terça-feira, 14 de abril de 2009

O NEGÓCIO DELES NÃO É O GRÊMIO.

Por Ricardo Lacerda


Em entrevista veiculada nesta segunda-feira pelo tradicional jornal chileno El Mercurio, o zagueiro da Universidad do Chile Osvaldo González afirma: "É uma semana chave para a gente. É a mais difícil. Jogamos a classificação para a segunda etapa da Libertadores com o Grêmio. Ganhando, estaremos com um pé dentro.” A tal “semana chave” começou a ser debatida exaustivamente pela imprensa local desde ontem e encerra-se somente no próximo domingo, no clássico diante do Colo Colo, no Estádio Nacional, em Santiago. O jogo pode derrubar o técnico do rival, que faz sua pior campanha desde 1988 e não vence há seis jogos pelo Apertura.

Apesar da situação delicada do Colo Colo, ledo engano pensar que o clássico que se avizinha não nos diz respeito. Deixem-me traduzir o restante da declaração do zagueiro da La U que destaquei antes: “E o clássico, todos queremos ganhar. Me doeu jogar um que perdi, e quero a revanche. É motivante jogar estas partidas. A gente se doa ao máximo e é aí onde se pode ver os jogadores de verdade, é algo que fica gravado para sempre.” Apesar de valorizar a partida de amanhã pela Libertadores, a cabeça de todos da La U está de fato no Colo Colo. E nós, gremistas, mais do que ninguém, sabemos que quando a cabeça de jogadores e comissão técnica está alhures, não há santo que faça o time render.

Vejam bem o que nos convém. La U é o segundo colocado no campeonato chileno, com dois jogos a menos e sete pontos atrás do Unión Española, que tem 28. O Colo Colo ocupa a modesta 15ª colocação num campeonato com 18 times. Pareceria jogo jogado para La U, não fosse o status de clássico. Como bem sabemos, sejamos gremistas, universitários ou colocolenses, perder um clássico é brabo. Ainda assim, é bom lembrar que o nosso foco está na Libertadores. Muito diferente disso é o pensamento do treinador do La U, Sergio Markarián. Está lá no El Mercurio de hoje, e bem grande, a frase de Markarián: “Me dói mais perder no Campeonato [Apertura] do que na Copa”. Feito! Que percam na quarta e ganhem no domingo. É assim que o Grêmio precisa encarar esta partida de amanhã.

O jogo tem importância fundamental por vários aspectos. Não estamos disputando mais nada além da Copa. Vencendo, garantimos a classificação em primeiro lugar do grupo. E mais: fazendo os três pontos, freamos a possibilidade de La U nos tomar a primeira posição, o que seria uma teta para eles, já que enfrentam o Aurora na última rodada. Outra: vencendo fora, podemos trazer para o Olímpico, contra o Chicó, a possibilidade de encerrar a primeira fase na segunda ou terceira colocação geral, o que garante vantagens nos mata-matas. Captou? Por isso eu digo que o Grêmio precisa encarar esta partida como uma decisão. Se o objetivo é mesmo vencer a Libertadores – e é! –, amanhã à noite não podemos fazer corpo mole ou então nos contentar com empate. Nada disso. Aqui, eles vieram fechadinhos... voltaram virgens à terra de Allende e Neruda por força de um milagre divino. Lá, a tendência é de que ataquem. Aí vai ser a vez de usar a velocidade do contragolpe.

Faz, Xuxa! Acerta o gol, Jonas! Passa a bola, Souza! Já me vejo nervoso no boteco. Faz parte, e espero que eles cumpram aquilo que todos nós, gremistas, pedimos. Espero, também, não ter que pedir pro Tcheco correr ou não ter chiliques. O que eu mais quero é que ele corra e jogue muita bola. Que me cale a boca quando fico esmurrando a mesa e rezando para que venha logo o Renato (o meia). Enfim, aí entramos noutra discussão. Por hoje é só. Me voy. Não ao Chile, infelizmente. Apenas ao boteco.

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