quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pontos corridos.

Por Cristiano Zanella

Quando, no distante ano de 2003, decidiu-se que o Brasileirão seria disputado pelo sistema de pontos corridos, previ que ia ser difícil para o Grêmio adaptar-se a esta nova fórmula, já que o imortal era então tido com imbatível no “mata-mata” (Libertadores, Copa do Brasil, Gauchão). Dito e feito: se desconsiderarmos o ano de 2008, quando entregamos o título na reta final, a trajetória é bastante irregular, e o aproveitamento do Grêmio desanimador. 2009 não será diferente, e, ao que tudo indica, não deixará saudade para os torcedores da dupla.

Para ser campeão pelo sistema de pontos corridos é preciso planejamento, estrutura, um time de qualidade, recursos financeiros, influência política – tudo que o Grêmio não teve nos últimos anos. Troca direção, troca técnico, modifica-se o elenco e o trabalho parte do zero a cada início de temporada. Esta prática vai minando também a identidade do clube, e aos poucos o futebol-força, o futebol-raça, o futebol-pegada, o futebol-alma, que sempre foi a marca do Grêmio, parece estar desaparecendo. A culpa não é exclusiva de Autuori (o pior aproveitamento entre os últimos técnicos do Grêmio – Rospide, Roth, Mancini, Mano), do elenco ou da torcida. Tampouco culpo a atual direção, que trouxe bons reforços e manteve os titulares, investiu o que pôde na Libertadores e está tentando botar a casa em ordem, dispensando atletas encostados e pagando credores. É sim, todo um conjunto de fatores que precisam ser avaliados, analisados, comparados, confrontados e solucionados, com todas as partes envolvidas no processo operando em sinergia: torcida, dirigentes, comissão técnica, atletas.

Contra o Goiás, perdemos (mais) um jogo perfeitamente vencível, mas, é claro, não adianta individualizar a culpa: o futebol do reserva Thiego já nos custou alguns pontos, e é por isso mesmo que ele é reserva! E que falta fez Mário Doril, sentadinho ali no banco... Não tinha um pra sentar a botina no Léo Lima, que entrou solito, soberano, cruzou toda intermediária sem marcação e cabeceou pra dentro? Será que uma semana toda de treinamento não foi suficiente para anular uma jogada que era sim previsível? Aí o cara tira o Jonas (tudo bem, não tava jogando nada, mas é goleador do campeonato) pra botar o Herrera? Olha, o ataque com os dois argentinos é um dos piores que já vi jogar no Olímpico, e não vai a lugar nenhum... junto com o resto do time caminhava em campo, mostrando-se satisfeito com o empate contra o Goiás do Hélio dos Anjos! É dose! Dos seis que entraram amarelados, apenas Rafael Marques levou o terceiro e não joga a próxima, o que mostra claramente que faltou marcar e fazer faltas, dar carrinho e dividir bola – é esta a marca do Grêmio, o treinador precisa entender e incorporar esta característica que está no DNA do clube a seus conceitos futebolísticos! E, de tanto cozinhar o empate, o adversário foi lá e fez a dele: Goiás 2 x 1 Grêmio, um resultado mais do que esperado.

Mas... o campeonato só acaba quando termina! Gremista de verdade não joga a toalha, levanta a cabeça, dá a volta por cima! Se o título está cada vez mais difícil, vamos à ele! O foco tem que estar – sempre! – no título, assim uma possível classificação à Libertadores será apenas uma óbvia conseqüência (afinal de contas, é o Grêmio, o time das causas impossíveis)! Ainda tem tempo de reverter a tendência de Sulamericana 2010, mas o que está faltando vai além das questões técnicas e táticas: é marcação, raça, pegada, peleia, a obsessão pela vitória, custe o que custar!

Retroceder? Nunca! Render-se? Jamais! O que passou já é passado, não adianta lamentar, são pontos perdidos! Daqui pra frente, tudo vai ser diferente! Mas, insisto: o Grêmio precisa ser novamente o Grêmio, um time que disputa, que marca, que faz faltas, tem que ser o velho Grêmio! Vamos com tudo pra cima do Sport somar mais três pontos corridos, aos trancos e barrancos, chutando a bola e o adversário, que a hora é essa, e atrás... vem gente!

É Grêmio sempre!!!

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