sábado, 20 de junho de 2009

O Grêmio e mais nada.

Por Felipe Sandrin

Eu ergui as mãos ao céu, parei de respirar, o tempo parou. Eu levei as mãos à face, fechei os olhos e, enquanto o ar saiu todo de uma vez, o tempo me mostrou que faltavam agora apenas quatro jogos... depois de tudo que passamos, apenas mais quatro jogos.

Um time tecnicamente razoável, sem grandes nomes e façanhas continentais, este era o Caracas. Já o Grêmio, o poderoso e sempre imprevisível Grêmio, das meias sujas de barro, das camisas encharcadas de suor, da torcida que não cala, que cobra apenas ao apito final... o Grêmio de sua torcida que junto ao apito final cantava: "Grêmio, Grêmio seremos campeões da América".

Onde estão as vaias? Onde está a cobrança pelo zero-a-zero? Onde está a exigente torcida que jamais se contentaria com um empate diante o modesto Caracas? Está ali, nas arquibancadas geladas, nas cadeiras onde o vento sopra gélido, congelante. Eles cantavam, sorriam e se abraçavam, e eu fiquei a sorrir, a agradecer, a imaginar, e então eu finalmente entendi: estávamos a quatro jogos do título, e agora não importava mais somente o futebol, agora não importava mais o que agradava ou não, agora era O GRÊMIO E MAIS NADA.

Em uma fria noite de quarta-feira, começou a Libertadores. Como mágica, tudo o que faltava surgiu, ressurgiu no mágico Olímpico Monumental. Os que exigiam sorriram aliviados, os que apoiavam há tanto tempo seguiram cantando e todos nós entramos em sintonia, entendemos que, de agora em diante, não era mais somente futebol.

Eu não me distrai com o garoto ao meu lado que insistentemente pronunciava a palavra: "RONALDO". Eu ergui as mãos ao céu, parei de respirar, o tempo parou. Eu levei as mãos à face, fechei os olhos e, enquanto o ar saiu todo de uma vez, eu imaginei, eu vi e ouvi o Grêmio campeão da América.

Talvez eu esteja sonhando, talvez eu acorde e veja que tudo não passou de imaginação, ou talvez quem sabe o pesadelo é que esteja passando, eu esteja novamente acordando e voltando à realidade do quanto é esplendoroso ser O GRÊMIO E MAIS NADA.

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