terça-feira, 3 de março de 2009

CABEÇA LONGE NÃO LEVA A NADA.

Por Ricardo Lacerda

Vamos tricolor / queremos a Copa / a banda tá louca e eu quero ver-te campeão.

O cântico que mais tem ecoado pelo Monumental parece ter jogado contra o Tricolor neste domingo. Isso mesmo, mas não é culpa nossa. Estou convencido de que tanto a diretoria e a comissão técnica falaram que o foco é a Copa que o clássico acabou ficando menor do que ele deveria ser. Clássico é clássico, e vice-versa, já diria um poeta. Nunca devemos menosprezá-lo.

É evidente que o foco é a Copa, mas na hora de jogar um clássico, exigimos a mesma vontade de vencer de quem disputa um mata-mata da América. O que se viu foi um Grêmio apático, desligado. Não quero desmerecer o co-irmão, que dominou a partida e tem, de fato, ótimos jogadores. Quando anunciaram a equipe com apenas um avante, quase apanhei dos amigos ao dizer que entendia o que Roth queria. A intenção era repetir aquele povoamento do meio campo e aproveitar ao máximo os alas. Caso o esquema não funcionasse, nosso comandante colocaria mais um atacante, sacando um meia ou um zagueiro. Para mim, parecia simples, ainda que a manutenção do 3-5-2 fosse evidentemente algo mais óbvio.

A questão é que várias coisas acabaram dando errado. Eis apenas algumas delas: nossos dois alas estavam sonhando com as belezas da encantadora cidade de Tunja, onde reside o ilustre Boyacá Chico, e se olvidaram de ir ao Beira-Rio. Nosso meio-campo sentiu muita falta do D´Alessandro, afinal, é sempre legal jogar contra um castelhano chiliquento – coisa típica da Copa, a qual estamos tão acostumados. Não restam dúvidas de que o Ruy estava com a cabeça (!) na altitude e se perdeu totalmente na hora de fazer a linha-burra. Tcheco, nosso maestro (!!), foi um exímio capitão: gritou, xingou e esperneou – só esqueceu de um pequeno detalhe: jogar um bom futebol.

Não vou agregar valor ao coro dos que dizem que não faz diferença termos perdido o clássico porque é Gauchão e é de pouca valia. Ora bolas, devemos lembrar que desde 2007 não derrotamos o co-irmão. No ano passado, os três pontos que perdemos naquele vexatório 4 a 1 poderiam ter nos dado o título brasileiro. Agora, recém começa março e já levamos duas bangornadas. Tudo bem, o foco é outro, todos sabemos. Mesmo assim, não me conformo. Ser campeão da Copa e não vencer clássico é, no mínimo, feio. Isso que estou falando do ápice de minha arrogância gremista, considerando que efetivamente venceremos a Copa.

Esse era o Gre-Nal que tínhamos que vencer, pois havíamos perdido o primeiro do ano jogando melhor – sem falar no apito amigo. Fiquei contente porque não teríamos pela frente o mala do D´Alessandro. O brabo é que se esse aí – que sempre incomoda – não jogou, um outro castelhano acabou sobrando em campo: Guiñazu. Me dói reconhecer que falta um desses na Azenha.

Bem, a ideia não é criticar um por um – tampouco exaltar o lado oposto. Mas não posso fugir dos fatos. É verdade que logo embarcaremos em grandes viagens pela Latino America, rumo ao TRI. Enquanto isso, outros provavelmente viajarão pelos mais recônditos pagos deste Brasil. Cada um na sua. O que não podemos esquecer jamais é que quando os dois estão na mesma – ou seja, em dia de clássico – exigimos que a vontade, a garra e a superação sejam, no mínimo, equivalentes. O segundo turno do Gaúcho e o restante do ano nos reservam vários clássicos. Aí, amigos, será obrigação fazê-los puxar a charrete. Podemos até mesmo ir de banguzinho, tal como fizemos em 95, priorizando a Copa. O que não pode faltar é vontade, garra, gana de vencer. No caso dos gre-nais, muitas vezes o fato de suar sangue acaba valendo mais do que um time recheado de estrelas que não põem o pé.

Sem mais delongas – e sem cair na vala comum de fazer de Roth o único culpado pelo insucesso nos clássicos mais recentes –, me voy.

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