quinta-feira, 4 de junho de 2009

PARA APAGAR A VERGONHA.

Por Silvio Pilau


Não me interessa se o foco é a Libertadores. Não estou nem aí se os jogadores estavam cansados da viagem à Venezuela. Não me importa que a equipe esteja em fase de transição. Aos infernos com as desculpas. O fato é um só: a atuação do Grêmio contra o Vitória no último domingo foi uma das coisas mais vergonhosas que vi em toda a minha vida como gremista. Fiquei tão revoltado que hoje, quatro dias depois, ainda senti a necessidade de escrever sobre aquilo.

Uma coisa é jogar mal, outra é não ter vontade de jogar. Uma coisa é não se achar em campo, outra é jogar de maneira covarde. Aquele Grêmio parecia um bando de criancinhas mimadas fazendo birra por algum motivo e não querendo jogar. Entraram em campo com a intenção clara de trazer um empate da Bahia. Não adianta Autuori dizer o contrário: Victor fazendo cera a cada tiro de meta e a entrada de Douglas Costa nos descontos são sinais claros de que o Grêmio tinha como objetivo máximo conseguir um mísero ponto da ridícula equipe do Vitória.

Isso, sinceramente, me enche de raiva. Nunca, jamais, sob qualquer hipótese ou circunstância, um clube do tamanho do Grêmio pode se apequenar diante de um adversário como o de domingo. Nós, torcedores, somos muito capazes de aceitar uma atuação ruim. Mas jamais vamos aceitar uma apresentação medrosa, especialmente para um clube pequeno como o Vitória. O Grêmio passou o jogo inteiro dando bicos para a frente e, quando conseguia ter a bola nos pés, os jogadores mostravam que não tinham a menor vontade de estar ali.

Juro que fazia tempo que não sentia tanta indignação com uma atuação do Grêmio. Anos, provavelmente. Fica claro que existem no elenco jogadores preocupados somente com os próprios umbigos, que simplesmente não entendem o clube ao qual fazem parte. Chega a ser uma blasfêmia ver certos atletas entrando em campo como se fossem disputar uma pelada com os amigos, ignorando por completo a atitude de heróis que construíram uma história repleta de glórias no Grêmio.

E é a eles esse meu apelo. A vocês, jogadores. Espero que tenham aprendido a lição. Espero que isso jamais se repita. Como eu disse, podemos aceitar más atuações, podemos engolir derrotas, mas nunca aceitaremos a falta de espírito e de entrega. Jamais abraçaremos atuações que reduzam o tamanho do Grêmio. Vestir essa camisa, defender essa torcida e honrar essa história é assinar um termo de compromisso para se doar completamente dentro de campo. É se sacrificar. É esquecer do resto quando se está dentro das quatro linhas e pensar única e exclusivamente na vitória. Isso é ser gremista.

Caros atletas, vocês têm a chance de fazer história. Possuem em suas mãos e seus pés a oportunidade de marcarem seus nomes na eternidade e serem lembrados para sempre no coração de cada gremista. Mas isso nunca será alcançado jogando apenas futebol. Para atingir essa posição aonde poucos chegaram, é preciso se dedicar 100% em cada minuto das partidas. Essa é a diferença entre um verdadeiro ídolo e um jogador comum. Essa é a diferença entre um grande homem e uma pessoa qualquer.

Cada vez que entram em campo vestindo uma camisa do Grêmio, vocês devem fazer uma escolha: estão ali a trabalho, apenas para jogar uma pelada e acrescentar algumas dezenas de milhares à conta no final do mês? Se a resposta for sim, o lugar de vocês não é aqui. Mas se estão dispostos a jogarem de acordo com a história tricolor, doando-se por completo a cada lance, nunca desistindo e compreendendo a grandeza desse clube tomado de glórias, então sejam bem-vindos. Sejam bem-vindos porque são vencedores.

Então, agora é hora de dar a volta por cima. É o momento de apagar a vergonha do último domingo. Aquilo que entrou em campo defendendo nosso uniforme não era um time à altura do Grêmio. Mas vocês, e somente vocês, podem dar a resposta. Podem mostrar que as críticas após aquele jogo estão erradas. Podem provar que possuem, sim, a capacidade de ganhar títulos e entrar para a história. Depende de vocês. Estão a apenas cinco jogos de se tornarem imortais. Façam a escolha.

Aproveito este espaço para prestar uma homenagem ao gremista Plínio Almeida, arquiteto que planejou o Olímpico Monumental, local que faz parte da vida de todos os gremistas. Que vá em paz.

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