terça-feira, 5 de maio de 2009

COMO EM 2005.

Por Felipe Sandrin

Eu olhava para o Tuta entrando em campo, seu jeito inconfundível de caminhar, o chiclete o qual ele não conseguia mascar de boca fechada, e dizia a mim mesmo: esse time é incrível, essa torcida é algo que nunca mais há de se apagar; veja só como eles cantam, pulam e vibram a cada lance; fazem tanto que não importa o pouco que ele, Tuta, faça, pois nós estamos aqui e, juntos, nós somos o Grêmio que não se entrega.

Lembro que na primeira fase da Libertadores daquele ano já podíamos sentir a energia de uma torcida revigorada, confiante e inabalável diante da glória do inacreditável, ante o que aconteceu um tempo antes em uma batalha de aflitos.

O tempo passou, e os jogadores que fizeram parte daquele épico feito seguiram seus caminhos longe do Grêmio. Sobraram fotos, histórias, momentos inesquecíveis, sobraram as lembranças que freqüentemente nos vêm à mente, lembrando de tudo que passamos em tão pouco tempo: da Série B para a final de uma Libertadores. Mas, aos poucos, o espírito que fazia o impossível ser apenas uma palavra se desgastou, e hoje muito pouco resta daquela alma que lutava para reerguer o Grêmio.

Hoje, eu me pego olhando para Maxi, Souza, Rever, Victor e vejo ali bons jogadores capazes de ganhar um grande titulo, mas não sinto mais aquela energia de uma geral cantando com a alma, não consigo mais ver a força que fazia até mesmo os que sentavam na social levantarem para cantar: hoje, vejo muito pouco do que tanto é necessário para os que almejam algo tão grande como uma Libertadores.

Sabe o que falta ao Grêmio hoje? Uma torcida que volte às origens. Muitos acham vergonhosa a Série B, mas foi lá, naquela mesma Série B, diante da vergonha, que gremistas se tornaram ainda mais gremistas. Vou dizer a vocês: em nenhuma disputa de titulo, o Grêmio teve mais amor nas arquibancadas e dentro de campo do que na época em que estávamos na Segunda Divisão. Estar ali significa algo mais do que gostar do Grêmio. Por 90 minutos, cantávamos e torcíamos por 11 nabas, 11 caras que não jogavam nada, mas que eram o melhor que poderíamos ter na época.
Eu botei na minha cabeça que precisava mudar, fiz um pacto comigo mesmo e, a partir de agora, toda vez que eu estiver a caminho do Olímpico para a disputa desta próxima fase, vou lembrar o quanto é difícil estar em uma Libertadores; vou lembrar da época em que eu torcia por 11 nabas numa Segunda Divisão, uma época em que muitos chamam de vergonha, mas que eu e, tenho certeza, muitos outros lembramos com orgulho.

Faça o que for preciso, veja vídeos da Libertadores 2007, lembre daquele time que tinha tudo para ser um fracasso, mas que conseguiu algo histórico com a nossa ajuda. O que te peço, amigo torcedor gremista, é que TU sejas a força deste clube como sempre foi.

O tempo irá passar, cada jogador seguirá seu caminho, mas o nosso seguirá sendo o mesmo. A cada passo que eu der em direção ao Olímpico, quero comigo a sensação de dever cumprido. Eu quero sentir que fiz o possível, quero lembrar com orgulho de uma época em que, independentemente de resultados, eu fiz o meu melhor. Eu quero ter o direito de poder dizer que nossa torcida venceu mais uma vez com e pelo Grêmio.

Nenhum comentário: