quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Avaliação.

Por Silvio Pilau


Que a vitória ontem diante do Avaí não engane ninguém: 2009 acabou para o Grêmio. Nem vale a pena dar asas às ilusões. Não vamos chegar à Libertadores e, se algum doente por aí ainda acredita nisso, também não seremos campeões. Tá, tudo bem, é o Grêmio e a gente sempre surpreende. Sei disso. Mas, do jeito que estamos jogando, é mais fácil terminarmos o campeonato abaixo da posição que estamos agora do que escalar a tabela até o G-4.

Ganhamos de 3 a 1 ontem. Ótimo. Mais uma vez, porém, a atuação foi lamentável. O Grêmio parece um time de várzea, repleto de pernas-de-pau incapazes de acertar um passe e sem qualquer esquema de jogo. Talvez pela ressaca do Gre-Nal, ontem os jogadores pareciam todos nervosos e sem confiança. Estavam ainda piores do vinham jogando. Sorte que o juiz inventou um pênalti que fez o Avaí abrir espaços e nos dar os contra-ataques para finalizar a partida.

Mas o fato é esse: 2009 acabou para o Grêmio. Direção e jogadores já sabem disso e começam a pensar no próximo ano, o que não deixa de ser correto. O problema? Quem está pensando no próximo ano são as mesmas pessoas que pensaram no Grêmio de 2009. E isso traz apenas desesperança. Como acreditar que 2010 pode ser melhor depois do que vimos em 2009 e sabendo que quem manda no Olímpico são exatamente as mesmas cabeças?

Enfim, é o que temos. E, já que é o que temos, vou pelo menos dar a minha contribuição sobre o que penso sobre o time atual. Não vai adiantar nada, mas, se pelo menos algum dirigente lê essa coluna, vai fazer pensar em algumas coisas.

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VICTOR: Não tem muito mais o que falar sobre ele. Victor é gênio. Um dos melhores goleiros do mundo, sem qualquer exagero. O Grêmio deve se esforçar para mantê-lo.

MÁRIO FERNANDES: Talvez o melhor zagueiro surgido nas categorias de base do Grêmio em muito tempo. Mário tem excelente tempo de bola e não perde nenhuma no mano-a-mano. Ainda peca um pouco no posicionamento, mas nada que a experiência e um bom treinador não deem um jeito. Porém, é zagueiro, não lateral.

LÉO: Caiu muito desde quando surgiu como promessa. Comete lances infantis e está lento, mas serve como reserva, para ser utilizado somente quando não há outra opção.

RÉVER: Não exibe o mesmo futebol deslumbrante do ano passado, mas ainda assim é um ótimo zagueiro. Referência para a defesa e sabe jogar futebol, além de ser uma arma ofensiva com suas cabeçadas.

THIEGO: Não pode vestir a camisa de um time como o Grêmio. Simplesmente não pode. Nem mesmo no banco. Na arquibancada, talvez.

ADÍLSON: Por algum tempo, foi o melhor jogador gremista ao lado de Victor. Inexplicavelmente, caiu de produção e chegou a ter atuações bizarras. Mas é um jogador de qualidade, com boa marcação e qualidade na posse de bola, que ainda vai evoluir muito.

TÚLIO: Esforçado, mas nada além disso. O bom de Túlio é que não gosta de inventar e faz o básico. Um bom reserva e só.

FÁBIO ROCHEMBACK: A maior decepção do ano. Chegou como esperança de futebol aguerrido e, ao mesmo tempo, de qualidade. O que se viu foi um jogador lento, acima do peso, que erra diversos passes e não acerta um lançamento sequer. Onde foi parar o Rochemback de antigamente eu não faço ideia.

LÚCIO: Outro que decepcionou. Confesso que, ao contrário de Rochemback, não tinha muitas esperanças. Jamais achei Lúcio um bom jogador, mesmo em sua passagem pelo Grêmio em 2007. De qualquer forma, é deficiente na marcação e não tem qualidade no apoio.

TCHECO: Banco, já. Tcheco jogou bem ontem, mas é um jogo a cada quinze. Querem mantê-lo no Grêmio? Então que seja na reserva, pela liderança. Mas, em campo, ele não lidera ninguém e irrita com sua lerdeza e falta de habilidade.

SOUZA: Assim como Tcheco, oscila demais. Mas Souza, pelo menos, é mais decisivo. Quando quer jogar e para com as firulas e os dar dribles a mais, tem a capacidade de fazer diferença. É rápido, tem visão, drible e sabe chutar a gol. Precisa ser mais objetivo.

DOUGLAS COSTA: Segue na promessa. Acho que todos já se deram conta de que Douglas não é o craque que tanto prometeram. De qualquer forma, é habilidoso e rápido e merece uma sequência de jogo. Nem que seja a última.

PEREA: Deu pro colombiano. Em dois anos no Olímpico, pouco ou quase nada fez. É hora de mandá-lo buscar outros ares.

JONAS: É atrapalhado, perde gols, frágil, mas ainda assim é nosso artilheiro na temporada. Não vejo Jonas como titular, mas não deixa de ser uma opção razoável para grupo.

MAXI LÓPEZ: Provavelmente, o argentino não vai ficar, o que considero uma perda para o Grêmio. Está longe de ser um craque e definitivamente não é um artilheiro, mas é um jogador de qualidade, que consegue segurar a bola no ataque como nenhum outro de nossos atacantes e é capaz de criar jogadas apenas no enfrentamento pessoal com os zagueiros. Gostaria que ele ficasse.

PAULO AUTUORI: Eu demorei pra começar a criticar o nosso treinador, preferindo dar tempo para ele trabalhar. Mas, hoje, vejo que ele não é o técnico ideal para o Grêmio. Tudo bem, a sua chamada falta de pegada irrita, mas não é só isso. Depois de sei lá quantos meses, o time não possui qualquer esquema de jogo, com onze caras perdidos em campo. E o pior: suas alterações são, em sua maioria, erradas – vide o que ele fez com Douglas Costa no Gre-Nal. No entanto, ele continua em 2010. Esperamos que, com um time mais qualificado, ele possa fazer alguma coisa.

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Fiquei só nos quem vêm jogando, que são aqueles sobre os quais é possível ter uma opinião mais embasada. Em resumo, não acho o time do Grêmio ruim. Longe disso. Verdade que algumas peças não têm lugar na equipe e outras não deveriam nem estar no Olímpico, mas é um grupo de certa qualidade (ao menos o time titular), que poderia ter demonstrado um desempenho melhor neste campeonato.

Não o fez e agora é pensar no próximo ano.

Medo, muito medo.

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