segunda-feira, 13 de abril de 2009

Á DERIVA.

Por Silvio Pilau


Passei um bom tempo da minha infância dentro de um veleiro. Ou melhor, de vários veleiros. Meu pai é um apaixonado por navegação e pelo mar e costumava levar toda a família para passeios de barco. Vivendo em Porto Alegre, a maioria deles ocorreu nas turvas águas do Guaíba. Claro que, quando havia a oportunidade, pudemos explorar outros mares. Guardo como uma das melhores viagens da minha vida uma que fizemos pela costa do Brasil, de Angra dos Reis até Recife.

Então, tenho uma certa experiência em navegação. Mínima, quase inexistente, mas já vivenciei o dia-a-dia de uma viagem a barco. E sei, principalmente, da importância de um capitão. A presença de um comandante é absurdamente fundamental. Não só por – teoricamente – possuir mais conhecimento sobre o assunto do que qualquer outro a bordo, mas também por ser a referência, a liderança. Um capitão deve guiar e indicar o melhor caminho, mas também transmitir segurança e tranquilidade.

O Grêmio está entrando na segunda semana sem um capitão. Somos, nesse momento, um barco à deriva, comandado apenas por marujos. Estamos sem a figura de que serve como lastro, sem aquele que deveria ser o nosso maior líder. Ao que tudo indica, esse barco ainda não perdeu o rumo. A vitória frente ao Aurora serviu para que não saíssemos do curso. No entanto, é difícil afirmar como a falta de um comandante está afetando a equipe. Saberemos disso somente no próximo jogo contra o Universidad.

O fato é que não podemos continuar assim por muito tempo. A cada novo dia que amanhece sem um comandante no Olímpico, mais e mais dúvidas começam a se formar nas mentes dos torcedores e dos próprios atletas. Isso, se ainda não deixou a todos perdidos, em breve poderá fazer isso. Claro que a escolha de um novo treinador deve ser cuidadosa, mas ela não pode ser demorada. Não pode se transformar em uma novela. E novela tem sido a palavra perfeita para definir essa direção – tudo parece uma negociação sem fim.

Pelas informações que possuo, virá Autuori. Uma boa escolha. Um treinador experiente e, ao contrário do nosso último, vencedor. Autuori tem duas Libertadores no currículo. Não ouso afirmar, porém, que é a melhor opção. Certamente não é um profissional barato e talvez seja muito badalado para um clube como o Grêmio. Mas é um bom técnico. Existem outras possibilidades, ainda que poucas e provavelmente sem a mesma capacidade de Autuori.

Na verdade, acho que, nesse momento, o nome a ser divulgado não importa tanto. O fundamental é definir de uma vez quem será o chefe. Quem será o capitão. Já está na hora de parar de enrolar para não deixar o clima de indecisão prejudicar a nossa navegada. Precisamos, urgente, de um comandante. Por enquanto, o barco tricolor segue no curso. Mas por quanto tempo? Quanto tempo até os marujos começarem a criar dúvidas? Quanto tempo até os rumores de motins começarem a surgir?

Acorda, direção. Precisamos logo de um capitão no barco para que possamos conquistar mais uma vez esses mares e terras sul-americanos.

Nenhum comentário: