segunda-feira, 4 de maio de 2009

Por Ricardo Lacerda

Desde quinta-feira estou abrigando um casal de amigos do Rio de Janeiro que se queda até o próximo sábado. Ele, flamenguista roxo, é baita simpatizante do Tricolor. No feriado de sexta-feira, fomos aos dois estádios. Passamos pela frente de um Beira-Rio movimentado, mas sem descer do carro. Depois de dar uma volta por Ipanema, chegou a vez do Monumental – afinal, o melhor sempre se deixa para depois.

Batemos fotos, fomos às arquibancadas, compraram camisa... tinha bastante gente. Os números já marcam dois mil novos associados desde a partida diante do Boyacá, chegando aos 54 mil – sem contabilizar gatos, cachorros e papagaios, vale ressaltar. Na volta para casa, meu amigo Carlos disse, contente, que não esperava por isso, porque no Rio tem que pagar pra entrar no Maracanã, por exemplo.

Fanatismo à parte, senti orgulho de percorrer Porto Alegre e observar coisas que muitas vezes passam despercebidas. Entre elas, a quantidade de gente com camisas de Grêmio e Inter – além de meu amigo com a sua rubro-negra, é claro. Outra coisa que os deixou surpresos foi a limpeza da cidade e o grau de arborização. Não sei se pegaram uma semana de sorte, mas o fato é que a capital está mesmo limpa – ao menos as grandes avenidas.

Quando estamos na presença de “estrangeiros”, nos tornamos mais bairristas do que nunca. Num churrasquinho para comemorar o aniversário de minha progenitora, o carioca queria saber com qual time simpatizamos no Rio de Janeiro. Mudez total. Não simpatizamos com ninguém, ora pois. Somos gremistas ou colorados, apenas. Para ele, isso é egoísmo. Explicamos que é amor incondicional, mas não adiantou. Não demovemos Carlos da ideia de que somos grandes egoístas. Depois de cantar o parabéns normal, veio o parabéns gaudério. Ainda entoamos o hino do Rio Grande, embalados pela ceva gelada. Pedi para que ele cantasse o hino do Rio de Janeiro. Malandro, não titubeou e puxou um “cidade / maravilhosa / cheia de encantos mil”... Festeira, a galera cantou junto aquele que obviamente não era o hino carioca.

Hospitaleiro, meu pai (colorado) iria levar as visitas ao Beira-Rio na quarta-feira, diante do Náutico – infelizmente o único jogo que teremos por aqui esta semana. O plano mudou depois da definição da Libertadores: vamos a um bom boteco assistir algo maior, mesmo que seja pela TV. Aos olhos de quem vem de fora da província, a futebolização do gaúcho está em alta. O Inter avança e, teoricamente, tem caminho fácil à final da Copa do Brasil, apesar de carregar um karma nada agradável contra os "pequenos". Da mesma forma, o Grêmio enfrentará equipes sem tradição pelo menos até a semifinal da Libertadores. O Brasileirão começa na próxima semana, e aí veremos como será a vida nos pontos corridos. Com cada um na sua, a dupla Gre-Nal vai mostrando a força do Sul ao Brasil e à América. Na quarta-feira, enquanto correr o Nal-Nau, disputaremos um jogo que é a nossa cara: San-Gre. Por toda América, me voy – e a pé, sempre.

PS: Pobre do Carlos. Tentamos em tudo quanto era canal assistir a final do Carioca e só passava o "jogo do Gordo". Apesar do bairrismo e do gremismo, comemorei (moderadamente, é claro) quando o Bruno pegou o último pênalti (à moda Victor!), que só conseguimos ver porque a Band passou num quadradinho da tela. Legal ver um amigo feliz pelo seu time, desde que não seja um colorado.

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