sábado, 29 de novembro de 2008

VAMO, SÃO PAULO

Por Eder Fischer


Vai lá, São Paulo, sai metendo pressão. Toca logo dois ou três nos 20 primeiros minutos. Aproveita o momento e se vinga de uma vez do Fluminense. Lembra? Foram eles que humilharam vocês, acabando com o sonho da Libertadores deste ano. Levantem este caneco agora, junto com a sua torcida – o outro jogo não será no Morumbi. É chato comemorar título em aeroporto. Por favor, acabem logo com o sonho deste gremista agonizante que enfrenta deboches diários por dizer que ainda acredita.

Eu não agüento mais ficar calculando, comparando adversários e achar que ainda é possível. Eu não agüento mais ficar pensando naqueles pontinhos que poderíamos ter ganho – e talvez agora estar dependendo de um empate para ser campeão. Eu não agüento mais ficar lembrando que terminamos o primeiro turno 11 pontos à frente de vocês, Eu não agüento mais ver as projeções de um campeonato utópico sem erros de arbitragem (prejudicando o Grêmio) que nos deixariam à frente de vocês hoje. Então, como diria Joquim, o louco de chapéu azul, na canção de Vitor Ramil, "me dê apenas mais um tiro por favor. Olha pra mim, não há nada mais triste que um homem morrendo de frio". Foi uma semana angustiante, quase insuportável, não sei se vou agüentar mais uma. Imaginem só: uma derrota do São Paulo aliada a uma vitória do tricolor. Não. Não imaginem, será torturante, isto é o que eu chamaria de requintes de crueldade.
Domingo, por volta das 19 horas, quero estar tomando minha ceva, tranqüilo, e mentindo numa sinceridade cínica para mim mesmo: este time do São Paulo é foda mesmo, os caras têm grana e competência, este ano é deles de novo, com justiça.

Quero ao menos que Deus seja justo e me permita já estar na Libertadores, fazendo projeções dos adversários que enfrentaremos, das contratações, da nova camisa e novo patrocinador. Será que o Roth continua?

Antes de concluir meu texto, recebo a ligação de meu pai. Um dos maiores gremistas que conheço. Ele é geralmente racional e realista. Falamos por algum tempo até que perguntei do Grêmio. E ai, pai? Libertadores ano que vem? Estava esperando uma resposta do tipo:
- É, o título já era, mas ano que vem a Libertadores é nossa.

Isto faria com que eu me sentisse um pouco menos culpado. Então vem a resposta do "Seu Fischer":
- Alguma coisa me diz que ainda vamos ganhar este campeonato.

Ser gremista não é fácil, nunca foi e nunca será. Ao mesmo tempo em que vejo o quão difícil, quase impossível é ganhar este campeonato, eu sei que, se tivermos que ganhar este campeonato este ano ou em algum outro ano, não será nem um pouco mais fácil.

No final o que valerá mesmo, será o que ocorreu durante.

Sei tudo que o Tricolor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

FAÇAM SUAS APOSTAS

Por Felipe Sandrin


O futebol pode até ser uma caixinha de surpresas, mas duvido que as situações da dupla mudem agora que estamos tão perto da linha final. O Inter sairá campeão da Sul-Americana, e o Grêmio não será campeão brasileiro.

Desmerecer títulos não é comigo: eu gostaria de conquistar o título que os colorados irão conquistar. Títulos nunca são de mais. Porém, eu não trocaria uma classificação para a Libertadores por este título. Não se pode negar que, por enquanto, a Sul-Americana é pouco prestigiada. Pode vir a crescer, pode ser que nos próximos anos seja importante ter na sala de troféus um título de tal competição, mas por enquanto não significa tanto quanto, por exemplo, uma Libertadores.

Agrada-me o fato de nossos irmãos colorados obterem tal título. Isso pode ser um incentivo a mais para nossos dirigentes – que também terão de aturar foguetes e piadinhas. Sem dúvida, ver o principal rival ganhar algo nos trás a obrigação de resposta.

Ao que tudo indica, o Inter não vai para a Llibertadores e, com a Sul-Americana sendo vencida, ameniza-se cobranças. O super plantel do Beira-Rio não jogará a principal competição do continente em 2009. O centenário colorado não será focado no melhor presente que um clube brasileiro pode ganhar. Já o Grêmio fará de tudo para que 2009 seja o ano da década. A direção tricolor sabe que seria a resposta perfeita para toda e qualquer provocação.

Eu aposto em um Inter campeão e em um Grêmio derrotado no final deste 2008. Porém, há poucos meses, jurávamos que a situação seria invertida. Assim como no início do ano víamos um Inter multicampeão e um Grêmio rebaixado.

O futebol muda a toda hora. Não espero tantas mudanças neste final de ano, não. Mas para 2009 prevejo algo muito grande acontecendo. A questão é: será um Grêmio campeão ou um Inter avassalador?

Meus amigos, façam suas apostas, pois 2009 já começou.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

BALANÇO

Por Silvio Pilau

Como afirmei no meu texto anterior, joguei a toalha. Não adianta. Por mais apaixonado que seja, por mais acostumado que esteja a provas incríveis de superação Tricolor, o Grêmio não será o campeão brasileiro de 2008. O problema não é mais nem o Grêmio. Acho que podemos, sim, vencer as duas partidas que faltam. A dificuldade é o São Paulo, no momento atual, somar apenas um ponto nas rodadas que faltam. No entanto, tenho absoluta certeza de que estaremos na Libertadores do ano que vem.

Diante disso, com tudo definido, acho que é possível fazer um balanço do ano que passou. Foram doze meses distintos, divididos em duas partes. Em ambas, tivemos decepções. Porém, elas vieram por motivos diferentes. No primeiro semestre, as expectativas eram altas. Gauchão e Copa do Brasil eram dois títulos possíveis. O primeiro, então, parecia estar marcado para nós. As duas quedas – para um time da segunda e um da terceira divisão – causaram um verdadeiro terremoto no Olímpico. O futuro parecia negro para o campeonato nacional.

No entanto, ocorreu o oposto. Contra todas as previsões, o Grêmio disputou as primeiras posições desde o início, surpreendendo não somente o Brasil como a própria torcida. A esperança começou a surgir. Falar em título tornou-se corriqueiro. Por isso, a decepção. O próprio time ergueu as expectativas da torcida e não vê-las cumpridas foi uma frustração tão grande ou até maior do que a ocorrida no primeiro semestre. O título esteve em nossas mãos e deixamos escapar.

Olhando para trás, porém, saímos no lucro. Antes do campeonato, falava-se em evitar o rebaixamento e encerraremos o campeonato em uma das primeiras posições e com vaga assegurada para a Libertadores da América. Quem disser que esperava algo mais do que isso após o desastre do primeiro semestre estará mentindo. O Grêmio, com a desconfiança da torcida em relação ao grupo e com o repúdio declarado dos torcedores em relação ao técnico, encerra uma belíssima campanha com passagem para a mais importante competição sul-americana.

Em relação à equipe, muito deve mudar. Muito mesmo. Conto no dedos os jogadores que gostaria que ficassem: Victor, defensor das traves, atualmente o melhor goleiro do Brasil; Réver, o gigante intransponível, um dos melhores zagueiros do campeonato; e Rafael Carioca, volante de técnica e desarme impecável. Estes são os medalhões. Os únicos jogadores acima da média do elenco. É a partir daí que o resto do grupo deve ser construído.

Claro que outros podem ficar. Pereirão, pelo seu grande ano. Mattioni, Douglas e Héverton, pelas promessas. Léo, que, apesar de um ano irregular, é um zagueiro de talento. Magrão, que provavelmente jamais repetirá o ano que teve, mas é um bom jogador de grupo. E só. Estes são os que possuem condições de continuar vestindo a gloriosa camisa tricolor. O ataque pode ir embora. Tcheco, fraco, lento e medroso, pode voltar para a Arábia. Os laterais, bom, esses ninguém viu durante o ano.

E o treinador? É inegável que Roth fez um trabalho fantástico. Ele errou muitas vezes, claro. A torcida sempre o vaiou, claro. Mas ele levou uma equipe incrivelmente limitada a algo inimaginável como a vaga na Libertadores. Mais inacreditável ainda, liderou pela maioria do campeonato e brigou pelo título até o final. Roth merece crédito por isso. Não merece, porém, continuar.

O técnico teve sua chance. Se tivesse ganho algo, eu aceitaria a sua permanência. Mas a torcida simplesmente o odeia e não há clima para seguir treinando o Grêmio. Não mais uma vez. A direção o segurou no início do campeonato e a aposta deu certo. Quais as chances de dar novamente? O ciclo de Roth encerrou no Grêmio. O Tricolor precisa de um técnico novo, de atletas diferentes e da mesma torcida. Assim, com essa reformulação, poderemos disputar o título da Libertadores.

Era o que faria se fosse dirigente. Será que eles farão?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

FALTOU TIME

Por Cristiano Zanella


A derrota diante do Vitória da Bahia praticamente encerra as possibilidades de título para o Tricolor. Faltou qualidade, faltou planejamento, faltou técnico, faltou superação! O Grêmio foi longe demais? A campanha é superior às possibilidades do time? Talvez... Mas agora é planejar o ano de 2009; a temporada acaba sem títulos no Olímpico. Nem mesmo o miserável Gauchão conseguimos conquistar – chances tivemos, mas tínhamos também Celso Roth no comando, um técnico fadado ao fracasso. No domingo, escalou Jean no lugar de Heverton, lançou a campo Paulo Sérgio e o ridículo Orteman quando precisava de força na frente, deixou as promessas Mattioni e Douglas Costa descansando em Porto Alegre enquanto André Luiz errava gols feitos, manteve o inoperante Marcel como titular absoluto no ataque. Uma jornada infeliz, que consagra sua (mais uma!) improdutiva passagem pelo Olímpico.

Tudo ia bem até a virada do turno, quando o time era líder isolado, onze pontos na frente do São Paulo, e chegaram os reforços que acabaram não reforçando nada: Orteman, Morales, Souza. Pelo contrário, a partir daí o treinador ficou ainda mais confuso, passou a sofrer ainda mais pressão de parte da torcida, da direção e da imprensa. Os reforços e as lesões pioraram o time que já estava formatado! Como podíamos imaginar que até Souza daria uma resposta tão aquém da expectativa? É evidente que o treinador não é o único culpado, acredito que ninguém mais do que Celso Roth precisava deste título – mas que a campanha é a cara de Roth... ninguém haverá de contestar!

Antes disso: nossa ruína começou no exato momento em que poupamos os titulares na Copa Sul-Americana. Eu defendo essa tese: time titular sempre e em todas competições! Jogador é pra estar em campo! Botar time reserva em Gre-nal?!?! É brincadeira! Pois além de não conquistar títulos, tampouco ganhamos Gre-nais em 2008! Pelo contrário: do clássico do segundo turno, com os titulares em campo, prefiro nem lembrar!

O ataque não faz gols! Fato! Somados todos os atacantes não resultam em um! O Pere(b)a é uma piada, já podia ter sido mandado embora no meio do ano e falta não teria feito (tem contrato até 2010). Escalar Marcel é jogar com um a menos; é jogador pra os últimos 15 minutos se o time estiver ganhando, e olhe lá. Os franzinos Reinaldo e Soares não resolvem, não disputam, não ganham divididas, e ao negão Morales, que chegou pra resolver, não deram chances. Uma pena! Sigo na convicção de que Morales tem mais intimidade com a bola que Marcel.

Laterais? Não temos! Fato! Trata-se de prioridade para a próxima temporada. O meio campo ainda que vá lá, mas sem atacantes e laterais minimamente qualificados fica muito difícil (o trabalho dos alas é fundamental para o equilíbrio do time). Os destaques positivos ficam por conta do goleiro Victor (baita contratação, garantiu a classificação à Libertadores) e a zaga (Léo, Rever e até Pereirão).

Rumores indicam que Celso Roth deve renovar. Aí é dose! Aí é avalizar a derrota e a falta de qualidade – fracasso no Gauchão, Copa do Brasil, Sul-Americana e Brasileiro, Roth já deu claras demonstrações da sua falta de talento para ganhar títulos. O fim do filme todos conheciam, era a reprise que ninguém gostaria de ver. Se faltou qualidade, a ausência desta sempre compensamos na garra, na pegada, na raça, na indignação... Neste sentido, o time é também reflexo do seu treinador: cabisbaixo, mal humorado, resignado e reclamão.

E aí, ficamos assim...! Chance de título no Brasileirão como essa – no sistema de pontos corridos – vai ser difícil pintar novamente! Mas tamos na peleia! A torcida pode ficar tranqüila, na consciência do dever cumprido: a nossa parte fizemos, cantando sem parar dentro e fora do Olímpico!

Assim foi, assim é, assim será! Grêmio sempre!!!

Mas Celso Roth... nunca mais!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

LEMBREM-SE DE BALTAZAR

or Felipe Sandrin


No dia 18/11/2008, eu escrevi em minha coluna:
"Diante do Coritiba, não lotamos o estádio pela vitória, mas sim pelo milagre: conseguimos vencer não porque acreditávamos, mas sim porque temíamos o pior. Se formos para o jogo de domingo como favoritos, o campeonato acabará, tomaremos um sacode e, anotem ai, não vai ser 1 a 0, não. Seremos goleados por um time sem pretensões no campeonato.

Toda vez que achamos que o Grêmio é capaz de conquistar este título, transmitimos tal pensamento para os jogadores, e eles acabam acreditando em nossa mentira. Eles acabam pensando que jogam mais do que realmente jogam e ai eles acabam não jogando nada".
O que vimos no jogo deste domingo foi fácil ser descrito: as máscaras caíram, e o jogadores paraguaios também. Para aqueles que jogam a culpa somente em Celso Roth, que abram os olhos: ele pode até ser "cagado pelas moscas", mas foi um dos menos responsáveis pelo que vimos dentro de campo.

Restou-me agradecer ao São Paulo por ter vencido seu jogo. Desta forma, a derrota dói menos. Ela mostra que cada qual ficou em seu lugar neste campeonato, e o Grêmio limitado fez mais do que todos esperávamos: conseguiu usar de feitos que só o Grêmio faz para arrancar uma vaga na Libertadores.

Ao término do jogo, olhei para o céu; ele estava azul, pássaros ainda cantavam e carros ainda passavam em ritmos que vão além do futebol. Lembrei de Baltazar dizendo que Deus guardava algo melhor para nós.

Minha vontade é de chorar, mas não de ser menos gremista. Chorando, eu apenas mostro o quanto amo este clube; morrendo, eu perderia tudo que ainda está por vir. E acreditem em mim e em Baltazar: Deus reserva algo muito melhor para nós.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O SENTIMENTO NÃO SE TERMINA

Por Silvio Pilau


É difícil sentar diante do computador e ter que escrever algumas linhas após o desastre da tarde de domingo. A partida contra o Vitória não apenas encerrou o sonho do tricampeonato brasileiro como o fez de forma avassaladora e vergonhosa. O Grêmio foi goleado por uma equipe incrivelmente fraca no exato momento em que mais precisava ganhar. Entregou de bandeja o título para o São Paulo.

Sabemos, todos, que o Tricolor não merecia o caneco. Por mais que o primeiro turno tenha sido praticamente impecável em termos de campanha, o Grêmio sempre foi um time irregular, jogando no seu limite e misturando boas atuações com apresentações pífias, dignas de uma equipe a lutar para escapar do rebaixamento. Mais do que isso, faltou qualidade. Sempre que precisou daquele algo a mais, de uma pequena diferenciação, ela faltou.

A partida de ontem não foi a primeira em que o Grêmio decepcionou no momento decisivo. No mínimo três vezes (o jogo contra o Cruzeiro no Mineirão vem à mente), o Grêmio derrapou quando mais necessitava. Não demonstrou postura de campeão nas decisões. O segundo tempo da partida na Bahia foi uma vergonha. Tudo bem que o árbitro careca sacaneou. A expulsão de Amaral e o pênalti não marcado sobre Marcel atestam a má-fé de Héber Roberto Lopes. Mas é inadmissível um time disputando o título tomar quatro do Vitória.

O troféu já era. Fui confiante o máximo que pude. Agora, mesmo que ainda existam esperanças matemáticas, o campeão é o São Paulo. Ao Grêmio, resta não se deixar abalar pela perda do título e garantir a Libertadores. Essa ainda está muito viva, mas é preciso concentração, caso contrário também ficaremos de fora. À direção, cabe começar o planejamento de um time para o ano que vem. Manter os jogadores que deram certo (Victor e Rever já garantidos) e investir em atletas de qualidade. Não quero grupo, quero talento.

Meus parabéns ao São Paulo. Mais uma vez, o tricolor paulista comprova ser o clube mais bem estruturado do país e um verdadeiro colecionador de títulos. A cada novo ano, o São Paulo abre mais vantagens em relação aos outros clubes brasileiros. Resta-nos continuar apoiando. Resta-nos esperar que os novos dirigentes gremistas tenham a visão e a seriedade de pensar o clube de maneira correta. E torcer. Sempre. Porque não fomos campeões, mas o sentimento não se termina.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

VAMOS MOSTRAR QUE É POSSÍVEL

Por Silvio Pilau


Lamento muito o fato de, com o Grêmio disputando o título do mais importante torneio nacional, ter que utilizar este espaço para falar de algo que não seja futebol. Infelizmente, sinto-me obrigado a isso. Querendo ou não, somos, eu e os demais colunistas deste espaço, formadores de opinião. Nossos textos atingem um bom número de pessoas e, por essa razão, não devem funcionar somente como ode aos nossos clubes, mas também como uma ferramenta para promover a tolerância e o entendimento.

Por isso, venho demonstrar aqui todo o meu repúdio diante dos atos ocorridos no Olímpico após a partida contra o Coritiba. Para quem não sabe, uma briga entre as torcidas organizadas do próprio Grêmio terminou com dois baleados, um deles atualmente em estado grave no hospital. O motivo? Uma guerra já conhecida entre as torcidas, iniciada com a dissidência de alguns membros da Geral, insatisfeitos com o rumo que a organizada havia tomado.

Não sou geraldino. Nunca fui. Admiro e cansei de louvar, aqui neste espaço, a incrível paixão dessa torcida, capaz de apoiar durante mais de noventa minutos incessantemente. A Geral revolucionou a forma de torcer em todo o Brasil e, hoje, o estádio inteiro canta suas músicas, contagiado pelo alento que vem de trás da goleira. Isso é inegável e um feito a ser reverenciado. No entanto, repito, não sou geraldino e, portanto, não sei o que se passa nos bastidores da torcida.

Mas, é preciso saber os limites. A Geral não é maior que o Grêmio. E o Grêmio não é mais importante que uma vida. Todo e qualquer ato de violência, seja no Olímpico ou dentro de casa, é de uma estupidez sem igual. Deliberadamente infligir dor em outro ser humano pelo simples fato de se sentir mais poderoso é algo inaceitável para mim e uma atitude com a qual acho impossível coadunar. Isso faz parte de quem eu sou e de como fui criado. Infelizmente, nem todos são assim.


Hoje, vemos a violência em todo lugar. Convivemos com ela. Tememos a violência ao sair de casa. Chegamos a um tempo no qual os valores estão confundidos, no qual ser uma pessoa de bem se tornou uma qualidade, não uma obrigação. A cada dia que passa, acompanhamos novas notícias tão ou mais terríveis do que essa acontecida no Olímpico. O que me revolta ainda mais é ver que tais atos de covardia e burrice ocorrem por motivos cada vez mais fúteis. Um tênis. Uma mochila. Uma disputa de poder entre torcidas organizadas. Uma bandeira estendida com a face de um negro. Tudo tornou-se razão para estas pessoas mentalmente atrasadas retornarem ao seu estado animalesco e partir em busca de sangue, que, muitas vezes, torna-se o seu próprio. São motivos tão ou mais idiotas do que a própria violência.

Senão vejamos: pelo que li, a gota d’água para a briga entre as torcidas no domingo foi o fato de uma delas ter estendido uma bandeira com o rosto do ex-jogador gremista Everaldo. Os racistas do outro lado indignaram-se. Esquecem, estes supostos gremistas, que a bandeira que “defendem” possui uma estrela em homenagem a este atleta. A estrela solitária da bandeira tricolor não é pelo título mundial ou outra coisa, mas uma forma de lembrar a memória deste gremista campeão do mundo em 1970 pela seleção brasileira.

Esquecem, estes supostos gremistas, que a letra de nosso hino, uma música que cantam todos os jogos, foi escrita por Lupicínio Rodrigues, um negro que fez muito mais pelo Grêmio do que qualquer um de nós jamais fará. Esquecem, estes supostos gremistas, que o feito mais celebrado por nossa torcida, a Batalha dos Aflitos, foi vencida com o gol do negro Anderson. Esquecem, estes supostos gremistas, que o título brasileiro de 96 veio pelos pés do negro Aílton. Esquecem, estes supostos gremistas, o homem mais poderoso do mundo é, hoje, um negro.

Racismo, violência, desrespeito. É impressionante como, ainda hoje, tantas pessoas com boa formação continuam dando vida a tais conceitos. Sim, boa formação. Conheço gente do meu círculo que ainda promovem brigas e discriminação, além de se vangloriarem disso. Tenho certeza de que vocês também conhecem pessoas do tipo. Gente burra, parada no tempo e que certamente não estão preparadas para viver em sociedade, junto a pessoas corretas.

Enfim. Poderia ficar aqui um bom tempo expressando minha indignação diante de todo e qualquer ato de violência, especialmente nos estádios, um espaço que deveria ser de alegria e da confraternização promovida pelo esporte. Sei que esse meu texto não vai adiantar. Quem briga, continuará brigando. Mas não custa tentar. Talvez seja um tolo ou um romântico por acreditar na quimera de que ainda é possível fazer um mundo melhor. Que o seja. Enquanto puder, continuarei sendo esse sonhador e fazendo o que posso.

Por isso, peço que todos exercitem o bom senso. Vamos dar um exemplo. Pelo menos dessa vez, peço comentários sem brigas e provocações. Sem discussão. Esse é meu apelo: como protesto a toda essa violência que nos cerca, responderemos com as mãos dadas. Nos comentários, somente mensagens de paz.

Só pra mostrar que é possível. Só pra mostrar que dá para ser correto e decente. Só pra mostrar que, antes de gremistas, somos todos seres humanos.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

SORTE DE CAMPEÃO

Por Cristiano Zanella


Termina o jogo contra o Coritiba! Mais uma vez, o Olímpico Monumental faz a diferença: Grêmio dois a um. Há uma força estranha no ar... São Paulo e Flamengo também venceram seus jogos, mas Palmeiras e Cruzeiro ficaram pelo caminho. Agora é pisotear baianos e mineiros! Fortes emoções no encerramento da temporada 2008; em 2009, libertaremos a América!
Em entrevista concedida a um telejornal local, o ex-coxa branca (atual coxa tricolor) Tcheco avalia que seu gol foi um golpe de sorte. Segundo ele, havia a clara possibilidade da bola ir pra fora, e ela sutilmente, caprichosamente, matematicamente, desviou no zagueiro e entrou. Foi sorte! Sorte? Sim, reafirmou Tcheco: "sorte de campeão".

Assim posto pelo capitão (e referência técnica) do time, mais sorte ainda teve o garoto Heverton, em seu segundo jogo como titular, quando cruzou a bola para o zagueirão meter contra. Sorte? É..., ele teve sorte! Já que os atacantes dificilmente botam pra dentro, continuamos a contar com a sorte dos jogadores de zaga e meio campo. Mas, em suma: nos dois gols que decretaram a suada vitória sobre o Coxa, contamos com a sorte. Assim como no gol de Tcheco contra o (azar dele!) Palmeiras – foi pura sorte!

Sorte? Até que ponto o elemento sorte – vocábulo de múltiplas leituras e interpretações – é um mero reflexo do acaso, do improvável, do incrível, do inexplicável? Ao longo de sua jornada evolutiva, o homem empreendeu uma incansável busca por explicações – quase sempre pouco convincentes e reducionistas, quando não conformistas – para este fenômeno de complexidade singular: a sorte. Se ainda não encontrou respostas concretas, isso não interessa – afinal de contas, o importante é formular teses e filosofar a respeito delas, processar trocas simbólicas, estabelecer conexões e sistemas sociais. It´s evolution, baby! E ganhando ou perdendo, poderemos sempre responsabilizar a velha sorte.

Não é apenas no mundo esportivo que a palavra sorte está associada ao jogo, a disputa, a competição. No jogo da vida é – cada vez mais – imprescindível contar com ela, nossa estimada amiga sorte. Dentro das quatro linhas de um campo de futebol e em outros cenários da vida humana, jogamos a nossa própria sorte, nosso próprio destino, transpondo barreiras, atravessando fronteiras, superando limites, lance a lance, driblando com desenvoltura ou indo pra dividida, fazendo o gol ou quebrando a canela... Sem nunca pipocar! Não seria o futebol uma perfeita metáfora da vida?

Mas, voltemos a sorte! Penso que ela, caros amigos, geralmente acompanha os talentosos, os competentes e os fortes – aqueles que se entregam de corpo e alma à intrigante, poética, apaixonante, divina, maravilhosa e perigosa batalha da vida cotidiana! A sorte caminha ao lado dos bons, dos homens de fé, dos aventureiros, dos destemidos, dos inconformados, dos aguerridos, dos peleadores – isso é fato, o resto são meras versões do fato! Ou não...

O fato é que aproxima-se a hora da verdade, e por isso essa força estranha, no ar...! Brilha a estrela tricolor! Quem poderia imaginar? Mais do que nunca, gremistas, contemos com a sorte!!!

Saudações tricolores.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O PESSIMISMO COMO ARMA

Por Felipe Sandrin

Mesmo o pessimismo pode se tornar uma arma: foi ele que ditou nosso ano e está nele a chance de ganharmos este campeonato. Observem as competições que disputamos nesta temporada: no Gauchão, fomos de favoritos invictos para vítimas de nossos eternos fregueses caxienses. Na Copa do Brasil, fomos de copeiros para vítimas de um clube da terceira divisão. Foi então que a humildade entrou em campo, passamos a ser vistos como o patinho feio do Brasileirão. O time dos baixos salários, dos jogadores medíocres que tentariam não rebaixar o clube.

Dominamos o primeiro turno: para cada partida que diziam que iríamos finalmente decair, elevávamos o ânimo. O time superou adversários e adversidades a cada rodada, logo, algumas pessoas começaram a achar possível nosso título. Terminamos o primeiro turno com o recorde de aproveitamento desde que surgiu tal fórmula no campeonato. Passamos a ser temidos, nossos jogadores deixaram de ser medíocres para se tornarem de qualidade. E então veio a decadência, derrotas inesperadas junto a atuações lastimáveis. Perdemos a liderança e o respeito. Estava tudo perdido, diante o Palmeiras aconteceria o último ato, nosso ano chegaria ao fim. Eis que então do pessimismo urgiu a força e dela nasceu a vitória, o ânimo incontrolável e a pergunta: será que ainda dá?

Diante do Coritiba não lotamos o estádio pela vitória, mas sim pelo milagre: conseguimos vencer não porque acreditávamos, mas sim porque temíamos o pior. Se formos para o jogo de domingo como favoritos, o campeonato acabará, tomaremos um sacode e, anotem ai, não vai ser 1 a 0 não. Seremos goleados por um time sem pretensões no campeonato.

Toda vez que achamos que o Grêmio é capaz de conquistar este título, transmitimos tal pensamento para os jogadores, e eles acabam acreditando em nossa mentira. Eles acabam pensando que jogam mais do que realmente jogam e ai eles acabam não jogando nada.

Eu acredito neste título não porque temos jogadores bons, mas justamente pelo fato de nosso time ser ruim: você pode ser um alfinete, mas conheça sua limitação para assim saber que deves atacar direto no coração. A chance pode ser pequena, mas só pelo fato de existir já torna o pequeno grande, e o fraco muito mais forte do que aparenta ser.

Esse é um dos segredos que faz com que simples jogadores se tornem grandes no Grêmio. É aqui que muitos aprendem que o futebol vai além do que você é, para tornar-se aquilo que você realmente deseja ser.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

CARO MURICY RAMALHO

Por Silvio Pilau


Não nos conhecemos. Ao menos, não pessoalmente. Porém, estou muito familiarizado com teu trabalho, principalmente desde tua passagem por Porto Alegre comandando o time rival. Admito que não fiquei nem um pouco satisfeito com o que fizeste por aqui. Infelizmente, armaste a base para que o clube da beira do rio pudesse entrar de vez no seleto rol dos grandes, um grupo do qual tínhamos o orgulho de defender sozinhos a bandeira do Rio Grande.

Nos dois anos seguintes, teu trabalho à frente do São Paulo foi de louvável regularidade e, mais impressionante, de conquistas. Por duas temporadas consecutivas, tua equipe dominou com folgas a principal competição nacional. Para desânimo de boa parte da torcida brasileira, não houve adversários para o São Paulo em 2006 e 2007. Não reclamo, acredite. Tu fizeste por merecer e o bicampeonato nacional foi mais do que justo.

Desta vez, porém, é diferente. Desta vez, Muricy, teu caminho não está fácil. Tens uma pedra no sapato. No início, parecia uma pedrinha. Tu e todos os outros achavam que não faria diferença caminhar com ela. Não atrapalharia em nada. Mas, à medida que a caminhada se tornava mais longa, a pedra começou a incomodar. Começou a causar dor e preocupação. Uma pedrinha aguerrida, chata e que ninguém gosta. Uma pedrinha de três cores que, querendo ou não, continua no caminho.

Não esqueças, Muricy. Apesar de teus belos anos comandando o São Paulo, o Grêmio sempre foi um problema para ti. Tenho certeza de que lembras o que ocorreu ano passado, na Libertadores. Certamente acreditavas que o Tricolor era apenas mais uma vítima no teu caminho a uma nova final da Copa. Tomaste uma lição. Jamais se menospreza o Grêmio. Uma lição que tiveste novamente no Brasileiro deste ano: o Grêmio foi o único que venceu os dois duelos contra tua equipe.

E o que eu quero dizer com tudo isso? Por que escrever uma carta e publicá-la na Internet? Simplesmente para que tu estejas avisado que agora não será fácil como nos outros anos. O Grêmio está na tua cola. No teu encalço. Respirando no teu pescoço. Muricy, o Tricolor gaúcho está tão perto de ti que tu não serias capaz de enxergar pelo retrovisor. E, garanto, basta uma simples derrapada. Apenas uma titubeada. Se cometeres o erro de virar a cabeça para trás com o objetivo de ver qual a distância, ficarás para trás. Acredite nisso.

O que sabemos – eu, tu e todos os envolvidos nisso – é que será emocionante. Será uma grande corrida final, como há muito não se via no futebol brasileiro. Cada jogo será uma decisão. Como, aliás, já vem sendo. Prepara-te daí que nos preparamos daqui. E prepara teu discurso de vice.

Porque, desta vez, o Grêmio vai sair campeão.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

TEMER PARA SUPERAR

Por Felipe Sandrin

Queria poder começar tudo de novo, reviver cada pequeno momento, cada pequeno detalhe que fez-me tão loucamente apaixonado por este clube. Gostaria de poder correr de novo pela casa, gritando com um gol o qual, mesmo dias antes do jogo iniciar, eu já implorava para que acontecesse. Gostaria de pisar no pátio do Olímpico admirando junto cada passo os caminhos pelos quais meus heróis tantas vezes passaram. Eu queria ter novamente 10 anos, poder entender o futebol de um jeito diferente, saber pouco sobre as regras, mas tudo sobre o porquê de eu ser gremista.

Nestes últimos dias, estive envolto em meu livro, em formas de divulgá-lo e tentar explicar o que o leitor encontraria nessas mais de 130 páginas. Pude compartilhar momentos incríveis junto a velhos e novos amigos. Pude sentir muito além de meus 22 anos, pude refletir muito alem dos mais de cem anos deste clube.

Emanuel Neves tem sido um grande amigo, caráter e índole irrepreensíveis, um colorado que ama seu clube com a força de quem ama sinceramente. Nossas eventuais provocações demonstram a importância de nossa rivalidade. O Grêmio que luta pelo título brasileiro tornou-se, essa semana, o Grêmio que não admite o Inter na libertadores. Deixamos por alguns dias o Brasileirão de lado para manifestar nossa adversa opinião sobre toda esta situação que envolve a Conmebol.

Creio que todo gremista esteja temeroso para a partida diante o Coritiba, porém, não sinto ainda estarmos o suficiente. É necessário que haja medo para que haja superação. Estamos a quatro jogos de um título que não obtemos desde 1996. Eu acredito em quatro vitórias, acredito no título, acredito no Grêmio… tanto quanto duvido do Inter.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

QUATRO JOGOS PARA A ETERNIDADE

Por Silvio Pilau


Todo mundo deve conhecer alguém que tentou seguir a carreira de jogador de futebol ou, ao menos, pensou nisso. Eu fui um, até descobrir que não tinha talento para a coisa. Aposto que muitos que lêem esta coluna, certa feita, também tiveram essa ilusão. Disputar uma decisão, com o estádio lotado, defendendo o clube ao qual se ama. Dar o sangue pela vitória, simplesmente para ter a consciência tranqüila de ter feito o máximo para levar ao time à glória e ouvir a torcida gritar o seu nome. Quem nunca teve esse sonho?

No entanto, para a imensa maioria, não passa disso: um sonho. Uma quimera. Algo inalcançável, sem a menor possibilidade de se tornar realidade. Mas tem gente que chega lá. Uma parcela ínfima de jogadores que superam as dificuldades da profissão e conseguem defender grandes equipes, receber dezenas – ou até centenas – de milhares de reais todos os meses e ter a possibilidade de se tornar ídolos de milhões de pessoas. Alguns, ainda, têm a oportunidade de conquistar importantes títulos e, assim, se tornarem eternos.

E este texto é pra vocês, atletas gremistas. Vocês estão nessa posição. Nesse exato momento, estão nessa posição. A apenas quatro jogos da glória. Não conheço a jornada pessoal de cada um de vocês. Porém, tenho certeza de que, para a grande maioria, não foi fácil. Tenho certeza de que sacrifícios tiveram que ser feitos. Que desafios foram assumidos e superados. Em algum momento, há muitos e muitos anos, vocês tiveram o mesmo sonho que nós, torcedores, um dia tivemos: o de ter nossos nomes gravados para sempre na memória de um clube.

Este é o seu momento. Alguns já conseguiram isso em outras bandas. Alguns certamente irão conseguir no futuro. Mas nunca, jamais, será tão próximo quanto agora. O Campeonato Brasileiro é um dos mais difíceis do mundo. Longo, desgastante, extremamente equilibrado. Ainda assim, vocês chegaram até aqui. Ainda assim, o título está praticamente na mão de vocês. São apenas quatro jogos. Quatro partidas que separam vocês da eternidade. Trezentos e sessenta minutos que podem colocar vocês ao lado de verdadeiros heróis.

Incontáveis jogadores já vestiram a camisa tricolor. Milhares e milhares. Alguém consegue nomear todos? Não, claro que não. Apenas são lembrados aqueles que fizeram a diferença. Aqueles que entenderam a essência guerreira do futebol gremista e demonstraram espírito vencedor. Aqueles que jamais aceitaram a derrota e doaram sangue, quando preciso, pela vitória. Aqueles que demonstraram orgulho em representar a mais fanática torcida do Brasil. Aqueles que conquistaram a glória em nome de cada torcedor.

Estes são lembrados. Serão lembrados. Não somente hoje, mas sempre. Aconteça o que acontecer, seus nomes são intocáveis. Não estão perdidos em algum lugar da memória, mas marcados de forma indelével no coração de cada um gremista. Vocês podem fazer parte desse seleto rol. Não percam essa chance. Não sabem quando terão outra. Façam isso por vocês mesmos. Façam pelas famílias. Façam para honrar os sacrifícios que vocês fizeram e que outros fizeram por vocês para que chegassem até aqui.

Façam isso, principalmente, pelo Grêmio

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SEMPRE ELE

Por Cristiano Zanella


"Disseram que era impossível, mas não avisaram o Grêmio, e por isso o Grêmio foi lá e fez". A frase, do gremista maior Fábio André Koff (sempre ele), se aplica perfeitamente à partida disputada contra o Palmeiras no domingo. Mesmo desfalcado de um bom número de titulares, jogando na casa de um adversário ainda vivo no campeonato e com o careca no apito (sempre ele em jogos decisivos..., sempre ele!) o Tricolor foi lá e fez o que tinha a fazer: somou os três pontos, e segue na peleia pelo título do Brasileirão.

Com cinco minutos de jogo ainda não tínhamos levado gol, o que já era motivo de comemoração, afinal de contas, era para ser uma goleada histórica, um massacre!?!? Antes de fechar dez minutos de bola rolando trocamos de canal (não dava mais pra agüentar): Rede Globo + Caio Rolex comentando = jogo na Band! Com quinze minutos já tínhamos aleijado uns três palmeirenses, inclusive e a começar pelo nosso querido Elder Granja, que teve que enfaixar a cabeça depois de um cotovelaço (involuntário, diga-se de passagem) desferido por Amaral. Aos poucos, o Grêmio ia se arrumando em campo: utilizava bem a linha de impedimento, jogava com dois atacantes, seguia marcando a saída de bola e, quando preciso, baixava o cassete!

Aos 25, Marcel (sempre ele) errou um gol feito e, logo em seguida, Souza soltou um balaço no canto esquerdo de Marcos, que fez grande defesa (ainda no primeiro tempo defenderia outra bola venenosa chutada por Reinaldo). Mas o "Parmêra" continuava em cima, mano! - dando pressão, enquanto a Máquina Mortífera da Azenha encaixava contra-ataques (em tempo: como é bom não ter Perea em campo; ele não está jogando nada desde o confronto contra o Jaciara, em fevereiro, pela Copa do Brasil).

Começa o segundo tempo, e já dava pra notar o nervosismo verde limão: com dez minutos de jogo, a Wandeca (sempre ele, sempre elegante, camisa e gravata cor-de-rosa) já tinha protagonizado o seu décimo oitavo chilique, dirigindo-se a seus jogadores e à arbitragem aos palavrões, tornando público e notório o (baixo) nível da sua educação (ah! que falta faz o Felipão, pra aplicar-lhe umas bolachas). Mas dentro de campo o jogo estava mais calmo e relativamente sob controle; a marcação tricolor era implacável, e Victor, soberano em suas intervenções (sempre ele, sempre soberano - pelo menos uns 12 pontos conquistados no decorrer do campeonato devem ser creditados a este profissional). Aos 28 sai o gol de Tcheco que, vamos ser sinceros, foi sem querer (ele – sempre ele – tentou botar na área e a bola acabou entrando devagar, devagarinho, no cantinho...). Sorte de campeão? Talvez, mas o certo é que o gol saiu na hora certa – na seqüência, André Luis quase fez mais um.

Aí o nervosismo transformou-se em desespero, com o goleiro palmeirense indo conferir todas as bolas de ataque. Era tarde! O Grêmio vencia os porcos num jogo de seis pontos, (mais uma vez) calando a paulicéia desvairada e os derrotistas de plantão (sempre eles) que já tinham jogado a tolha. Mantendo a pegada e o alto astral, a convicção é de que passamos batido pelo Coritiba e vamos brigar até a última rodada, com o foco no tri; a vaga na Libertadores 2009 já está garantida! E isto representa novos contratos e novas contratações, novas possibilidades e expectativas para 2009! As chances são reais; definitivamente, estamos na briga!

É como dizia o poeta: "minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá..."! Pois o Grêmio (sempre ele) foi ao Palestra e cantou muito mais forte, mais alto e mais afinado que o periquito verde! Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra! Canta povo gremista! A hora é essa!

Por isso é que eu canto! Não posso parar! E, no domingo, todos ao Monumental!!!

Saudações tricolores.

SEMPRE ELE

Por Cristiano Zanella


"Disseram que era impossível, mas não avisaram o Grêmio, e por isso o Grêmio foi lá e fez". A frase, do gremista maior Fábio André Koff (sempre ele), se aplica perfeitamente à partida disputada contra o Palmeiras no domingo. Mesmo desfalcado de um bom número de titulares, jogando na casa de um adversário ainda vivo no campeonato e com o careca no apito (sempre ele em jogos decisivos..., sempre ele!) o Tricolor foi lá e fez o que tinha a fazer: somou os três pontos, e segue na peleia pelo título do Brasileirão.

Com cinco minutos de jogo ainda não tínhamos levado gol, o que já era motivo de comemoração, afinal de contas, era para ser uma goleada histórica, um massacre!?!? Antes de fechar dez minutos de bola rolando trocamos de canal (não dava mais pra agüentar): Rede Globo + Caio Rolex comentando = jogo na Band! Com quinze minutos já tínhamos aleijado uns três palmeirenses, inclusive e a começar pelo nosso querido Elder Granja, que teve que enfaixar a cabeça depois de um cotovelaço (involuntário, diga-se de passagem) desferido por Amaral. Aos poucos, o Grêmio ia se arrumando em campo: utilizava bem a linha de impedimento, jogava com dois atacantes, seguia marcando a saída de bola e, quando preciso, baixava o cassete!

Aos 25, Marcel (sempre ele) errou um gol feito e, logo em seguida, Souza soltou um balaço no canto esquerdo de Marcos, que fez grande defesa (ainda no primeiro tempo defenderia outra bola venenosa chutada por Reinaldo). Mas o "Parmêra" continuava em cima, mano! - dando pressão, enquanto a Máquina Mortífera da Azenha encaixava contra-ataques (em tempo: como é bom não ter Perea em campo; ele não está jogando nada desde o confronto contra o Jaciara, em fevereiro, pela Copa do Brasil).

Começa o segundo tempo, e já dava pra notar o nervosismo verde limão: com dez minutos de jogo, a Wandeca (sempre ele, sempre elegante, camisa e gravata cor-de-rosa) já tinha protagonizado o seu décimo oitavo chilique, dirigindo-se a seus jogadores e à arbitragem aos palavrões, tornando público e notório o (baixo) nível da sua educação (ah! que falta faz o Felipão, pra aplicar-lhe umas bolachas). Mas dentro de campo o jogo estava mais calmo e relativamente sob controle; a marcação tricolor era implacável, e Victor, soberano em suas intervenções (sempre ele, sempre soberano - pelo menos uns 12 pontos conquistados no decorrer do campeonato devem ser creditados a este profissional). Aos 28 sai o gol de Tcheco que, vamos ser sinceros, foi sem querer (ele – sempre ele – tentou botar na área e a bola acabou entrando devagar, devagarinho, no cantinho...). Sorte de campeão? Talvez, mas o certo é que o gol saiu na hora certa – na seqüência, André Luis quase fez mais um.

Aí o nervosismo transformou-se em desespero, com o goleiro palmeirense indo conferir todas as bolas de ataque. Era tarde! O Grêmio vencia os porcos num jogo de seis pontos, (mais uma vez) calando a paulicéia desvairada e os derrotistas de plantão (sempre eles) que já tinham jogado a tolha. Mantendo a pegada e o alto astral, a convicção é de que passamos batido pelo Coritiba e vamos brigar até a última rodada, com o foco no tri; a vaga na Libertadores 2009 já está garantida! E isto representa novos contratos e novas contratações, novas possibilidades e expectativas para 2009! As chances são reais; definitivamente, estamos na briga!

É como dizia o poeta: "minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá..."! Pois o Grêmio (sempre ele) foi ao Palestra e cantou muito mais forte, mais alto e mais afinado que o periquito verde! Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra! Canta povo gremista! A hora é essa!

Por isso é que eu canto! Não posso parar! E, no domingo, todos ao Monumental!!!

Saudações tricolores.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

VOLTANDO A SER GRÊMIO

Por Felipe Sandrin


Carioca e paulista é tudo mal acostumado: pra eles, qualquer barulho é bala perdida. Semana passada, a imprensa nacional fez questão de enfatizar que nossa torcida invadiu e atrapalhou o treino. Nosso pedido de raça e promessa de não abandono ao time foi visto como violento por alguns pseudojornalistas, principalmente do centro do país.

Discordo daqueles que pensam que papel de torcida é só fora de campo. Gosto de atitude. Pra mim, dirigente que rouba o clube, por exemplo, tem que tomar porrada. Que me perdoem os politicamente corretos, mas sou da chinelagem: grito lá da Geral e meu ponto de vista diz que, sim, existem horas em que temos de parar de dar pulos na Geral e encarar aqueles que nos representam.

Vencemos o Palmeiras e, logo após a partida, pensei o quanto seria injusto não vencermos uma partida dessa forma. Nossa torcida tem sido incrível: me emociono toda vez que penso e vejo nossa dedicação desde o início deste campeonato.

Em dias de chuva, o Olimpico foi nossa casa. Mesmo com quilômetros de estrada a nossa frente, o Grêmio foi nosso maior motivo. Ante o medo, revigoramos nossa fé e, na falta de esperança, recorremos a esta velha dita imortalidade.

Somos o time dos feitos impossíveis, onde nada é por acaso. Baltazar nos disse: "Deus está reservando algo melhor." Há sempre algo maior à nossa espera. E o que muitos chamam de soberba, para nós é consolo. A mentira que por tanto ser repetida torna-se verdade.

E assim vivemos, surpreendendo aqueles que esquecem que, mais cedo ou mais tarde, o Grêmio volta a ser Grêmio.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

LIÇÃO AOS INCRÉDULOS

Por Silvio Pilau

Confesso que surpreendi com a quantidade de gremistas que jogaram a toalha após a partida contra o Figueirense. Faltando ainda cinco rodadas para o final do campeonato e apenas dois pontos atrás do líder, um grande número de torcedores afirmou que o Grêmio não mais brigaria pelo título. Alguns, inclusive, tiveram a audácia de dizer que ficaríamos fora do G4, tendo que nos contentar em disputar o torneio amistoso chamado Sul-Americana.

Espero, agora, que estas pessoas tenham mudado de opinião. Espero que a partida de ontem contra o Palmeiras tenham lembrado elas de que estamos falando do Grêmio e nunca – nunca mesmo – se deve anunciar a morte do Tricolor enquanto ele ainda estiver vivo. Os batimentos cardíacos podem estar fracos, pode estar respirando apenas por máquinas, mas, enquanto houver uma possibilidade ínfima de dar a volta por cima, o Grêmio, provavelmente, o fará.
Que continuem dizendo que não dará porque temos um time fraco. Pois eu digo que dará porque, no Grêmio, a técnica sempre vem em segundo lugar. Antes disso, existe a força, a garra e a dedicação. E isso é o que ganha títulos.

Que continuem dizendo que não dará porque Celso Roth nunca ganhou nada. Pois eu digo que dará porque, querendo ou não, o treinador fez um grande trabalho neste campeonato e merece ser recompensado por ter levar uma equipe limitada à possibilidade de uma glória.

Que continuem dizendo que não dará porque o desempenho não é o mesmo do primeiro turno. Pois eu digo que dará porque as grandes conquistas gremistas são, sempre, no último momento, com o coração querendo sair do corpo e os nervos em frangalhos.

Que continuem dizendo que não dará porque tropeçamos em momentos cruciais. Pois eu digo que dará porque todos os candidatos ao título derraparam em partidas importantes e todo mundo continua embolado na briga pelo campeonato.

Que continuem dizendo que não dará porque o São Paulo é o principal adversário do Grêmio. Pois eu digo que dará porque o Grêmio é o principal adversário do São Paulo.

Que o jogo ontem tenha servido de lição aos incrédulos. Que nunca mais duvidem. Ou melhor, duvidem. É assim que Grêmio prefere.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

HORA DE SER PESSIMISTA

Por Felipe Sandrin


Pouco espero do Grêmio senão entrega total para o jogo contra o Palmeiras. Será mais uma partida decisiva, a chance perfeita para afastar as críticas ou assumir de vez que a precariedade da equipe é mais do que técnica.

Sinceramente? Prevejo uma derrota. Obviamente, não há desejo, mas prefiro ser franco comigo mesmo, não criar ilusórias esperanças de que a equipe finalmente crescerá em um jogo tão importante. Por várias vezes neste ano confiei no Grêmio, porém o elenco não se ajuda, a fama do Celso amarelão parece chegar a seu apogeu: já perdeu tanto que não há mais nada para perder.

Estou tentando ser o mais negativo possível quanto a este final de campeonato. O Grêmio que poucos acreditavam era o Grêmio de verdade: tínhamos pegada; se preciso fosse, dar-se-ia a vida por uma vitória. Por tanto tentarei contaminar minhas idéias com o time medíocre e incompetente que falávamos ter. Irei sobrecarregar minha cabeça com pensamentos negativos.
Não se enganem aqueles que pensam que eu desisti. Estou mais vivo do que nunca, forte como sempre. Sou gremista e sei que da adversidade crescemos. O discurso não faz o caráter; a decisão deste domingo, sim.

Se eu não acreditar no time que torço, quem fará isso por mim?

Ganhas ou perca, te sigo aonde for.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A ESSÊNCIA DE UM CAMPEÃO

Por Silvio Pilau

Muitos já devem assistido o comercial "Hitler", da Folha de São Paulo. Caso não, procurem no Youtube. A peça trazia um conceito impecável: o de que, mesmo sem contar uma inverdade, é possível levar o leitor a ter uma interpretação errada sobre determinado assunto. Hitler, de fato, fez renascer a Alemanha. Foi um grande líder, que reergueu um país em frangalhos após a Primeira Guerra Mundial. Mas o texto omitia o fato de que o Führer era um genocida, responsável direto pelo extermínio de seis milhões de pessoas apenas nos campos de concentração. Dizia somente a verdade, mas, ainda assim, construía uma imagem mentirosa de Hitler.

E isto é mais do que comum nos dias de hoje. Recentemente, como já escrevi aqui, passei por um caso desses. Um grande amigo meu envolveu-se em grave confusão na Indonésia. Lendo as primeiras notícias sobre o caso, eu tinha dificuldades em colocar o jovem que eu conhecia como causador dos incidentes. E os comentários das pessoas somente aumentavam minha confusão. Para eles, que apenas liam as reportagens, quem realizara aquilo era um monstro, um irresponsável que atravessou o mundo para destruir famílias. Para mim, era um irmão, uma pessoa a quem eu confiaria minha vida e a vida de minha família, pagando caro por um deslize.

O ditado de que existem dois lados para todo tipo de assunto é verdade. A frase de Nelson Rodrigues sobre a unanimidade ser burra também. Meu amigo cometeu um erro, sim, mas um erro que qualquer um de nós poderia cometer. Por acaso, eu seria um monstro se, em um acidente, tirasse a vida de alguém? Se cometesse um crime em caso de necessidade, seria eu um marginal? E quantos destes "marginais" não erraram simplesmente em função de desespero? A pessoa que fui até o momento merece ser esquecida? As amizades que fiz? Os conselhos que dei? Os relacionamentos que construí? Os abraços que ofereci?

Quanto, afinal, sabemos sobre uma pessoa? Homem algum cabe em apenas uma definição.
E é exatamente por isso que não entro na onda dos xingam os jogadores gremistas neste momento. Já são vários que entraram nesse coral. Dizem que falta vontade à equipe. Dizem que são um bando de mercenários, nada preocupados se a equipe conquista ou não o título. Uma multidão de gremistas está indignada com a postura do time na reta final do campeonato. Para eles, os jogadores não possuem a atitude necessária para jogar em uma equipe do nível do Grêmio. Os atletas são xingados de displicentes, descompromissados e indignos de vestir a camisa imortal.

Não me juntei a essas vozes. Ainda. E meu motivo é simplesmente este que escrevi no longo início desse texto: não posso afirmar algo que não sei se é verdade. Aprendi isso de vez nos últimos meses. Não conheço qualquer dos jogadores pessoalmente. Nunca conversei ou convivi com eles. Não conheço suas personalidades, seus hábitos, sua força diante das adversidades. Não sei o quanto eles sofreram para chegar a uma equipe da grandeza do Grêmio. Até onde sei, podem ser verdadeiros leões, honrosos imortais, esperando por uma chance de despertar esse lado vencedor.

Pois essa chance chegou. E por isso ainda não os julguei. Porque eles ainda podem provar que são vencedores. Ainda faltam cinco rodadas para o final do campeonato e estamos apenas dois pontos atrás do líder. Dois pontos. É pouco, muito pouco. A vantagem é fácil de ser tirada. Mas, para isso, dependemos dos jogadores. Precisamos deles. Este é meu apelo. Para que abraçarem de peito aberto esta oportunidade de provação que estão tendo. Para que mostrem que estou certo ao não pré-julgar e dar-lhes nova chance.

Mostrem-me isso. Contradigam os gremistas mais céticos. Entrem em campo com o sangue fervendo, com a indignação face à derrota exposta em cada poro do rosto. Pisem no gramado pensando que a vida de vocês depende unicamente da vitória. Provem que existe dentro de vocês a fibra da coragem, a iniciativa da liderança e a capacidade de superação. Demonstrem caráter, integridade e sacrifício na atitude de não deixar outro time levar este título. Exibam honra e hombridade.

É disso que são feitos os verdadeiros campeões.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

HOMENS E RATOS

Por Felipe Sandrin


Celso fez milagre com o grupo gremista. Elenco limitado e pressão continua fazem ser uma surpresa a colocação tricolor dentro do Campeonato Brasileiro. Porém, como já disse anteriormente: Roth não é Felipão.

Felipão consegue extrair o máximo de cada jogador. Roth também. Felipão consegue motivar o grupo com seu jeito carrancudo, consegue transpor humildade a aqueles que o seguem. Roth também. Felipão é sujeito simples, de boa índole e que trata as pessoas pelo que são, e não pelo que elas têm. Roth também: sim, Roth e Felipão são parecidos em vários aspectos, mas Roth não tem a estrela de Felipão.

Quando falo de estrela, cito Felipão, mas poderia citar a vários outros. Luxemburgo, por exemplo, que diante do Santos mais uma vez mostrou seu brilho quando pôs Leo Lima em campo e o mesmo deu a vitória ao Palmeiras. É mais fácil o Sargento Garcia prender o Zorro que Celso conseguir algo assim. Lembram a fama de amarelão? Pois é, ele suou pra conseguir, nadou e morreu em várias praias. Pode ele ganhar o Brasileirão que não mudo de opinião: LUGAR DE AMARELÃO NÃO É NA LIBERTADORES.

Falta gaúcho nesse time, é muito jogador de todos os cantos do país. Falta raça, ímpeto e alguém que mostre a esses caras o que é o sangue platino: onde já se viu? Estávamos perdendo o jogo e os jogadores do nosso time caindo dentro de campo, pedindo maca porque tinham tomado pancadinha.

Falta de qualidade se cura com vontade e garra. Ta na hora de tomar vergonha na cara, separar homens de ratos, fracos e fortes. Gremistas e interesseiros. Porque perder ou ganhar é do jogo, mas tirar o pé é pra covarde.

ISSO AQUI É O GRÊMIO, PORRA!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A REALIDADE DÓI

Por Silvio Pilau

O que houve com o Grêmio? Essa é a grande dúvida do momento, não somente na cabeça dos gremistas, mas de todos que acompanham o futebol. A equipe liderou o campeonato por quase a metade das rodadas, somou incrível número de pontos no primeiro turno e apareceu, surpreendentemente, como um time forte e candidato ao título. Sem alarde, sem estrelas, sem glamour, chegou a abrir boa vantagem em relação ao segundo colocado, despertando na torcida o sonho do tri.

No entanto, veio o segundo turno. Veio a queda. Queda de posições, queda de rendimento, queda de qualidade. O Grêmio simplesmente parou. Começou a encontrar dificuldades inexistentes para jogos no Olímpico e praticamente desistiu de jogar fora de casa. Os pontos e as vitórias que vieram foram, em sua maioria, resultados únicos de esforço e dedicação. Vieram pela camiseta, pela torcida e pela falta de qualidade dos adversários. O Grêmio começou a perder para si mesmo.

Este cenário, porém, é ilusão. As coisas não aconteceram exatamente dessa forma. O campeonato tricolor não foi tão preto e branco assim, com um primeiro turno brilhante e um segundo a ser esquecido. Isso é a imagem que temos graças aos resultados. As vitórias e os pontos somados na primeira metade do torneio colocaram uma máscara sobre como realmente é a equipe. Estivemos, todos, cegos. Estivemos tão deslumbrados com a possibilidade de mais uma glória que esquecemos um detalhe: o desempenho atual faz jus à equipe que temos. O engano foi o primeiro turno.

E afirmo isso com certa autoridade. Lembro de dois textos que escrevi há alguns meses. O primeiro foi, se não estou enganado, após o empate contra o Sport na Ilha do Retiro, ainda no primeiro turno. Comentei que a atuação havia sido lamentável e que o Grêmio já não jogava bem havia algumas rodadas. Repito: o Grêmio não jogava bem havia algumas rodadas. Apesar dos pontos somados e das vitórias, as atuações ainda deixavam a desejar. O que o Grêmio tinha ali era algo que falta atualmente: um pouco de sorte.

Outro texto que escrevi tinha o nome “Sorte de campeão”. Disse que tínhamos motivos para acreditar na conquista porque tudo dava certo para o Grêmio. Os astros estavam alinhados. Ganhávamos partidas por detalhes, os adversários derrapavam quanto tropeçávamos e mantínhamos a liderança mesmo sem encher os olhos. A sorte estava ao nosso lado. Vinha, claro, junto do trabalho e do esforço, mas ela existia e fazia a diferença ao nosso favor.

Infelizmente, agora não acontece isso. Demos de cara com a realidade e ela dói. As deficiências técnicas da equipe saltaram aos olhos. Os problemas vieram (lesões, cartões) e as boas atuações começaram a ficar ainda mais raras. O pior? Os pontos também vieram em menor quantidade. Mas não foi de uma hora para outra. O Grêmio ainda é a mesma equipe do primeiro turno. Os jogadores não são piores, o técnico não é mais burro e a torcida não apóia menos. A mesa simplesmente virou. A sorte que estava ao nosso lado parece ter feito as malas e partido.

Por isso, será muito difícil. Será quase impossível. Para o decisivo duelo contra o Palmeiras, temos um incrível número de desfalques. No entanto, ainda acredito. Ainda acho que podemos e iremos ser campeões. Ainda tenho a esperança de que terminaremos o campeonato no lugar mais alto. Chamem-me de louco, de sonhador, de cego. Chamem-me de burro, de ingênuo, de tolo.

Ou me chamem, apenas, de gremista.

domingo, 2 de novembro de 2008

UMA PAIXÃO

Por Eder Fischer


O Grêmio tem que jogar no 3-5-2, com Paulo Sérgio na ala direita, e recuperar junto ao esquema que nos fez campeões do primeiro turno, a raça.

Desculpe a brevidade do assunto futebol no momento mais importante e angustiante do campeonato. Hoje, gostaria da ajuda de vocês no assunto paixão.

Nessa. Nenessa, Nenessinha. Era difícil chamá-la pelo nome que estava registrado em sua carteira de identidade, Vanessa Alcides Brasil. Lembro-me da primeira vez que a vi entrar na sala onde trabalhava. Era a última palavra da engenharia do design anatômico: compacta, atraente e funcional. Seus cabelos levemente ondulados desciam suaves e castanhos até alcançarem seus ombros, formavam a moldura perfeita para o seu rosto. Seu rosto, ah... Seu rosto, rosto de boneca. Bochechas redondas e coradas. Delicado e sutil, permitia-se ser redescoberto com uma beleza espantosa a cada ângulo diferente em que era admirado, não era um rosto comum com linhas básicas, do tipo, bonito, mais sem sal.

Era expressivo. Tinha muitas linhas e curvas, que no conjunto da obra se encaixavam harmoniosamente, como o Grêmio do Felipão. Não existia um ângulo ruim, uma luz ruim ou uma maquiagem ruim. Apesar de achar um sacrilégio colocar maquiagem naquele rosto. Nenhuma Helena Rubinstein sairia impune ao tentar realçar aquela obra. Não estou exagerando, nada poderia estragar aquela beleza.

Certa vez, ela estava gripada, riamos muito, e uma leve coriza translúcida escorreu de sua narina direita. Em qualquer outra mulher, aquilo seria um ranho, mas nela era como uma gota de orvalho pingando da ponta de um lírio. Logo abaixo de suas sobrancelhas bem desenhadas, estavam dois olhos castanhos que se prolongavam através de cílios negros que quase ultrapassavam a fronteira de seu rosto, separando os olhos, um pequeno nariz pouco arrebitado, logo abaixo do nariz e logo acima do queixo, que era levemente saliente, ficava a estrela do filme, a boca. Que podia dar ordens sem falar; que levaria qualquer homem a loucura em dois segundos, com um simples passar de língua no lábio superior; que implorava com um beicinho.

Muitas vezes, me perdi em pensamentos, olhando para ela. O alicerce de tudo isso, o pescoço, que apesar de tamanha responsabilidade, roubava a cena quando o pobre cabelo estava preso.
Por favor, façam este pequeno exercício: ponham as palmas das mãos abertas para frente. Fechem as duas mãos em forma de conchas. Agora afaste os dedos o máximo que puderem tentando não perder o formato de concha. O espaço interno é o volume que os seus seios ocupam. Se Isaac Newton os observasse, a lei da gravidade jamais existiria. A barriga era perfeita. Nela, havia cavas laterais que, juntas, formavam um “V”; arrastando os olhos até abaixo da linha do cós generoso de suas calças, onde supostamente as linhas do “V” se encontravam, coxas torneadas. Os glúteos lembravam um coração de cabeça para baixo. Tudo que qualquer homem precisa em um espaço de 1 metro e 60 centímetros.

Ela atravessou a sala, levando um papel qualquer a sua mão e, junto com ele, os olhares canibais dos homens que ali estavam. As mulheres olhavam-na com um desdém assassino.

No início, desejei-a instantaneamente ao mesmo tempo em que tratei de me convencer de que ela não era para o meu bico: já havia conseguido pegar outras no mesmo nível, mas a fase não era boa, tratei de esquecer. O tempo passou e fomos nos aproximando, nos tornamos amigos. Sabia que ela gostava de mim, não até que ponto, mas gostávamos de conversar no MSN, almoçar juntos e sentarmos após o almoço esperando o horário de começar o trabalho novamente.

Ríamos juntos. Se ela fosse homem, seríamos grandes amigos. Mas, graças a Deus, ela não era homem. Muito longe disso. Comecei a experimentar seus limites, sempre com sucesso, até que, semana passada recebemos a notícia da festa da empresa, que vai ser dia sete de dezembro. Dois segundos depois, recebi um e-mail. Era ela: “Tu vai para me fazer Campânia, né?”

Apesar de estar tudo se encaminhando para uma noite inesquecível no dia da festa, tenho medo de me iludir , de acreditar que dá, de dar o campeonato, digo, o caso, como certo, e na hora “H” receber aquela resposta clichê das mulheres. “Desculpa... somos muito amigos para termos algo a mais”. E ao mesmo tempo, sei que, se não acreditar e me entregar de corpo e alma para esta paixão, não conseguirei nada. Que dilema! Por isso, peço a ajuda de vocês: investir, alentar e acreditar é o único jeito de conquistá-la. Pode ser que não dê certo, e a queda junto com a corneta dos colegas por um fracasso no outro dia seria quase insuportável. Por outro lado, e este é o lado seguro, ficarei na minha, esperando e dando como impossível este caso. Se acontecer? Ótimo! Se não? Ao menos ninguém vai poder falar que eu fracassei.

Neste caso, só há uma certeza. Dia sete de dezembro, alguém irá tê-la em seus braços, ela já avisou que gostaria de uma companhia. Se não for eu, alguém vai se dar bem. Faltando pouco tempo para a festa, um tal de Paulo do financeiro, que é um grande concorrente, mas que não apresentava nenhum risco, começou a chegar como quem não quer nada e, quarta-feira passada, quando sai de perto dela por quatorze segundos, lá estava ele, de gracejos para cima da moça.
Tem também um mineirinho, come-quieto, um carioca e outro paulista, rondando aqueles 1,60m de perdição.

Mas já me decidi. Comecei o ano sem expectativas, a conquistei em parte. Fui sempre o primeiro em sua preferência. Não vai ser agora que vou me entregar. Não sei o que vocês fariam, mas eu, amanhã, estarei lá, na quina do estádio, junto a melhor torcida do Brasil e do mundo, investindo de corpo e alma para que tenhamos um final feliz, prefiro me arrepender por me iludir demais do que por não tentar.

O mais engraçado é que, ao meu lado, senta um colega marrento, o Gigante, que, apesar de se vangloriar do apelido, o chamamos ironicamente assim por ele ser baixinho. Assim que viu a Nessa, me disse: “esta aí já ta no papo.”

Andou ganhando uma promoção há dois anos. Ele tem grana, é apresentável, mas se esqueceu que, antes disso, ele era o desconhecido responsável pela manutenção e serviços gerais da empresa. Conseguia alguns simpatizantes, apenas, pela sua humildade (a mim, ele nunca enganou). E agora anda dizendo que é melhor que todo mundo. Resultado: Já tomou nos dedos várias vezes da moça. Com ela, não tem mais chance nenhuma. Mas o cara não baixa a crista. Outro dia, pegando um cafezinho, o ouvi falando que ia pegar uma castelhana de segunda, a Sula, que trabalha no almoxarifado. E não é que ele ainda se vangloriava: “Ta vendo a Sula? Eu vou ser o primeiro da empresa a dar um trato nela.”

Coitado, mal sabe ele que o assistente Júnior da diretoria, o qual apelidamos de Boca, também ta louco pra se dar bem com a moça.