu, Tarciso, André Catimba, Éder, Baltazar (Grêmio), Benitez, Mauro Galvão, Cláudio Mineiro, Falcão, Batista, Jair, Valdomiro, Bira e Mário Sérgio (Inter).

O sexto Gre-nal foi “disputado” nas telas dos cinemas do Rio Grande do Sul, e ficaria marcado na história como um dos mais obscuros e (por que não dizer) malditos filmes já produzidos em solo gaúcho. “Domingo de Gre-nal”, (longa-metragem em cores, com 90 minutos aproximadamente, censura de 10 anos) estreou em 24 de setembro de 1979, sendo lançado em algumas das principais salas exibidoras de Porto Alegre (cines Victoria, Rey, Miramar e Roma). Ficou pouco mais de uma semana em cartaz! Escrito por Sérgio Jockymann (jornalista, colorado, colunista da Companhia Jornalística Caldas Jr), produzido por Antônio Crivelaro e dirigido por Pereira Dias (diretor dos longas-metragens protagonizados pelos “cowboys gaudérios” Teixeirinha e José Mendes), ao lado de outras produções que estavam pintando da época, foi o embrião do cinema gaúcho urbano – até então, a produção cinematográfica local era dominada pelo chamado “melodrama-musical-regionalista”, de temática essencialmente rural, enredos ingênuos e precariedade narrativa extrema. A idéia era transpor a estes pampas a trágica história de amor entre Romeu e Julieta, transformando a inimizade dos Montecchio e Capuletto na disputa acirrada entre as torcidas de Grêmio e Internacional.

Paulo Santana (Hugo), então vereador de Porto Alegre e colunista de Zero Hora, odiado pelos colorados, protagonizava o patriarca do núcleo tricolor; o humorista colorado Chibé (Juca) era o representante vermelho. Duas típicas famílias de classe média, moradoras de uma casa geminada, declaram guerra quando – na semana em que se decide o Campeonato Gaúcho – descobrem que seus primogênitos vivem uma paixão secreta e proibida. Roberto Gigante, jornalista, ator de teatro e colunista social do Jornal do Almoço (então torcedor símbolo do Inter que, entre outras peripécias, protagonizou o “Caso Cléo” – quem se lembra?), fazia o papel do padre do bairro, que acoberta o namoro, tentando assim evitar uma que tragédia familiar. O filme contava ainda com participações especiais de cronistas esportivos da época, como Armindo Antônio Ranzolin, Enio Mello, Haroldo de Souza, José Matzembacher, Larry Pinto de Faria, Lauro Quadros, Luiz Carlos Bencke e Ruy Carlos Ostermann, além dos torcedores da dupla Camelinho e Terezinha Morango. Bons tempos...

Fracasso de público e crítica (Tuio Becker, Goida, Ivo Stigger, Hélio Nascimento, entre outros críticos da época, simplesmente destruíram o filme), voltou a ser exibido em São Paulo, em 81, com novo título: “Amor e... bola na rede”. Atualmente, “Domingo de Gre-nal” tem sua única cópia restante arquivada na Cinemateca Brasileira (SP), aguardando restauração.

Trinta anos se passaram, mas parece que foi ontem! Nada mudou: no passado, no presente e no futuro, nas telas ou nos gramados, Gre-nal é Gre-nal – o maior clássico do futebol brasileiro! Com os pés no presente, os olhos no futuro e o coração no passado... um excelente Gre-nal aos os gaúchos e gaúchas de todas as querências!

Com o Grêmio sempre – na peleia!!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mais do mesmo.

Por Silvio Pilau


Escrever sobre o Grêmio neste Campeonato Brasileiro é um verdadeiro desafio à criatividade. Dia após dia, jogo após jogo, mês após mês, a situação continua a mesma. Nada parece mudar e nada realmente muda. Os problemas se repetem, o discurso é igual e a desconfiança por parte do torcedor permanece. Falta assunto. As novidades são nulas. O Grêmio se limita às obviedades, um verdadeiro pepino para qualquer escritor que busque redigir algo no mínimo original.

Este final de semana foi mais um deles. Novamente, agora contra o logo-acima-da-zona-de-rebaixamento Coritiba, a atuação ficou devendo. E muito. A defesa continuou inconsistente, com os atacantes paranaenses finalizando toda hora na cara do milagreiro Victor. Não fosse esse, mais uma vez, teríamos perdido. Victor não é somente o melhor goleiro do futebol brasileiro, mas um dos melhores do mundo. Se ele não tivesse sido convocado, poderíamos ter vencido os últimos jogos. Ou alguém acha que ele tomaria alguns dos gols que Marcelo levou nesse tempo?

Vejam só, já voltei a um assunto recorrente. Falar dos milagres de Victor não é mais novidade para ninguém, e lá estava eu discorrendo novamente sobre isso. Mas, também, sobre o que mais posso falar? O gol de Perea, talvez. É uma boa. Belíssimo gol, com direito a entortada no zagueiro e finalização perfeita e surpreendente. No entanto, todos nós conhecemos o futebol de Perea e, por isso, sabemos que momentos como esse são lances raros na carreira do colombiano. Torço, ao menos, que essa raridade venha com mais frequência.

Tem outra questão que também acontece toda semana, mas que não comentei aqui ainda: a disparidade entre o que vemos em campo e o discurso de Autuori. Para o nosso comandante carioca, tudo sempre parece bem: segundo o que dá pra entender de suas digressões, o Grêmio só perde nos detalhes, sempre jogando e criando mais que o adversário. De onde ele tira isso, não sei. O Grêmio tem jogado menos que o Inter. Qualquer um vê. A defesa está furada, a criação é fraca, o time está desligado em campo. A vontade de vencer não parece existir.

Tcheco? Não falo mais sobre Tcheco. Todo mundo que acompanha esse espaço sabe a minha opinião sobre o camisa 10. Minha preocupação verdadeira para o Gre-Nal é a perda de Máxi López. O argentino está longe de ser craque, mas também está muito à frente de nossos outros atacantes. Máxi sabe segurar a bola, faz bem o pivô, luta com os zagueiros e consegue criar lances de perigo apenas no enfrentamento pessoal. É o nosso único atacante capaz de fazer isso e será um desfalque gigantesco para o clássico.

No geral, foi mais uma atuação abaixo da média. Nem mais em casa o Grêmio consegue convencer. Assim iremos até o final, aos trancos e barrancos, apostando nas defesas de Victor, nos lances de bola parada e, principalmente, na inépcia dos adversários. O Tricolor demonstrou, mais uma vez, que briga pelo G4 não porque está em crescimento ou com um time encaixado, mas porque as demais equipes estão ainda piores.

Agora vão me xingar por estar falando mal do Grêmio após uma vitória. Bom, falar mal após derrota é o normal. Assim, pelo menos, eu consigo fugir um pouco da obviedade.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A análise do Irineu.

Por Cristiano Zanella

Gremistas do meu Brasil varonil e mundo afora!

Entre os inúmeros e-mails que recebo de amigos “virtuais” (que “conheci” através das colunas do Final Sports), destacam-se as mensagens enviadas pelo professor Irineu Staub, especialista em administração e planejamento, consultor em marketing, profissional de elevada cultura e inteligência e, é claro, como toda pessoa de boa índole, torcedor do Grêmio. Trata-se de um “gremistão original de fábrica” (sócio desde 72), autêntico e atuante, daqueles que costumo classificar sob o status de “gremista pré Batalha dos Aflitos”, ou seja, identificado com a verdadeira alma tricolor e acostumado com as grandes vitórias.

Em sua última mensagem (abaixo, em anexo), enviada logo após o jogo contra o Corinthians (outra derrota? Até quando?) o professor diagnosticou, com clareza e objetividade, o atual momento do Grêmio: “tem atleta confundindo futebol limpo (fair play) com atuação frouxa, demora com tranqüilidade, pressa com rapidez, displicência com calma, e outras tantas coisinhas...”.

Em sua busca incansável pela consolidação do Grêmio como “marca mundial em futebol”, transcrevo, com algumas pequenas alterações, a análise muito apropriada do professor!

---Estou impressionado com o Grêmio e sua apática performance em 2009. Muitas apresentações simplesmente são ridículas: contra o Atlético Paranaense foi uma delas; contra o Sport, outra.

Além de falta de talento, a equipe é carente de "mentalidade vencedora".

Assisti no Discovery Channel um documentário chamado "Mestres do Combate", no qual dois americanos saem mundo afora pesquisando (estudando, aprendendo) e "participando" como alunos de eventos de artes marciais (estiveram duas vezes no Brasil, estudando a Capoeira e o Jiu-Jitsu).

Uma das artes apresentadas foi o Kung Fu, que sempre considerei muito especial, cuja filosofia e prática considero importante na formação dos atletas profissionais de todas as áreas, a começar pela formação do cidadão. Pois as práticas filosóficas e empíricas do Kung Fu viriam a calhar para o estilo de futebol preconizado por Paulo Autuori.

Nos vários "combates" que o documentário apresentou, a "postura" e o "comportamento" dos atletas foi exemplar. Fora dos "rounds", todos eram pessoas extremamente educadas. Quando dada a "ordem de combate", os lutadores viravam feras, com um poder impressionante de realizar o trabalho: executar os golpes.

Quando, eventualmente, cometiam faltas ou algum outro ato proibido, eram extremamente polidos, diplomáticos e corretos no sentido de reconhecerem seus erros e se desculparem com o adversário. Mas, o que chamava a atenção era a determinação, a força mental, a certeza e rapidez dos golpes, a precisão dos ataques, a vivacidade mental e a capacidade de "ler" o adversário e perceber os pontos fortes e fracos, que eram devidamente explorados.

Ou seja, APRESENTARAM TUDO O QUE ESTÁ FALTANDO AO GRÊMIO!

Ao time falta "gana", vontade de ganhar, de se empenhar. Tem atleta confundindo futebol limpo (fair play) com atuação frouxa, demora com tranqüilidade, pressa com rapidez, displicência com calma, e outras tantas coisinhas...

Como consultor, diria ao Dr. Meira que a falta de POSTURA, da mesma forma que os problemas de PERSONALIDADE, são diagnósticos conceituais.

A questão é: QUAL A RESPOSTA ESTRATÉGICA E OPERACIONAL QUE A DIREÇÃO DARÁ AO PROBLEMA?

A bem da verdade, em termos de "estudos organizacionais", parece que o diagnóstico está impreciso, incompleto.

A "postura" é propensão, tendência, julgamento (Sou "contra" o fumo...). O "comportamento" é ação, realização, operação (Eu fumo ou não fumo...).

Pela enésima vez, digo e repito:

É visível que falta ao plantel, comissão técnica e dirigentes do Grêmio, dois tipo de trabalho, nas áreas de:
1. COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL, que vale para todos;
2. PSICOLOGIA ESPORTIVA, especificamente para os atletas.

A fragmentação reiterada, a queda vertiginosa da equipe fora de casa, são mostra indisfarçável da FALTA DE UMA MENTALIDADE VENCEDORA, sem contar a ausência de ESPÍRITO COMPETITIVO, PELEADOR, AGUERRIDO.

No jogo de sábado (contra o Corinthians) mais uma vez a dispersão do ataque, a desarticulação do meio (jogo do Sport) e a fragilidade do sistema defensivo. Ter gana de vencer, jogar forte, não quer dizer ser "desonesto". Quer dizer SER PRECISO, ASSERTIVO, FIRME, EFICIENTE.

Tenho a impressão de que o Paulo Autuori prega um futebol limpo, firme, seguro, eficiente.

Por que os atletas não conseguem responder a essa prescrição de forma correta? Aulas de Kung Fu neles!

A propósito do Planejamento 2010, sugiro incluir a contratação de profissionais dessas duas áreas, lembrando que "de boas intenções, o inferno está cheio"...

Bom feriado. Ótima semana.

Saudações tricolores.

Irineu Staub

---Se o atual técnico tem ou não “a cara do Grêmio”, se o Grêmio tem ou não “o melhor time do Brasil” (afirmação de Sousa), numa coisa todo mundo concorda: a expectativa era de uma melhor performance no Brasileirão. O elenco não é tão desgraçado assim para brigar por vaga na Sul-Americana. Está faltando, sim, “mentalidade vencedora”, gana, vontade, disposição para “pelear”, obsessão pela vitória a qualquer custo, entre outros tantos predicados que fizeram do Grêmio “marca mundial em futebol”.

A continuar com esta filosofia passiva e conformada dentro (e fora) do campo, é evidente que os próximos tempos serão difíceis...! Se os colorados já não agüentavam mais as explicações auto-enrolativas do pastor caxiense, nós gremistas também já estamos por essas com o discurso (e o “planejamento”) vazio e infrutífero da direção e comissão técnica (se era pra fazer uma campanha destas, podiam ter trazido o Renê Simões ou o Vadão, deixado o Rospide no cargo ou até mesmo ter re-contratado o pastor Adenor) – Autuori é salário top Brasil (equiparado com Luxa e Murici)!

O Grêmio que abra o olho! O Coritiba (do Marcelinho Paraíba, que o Grêmio não quis contratar) vem aí e é um time traiçoeiro! A equipe defende a invencibilidade no Olímpico, entra com atletas pendurados e o próximo jogo é o Gre-nal! Se não fosse gremista, já tinha jogado a toalha...

Acorda, Grêmio!!!

Saudações sempre tricolores,

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Eles merecem jogar no Grêmio?

Por Felipe Sandrin


Afinal, onde mora essa tal esperança?

No tornozelo de um injustiçado, que de vilão tornou-se artilheiro, titular incontestável? Serão as lágrimas de Jonas o sinal do desespero? O fim do caminho deste que é o ataque mais positivo do campeonato?

Está na frieza de um Autuori que quase não gesticula, grita ou perde a paciência? Ou está na sua forma humilde de assumir a culpa por erros que não são somente dele?

Existe, afinal, alguma esperança olhando um Thiego que cai sozinho, marca mal e, mesmo jovem, corre tão pouco quanto Ronaldo? Sobrevive a esperança ante um Herrera que no mais simples domínio consegue por a mão na bola?

Veio do Paulista uma esperança chamada Victor, mas e quando ele não está em campo, o que nos resta de nosso milagreiro além do topete que também está na cabeça de Marcelo?Afinal, onde morre nossa esperança? E quando ressurgirá ela? Em 2010, o ano dos planejamentos que se tornarão realidade?

Que mágica é essa que nos ilude achando que o trabalho ganhará consistência, que Thiego aprenderá a jogar bola, que Herrera aprenderá a dominar, e o Tcheco a passar?

E então, será tal esperança apenas ilusão? Sonhar com a Libertadores é permitido, ou melhor agradecer por não estarmos vivenciando o pesadelo do rebaixamento?

Quando não existem respostas dentro de campo, sobram perguntas fora dele. Sendo assim, nos resta fazer de cada jogo um jogo. Pensar adiante é besteira, achar que em 2010 tudo será diferente também é besteira: por mais que o trabalho amadureça e evolua, não surgirá o grande jogador capaz de desequilibrar, o grande lateral dos bons cruzamentos, o atacante que não erre gols e o zagueiro que vista a braçadeira de capitão e diga: “aqui mando eu”.

A receita de um bom time não são 11 jogadores incríveis, mas também nunca bastaram 11 determinados. É preciso mesclar, contratar com sabedoria e comandar com rigidez.

Tem muito jogador fazendo festinha por ai, se deliciando junto às mais belas mulheres do planeta: sim, as gaúchas são de cair o queixo, mas daí pra perder a vergonha na cara e fica fazendo porre mesmo depois de péssimos resultados é castigo demais pra nós torcedores.

Tá faltando humildade pra gente do grupo, faltando coragem pra baixarem os vidros dos carros peliculados e, olhando no olho dos torcedores, falarem de forma sincera: “vamos lutar até o fim”.

A principal pergunta é a que cada jogador deveria fazer a si mesmo: “eu mereço jogar no Grêmio?”.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Exames.

Por Silvio Pilau

Não sou médico, mas todo mundo sabe que o corpo humano tem recursos para nos avisar que algo está errado. São os chamados sintomas. Assim que algum vírus ou corpo estranho começa a prejudicar nosso corpo, o organismo envia sinais de que um problema ocorre: dores de cabeça, febre, vômitos, etc. É através destes sintomas que começamos a cogitar a possibilidade de alguma doença estar nos atacando para, em seguida, buscar o tratamento necessário.

Pois o Grêmio está doente. Não sei ainda qual o diagnóstico, mas algum mal aflige o nosso clube neste Campeonato Brasileiro. Os sintomas são claros. Ocorrem a cada nova partida. A falta de ímpeto e de vontade de ganhar. A falta de apoio dos laterais. Os meias que freqüentemente somem do jogo. A facilidade com a qual os adversários chegam em nossa área. E por aí vai. Indícios óbvios, claro, da enfermidade que atinge o Grêmio e da qual a cura parece longe.

Hoje, o Grêmio é um paciente em convalescença. Alguém que parece ter sofrido com alguma doença e que, apesar de dar mostras de recuperação, jamais consegue ter alta. Ou mais: um doente que se sente bem dentro de casa, mesmo que com alguns problemas, mas assim que passa pela porta da frente, logo começa a se sentir mal. O Grêmio cambaleia, levanta, dá uma corrida, perde o fôlego, tem uma parada cardíaca, levanta de novo e assim continua. Não há um quadro estável que o faça seguir em frente.

E o pior é que a doença parece não ter cura. Ou, pelo menos, o remédio não foi encontrado. O doutor Autuori enrola os familiares dizendo que a situação está evoluindo, mas ninguém percebe isso. Os sintomas continuam se repetindo. Um deles, por exemplo, é significativo: em todas as partidas, ocorrem pelo menos dois lances nos quais os jogadores gremistas seguram a bola no meio-campo até um adversário chegar por trás e roubá-la. Isso é inadmissível. Uma das primeiras coisas que qualquer guri aprende jogando futebol é gritar “Ladrão” quando um oponente vem tirar a bola do companheiro que está de costas. Parece que ninguém do Grêmio faz isso. Assim, é inevitável a conclusão de que eles não estão nem aí para ganhar ou perder.

E mais: pode o nosso jogador mais talentoso, aquele do qual dependemos para a criação das jogadas, ficar praticamente o jogo inteiro sem tocar na bola? Ou alguém viu Souza em campo ontem? Pelo menos, Rochemback demonstrou pela primeira vez que ainda tem talento. Seu primeiro tempo foi impecável: combatendo e apoiando com eficiência, nosso camisa 4 parecia estar em todos os lugares do campo. Depois cansou um pouco, mas foi o Rochemback que esperamos. Muito disso se deve ao fato de que Túlio guardou posição à frente da área. Acho que Adílson tem muito potencial, mas precisa um pouco mais de amadurecimento e, na situação atual, Túlio pode ser a melhor opção.

O fato é que está na hora de o organismo tricolor começar a funcionar. Ainda estamos vivos em busca do objetivo da Libertadores, mas é hora de parar de sangrar, fazer os curativos e ficar em pé com toda a disposição. A família gremista de milhões está sempre apoiando. Falta um pouco mais de força do próprio paciente e do doutor Autuori. Antes que seja tarde demais.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A praga do “Vesgo”.

Por Cristiano Zanella


Recordar é viver! E o povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la! Esta semana um amigo (diga-se de passagem, baita gremista) enviou-me uma mensagem de e-mail que tinha como assunto “Grandes títulos, só em dez anos”, e trazia anexada uma imagem da contracapa do jornal Correio do Povo, do dia 02 de março de 2005. Nela, Mário Sérgio – o “Vesgo” –, então coordenador técnico do Grêmio, previa que o tricolor iria amargar uma década de insucessos até que um título importante fosse conquistado. “Grandes títulos só dentro de dez anos”, preconizava o “Vesgo”, grande jogador, comentarista esportivo experiente, empresário e técnico de futebol. Direta, sincera, nua e crua, a frase de Mário repercutia mal entre os dirigentes tricolores, que prontamente trataram de desmenti-la e descontextualizá-la, numa clara demonstração de – no mínimo – falta de autocrítica.

A comparação era inevitável: recuei mais alguns anos no tempo, especificamente ao ano de 2001, e lembrei da frase do então coordenador técnico do co-irmão ribeirinho, João Paulo Medina, ao traçar um diagnóstico do Inter da época. Segundo Medina, o clube levaria entre quatro e seis anos para tornar-se auto-sustentável, prazo no qual seu trabalho começaria a “dar frutos” (títulos). Para quem estava há mais de duas décadas “na seca”, é até normal... mas a frase estremeceu os alicerces coloridos, causou enorme polêmica às margens do Guaíba e culminou com a demissão do professor Medina. O ano era 2001, o Grêmio Tetra Campeão da Copa do Brasil, com o pastor Adenor no comando – o mundo é mesmo uma grande piada! Quase dez anos atrás... é tempo pra burro!

Pois a avaliação de Medina foi exata, não é preciso lembrar-lhes o porquê. Duas frases, dois profissionais sérios, dois clubes em processo de reformulação, e a mesma avaliação: é preciso organizar-se primeiramente como instituição, e depois como equipe de futebol. Talvez (e é muito provável que) a gestão de Duda Kroeff, no Grêmio, repita a gestão de Fernando Miranda, no Inter – sem títulos expressivos, mas deixando a casa em ordem, para então partir para algo mais do que meros Gauchões (pra quem está desde os tempos do Tite “na seca”, é o que tem)!

Esta semana, o “Vesgo” – que é vesgo, mas não é bobo (olha pra um lado e lança a bola pelo outro) – desembarcou no Salgado Filho com o mesmo discurso de 2005, quando esteve no Grêmio: a identificação com o clube, os grandes títulos conquistados, a visão pragmática e objetiva, solicitando apoio à torcida, exigindo motivação aos atletas! Desta vez (ainda) não arriscou um prognóstico para a próxima década (até porque, não costuma ficar mais de meia temporada pelos clubes onde tem passado)!

Mário Sérgio Pontes de Paiva, Campeão do Mundo, rogo-te uma praga: para cada “dez anos do Grêmio sem grandes títulos”, ficarás vinte sem ganhar nada, e tua sina como treinador será a derrota até o fim dos teus dias – e, por fim, a Tríplice Coroa Centenária estará resumida ao Carnaval de Porto Alegre, ao Gauchão e a Suruga Cup (e, por hora... é o que tem)!

Futebol é momento, e de uma hora pra outra tudo pode mudar! Torço para que a praga do “Vesgo” não se concretize, mas, caso ele venha a acertar sua previsão de 2005, (ufa!) quase cinco anos já se passaram! E, pensando bem, se for preciso mais vinte, trinta, quarenta ou mesmo cem anos para um título de expressão, não importa – maior ainda será o meu gremismo! Jamais nos matarão! Assim foi, assim será, e não adianta... Afinal de contas, é Grêmio sempre!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Quatro passos para estragar um domingo.

Por Felipe Sandrin


Poderia ter sido um domingo perfeito: o céu estava azul e o calor nos dava a idéia de um dia onde tudo daria certo. Porém, não havia uma defesa no meio do caminho, no meio do caminho não havia uma defesa.

Vendo o jogo, gol sofrido após gol sofrido, não era tristeza que eu sentia, e sim raiva. Foi um jogo de atos culposos, daqueles que você fica dias a lamentar-se – às vezes, até a vida toda, como foi contra o Figueirense na época de Mano, um jogo dado como fácil que nos custou a Libertadores do ano seguinte.

O mais incrível de nossas falhas é que essas não precisam ser comentadas uma a uma, gol a gol. Fazendo uma análise em cima de apenas um dos lances, concluímos a mesma coisa. Mas mesmo assim podemos destacar o que nos fez deixar escapar dois fundamentais pontos.

Primeiro, Marcelo está muito abaixo de Victor. Ele não chega a ser um mau goleiro, mas sua insegurança reflete em nós: ver Marcelo debaixo do gol é ter medo de toda bola que ronde nossa área. E se Marcelo nos faz sentir assim, será que também não faz com que seus companheiros de defesa se sintam? Temos um grande goleiro para substituir Victor e o nome dele é Matheus Cavichioli. Atualmente emprestado ao Caxias, o arqueiro não somente se firmou como grande destaque do time grená, mas também hoje é o capitão e o cara que mais chama atenção nos treinos e jogos do time serrano.

Segundo, a volta de Leo, que, após um longo tempo sem atuar pelo time principal, teve a chance perfeita de voltar e semear a dúvida na cabeça de Auturori, mas os gols ridiculamente sofridos acabaram por trazer certeza ao nosso treinador – que hoje, obviamente, vê Rafa Marques como titular incontentável de nossa zaga.

O terceiro ato vem no pênalti de Tcheco, que podia até aquele momento ser chamado de tudo, menos de um mau batedor. Mas, no futebol, se até os melhores e mais incríveis jogadores erram, o que dizer de Tcheco, que este ano não vem sendo nada mais do que um mediano jogador na reta final de uma carreira?

Quarto, definitivo e mais irritante ato é, óbvio, a entrada de Thiego. Em um jogo onde tudo dava errado e somente a torcida fazia sua parte, Paulo Autuori resolve se queimar com quem? Exatamente, a torcida.

Agora, dois jogos fora. Em outras épocas, pediria a todos esperança, mas desta vez podemos fazer um discurso um pouco diferente. Quem sabe apenas pedir que sigam fazendo o que fizemos até agora: não desistam do Grêmio. Xinguem jogadores, os gols estúpidos que não cansamos de tomar, mas nunca, nem por um momento, desista do Grêmio.

Assim, no final, independentemente da colocação que terminemos, com orgulho, poderemos dizer que nós fizemos nossa parte.

Sem perder o espírito!

Por Felipe Sandrin


Não trata-se mais de acreditar em título ou mesmo numa vaga para a Libertadores, mas sim em acreditar no equilíbrio, nunca alcançado dentro do campeonato. O clube de melhor campanha em seus domínios padece sobre oscilações e inconstância quando joga fora.
O campeonato está longe de terminar, mas as esperanças se esgotam ante a pergunta sem resposta: por que jogamos tão mal longe do Olímpico? De onde vem esta diferença tão brutal de futebol?
Seria mais fácil de entender se jogássemos mal, seria simples pensar que vencemos não convencendo, mas isso não acontece: em casa somos, ousados, fortes incansáveis; o time atira-se de tal forma que não existe medo de derrota e assim a vitória surge com naturalidade, sem obrigação, apenas por determinação.
Contra o Goiás, mal chagávamos ao ataque, e mesmo assim foi uma das partidas fora de casa na qual mais atacamos. Como pode o time se esconder tanto? Por que a bola fica tão pouco conosco sendo que temos jogadores experientes e habilidosos?
Nosso grande problema tornou-se a passividade. Jogando fora, nosso pensamento fica em contra-ataques, em um único ataque que mude o jogo, um gol que nos tranque na defesa. Mas porque não fazemos como no Olímpico? Por que não marcar a saída de bola, atacar, atacar e atacar? Qual o risco de sermos ousados? Perdermos? Mas é isso que vem acontecendo desde o início, então não existem mais riscos, apenas novas buscas.
Autuori é tático, estuda, analisa e busca aperfeiçoar posições, mas hoje nossos grandes problemas não são individuais, mas sim de grupo. Enquanto uns entram voando, outros então no marasmo do “empate é bom”, e nesse ritmo o grupo fica sem forças para reagir, tomamos gols e o time pensa que ai está mais uma derrota.
O time precisa produzir. Contra o Sport, faremos isso; mas e contra Atlético e Corinthians? Dois jogos fora de casa, dois jogos de fundamental importância, que botariam o clube novamente na briga pelo equilíbrio que sagrará o campeão.
O time precisa produzir, atacar, atacar e atacar, moer o Sport desde o início, mas o mais importante é assim que o jogo acabar tentar não esquecer a forma com que jogamos, a forma como fomos ousados, porque se conseguirmos ser isso nas partidas longe temos muito mais chance de vencer do que ficando atrás como um time medíocre.
Temos jogadores bons, que desequilibram, temos até o artilheiro do campeonato, melhor então manter a bola lá na frente, não é mesmo? Nossa defesa é muito boa, mas defesas estão ai mais para afastar perigos do que cadenciar jogo ou decidir em jogada individual.
Precisamos de vitórias, de ousadia, precisamos entender que não há mais nada a perder e ser corajoso significa correr riscos.
Se é pra perder, que percamos lutando e atacando, porque dessa forma perdemos apenas o jogo e não nosso espírito. Perdendo o jogo, ainda teremos o próximo, mas perdendo o espírito, só o que nos sobra é a morte lenta e o adeus frustrado de quem pouco fez e nada mereceu.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Inspiração europeia.

Por Silvio Pilau


O futebol europeu me deixa mal-acostumado. É sempre a mesma coisa. Basta começar a temporada no Velho Mundo que me dou conta de como a bola jogada aqui no Brasil é fraca. Não que nossos jogadores sejam ruins, mas os melhores jogam na Europa. Este ano, ainda temos um Adriano, um Ronaldo, um Fred, um Gilberto, que acrescentam qualidade ao nosso Brasileirão. Mas o fato é inegável: comparado ao que é apresentado em gramados, principalmente, da Espanha, da Itália e da Inglaterra, o que se vê aqui chega a ser vergonhoso.

Com exceção da última partida pela Liga dos Campeões, assisti aos três jogos anteriores do Barcelona. É algo impressionante. Atualmente, ninguém joga futebol melhor e mais bonito que o clube catalão. A equipe de Guardiola tem uma combinação perfeita entre classe, habilidade e agressividade, conseguindo marcar e atacar com grande eficiência. Claro que o ataque, com Messi, Ibra e Henry, é infinitamente melhor que a defesa, mas o Barca, além de golear, consegue morder e apertar tanto que os adversários não conseguem jogar.

O time grená é, hoje, o pináculo do futebol mundial, mas não é o único que joga com beleza em terrenos europeus. Assistir a Chelsea, Real, Manchester e até clubes medianos é sempre um prazer, pois se encontra um futebol que não temos aqui. São poucos erros de passe, jogadores que sabem bater na bola, juízes que deixam a partida correr e extrema eficiência na marcação. Exatamente o contrário dos chutes de canela, displicência dos atletas e covardia dos árbitros que acompanhamos no Brasil.

E acompanhar o futebol europeu, como disse no início desse texto, está me deixando mal-acostumado. Digo isso porque a minha visão do futebol costuma ser diferente daquela que a maioria tem. Por exemplo, muita gente viu o Grêmio com boa atuação no último domingo, contra o Goiás. Paulo Autuori, inclusive, foi um deles. Porém, ao meu ver, o Tricolor foi patético. Ainda na metade do primeiro tempo, mesmo vencendo o jogo, falei para quem estava ao meu lado que o Grêmio perderia aquele jogo.

Não, não estava secando. Mas qualquer um via que a equipe não sustentaria a vitória por muito tempo. Simplesmente pairava o desinteresse em todos os atletas com a camisa gremista. A marcação, que sempre foi a grande força desse clube, chegava a dar vergonha. Os jogadores do Goiás dominavam a bola e carregavam-na por dez, quinze, vinte metros sem serem incomodados. A distância entre nossos marcadores e quem dominava a pelota era imensa. Encurtar espaço pra quê? Léo Lima disparou do meio de campo e chegou na cara de Victor para cabecear sem um esboço de reação de qualquer gremista para marcá-lo. Assim é fácil.

E com a bola no chão não foi diferente. Rochembak conseguiu errar todos os lançamentos que tentou. Tcheco sumiu novamente. Souza exagerou nas firulas. Jonas e Maxi não conseguiam segurar a bola – mas, a favor deles, a ligação direta defesa-ataque foi feita durante toda a partida. Bruno Collaço foi o covarde de sempre: burocrático e só com passes para trás. E Thiego... ah, Thiego. Preciso falar sobre Thiego? Que ele não é lateral, todo mundo sabe. O problema é que nem mesmo como zagueiro ele deveria vestir a camisa do Grêmio. É jogador de segunda divisão do Gauchão, no máximo.

E Autuori? Evitei até o momento reclamar do treinador para ver se o tempo gerava resultados. Porém, a cada novo jogo eu me decepciono um pouco mais. Tudo bem que faltam opções de reposição quando ocorre a perda de atletas, mas o Grêmio tem um time titular bom que poderia render mais, especialmente fora de casa. O grande problema da equipe, que passa diretamente pela mão de Autuori, é a apatia. O Grêmio parece não entrar em campo com a vitória como objetivo. Se ganhar, se perder, tudo parece estar bem. Cadê a vibração que tanto orgulha os tricolores? Por onde anda a marcação que sempre foi o destaque gremista? Onde foi parar a fibra e a luta que nos deram tantas glórias?

Hoje, o Grêmio é passivo, covarde. Uma equipe que parece jogar por obrigação. Um time que se amedronta quando está ganhando e se diminui até tomar os gols e entregar mais uma partida. Claro que não é sempre assim. No campeonato, já fizemos ótimos jogos. Mas o fato é que o Grêmio jamais deve com esse desinteresse. Jamais. Talvez Autuori e os jogadores achem que um ou outro jogo de apatia pode acontecer. Pois, antes que seja tarde demais, é bom que eles entendam: para o verdadeiro gremista, isso é inaceitável.

Torcer, torceremos sempre. Mas está cada vez mais difícil não se irritar vendo os jogos do Grêmio.

Sorte que a temporada europeia está apenas no início.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pontos corridos.

Por Cristiano Zanella

Quando, no distante ano de 2003, decidiu-se que o Brasileirão seria disputado pelo sistema de pontos corridos, previ que ia ser difícil para o Grêmio adaptar-se a esta nova fórmula, já que o imortal era então tido com imbatível no “mata-mata” (Libertadores, Copa do Brasil, Gauchão). Dito e feito: se desconsiderarmos o ano de 2008, quando entregamos o título na reta final, a trajetória é bastante irregular, e o aproveitamento do Grêmio desanimador. 2009 não será diferente, e, ao que tudo indica, não deixará saudade para os torcedores da dupla.

Para ser campeão pelo sistema de pontos corridos é preciso planejamento, estrutura, um time de qualidade, recursos financeiros, influência política – tudo que o Grêmio não teve nos últimos anos. Troca direção, troca técnico, modifica-se o elenco e o trabalho parte do zero a cada início de temporada. Esta prática vai minando também a identidade do clube, e aos poucos o futebol-força, o futebol-raça, o futebol-pegada, o futebol-alma, que sempre foi a marca do Grêmio, parece estar desaparecendo. A culpa não é exclusiva de Autuori (o pior aproveitamento entre os últimos técnicos do Grêmio – Rospide, Roth, Mancini, Mano), do elenco ou da torcida. Tampouco culpo a atual direção, que trouxe bons reforços e manteve os titulares, investiu o que pôde na Libertadores e está tentando botar a casa em ordem, dispensando atletas encostados e pagando credores. É sim, todo um conjunto de fatores que precisam ser avaliados, analisados, comparados, confrontados e solucionados, com todas as partes envolvidas no processo operando em sinergia: torcida, dirigentes, comissão técnica, atletas.

Contra o Goiás, perdemos (mais) um jogo perfeitamente vencível, mas, é claro, não adianta individualizar a culpa: o futebol do reserva Thiego já nos custou alguns pontos, e é por isso mesmo que ele é reserva! E que falta fez Mário Doril, sentadinho ali no banco... Não tinha um pra sentar a botina no Léo Lima, que entrou solito, soberano, cruzou toda intermediária sem marcação e cabeceou pra dentro? Será que uma semana toda de treinamento não foi suficiente para anular uma jogada que era sim previsível? Aí o cara tira o Jonas (tudo bem, não tava jogando nada, mas é goleador do campeonato) pra botar o Herrera? Olha, o ataque com os dois argentinos é um dos piores que já vi jogar no Olímpico, e não vai a lugar nenhum... junto com o resto do time caminhava em campo, mostrando-se satisfeito com o empate contra o Goiás do Hélio dos Anjos! É dose! Dos seis que entraram amarelados, apenas Rafael Marques levou o terceiro e não joga a próxima, o que mostra claramente que faltou marcar e fazer faltas, dar carrinho e dividir bola – é esta a marca do Grêmio, o treinador precisa entender e incorporar esta característica que está no DNA do clube a seus conceitos futebolísticos! E, de tanto cozinhar o empate, o adversário foi lá e fez a dele: Goiás 2 x 1 Grêmio, um resultado mais do que esperado.

Mas... o campeonato só acaba quando termina! Gremista de verdade não joga a toalha, levanta a cabeça, dá a volta por cima! Se o título está cada vez mais difícil, vamos à ele! O foco tem que estar – sempre! – no título, assim uma possível classificação à Libertadores será apenas uma óbvia conseqüência (afinal de contas, é o Grêmio, o time das causas impossíveis)! Ainda tem tempo de reverter a tendência de Sulamericana 2010, mas o que está faltando vai além das questões técnicas e táticas: é marcação, raça, pegada, peleia, a obsessão pela vitória, custe o que custar!

Retroceder? Nunca! Render-se? Jamais! O que passou já é passado, não adianta lamentar, são pontos perdidos! Daqui pra frente, tudo vai ser diferente! Mas, insisto: o Grêmio precisa ser novamente o Grêmio, um time que disputa, que marca, que faz faltas, tem que ser o velho Grêmio! Vamos com tudo pra cima do Sport somar mais três pontos corridos, aos trancos e barrancos, chutando a bola e o adversário, que a hora é essa, e atrás... vem gente!

É Grêmio sempre!!!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Se não fosse o Grêmio, diria que já era.

Por Ricardo Lacerda


Balde de água fria. A derrota pro Goiás deu uma bela freada na ambição tricolor. Chegamos a pensar no título, depois de duas vitórias consecutivas, mas o fato é que acabar o campeonato na ponta de cima da tabela é praticamente impossível. Fosse qualquer outro time, diria que é, sim, impossível, mas em se tratando de Grêmio, ninguém duvida de nada.

Disseram que o time passou a semana estudando o Goiás e se preparando para jogar no contra-ataque. Ok, o primeiro tempo não foi ruim, mas também não vi a velocidade de um time que quer ganhar no contra-ataque. Talvez porque o time de Hélio dos Anjos tenha nos sufado, tal como Autuori esperava. O que eu vi? Um meio de campo lento e muita ligação direta entre zaga e ataque. Jonas e Maxi não foram eficientes ao prender a bola, que muitas vezes chegou quadrada. Especialmente quando o autor da “ligação” era Thiego.

Meu deus! O que tem esse Thiego que só os treinadores enxergam? Mais do que qualquer outro, o cara é uma unanimidade negativa. Não conheço ninguém que diga que Thiego é bom jogador. Roth gostava e escalava Thiego. Autuori faz o mesmo. Decerto é compenetrado nos treinos e, mais do que isso, é aplicado. Thiego é o típico jogador que faz exatamente o que o treinador manda. Deve ser por isso que ele joga. Com Nunes era assim. Era nossa Geni. Todo mundo xingava, falava mal, e sempre que um titular do meio de campo se ausentava, lá estava Nunes. Precisou o Paulo Sant´Anna fazer um apelo na ZH para que Nunes fosse barrado do time.

Agora temos Thiego. A culpa pelos infortúnios não é só dele. Longe disso. Só acho que não é jogador pro Grêmio. Não tem ninguém na base que possa render mais que Thiego enquanto Mario não está 100%? Saimon tá jogando a Copa Arthur Dallegrave. Traz o guri. Pior que Thiego ele não é. Thiego vai acabar se queimando (sim, ainda mais) de modo que só vai piorar sua situação enquanto profissional. Quando todo mundo vai contra, é difícil dar certo. Thiego já fez a cagada se ser expulso contra o Coritiba de maneira infantil. Agora, dá um senhor passe pro Felipe nos matar no Serra Dourada. Sem contar outras tantas. Chega, né!?

É ruim ficar falando mal dos outros, mas se o espaço está disponível, é preciso ser dito: Thiego não dá pra engolir! Quanto ao resto, vamos lá, é o que tem. Tô curioso para ver Pessali e Mithyuê jogando no profissional. Parece que aquele jogo contra o Vitória foi apenas um deslize na vida de Réver e Adílson, que são bons jogadores, sim. O banco fez bem a Tcheco. O coro para que voltasse deu moral ao capitão e confesso que ele retornou melhor do que andava, o que não é lá muito difícil. Mas, ainda assim, tenho a impressão de que o capitão carrega um saco de areia nas costas. Rochemback foi boa contratação, é brigador, bate de longe e passa bem, mas a impressão é de que está travado, pesado, não consegue ter explosão – talvez só esteja 100% na próxima temporada. Collaço não compromete e dá boa resposta, mas é menos jogador que Lúcio em plena forma, sem dúvida.

Falta gente pro ataque. Jonas é um esforçado, está metendo gols. Acho que junto com Maxi pode render legal, mas não existe banco. Herrera parece um cachorro louco. Entra fazendo uma correria, mordendo todo mundo, mas de maneira meio atrapalhada e que não tem dado resultado.

Enfim, duas vitórias fáceis contra Náutico e Fluminense nos encheram de esperanças. Esperanças estas que o Goiás acabou levando embora. Título, como dito anteriormente, é praticamente inviável. Acho que vamos ficar por aí, brigando pela Libertadores, secando, etc. Libertadores é o mínimo. Não vamos aceitar o discurso de que o time de 2010 é que vai ser bom. De nada adianta ter um belo time e não disputar o maior campeonato da América. Sulamericana é para os medíocres. Me voy.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Revolução Gremista.

Por Silvio Pilau


No Brasil, ninguém tem tanto orgulho de sua terra quanto nós, gaúchos. Isso não é opinião, é fato. Comprovei-o ainda esta semana. Questionei um colega paulista se ele sabia ao menos um trecho do hino do seu estado. A resposta, claro, foi negativa. Creio que somente aqui no Rio Grande do Sul a população saiba de cor os versos de seu hino. Quem não o conhece por inteiro, ao menos sabe cantar com o peito inflamado o “Sirvam nossas façanhas/De modelo a toda a terra”.

Ainda nesta semana, comemoramos uma das datas mais importantes de nossa história: o aniversário da Revolução Farroupilha. O 20 de setembro, que também consta no hino, segue ainda hoje como o símbolo máximo deste povo bravo, guerreiro e apegado às suas tradições. São características que, querendo ou não, despertando ódio ou não, nos diferenciam dos demais povos do Brasil. O gaúcho não se acha melhor, como pensa o resto do país. Mas o gaúcho sabe que tem características diferentes, que não condizem com a malemolência e o “jeitinho brasileiro”. Características únicas e peculiares.

Características que o Grêmio representa como nenhum outro clube.

Durante muito tempo, o Grêmio foi o embaixador do Rio Grande nos quatro cantos do planeta. O Tricolor, em seu centenário de vitórias, circulou por todo o mundo atraindo seguidores, inspirando fãs e, inclusive, despertando paixões que levaram novos torcedores a abrir filiais gremistas pelo mundo. Já ouvi diversas histórias de façanhas tricolores pelo globo, como o homem que batizou sua filha de Gremina após uma turnê tricolor ou um pub na Holanda cuja única camiseta que o orgulhoso dono estampava no estabelecimento era a tricolor.

Claro que outros irão chiar, mas é inegável que o Grêmio é o clube que levou para os gramados o espírito dos caudilhos, que desbravavam os pampas sobre cavalos, peleando por sua terra. A história do Grêmio se erigiu assim, imprimindo na ponta da chuteira a alma da bota e da espora. Os grandes heróis gremistas são homens que honrariam bravos gaúchos como Bento Gonçalves e o General Netto, por dedicarem-se à luta com todas as suas forças e brigarem, se preciso, com os dentes em busca de um ideal maior: a eternidade no coração de cada torcedor.

Neste momento, a história peleadora do Grêmio precisa novamente ser convocada. Está sendo convocada. A Revolução Gremista no Brasileirão de 2009 já teve início e as batalhas contra as forças do resto do país estão em andamento. Se terminarão em triunfo, se esta guerra vai se encerrar com a bandeira das três cores fincada nos campos pelo Brasil afora, por enquanto não sabemos. O que sabemos é que a fibra que forma um espírito gaúcho não nos deixará desistir.

Brigaremos, como sempre até o final. Brigaremos com a certeza de que todo gremista tem orgulho de ser gaúcho, mas nem todo gaúcho tem a honra de ser gremista.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

E aí?

Por Cristiano Zanella

E aí? Grande jogo domingo contra o Flu, uma verdadeira demonstração de gauchismo e paixão: ao todo, mais de 30 mil torcedores entoando com orgulho o hino rio-grandense, muitos deles pilchados, centenas de bandeiras tricolores em azul, preto e branco, e também em vermelho, verde e amarelo, tremulando lado a lado. Bonito de ver...

E aí? Um ano invicto em casa, não é pouca coisa não! Mais treze partidas fecham o campeonato brasileiro, seis delas no Olímpico. Mesmo enfrentando times fortes, ninguém há de duvidar que o Grêmio vença todas em seus domínios. Já o aproveitamento fora de casa... Mas o fato é que o time está crescendo na hora certa, ou seja, na reta final, e já tem a melhor campanha do segundo turno, o melhor ataque da competição (48 gols) e melhor saldo disparado (19 gols). Náutico e Fluminense são dois dos piores times do campeonato e não servem como parâmetro, mas o objetivo é somar pontos sempre, e pelear até o fim!

E aí? E o Jonas? Goleador do Brasileiro? Já faz tempo que ouço torcedores gremistas afirmando que faltou Jonas no ano passado (enquanto ele marcava os seus pela Portuguesa, nós gremistas orávamos por gols de Marcel, Morales, Reinaldo, Soares...)!

E aí? Time completo no domingo para pegar temido Goiás, a semana toda pra encaixar a equipe e estudar o adversário, Autuori apostando em jovens talentos (Mário Fernandes, Bruno Colaço), Lucio, Perea e até William Magrão voltando aos treinos, e o Grêmio definitivamente na briga para entrar no G4!

E aí? Apesar da vitória no Brasileirão 2008 (0 x 3, dois de Marcel), pegar o Goiás embalado dentro do Serra Dourada é sempre complicado. A derrota até seria um placar compreensível, mas não neste caso, já que o adversário é concorrente direto à vaga na Libertadores. Então, o Grêmio não pode nem pensar em perder a partida! Jogo encardido!!!

E aí? Depois do Goiás, o quase rebaixado Sport, no Olímpico, e mais três pontos na nossa conta! Mas, contra o Goiás, titulares absolutos entram em campo amarelados: Adílson, Bruno Collaço, Jonas, Mário Fernandes, Rafael Marques e Victor. Dependendo da gravidade do confronto, periga chegar desfalcado em todos os setores para o jogo contra os pernambucanos!

E aí, Grêmio? Será que ainda dá? É claro que dá, tchê! Gaúcho de verdade não dobra a esquina quando vê o perigo! Tamos contigo nesta peleia – vamos com tudo, tricolor!!!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Eu te devo desculpas, Jonas.

Por Ricardo Lacerda

Perdão, Jonas. Apesar de achar que todos os adjetivos que já te chamei ainda valem, retiro o pedido de que te vás do Grêmio. Continuo pensando que tu é tosco e acho que não teria vaga nem no meu time da várzea, mas no Grêmio tu tá dando certo. Então, te mantém aí e não desiste nunca. Tu é brasileiro, a gente sabe, mas acima de tudo tem que ser gremista. E tá sendo.

Pausa no texto. Só um minuto.

Rebobine, por favor:

Sábado, 8 de novembro. Trigésima quarta rodada do Brasileirão 2008. Portuguesa X São Paulo no Canindé. Os portuga lá na rabeira do campeonato. Os bambis beliscando a ponta de riba, lá onde estávamos. Borges aos 8, Jonas aos 41. Borges aos 46, Jonas aos 27 do segundo. Feito! O time do Ricky perderia 2 pontos preciosos. A Portuguesa jogava, Jonas era destaque até que Zé Luis faz o terceiro dos são-paulinos aos 42. Merda! Faltavam míseros 3 minutos para o fim do jogo. Pra matar secador, aos 46 Edno erra um gol feito, cara a cara com Rogério Ceni. O São Paulo venceu e Jonas mostrou ali o quanto era gremista. Era um recado à nação azul, branca e negra... algo do tipo “olhem aqui, eu sei fazer gols”.

Pronto. Voltemos a hoje.

Jonas é, ao lado de Adriano Imperador, o atual artilheiro do Brasileirão 2009. Tem 13 gols e isso que nem era titular absoluto duas semanas atrás. Desse total, foram só 2 de pênalti. Poucas vezes me irritei tanto com um jogador quanto com Jonas. Irritava. Hoje, já não me irrito. Acho graça. Ele é assim, e podem escrever: Jonas vai virar lenda. Ele é folclórico. Pra começar, é um atacante que sequer sabe comemorar seus gols. Já ouviram falar em vergonha alheia? Pois é, sinto vergonha por Jonas quando ele sai fazendo aquelas dancinhas ridículas ou então apontando o dedo a lá Clint Eastwood – a lá Ronaldo ou a lá Adriano.

Mas aí eu paro e penso: “E eu com isso que é ridículo, é gol do Grêmio, porra!”. É gol do Jonas, por mais incrível que pareça. Começam a chamá-lo de anti-herói. Não acho que seja isso. O clássico anti-herói brasileiro é o Macunaíma de Mário de Andrade, personagem cheio da malandragem, vadio que se dá bem, etc etc. Não é o caso. A impressão que tenho sobre Jonas é até mesmo de que lhe falta malandragem. Por outro lado, lhe sobra esforço. Nosso 9 parece ter encarnado aquele lema do governo federal: “Sou brasileiro e não desisto nunca”. Assim, compensa todo o resto. Não sei dizer se ele é sortudo ou azarado. Na Libertadores, ao errar três vezes um gol feito, no mesmo lance (!), foi taxado de “el peor delantero del mundo” por um jornal espanhol. Malditos jornalistas, mal sabiam eles que estava ali o cara que mais sacudiria redes no Brasileiro 09 até agora e, Oxalá, até o fim do campeonato.

Contra o Botafogo, no 3 a 3 de poucos dias atrás, fez um gol dos mais engraçados. Chuta, bate na trave, volta, bate na cabeça, insiste, chuta, goool! Perseverança pura. A cara do Grêmio. Sin perder la raza jamás.

Contra o Náutico, balãozinho dentro da área (!) e goool! Lance de craque ou o destino sorriu para o atleta esforçado? Assim anda Jonas, até mesmo a sonhar com a Seleção. Alguém que não seja sua mãe consegue imaginá-lo vestindo a amarelinha, tabelando com Kaká, tocando bola para Luís Fabiano!? Que momento mágico seria.

Por enquanto, nos contentamos em ver Jonas tabelando com Maxi. Com o argentino recuperado, acho que Jonas pode evoluir ainda mais. Contra o Goiás, essa dupla tem que funcionar...

Desculpa, Jonas. O texto, hoje, é pra ti. Não vamos falar muito nos rumos do Grêmio.De vilão a herói, temos em Jonas a esperança da ponta de cima. “Eu sou foda, batam palmas pra mim”, esbravejava um renegado Aílton contra a Portuguesa em 95. Se Gabiru fez gol de mundial, quem somos nós para falar mal de Jonas? A propósito, quem são ELES para rir de Jonas, que vai meter gol no Grenal que se aproxima? É assim que queremos ver o nosso camisa 9. Falar de Jonas já está virando caso de família. É como aquela história “eu posso falar mal da minha irmã, mas tu não!”.

Jornais espanhóis, destaquem as peripécias de Jonas. Façam ecoar as tosquices de nosso artilheiro bufão na Grécia. Seguir a falar mal de Jonas, para que ninguém o compre, me voy.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

História Imortal.

Por Silvio Pilau

A semana é de comemoração e de homenagens. Então, para celebrar os 106 anos de glórias gremistas, republico aqui um texto que escrevi há algum tempo, sobre essa história que tanto nos orgulha.

Parabéns a todos os gremistas.

História Imortal

Mais de um século de história
De uma jornada sem igual
Coleção de títulos e glórias
O surgimento de um imortal

Grêmio, gaúcho das três cores
Honra e orgulho de um Estado
Clube de valorosos gladiadores
Exército de atletas preparados

É imensa a história já erigida
Cada atleta um ícone copeiro
Capazes de doar a própria vida
Pela vitória, para ser o primeiro

Lara, o craque sempre altivo
Precursor de grandes homens
Ídolo antigo, hoje ainda vivo
Ressoa aos céus o seu nome

Aqui não basta saber jogar
É preciso fibra, um algo a mais
Saber, em campo, se portar
Para vestir o manto de imortais

Poucos são os que conseguem
Tornar-se um com a eternidade
Muitos vêm, vários se despedem
E há os para sempre, de verdade

A lista é pequena, mas de valor
Um rol único de nomes e de ditos
Desde o próprio Lara, o precursor
A Galatto e Anderson, heróis aflitos

Passa pelo grande Foguinho
Por Flecha Negra, veloz Tarciso
Alcindo, De León, sempre Dinho
O breve Dener, atacante liso

Tem Baltazar, o artilheiro de Deus
E Everaldo, seleção brasileira
Homenageado na volta pelos seus
Com a única estrela na bandeira

Felipão, Adílson e, claro, Danrlei
Time de Paulo Nunes e de Jardel
Para sempre Renato, eterno rei
Verdadeiro nome do maior troféu

Quanto a títulos, tem de tudo
Dono da América e do Brasil
Para sempre, campeão do mundo
Pintando o céu da cor de anil

Longo trajeto de vitórias e ardor
Novas conquistas em construção
Eterno, único, imortal tricolor
Símbolo de garra e superação

Mas entre todos estes feitos
O maior orgulho é a torcida
Apaixonada, que grita do peito:
"Sou gremista por toda a vida".