quarta-feira, 6 de maio de 2009

O CAMPEONATO MAIS IMPORTANTE DO ANO.

Por Gustavo Foster


Começa neste domingo o campeonato mais importante do ano. E com "mais importante" eu me refiro menos à grandiosidade do título e mais à vontade da torcida e do clube, como entidade, em ganhar este campeonato. Ganhamos infinitos Gauchões, uma confortante Copa do Brasil, uma insuperável Libertadores da América, um heroico Mundial de Clubes. Tudo isso desde 1979. Mas, desde aquele ano, não ganhamos um sequer Campeonato Nacional. É o que falta a essa geração vencedora, à qual me incluo.

Nós, de 15, 25, 30 anos, vimos o Internacional honrar o nome como nunca antes havia feito, dando a volta ao mundo e vencendo todo e qualquer time, da Azenha à Barcelona, vimos o Colorado elevar-se a um nível acima e pairar, lá em cima, flutuando sobre todos os outros clubes do mundo, como quem olha e diz, para todos ouvirem (mas principalmente a torcida): "Hoje, eu sou o melhor time do mundo".

Vimos isto, mas não vimos o nosso clube do coração conquistar o Brasil. É o que nos falta, e 2009 é o ano em que temos tudo para conquistá-lo. Há muito se diz isso, eu sei, mas 2009 é diferente, como sentencia Marcelo Benvenutti. Em anos anteriores, fazíamos campanhas de satisfatórias a excelentes contra times da ponta ascendente, de nível maior, de qualidade superior. São Paulos, Palmeiras, Flamengos, Cruzeiros nunca nos meteram medo. O problema era contra times considerados pequenos, fáceis, ganhos. O desempenho contra esses, que deveria tender ao 100%, era pior do que o anterior ou, no mínimo, de resultado lamentável.

No ano do Centenário – mesmo ano em que se completam 30 anos do último Campeonato Nacional, conquistado pelo timaço da década de 1970 –, o Inter porta-se de maneira diferenciada. Contra os melhores, apresenta dificuldades aceitáveis e ganha de maneira equilibrada. Quando enfrenta adversários mais fracos, joga como se jogasse qualquer outro jogo e aplica o resultado de forma natural. Se a diferença de qualidade entre o Inter e o adversário for liquidante, avassaladora, implacável, o placar, abdicando do papel injusto por vezes concedido, mostrará a quem quiser ver números verdadeiros e, fazer o que, humilhantes. Números não mentem.

Trinta anos depois, o Inter conquistará o Campeonato Brasileiro. Os adversários, em cinco meses, ficam claros e expostos: um Corinthians ascendente da Divisão do Limbo, com Ronaldo agora desempenhando uma função mais "centroavante-espigão"; um Cruzeiro com Kleber e Ramires, bem na Libertadores e impiedoso no estadual; um Grêmio com Souza comendo a bola e Rospide encarnando o Felipão no Grupo dos Mortos; um São Paulo sempre de butuca e mais algum que corra por fora. Sport, Palmeiras, Santos não chegam. O resto fica entre a 7ª e a 20ª colocação, por ordem de chegada.

Vejo nesse time de Tite o foco do Inter de Abel em 2006. Os jogadores dormiam com um olho fechado e um olho no adversário. Cada um dos 38 jogos deste campeonato devem ser jogados como contra o Barcelona. Esqueçam lesões, esqueçam cartões, esqueçam tudo. Todos os zagueiros são o Puyol e todos os goleiros são Victor Valdez. Só precisamos de um gol. O Índio sangra o nariz mas segura a onda lá atrás. Foco, que venceremos.

Time para isso nós temos.

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