quinta-feira, 7 de maio de 2009

A DIFERENÇA.

Por Silvio Pilau


Mano Menezes é um grande técnico. Hoje, certamente está entre os melhores do Brasil. Seu Corinthians é uma equipe muito bem armada e consciente, além de contar com um gênio que, mesmo fora de forma, é capaz de fazer a diferença no futebol brasileiro. Mais do que isso, Mano demonstrou seu talento aqui mesmo no Grêmio, em temporadas de surpreendente sucesso com elencos de qualidade duvidosa. Foi ele o homem que encarou a pedreira da Série B e, pouco mais de um ano depois, disputava a final da Libertadores contra o Boca Juniors.

Então, Mano Menezes é, sim, um grande técnico. Mas Mano tem um problema: os jogos fora de casa. Sem a intenção de ofender esse treinador que tanto fez por nós, afirmo que Mano é extremamente covarde em partidas longe de seus domínios. Aqui, no Grêmio, essa condição foi latente. E isso está ficando mais claro agora, no Corinthians. Por exemplo, na semifinal contra o Santos, na Vila, o Timão jogou retrancado e somente não perdeu porque Kléber Pereira não estava em uma noite inspirada, ao contrário do goleiro Felipe, e porque o gordo fez a diferença. O jogo contra o Atlético na Arena foi igual: tomando três na cola, o Corinthians conseguiu achar dois gols no finalzinho que deram tranquilidade para definir no Pacaembu.

E todos aqui lembram a campanha gremista na Libertadores de 2007, sob o comando de Mano. Com a torcida apoiando como nunca um time desacreditado por muitos, o Tricolor foi eliminando adversário após adversário até o confronto final com Riquelme. Aquela equipe, porém, passou por incríveis dificuldades fora de casa. Nas partidas de mata-mata, por exemplo, o Grêmio perdeu todos – repito, todos – os jogos longe do Olímpico e precisou sempre apelar para a imortalidade e para a torcida para reverter o placar e se classificar. Foi uma campanha magnífica, que encheu a todos os gremistas de orgulho pela superação, mas uma campanha irregular e cheia de percalços graças às partidas fora de casa.

Essa é a principal diferença de 2007 para 2009. O Grêmio de agora é um time que não tem medo de encarar o inimigo na terra dele. Não é mais uma equipe caseira, que joga somente com a torcida ao lado. O Tricolor de Rospide (e, vá lá, de Celso também) tem 100% de aproveitamento em jogos fora de casa nesta Libertadores. Vencemos todas as partidas disputadas nas plagas adversárias, inclusive a importantíssima vitória de ontem contra o San Martín. Se o Grêmio daquela Libertadores se tornava o Grêmio que conhecemos apenas no Olímpico, o de hoje consegue fazer jus à história de glórias também longe de nosso estádio.

E isso pode fazer toda a diferença para um time campeão. Claro que cautela é fundamental; não dá pra ser temerário ao ponto de se jogar para o ataque sempre, acreditando ser possível vencer todas as partidas. O Grêmio ainda está para enfrentar um adversário qualificado contra o qual será muito difícil vencer longe daqui. Mas, por enquanto, está fazendo o seu papel. Mesmo quando não joga bem, está vencendo. E, sabemos todos, o título não vai para quem joga melhor, mas para quem vence. Entre futebol arte e resultados, fico com o segundo.

Fora de casa, o nosso Grêmio de agora não joga mais como um time pequeno, como fazia aquele de Mano Menezes. Hoje, jogamos como time grande. Jogamos como o Grêmio. Jogamos como um time com postura de vencedor da Libertadores. Como um time pronto e focado para conquistar a glória. Um time que não se diminui, que encara o adversário de frente sem se encolher. Um time que demonstra não tremer as pernas longe do abraço de sua torcida e que cresce de maneira espetacular com o apoio dela. Um time com atitude de campeão.

Na minha opinião, a equipe de hoje não é tão boa quanto a de 2007. Acima de tudo, receio que possamos ter um choque de realidade quando pegarmos um adversário verdadeiramente qualificado. Mas estamos no caminho certo. Estamos fazendo – muito bem – a nossa parte. Inclusive e especialmente fora de casa, o que é fundamental em um torneio como a Libertadores. Por isso, mesmo considerando Mano Menezes é um grande técnico, afirmo sem pestanejar que levo muito mais fé no Grêmio de hoje.

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