quinta-feira, 28 de maio de 2009

A LIÇÃO DOS XENEIZES.

Por Silvio Pilau


Aconteceu há apenas algumas semanas. Todos devem lembrar. O Boca Juniors, clube latino mais vencedor desta década e um dos grandes favoritos ao título da Libertadores, caiu para o uruguaio Defensor. Eram as oitavas-de-final da Copa. Os argentinos conseguiram um empate na primeira partida em território adversário e acreditaram estar classificados. Ninguém em sã consciência consideraria possível um clube sem tradição vencer o Boca em um jogo decisivo de Libertadores dentro da Bombonera.

Pois aconteceu. Para o espanto de todos – e a alegria de muitos adversários –, o Defensor surpreendeu os xeneizes em seu próprio templo. A vitória uruguaia por um a zero acabou com os sonhos do Boca Juniors na Copa 2009. Acima de tudo, deixou uma importante lição: não existe jogo vencido. Hoje em dia, talvez mais do que em qualquer outra época, camisa e favoritismo não significam vitória. Nem mesmo uma equipe tecnicamente melhor e a força de um estádio oferecem essa certeza. O Boca, após o primeiro empate, pensou já estar classificado. Deu no que deu.

Pulemos para algumas semanas à frente. Mais especificamente, ontem à noite. O Grêmio viajou à Venezuela para disputar a partida inicial das quartas-de-final da Copa Libertadores da América contra a modesta equipe do Caracas. Foi um jogo difícil, sem grande futebol, como normalmente são os duelos da Copa. O Tricolor tomou um gol relâmpago, demorou para se achar em campo, sofreu com as terríveis condições do gramado e demonstrou, mais uma vez, possuir diversas fragilidades. Mas conseguiu o empate em um lance de grande visão de Tcheco e a presença-surpresa de Fábio Santos.

A atuação não foi boa. O resultado foi. Um empate fora de casa na Libertadores sempre é algo a ser comemorado, especialmente em um momento decisivo. Teremos agora a tranquilidade de jogar pela classificação em casa sabendo o placar que necessitamos. Iremos pressionar, esmagar e fazer tremer os venezuelanos com os cantos da mais apaixonada torcida e o futebol de qualidade superior que temos. Aqui, no nosso Olímpico, com um gramado perfeito para a prática do esporte, o Grêmio tem tudo para vencer o adversário e carimbar a classificação para as semifinais.

Mas – e esse "mas" é muito importante – com cautela. Com precaução. Com humildade. Sempre lembrando da lição ensinada pelo Boca há algumas semanas. Clube algum se classifica de antemão. Equipe alguma carimba vaga na próxima fase da Libertadores com apenas um jogo. O Grêmio é favorito, o Caracas provavelmente vai sentir a pressão, a qualidade da equipe gaúcha é maior. Porém, nada está garantido. No dia 17 de junho, será preciso jogar. Muito.

Acredito que o Grêmio encaminhou bem a classificação. Repito: encaminhou. Não está classificado. Temos que ter isso em mente. Temos que pensar que do outro lado existe uma equipe que vai se esforçar muito para passar à próxima fase. Se torcida, comissão e, principalmente, jogadores lembrarem disso, temos tudo para chegar às semi-finais. Se lembrarmos da recente lição xeneize, tenho certeza de que daremos mais um importante passo rumo ao tão sonhado tri da América.

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