terça-feira, 18 de novembro de 2008

O PESSIMISMO COMO ARMA

Por Felipe Sandrin

Mesmo o pessimismo pode se tornar uma arma: foi ele que ditou nosso ano e está nele a chance de ganharmos este campeonato. Observem as competições que disputamos nesta temporada: no Gauchão, fomos de favoritos invictos para vítimas de nossos eternos fregueses caxienses. Na Copa do Brasil, fomos de copeiros para vítimas de um clube da terceira divisão. Foi então que a humildade entrou em campo, passamos a ser vistos como o patinho feio do Brasileirão. O time dos baixos salários, dos jogadores medíocres que tentariam não rebaixar o clube.

Dominamos o primeiro turno: para cada partida que diziam que iríamos finalmente decair, elevávamos o ânimo. O time superou adversários e adversidades a cada rodada, logo, algumas pessoas começaram a achar possível nosso título. Terminamos o primeiro turno com o recorde de aproveitamento desde que surgiu tal fórmula no campeonato. Passamos a ser temidos, nossos jogadores deixaram de ser medíocres para se tornarem de qualidade. E então veio a decadência, derrotas inesperadas junto a atuações lastimáveis. Perdemos a liderança e o respeito. Estava tudo perdido, diante o Palmeiras aconteceria o último ato, nosso ano chegaria ao fim. Eis que então do pessimismo urgiu a força e dela nasceu a vitória, o ânimo incontrolável e a pergunta: será que ainda dá?

Diante do Coritiba não lotamos o estádio pela vitória, mas sim pelo milagre: conseguimos vencer não porque acreditávamos, mas sim porque temíamos o pior. Se formos para o jogo de domingo como favoritos, o campeonato acabará, tomaremos um sacode e, anotem ai, não vai ser 1 a 0 não. Seremos goleados por um time sem pretensões no campeonato.

Toda vez que achamos que o Grêmio é capaz de conquistar este título, transmitimos tal pensamento para os jogadores, e eles acabam acreditando em nossa mentira. Eles acabam pensando que jogam mais do que realmente jogam e ai eles acabam não jogando nada.

Eu acredito neste título não porque temos jogadores bons, mas justamente pelo fato de nosso time ser ruim: você pode ser um alfinete, mas conheça sua limitação para assim saber que deves atacar direto no coração. A chance pode ser pequena, mas só pelo fato de existir já torna o pequeno grande, e o fraco muito mais forte do que aparenta ser.

Esse é um dos segredos que faz com que simples jogadores se tornem grandes no Grêmio. É aqui que muitos aprendem que o futebol vai além do que você é, para tornar-se aquilo que você realmente deseja ser.

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