quinta-feira, 19 de março de 2009

DE LAVAR A ALMA

Por Silvio Pilau

Foi de lavar a alma. Não só lavar. Foi de pegar a alma, colocar sabão em pó, pôr para lavar, deixar de molho, passar o ferro, dobrar e colocá-la de volta ao seu lugar. Tratamento completo na benquista alma. Tudo aquilo que o Grêmio não conseguiu fazer na Libertadores, fez ontem. Tudo aquilo que o Grêmio não fazia desde o início do Gauchão, fez ontem. Tudo aquilo que a torcida queria que Celso Roth fizesse, ele fez ontem.

Vez ou outra, em momentos de crise, Celso deixa de ser casmurro e cede aos apelos da torcida. Pode ser um desespero para permanecer no cargo, mas ele o faz. E, de forma praticamente sistemática, quase sempre dá certo. Ontem, contra o São José, Celso não inventou. Fez o básico. Fez o óbvio. Entrou com o time titular. Mexeu quando tinha que mexer. Mexeu em quem tinha que mexer. Deixou os reservas na reserva e os titulares em campo. Pôs na partida o melhor que tinha à disposição. Resultado? Simplesmente patrolou o adversário.

Tudo bem que o Zequinha, mesmo sendo líder do grupo, não é parâmetro para o Grêmio. Tirando o Inter, nenhum clube do Gauchão deve servir como referência para as pretensões gremistas. Mas o jogo de ontem serviu para muitas coisas. Em primeiro lugar, serviu para dar confiança aos jogadores. Após a acumulação de gols perdidos contra o Universidad e o Boyacá, o Tricolor precisava de uma goleada. O Grêmio precisava jogar para longe a urucubaca. E seis estufadas de uma só vez, com direito a duas de Jonas, servem para os atletas retomarem a confiança que precisam.

Em segundo lugar, o jogo serviu para dar tranquilidade. A poeira já havia baixado bastante após a última partida, mas agora parece ter assentado de vez. O Grêmio jogou bem novamente, mas dessa vez marcou. Transformou em gols as chances criadas – ainda que, mesmo assim, tenha perdido outras. Roth acatou os pedidos da torcida e pôs Maxi López antes da metade do primeiro tempo. Adílson mais uma vez mostrou que tem tudo para se tornar ídolo da torcida. Foi uma noite de harmonia entre equipe, torcida e – pasmem! – treinador.

Em terceiro, serviu para o entrosamento. Treino é treino e jogo é jogo. Por mais que a equipe considerada titular jogue junto no suplementar do Olímpico, é diferente de disputar uma partida oficial. Quanto mais essa equipe jogar junto, melhor. Claro que existe o risco de uma lesão, como aconteceu com Magrão, mas felizmente isso não aconteceu ontem. E o time, mais uma vez, demonstrou que tem capacidade de jogar bem e lutar por todos os títulos que o Grêmio disputar a boiada.E, por último, digamos assim: quando passa o boi, passa a boiada.

Para quem não conhece a expressão, significa dizer que depois do primeiro, o resto vai. A dificuldade que o Grêmio tinha em fazer gols, mesmo criando inúmeras situações, parece ter sido chutada para o beleléu. Com trinta segundos de jogo, o placar já havia sido movimentado. Que isso seja um sinal. Que essa goleada realmente abra a porteira para tudo aquilo que está por vir.

Domingo temos mais um jogo. Não sei se Celso vai optar jogar com os titulares, os reservas, ou um time misto. Mas acho que, após as três últimas vitórias, ele já merece um voto de confiança. Merece uma aliviada na pressão para decidir por si mesmo. Até porque ele sabe que, se errar, vamos cair em cima dele de novo. Por isso, sei que vai fazer o melhor para o Grêmio. Assim como fez ontem, nessa vitória de lavar a alma que pode dar à equipe a confiança que faltava para realmente deslanchar.

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