segunda-feira, 16 de março de 2009

DEPOIS DA TEMPESTADE.

Por Silvio Pilau

Jamais questione ditos populares. Nunca. Se você tiver uma opinião contrária a um provérbio, seja ele qual for, é muito provável que o errado seja você. É assim que penso ou assim que, ao menos, prefiro pensar quando penso no ditado: “Depois da tempestade, vem a bonança”. O significado dessa frase pode nem sempre se tornar realidade, porém, cada vez que associo-a ao atual momento do Grêmio, não paro de pensar que ela pode e deve, sim, ser verdade.

Porque vejamos: o Grêmio passou por uma séria tempestade recentemente. Foi uma tormenta de proporções imensas, que durou praticamente duas semanas e despejou sua fúria unicamente na Azenha. Um temporal de nuvens carregadas, clima pesado e praticamente nenhum momento de luz ou trégua para aqueles afligidos por ele. Mas, por milagre – ou maldição, na visão de alguns –, ninguém saiu ferido. Todas as vítimas escaparam incólumes e, possivelmente ainda mais fortes.

Eis, portanto, a bonança. Pelo menos, a bonança que eu e todos os torcedores esperamos que venha. O pior momento, o da quase insustentável pressão contra o técnico, passou. A vitória nas duas últimas partidas trouxe mais uma vez tranquilidade ao Olímpico. Claro que o ódio da torcida contra Roth ainda é forte. Mas, enquanto os triunfos continuarem vindo, o treinador certamente será poupado. Tudo bem que será somente até o próximo deslize, mas a tempestade parece ter passado.

Não sou o maior defensor de Celso Roth. Tampouco considero-o o melhor treinador para o Grêmio. Mas entendo que, enquanto a direção insistir em mantê-lo, não podemos ficar causando esse clima de perturbação que vimos nas últimas semanas. Por quê? Porque o ar pesado é transferido para os jogadores. Deles, para o campo. E, quando isso acontece, os resultados teimam em não aparecer, o que pode ser fatal em uma competição como a Libertadores.

Na realidade, acredito sinceramente que Roth está agindo de maneira correta em sua abordagem sobre o Gauchão. O treinador e a direção enxergam a competição exatamente como deve ser enxergada: um laboratório para o torneio continental. Vejo Roth como um cientista maluco, cercado de tubos de ensaio, e os jogadores como suas cobaias. No Gauchão, ele realiza todos os experimentos possíveis. Testa, erra, acerta e coloca os resultados de seus estudos em prática naquilo que realmente importa: a Libertadores.

Até então, tem dado certo. Não podemos negar que o Grêmio teve duas ótimas atuações na competição sul-americana. Ambas as partidas poderiam ter terminado em goleada com um pouco mais de tranquilidade e sorte por parte de nossos atacantes. E não importa se foram contra times pequenos e de qualidade limitada. O Inter não foi campeão da América jogando apenas contra o São Paulo? A taça está na sala de troféus do Beira-Rio. É o que vale. Não cabe ao Grêmio escolher quem irá enfrentar, mas apenas eliminá-los do caminho. E, até aqui, mostramos ser muito capazes disso.

Por isso, reafirmo aquilo que já disse antes: não estou nem aí para o Gauchão. Por mim, Roth, o cientista maluco, pode continuar utilizando o regional como base para suas experiências. Só tem que se ligar quando o adversário é o Inter. Gre-Nal não é Gauchão. Gre-Nal não é qualquer competição. É algo à parte, como se fosse um campeonato por si só. Não entender isso quase custou o emprego de Roth. Mas ele sobreviveu à tempestade. Certamente não sobreviverá à próxima. Só espero que essa dure muito para aparecer.

Até lá, torço para que fiquemos apenas com a bonança.

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