quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O fim da Era Tcheco.

Por Silvio Pilau


Quem me acompanha aqui por esse espaço ou me conhece pessoalmente sabe que não gosto do futebol de Tcheco. E isso não vem de hoje, quando ele é contestado por quase todos. Desde sua primeira passagem pelo Olímpico, aponto que o jogador não possui futebol para ser o camisa 10 de um clube como o Grêmio e, muito menos, a referência de qualidade e liderança da equipe.

Na minha opinião – e sei que estou em minoria –, Tcheco é lento, é frágil, não possui habilidade, erra dezenas de passes por jogo e não sabe chutar a gol. Não gosto nem mesmo de seus “idolatrados” cruzamentos: a maioria não passa de balões para a área, os chamados “chuveirinhos”, que dão tempo de sobra para o goleiro adversário sair e para a defesa se posicionar.

Mais do que tudo, Tcheco não é um vencedor. É um Rubinho Barrichello, um Celso Roth. Em outras palavras, não possui estrela nem o perfil de campeão. Já falei isso outras vezes: enquanto Tcheco for o líder gremista, continuaremos sem título. Enquanto dele dependerem as nossas esperanças, seguiremos amargando vice-campeonatos e eliminações antes do tempo.

Não que ele seja o culpado de todos os fracassos gremistas nos últimos anos. Longe disso. É ridículo culpar um único atleta pelo fato de um time não conquistar qualquer coisa durante algum tempo. Mas ele é o símbolo do Grêmio há alguns anos. Não sei quem o colocou em tal condição, se torcida ou imprensa, mas o fato é esse. Tcheco é a referência gremista, com forte influência junto ao elenco e comissão técnica. E, enquanto for assim, continuaremos à sombra do que um dia já fomos.

Aí me vêm os defensores do camisa 10 esbravejar: “Ele tem identificação com o clube, é verdadeiramente gremista”. Eu sou verdadeiramente gremista! Minha irmã é verdadeiramente gremista! Mais da metade dos meus amigos é verdadeiramente gremista! Alguns de meus tios são verdadeiramente gremistas! Mas nenhum deles tem futebol suficiente para ser titular do Grêmio. E o mesmo acontece com Tcheco.

Apesar de tudo isso, eu ainda o aceitava como titular. Ainda engolia a sua presença em nosso meio-campo. E isso por uma simples razão: Tcheco não tinha substituto. Há um bom tempo o Grêmio não possui um meia de qualidade para fazer sombra à titularidade de Tcheco. Basta olhar para as opções para ver que, dentre todas elas, Tcheco continua como a única. Ou melhor, continuava.

Fábio Rochemback chega para colocar Tcheco, definitivamente, no banco.Sempre fui fã de Rochemback. Admito que não o vejo jogar há algum tempo, mas talento ele possui. Rochemback é um jogador capaz de se tornar dono do meio-campo de uma partida, marcando e combatendo com vontade ao mesmo tempo em que constrói jogadas e conclui com inteligência e potência. Foi assim que o atleta surgiu no rival e foi assim que se tornou ídolo no Sporting.

É um meia de ligação? Não, não é. Pelo menos, não é a sua função de origem. Mas, convenhamos: Tcheco também não é. Por isso, creio piamente que Rochemback pode exercer com muito mais eficácia tudo aquilo que o nosso camisa 10 hoje faz. Nosso novo reforço é capaz de ajudar Túlio e Adílson na marcação e dar o apoio necessário para Souza e para os atacantes. Rochemback pode ser a peça que faltava para fazer o meio-campo gremista funcionar.

Mas, para isso, preciso pedir coragem. Não ao próprio Rochemback, mas a Paulo Autuori. A coragem, por exemplo, que faltou a ele com aquela substituição covarde no último jogo. Peço a Autuori a coragem de tirar Tcheco do time. De colocar nosso “líder” no banco. Por alguma razão que foge à minha compreensão, Tcheco é um medalhão e possui cadeira cativa na equipe. No entanto, ele não deveria estar ali – e boa parte da torcida hoje percebe isso. Espero que Autuori também perceba.

Felizmente, pela primeira vez em muito tempo, Tcheco tem uma grande ameaça à sua titularidade. Ou ele começa a jogar, ou veremos o fim da Era Tcheco. E, como gremista, torço pela segunda opção.

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