segunda-feira, 13 de abril de 2009

ROOTS, BLUE BLOOD´S ROOTS.

Por Eder Fischer


Envergonho-me em dizer que, somente, na última terça-feira, fiz a minha estréia no Olímpico neste ano de 2009. Não teve nada a ver com o fato de ser um jogo de Libertadores ou por não estarmos mais sobre o comando do ex-técnico... ? Quem era mesmo nosso ex-técnico? Bom, dá pra perceber que não foi por ele, pois nem lembro mais a sua (des)graça. O motivo foi a crise. Não a crise que a imprensa quis nos impor após perdemos o campeonato mais importante do mundo, o Gauchão. Nem a crise mundial, e sim a crise financeira particular que me açoitou nos últimos três meses, e antes que precisasse procurar um grupo de ajuda pela abstinência de arquibancada, resolvi tirar de onde não tinha, não foi só os 20 pila do ingresso Dois meses atrasados mais estacionamento o cachorro na saída e os dois “latão” na chegada me levaram a gastar 100 Reais para rever o meu Grêmio. Valeu a pena.

No sábado anterior ao jogo, tinha conversado com um amigo, o Paulo, que me disse que a torcida Roots, estava atrás da outra goleira e que o Paulão tinha ido pra lá sendo seguido por alguns outros. Sob o efeito de alguns copos de ceva, não dei muita importância. Chegando no estádio o telefone toca, era o Paulo. “portão 18! Entra no 18!” dizia ele um pouco eufórico. Ok. Encontrei alguns amigos e entramos no 18, fiquei por ali. Quando faltavam 5 minutos para o inicio da partida um amigo falou: “aqui ta fraco, vamu pru fervu”. Dei uma última olhada, nada acontecia, também, nada do Paulo, então fomos para a outra extremidade do estádio. Enquanto nos acomodávamos dei uma olhada em direção ao outro lado de onde havíamos acabado de sair. Porra! Eles Brotaram do nada! Pensei. E lá estavam eles, com barras, faixas e trapos, tão animados quanto a Geral de um tempo atrás.

Não tenho nada contra a Geral atual, mas da metade do ano pra cá, comecei a notar um comportamento diferente de quando ela começou a se formar. Cheguei inclusive a escrever alguns textos sobre isto. Começa o jogo, e algumas adolescentes a minha frente gritavam pelo Leo enquanto o Rever partia para o ataque, a entonação do canto diminuía quando o time perdia a bola, e até vaias isoladas podiam ser ouvidas algumas vezes, olhava para o outro lado e via aqueles caras que pareciam terem se materializados do concreto frio do Olímpico, mesmo em minoria, não parar de cantar um segundo. Volto meus olhos para o campo quando uma das adolescentes me pede que tire uma foto das três. Mirei e disparei. “Espera, espera! Deixa agente se ajeitar” esperei, bati de novo, devolvi a máquina e voltei minha atenção ao jogo, ou melhor, tentei, pois pediram que eu tirasse outra foto, a ruivinha tinha piscado. Minha cara deve ter demonstrado que aquela seria a última, pois, apesar de ter ficado tremida, não pediram mais. Termina o primeiro tempo e o pessoal começa a se sentar na arquibancada, mas não o pessoal do 18, eles continuam cantando. No final do jogo entre os gritos agudos começa uma das músicas novas sob o compasso de palmas que me fez lembrar o auditório do Silvio Santos, a música era uma versão de “whisky a go go” que é, em sua maior parte falada do que cantada, o refrão era bacana, e só.

Não acho que exista mais gremistas ou menos gremista, mas existem maneiras diferentes de torcer. Apesar de estar sempre por ali, nunca ninguém ouviu sair da minha boca que sou da Geral do Grêmio. Sou Grêmio. E isto me basta e é assim que todos devem pensar, acima da Geral, do Leo, do novo técnico escolhido ou do ex-técnico que não lembro o nome. Na quarta-feira falei com o Paulo de novo e vi seus olhos brilharem enquanto falava de como tinha sido junto à torcida do portão 18. Este texto não teve a intenção de dizer quem é melhor ou pior, sonho com o dia em que verei uma torcida única, mas por enquanto não posso dizer que no próximo jogo estarei na quina do estádio, mas posso dizer que estarei junto a, ainda, melhor torcida do Brasil e do mundo, seja nas cadeiras, sociais ou qualquer parte das arquibancadas, pois o que importa é estar lá pelo Grêmio e nada mais.

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