quinta-feira, 27 de novembro de 2008

BALANÇO

Por Silvio Pilau

Como afirmei no meu texto anterior, joguei a toalha. Não adianta. Por mais apaixonado que seja, por mais acostumado que esteja a provas incríveis de superação Tricolor, o Grêmio não será o campeão brasileiro de 2008. O problema não é mais nem o Grêmio. Acho que podemos, sim, vencer as duas partidas que faltam. A dificuldade é o São Paulo, no momento atual, somar apenas um ponto nas rodadas que faltam. No entanto, tenho absoluta certeza de que estaremos na Libertadores do ano que vem.

Diante disso, com tudo definido, acho que é possível fazer um balanço do ano que passou. Foram doze meses distintos, divididos em duas partes. Em ambas, tivemos decepções. Porém, elas vieram por motivos diferentes. No primeiro semestre, as expectativas eram altas. Gauchão e Copa do Brasil eram dois títulos possíveis. O primeiro, então, parecia estar marcado para nós. As duas quedas – para um time da segunda e um da terceira divisão – causaram um verdadeiro terremoto no Olímpico. O futuro parecia negro para o campeonato nacional.

No entanto, ocorreu o oposto. Contra todas as previsões, o Grêmio disputou as primeiras posições desde o início, surpreendendo não somente o Brasil como a própria torcida. A esperança começou a surgir. Falar em título tornou-se corriqueiro. Por isso, a decepção. O próprio time ergueu as expectativas da torcida e não vê-las cumpridas foi uma frustração tão grande ou até maior do que a ocorrida no primeiro semestre. O título esteve em nossas mãos e deixamos escapar.

Olhando para trás, porém, saímos no lucro. Antes do campeonato, falava-se em evitar o rebaixamento e encerraremos o campeonato em uma das primeiras posições e com vaga assegurada para a Libertadores da América. Quem disser que esperava algo mais do que isso após o desastre do primeiro semestre estará mentindo. O Grêmio, com a desconfiança da torcida em relação ao grupo e com o repúdio declarado dos torcedores em relação ao técnico, encerra uma belíssima campanha com passagem para a mais importante competição sul-americana.

Em relação à equipe, muito deve mudar. Muito mesmo. Conto no dedos os jogadores que gostaria que ficassem: Victor, defensor das traves, atualmente o melhor goleiro do Brasil; Réver, o gigante intransponível, um dos melhores zagueiros do campeonato; e Rafael Carioca, volante de técnica e desarme impecável. Estes são os medalhões. Os únicos jogadores acima da média do elenco. É a partir daí que o resto do grupo deve ser construído.

Claro que outros podem ficar. Pereirão, pelo seu grande ano. Mattioni, Douglas e Héverton, pelas promessas. Léo, que, apesar de um ano irregular, é um zagueiro de talento. Magrão, que provavelmente jamais repetirá o ano que teve, mas é um bom jogador de grupo. E só. Estes são os que possuem condições de continuar vestindo a gloriosa camisa tricolor. O ataque pode ir embora. Tcheco, fraco, lento e medroso, pode voltar para a Arábia. Os laterais, bom, esses ninguém viu durante o ano.

E o treinador? É inegável que Roth fez um trabalho fantástico. Ele errou muitas vezes, claro. A torcida sempre o vaiou, claro. Mas ele levou uma equipe incrivelmente limitada a algo inimaginável como a vaga na Libertadores. Mais inacreditável ainda, liderou pela maioria do campeonato e brigou pelo título até o final. Roth merece crédito por isso. Não merece, porém, continuar.

O técnico teve sua chance. Se tivesse ganho algo, eu aceitaria a sua permanência. Mas a torcida simplesmente o odeia e não há clima para seguir treinando o Grêmio. Não mais uma vez. A direção o segurou no início do campeonato e a aposta deu certo. Quais as chances de dar novamente? O ciclo de Roth encerrou no Grêmio. O Tricolor precisa de um técnico novo, de atletas diferentes e da mesma torcida. Assim, com essa reformulação, poderemos disputar o título da Libertadores.

Era o que faria se fosse dirigente. Será que eles farão?

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