sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Exames.

Por Silvio Pilau

Não sou médico, mas todo mundo sabe que o corpo humano tem recursos para nos avisar que algo está errado. São os chamados sintomas. Assim que algum vírus ou corpo estranho começa a prejudicar nosso corpo, o organismo envia sinais de que um problema ocorre: dores de cabeça, febre, vômitos, etc. É através destes sintomas que começamos a cogitar a possibilidade de alguma doença estar nos atacando para, em seguida, buscar o tratamento necessário.

Pois o Grêmio está doente. Não sei ainda qual o diagnóstico, mas algum mal aflige o nosso clube neste Campeonato Brasileiro. Os sintomas são claros. Ocorrem a cada nova partida. A falta de ímpeto e de vontade de ganhar. A falta de apoio dos laterais. Os meias que freqüentemente somem do jogo. A facilidade com a qual os adversários chegam em nossa área. E por aí vai. Indícios óbvios, claro, da enfermidade que atinge o Grêmio e da qual a cura parece longe.

Hoje, o Grêmio é um paciente em convalescença. Alguém que parece ter sofrido com alguma doença e que, apesar de dar mostras de recuperação, jamais consegue ter alta. Ou mais: um doente que se sente bem dentro de casa, mesmo que com alguns problemas, mas assim que passa pela porta da frente, logo começa a se sentir mal. O Grêmio cambaleia, levanta, dá uma corrida, perde o fôlego, tem uma parada cardíaca, levanta de novo e assim continua. Não há um quadro estável que o faça seguir em frente.

E o pior é que a doença parece não ter cura. Ou, pelo menos, o remédio não foi encontrado. O doutor Autuori enrola os familiares dizendo que a situação está evoluindo, mas ninguém percebe isso. Os sintomas continuam se repetindo. Um deles, por exemplo, é significativo: em todas as partidas, ocorrem pelo menos dois lances nos quais os jogadores gremistas seguram a bola no meio-campo até um adversário chegar por trás e roubá-la. Isso é inadmissível. Uma das primeiras coisas que qualquer guri aprende jogando futebol é gritar “Ladrão” quando um oponente vem tirar a bola do companheiro que está de costas. Parece que ninguém do Grêmio faz isso. Assim, é inevitável a conclusão de que eles não estão nem aí para ganhar ou perder.

E mais: pode o nosso jogador mais talentoso, aquele do qual dependemos para a criação das jogadas, ficar praticamente o jogo inteiro sem tocar na bola? Ou alguém viu Souza em campo ontem? Pelo menos, Rochemback demonstrou pela primeira vez que ainda tem talento. Seu primeiro tempo foi impecável: combatendo e apoiando com eficiência, nosso camisa 4 parecia estar em todos os lugares do campo. Depois cansou um pouco, mas foi o Rochemback que esperamos. Muito disso se deve ao fato de que Túlio guardou posição à frente da área. Acho que Adílson tem muito potencial, mas precisa um pouco mais de amadurecimento e, na situação atual, Túlio pode ser a melhor opção.

O fato é que está na hora de o organismo tricolor começar a funcionar. Ainda estamos vivos em busca do objetivo da Libertadores, mas é hora de parar de sangrar, fazer os curativos e ficar em pé com toda a disposição. A família gremista de milhões está sempre apoiando. Falta um pouco mais de força do próprio paciente e do doutor Autuori. Antes que seja tarde demais.

Nenhum comentário: