segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Pela volta da corda esticada.

Por Ricardo Lacerda


Perder ou até mesmo empatar com o Náutico, aquele Náutico de craques do quilate de Kuki e Rudinei, seria vexatório. Fizemos, assim, nada mais que a obrigação. Obrigação que inclui agora uma vitória consistente contra o tísico Fluminense e uma sequência de boas partidas não só dentro como fora de casa. Não podemos nos contentar com menos. Daqui para frente, cada jogo deve ser encarado como o do título. Aquele papo da “corda esticada”, de esgotamento físico e outros que tais, precisa voltar urgentemente. Ano passado, lideramos grande parte do campeonato justamente porque estávamos com a tal “corda esticada”. Onde raios puseram a maldita corda?

Faz um bom tempo que já não somos um time de meros operários, como muito se dizia. Lembremos que a diretoria atual, taxada de insossa, trouxe Maxi Lopez, Herrera e Alex Mineiro. Comprou Souza, trouxe Rochemback e Lúcio. Não deixou que Réver e Victor saíssem. Apostou e bateu pé querendo Autuori, um treinador com raro pedigree. É claro que queríamos mais, mas não se pode negar que, em meio a um tremendo esforço de equilíbrio de contas, os homens que comandam o futebol têm feito sua parte. Se os caras não correspondem em campo, ou na casamata, aí é outra questão. A folha salarial, antes tão distante daquela que o abastado co-irmão paga aos seus galácticos, já não deve ser assim tão pequena. Por isso, meus caros, não podemos não lutar pelo título. A vaga na Libertadores do próximo ano deve vir como consequência de um infortúnio na briga pelo título – tal como aconteceu em 2008.

A corda precisa ser esticada novamente. Nosso time está em dívida. Beliscar Brasileiros e Libertadores é bom. Melhor ainda é vencê-los e encorpar a maior galeria de troféus do Sul do Brasil. Para isso, será preciso mais do que nunca que o time incorpore a velha tradição gremista. Copero y peleador, alma castellana, imortalidade, chamem como quiser. Para mim, basta lembrar o que é a verdadeira cara do Grêmio. Apesar de alguns nomes mais técnicos, não somos uma equipe de toque de bola refinado ou cheia de frufrus. Autuori, que é um cara inteligente, precisa compreender isso o quanto antes. Vejam bem, não é a questão de ter um time recheado de brucutus ou que só faça chuveirinho na área adversária. Não é isso. É encarnar o espírito de que o jogo só acaba quando termina, com o perdão da redundância, e que não existe bola perdida. Até o Róger chinelinho, quem diria, captou essa mensagem, transmitida por ninguém melhor do que nós, o pessoal da arquibancada.

Contra o Botafogo, entregamos uma vitória na mão por ter desistido do jogo faltando mais de 15 minutos para o encerramento. Ontem, contra o Náutico, fizemos dois gols e desistimos de atacar no segundo tempo. Quando encaminha a vitória, este Grêmio de hoje se acomoda e acaba torturando nós, os torcedores, a única razão de viver de um clube de futebol. Mesmo aqui no Olímpico, enfiamos três no Galo e administramos no segundo tempo. Ora bolas, essa moleza não é típica desta plaga!

A corda, pelo que temos visto, não tem sido esticada. Parece que, muito mais do que sorte ou qualquer outra coisa, tem nos faltado dar aquele último pique. Por mais pastiche que pareça, nosso artilheiro é ninguém menos que Jonas. O que parecia heresia pouco tempo atrás, hoje é realidade: Jonas é fundamental para o Grêmio. O peor delantero del mundo é hoje artilheiro ao lado de Adriano Imperador. Jonas é ruim. Jonas é tosco. Jonas não sabe sequer comemorar os gols que faz. Mas o fato de fazê-los, de sacudir as redes, o coloca acima de todas as contestações. Jonas é o exemplo do que deve ser o Grêmio de agora em diante. Para ele, não tem bola perdida. De desacreditado a goleador, com direito a balãozinho dentro da área e tudo. Jonas entendeu o que é ter a corda esticada. Talvez seja porque ele já teve a mesma corda enrolada como uma serpente em seu pescoço. Que Jonas sirva de lição. Que a corda volte a ser esticada.

Atropelar o Fluminense, me voy.

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