segunda-feira, 8 de junho de 2009

POR QUE SOMOS DE GRÊMIO?

Por Eder Fischer

Ano 2004, caímos pela segunda vez para a segunda divisão do campeonato Brasileiro, um sentimento de desilusão transformou-se naquele ano em uma das maiores, se não a maior, loucura nas arquibancadas dos estádios mundiais. Um sentimento de identificação e cumplicidade tomou conta de cada gremista, não em uma Libertadores, mas na segunda divisão. Apesar de fazer pouco mais de três anos, acredito que é mais fácil para um gremista dar a escalação do time bi campeão da América do que daquele time. Por quê? Porque o que mais importava, não eram os jogadores, e sim, o Grêmio, torcer e vestir as três cores sagradas reconhecidas em qualquer parte do mundo sem a necessidade de escrever uma letra sequer. E a nossa recompensa veio num feito heróico comparado a contos vistos antes somente em fabulas mitológicas.

Às vezes escuto pessoas me dizerem que preferiam que o retorno a séria A, fosse como o do Corinthians, tranquilo. Eu não mudaria uma virgula do que aconteceu, futebol pra mim é a expurgação do racional, to cagando para gerenciamento, finanças e outros assuntos que são resolvidos por senhores polidos de gravata, não que não seja importante, mas o meu papel como Gremista é o de torcer, amar, me emocionar e comemorar, que cá entre nós, é a melhor parte, nós é quem somos os astros. Nós somos de Grêmio. Nós somos o Grêmio.

Eram 21 horas da última quinta-feira quando, mesmo tomando um café quente sentado na minha cadeira sob ar condicionado do meu trabalho, invejava a nossa torcida que estava exposta ao frio no concreto do Olímpico Monumental. Quando na primeira tentativa frustrada de drible de Souza, ouvi as primeiras vaias. Não estávamos mais com o Roth na casamata, não fomos desclassificados após uma campanha ruim na libertadores e nem estávamos vaiando o Ramon ou o Tuta. Se tratava do segundo jogo no Olímpico sob o comando de um técnico com credenciais e vontade de treinar o Grêmio que vinha de um resultado importante na Libertadores e após uma tentativa de infiltração daquele que é hoje o referencial técnico do time, Souza. Nem a vitória por três gols de diferença apagou a minha preocupação. Fiquei me perguntando se esta torcida é a mesma que trouxe o Grêmio de volta a primeira divisão, se é realmente a mesma torcida que levou o Grêmio a uma final de libertadores. se é a mesma torcida que já foi reconhecida por apoiar incondicionalmente.

Onde está o nosso orgulho de vestir o manto tricolor mesmo após derrotas que há tão pouco tempo se fazia presente?

É visível que assim que o inter conquistou o titulo que já tínhamos após 23 anos e viu que não bastava para nos abalar, tratou de tentar diminuir a nossa conquista, vocês que acompanham o FinalSports ou qualquer outros comentários de noticias, blogs ou orkut já devem ter se dado conta, posts do tipo, teu time é podre o meu time é de estrelas é corriqueiro, é uma atitude inconsciente e natural. O que eles querem é que sejamos como eles foram durante duas décadas, vestindo camisa de adversários do Grêmio porque tinham vergonha de vestir a própria camisa. Em Porto Alegre tinha torcedores do Grêmio, em sua maioria, depois tinham torcedores do Palmeiras, Corinthians e até do holandês Ájax, todas mais numerosas do que as camisas do rival na rua. Os poucos amigos colorados que conheci que vestiam a camisa do seu clube, são os únicos que respeito até hoje e incrivelmente são os únicos que apesar de terem conquistados alguns títulos ultimamente, reconhecem a grandeza do Grêmio.

Sou louco? Internem-me, mas prefiro voltar à segunda divisão com aquele sentimento mágico de loucura, amor, paixão e devoção que caracterizam o verdadeiro motivo de torcer, do que ficar exigindo estrelas e craques no meu time e me submeter a uma noite fria para vaiar, seja no campeonato Brasileiro ou numa final de libertadores.

Estou neste momento formando uma concha com a mão junto com a orelha, como fez o Souza após o seu primeiro gol na quinta-feira.

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