terça-feira, 17 de março de 2009

SOBRE LATRINAS E FUTEBOL.

Por Ricardo Lacerda


Numa favela de Bombaim, dois fedelhos ganham algumas rúpias alugando uma latrina - algo como o homo sapiens dos banheiros químicos de hoje. Lá pelas tantas, enquanto o mais novinho dos dois aproveitava seu “momento zen” naquele cubículo podre, eis que surge um helicóptero em meio à pobreza. Enquanto o piá fica louco de faceiro, porque quem estava chegando é um herói do cinema indiano, o irmão resolve trancá-lo ali dentro, só de sacanagem. Sacode aqui, chuta ali, empurra acolá, o guri não vê outra solução senão... bem... mergulhar. Isso mesmo. A cena é cômica: com uma mão, ele saca do bolso a foto do tal ídolo de Bollywood, e com a outra aperta as narinas. O salto não foi, digamos, ornamental, mas ele emerge daquela podridão lambuzado de cima a baixo. A foto, bem... sã e salva, pronta para receber o merecido autógrafo.

Quem quer ser um milionário? A cena do piá que sai literalmente da bosta para a realização pessoal em poucos segundos é uma das mais sublimes do excelente filme de Danny Boyle que levou o Oscar 2009. Tá, e o queco? É que não consegui desvincular a cena de uma comparação com Celso Roth. Não, ele não quer ser um milionário. Já é - afinal, a cada cinco meses acumula mais um milhãozinho, coisa básica. O fato é que nosso treinador tem o dom de entrar numa M desgraçada e depois se redimir – ao menos em parte. Foi assim no primeiro semestre do ano passado, depois dos fiascos no Gauchão e na Copa do Brasil. Agora, tudo indica que pode ser assim novamente.

O Roth é um bom treinador. Já disse isso aqui mesmo mais de uma vez. Enquanto 11 em cada 10 gremistas pediam a cabeça do cara duas semanas atrás, eu só pensava qu a chiadeira não fazia bem. É possível que eu estivesse errado, já que, sem a tal chiadeira, ele não teria mergulhado na M para depois se redimir. O fato é que, como era visto, a cabeça do time, direção e comissão técnica estava na Colômbia desde antes do Gre-Nal. O nosso esquema é a Libertadores. O time jogou bem nas duas partidas que disputou na Copa. É bem verdade que os adversários são fracos e que nossos atacantes estão um pouco míopes, mas o caminho é esse. Agora, sem aquela enorme pressão, acredito que dá pra “administrar” bem o ruralito. Quando chegar a hora de mais um Gre-Nal, aí, sim, o esquema é encarar como se fosse jogo da Copa.

Como o Pilau falou, vamos deixar o nosso cientista maluco, o professor Pardal do Olímpico, usar e abusar do Gaúcho. Desde que ele não invente moda na L.A... que faça o feijão-com-arroz, vamos deixar de lado a corneta, a vaia e o pensamento negativo. Há rumores de que está chegando um bom reforço, o Renato. Excelente! Taí um que pode botar no banco a peça sonolenta do time. De resto, as coisas vão se ajeitando.

O caso é que o Imortal acordou quando foi preciso. Agora, o gigante não deverá mais dormir. Mas, para isso, também será preciso que nosso comandante faça jus aos montes de rúpias que recebe mensalmente. Por fim, um pedido singelo ao Dr. Celso: faça-nos o favor de te manter longe das latrinas. Um novo mergulho pode ser fatal e não será yo que me voy. Será ustedes.

Sendo assim, e por enquanto, me voy.

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