quinta-feira, 9 de abril de 2009

DENTRO DE CAMPO.

Por Silvio Pilau


Quero fugir um pouco da história do treinador. É só nisso que se fala na última semana. Para a alegria de todos e felicidade geral da nação, Celso caiu. Foi-se. Com malas cheias de dinheiro, mas já era. Um peso saiu do Olímpico e o clima já ficou um pouco melhor. Quem virá, não sei. Autuori é bom treinador, Renato é inexperiente, mas identificado com o clube. Tenho medo em afirmar que a direção sabe o que está fazendo, mas só nos resta esperar.

Quero falar sobre os que entram em campo. Sobre aqueles que têm a honra de vestir e defender essa camisa pintada de glórias em três cores. E quero, acima de tudo, acalmar todos vocês. Quem pensa que temos um time ruim, está enganado. Temos uma equipe boa, sim. Capaz de disputar títulos. Claro que precisa de melhorias, mas está longe de ser um elenco fraco como vem sendo propagado por aí. Com um treinador competente e um pouco mais de tranquilidade, o ano pode ser muito bom para todos os gremistas.

Vejamos. Victor é craque. Uma das poucas unanimidades do time. Ruy, por outro lado, é um jogador mediano. Ou, talvez essa palavra defina-o melhor, regular. Após um belo início, vem há algum tempo apresentando atuações apagadas. Mas, fato: não há substituto. Makelele é um bom reserva, porém nada mais que isso. Serve para tapar buraco, tem muita vontade e não compromete, só que tenho absoluta certeza de que, caso vire titular, cairia rapidamente no ódio da torcida.

Réver é um grande jogador. Atualmente, um dos melhores zagueiros do Brasil, ainda que esteja um pouco aquém do futebol do ano passado. Léo, pelo contrário, está mais firme e seguro, recuperando-se dos altos e baixos da última temporada. Os dois são a base sólida da defesa, que conta ainda com Rafael Marques, um zagueiro que, ao menos até agora, se não provou nada de genial, tem dado conta do recado. Esse é o trio titular da defesa – se o próximo técnico continuar no 3-5-2, claro. Thiego é banco. Ou melhor, Thiego é jogador de segunda divisão do Gauchão. Não sabe marcar e é absurdamente tenebroso com a bola nos pés. Minha sugestão é trocar por uma bola para os treinos.

Já o que acontece na esquerda eu não consigo entender. Leio em notícias que a direção está prestes a dispensar Jadílson. Sou só eu ou mais alguém prefere ele a Fábio Santos? Jadílson é um dos poucos do time que tenta alguma coisa diferenciada, parte para cima do adversário e, além disso, tem um cruzamento razoavelmente bom. Não é o melhor marcador, mas é uma ótima opção para um time organizado. Fábio, ao meu ver, é um jogador comum, que cumpre seu papel sem oferecer nada além do óbvio. Sou muito mais Jadílson.

No meio, nosso guri Adílson. Já escrevi aqui outra vez que ele tem tudo para se tornar ídolo da torcida. É um excelente marcador, com ótimo tempo de bola, e tem qualidade para jogar com categoria. Por vezes, lembra-me Lucas. Adílson ainda precisa de um pouco de amadurecimento – ainda tem um preciosismo que volantes não podem ter –, mas é ótimo jogador. E, se os boatos sobre a volta de Rafael Carioca se confirmarem, é possível afirmar que teremos dois dos melhores volantes do país em nosso time.

Tcheco é banco. Quem me lê há algum tempo sabe que não gosto dele. Sei que cada vez que escrevo isso sou xingado por muitos, mas também a cada dia encontro outros torcedores que não aguentam o "capitão". Lento, fraco (tanto física quando psicologicamente), sem habilidade alguma, medroso em jogos mais difíceis. Não concordo nem mesmo com quem afirma que ele bate bem na bola; todos os seus gols de falta no Grêmio foram falhas dos goleiros e seus cruzamentos são aquilo que se chama de "chuveirinho", verdadeiros balões para a área.

Infelizmente, não temos quem colocar no lugar dele. Ao menos por enquanto. Se a contratação de Renato for confirmada, Tcheco deve ir para a casamata imediatamente. Renato é muito mais jogador que ele. Mas, enquanto isso, continua. Douglas realmente ainda não mostrou o tão falado talento. Souza, porém, é titular. Sim, ele acha que joga mais do que realmente joga. Sim, ele pensa que é craque enquanto não o é. Mas é o melhor jogador do Grêmio. Rápido, habilidoso, com um excelente chute. Souza é a maior arma gremista, porém precisa de mais humildade. Precisa entender que não vai ganhar jogos sozinho. Precisa de um treinador ao lado gritando no ouvido para que jogue em função do time.

Então, chegamos ao ataque. Ah, o ataque. Nosso "que-coisa-mais-difícil-fazer-gols" ataque. Para deixar claro, os titulares são Jonas e Alex Mineiro. Ponto final. Jonas é a grande surpresa do ano. Saiu daqui um perna-de-pau e voltou sabendo jogar bola e até fazer gols. Está, acima de tudo, em excelente fase. Já Alex Mineiro é um ótimo jogador. Tudo bem que ainda não começou a guardar, mas tenho certeza de que irá fazer. E é um atleta extremamente inteligente, capaz de fazer o pivô e tabelar de primeira. Um jogador importantíssimo para se ter no ataque.

Os hermanos, ao meu ver, são reservas de luxo. Herrera, que nunca foi grande coisa, é um bom suplente. Sua vontade e dedicação podem funcionar como armas secretas para o segundo tempo de um jogo difícil, com os adversários cansados. Mas ele não tem talento e habilidade para mais do que isso. Em relação a Maxi Lopez, ainda acho difícil afirmar alguma coisa com mais propriedade. La Barbie (que apelido, hein?) é tão esforçado quanto seu companheiro conterrâneo, mas parece sofrer da mesma falta de intimidade com a pelota. Possui mais presença de área, porém, seu lugar é entre os suplentes.

Como ficaria a minha escalação? Seguindo o 3-5-2: Victor; Réver, Léo e Rafael Marques; Ruy, Adílson, Tcheco, Souza e Jadílson; Jonas e Alex Mineiro. Se vier alguém pro meio (vem, Renato), Tcheco no banco. Claro que essa é a minha opinião. O futuro técnico terá um time interessante para trabalhar. Superior ao do ano passado, quando não tínhamos atacantes ou laterais. Ou seja, se com aquela equipe chegamos ao vice do Brasileirão, não é disparate nenhum sonhar com o nacional ou mesmo com a América.

É com vocês, direção.

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