domingo, 26 de abril de 2009

NÃO VAI DAR.

Por Felipe Sandrin

Seria mais fácil ter-se entregue à força dos rivais, aceitar a mediocridade, apenas lamentar-se dizendo "não vai dar". Mas sei lá de onde vem esta força que faz-nos lutar, querer tanto a ponto de não importar o técnico, elenco ou diretoria; desejar com tanta força que o principal se torna detalhe, e o fundamental vira somente vencer, não importa como, mas vencer.

Já presenciamos pessoas desacreditadas lutando por pedaços de grama em finais inesquecíveis, jogadores que venceram a descrença e mostraram seu valor: Ora, se o Grêmio é um clube diferenciado justamente por não desistir, por da dificuldade fazer força, por que não acreditar neste título de Libertadores?

Fomos nós que nos denominamos imortais, herdeiros da garra que não sucumbe, do pranto que se eleva para a glória; fizemos jogadores, fizemos gremistas acreditarem em nossa mística camisa. E se isto fizemos, quem nos difamará fazendo-nos desistir?

Mal intencionados, desagregadores, sempre estão presentes. Em qualquer derrota ou conquista, lá estão eles: quando eles vencem, nós perdemos; mas quando passamos por cima deles, quando o ego não é maior do que a fome por uma conquista, é ai que a mais remota chance vira a mais gratificante luta.
Eu não sei se o Grêmio vai ganhar esta Libertadores. O que vejo hoje são apenas números: primeiro colocado, classificado, gols pró, gols contra, melhor pegando pior, pior jogando a primeira em casa e segunda fora. Tudo convertendo-se em números. Mas o Grêmio pouco faz com números, pois ele nunca foi números: o Grêmio sempre foi coração, camisas molhadas, travas deslizando gramados, uma torcida eufórica que por 90 minutos não parava de cantar e encantar até mesmo o povo das sociais e jogadores de outros times.

Estar com um técnico interino? Má administração por parte de diretores? Desde quando isso é problema?

Eu só transformarei minha confiança em medo quando, olhando para as arquibancadas do Olímpico, não mais ver os guerreiros que lá sempre estão. Aqueles que trabalham para manter a mensalidade em dia, que saem antes do serviço para poderem ver um jogo às 19 horas, que, ganhando 800 reais, destinam 170 para uma camiseta.

Sim, seria mais fácil dizer "não vai dar". Mas você conhece algum gremista que diga isso e não assista mais aos jogos do Grêmio? Que não siga a comprar camisas e pare de usá-las do dia pra noite?

Somos assim, a gente vive falando em desistir para que, quando outros passem a acreditar, eles se surpreendam e nos vejam lá, com a mesma fé, a mesma força, erguendo novamente a mesma taça, que em outras épocas também dizíamos: não vai dar.

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