quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Breves relatos de um gremista em Buenos Aires.

Por Cristiano Zanella


Aproveitando a promoção pague um, leve dois (com gripe suína grátis) da Aerolineas Argentinas, fomos passar o feriadão “en mi Buenos Aires querido, tierra florida, donde mi vida terminaré” (tema cantado em verso e prosa pelo imortal Carlos Gardel)! Entre os muitos aspectos que fazem o povo gaúcho sentir-se em casa na capital portenha estão a paixão pelo futebol e pela carne assada (onde quer que se ande, o futebol monopoliza as rodas de amigos, e o delicioso cheiro de graxa queimada impregna no ar). Mas, vamos aos fatos...

No primeiro dia, sexta-feira, andando pelo centro da cidade e arredores, chamou-me atenção o grande número de lojas de artigos esportivos que comercializam especialmente camisas de futebol. São milhares de camisas de times argentinos, brasileiros, europeus e de seleções: originais “de fábrica”, out-lets, réplicas de modelos antigos, falsificações grosseiras e honestas, de todas as cores, tamanhos, preços e etc. (vi um modelito 2008 da tricolor gremista exposto em uma vitrine “a la calle Florida”). Na busca por uma “retrô” do Racing Club de Avellaneda, acabei fazendo uma aquisição preciosa: a réplica da gloriosa camisa do San Lorenzo de Almagro (foto 1), um dos times mais queridos do futebol argentino (o detalhe é o patrocinador da equipe, a sexagenária fábrica de motos e ciclomotores Zanella). Fim de noite na pizzaria El Quartito, com suas paredes cobertas por posters e fotografias de futebol e boxe – clássico!

Já é sábado! Ricoleta, feira, cemitério, La Biela Café! Ao final da tarde, saio à cata de uma lan house para conferir o placar contra o Vitória (diga-se de passagem, tirando algumas peladas do Ruralzão, o primeiro jogo do Grêmio que perco no ano). Decepção: empate chorado, com sabor de vitória, sem Victor, Tcheco no banco, Mário Doril salvando uma bola já quase nas redes, golzito de Jonas. Pelas ruas da cidade, out-doors da Coca-Cola convocam os argentinos para o jogo de logo mais, com os dizeres “5 de setiembre, Argentina-Brasil: refresquemos el otimismo”. Entre uma Quilmes litro e uma empanada criolla (continuava a promoção pague um, leve dois, para a bebida, comida, roupas, etc), nos tocamos a pé rumo ao Puerto Madero, chegando em tempo de assistir o timeco argentino ser açoitado pela seleção canarinho. Num bar chamado Hooters (um dos menos refinados do Puerto, local fresco demais para chinelos da Osvaldo Aranha, acostumados a beber céva na Lancheria do Parque), hidratados por jarras de cerveja Isenbeck, testemunhamos mais uma derrota ao natural dos gringos ante nosso selecionado – desta vez, em casa. Sublime!

Domingo, 6 de setembro: La Boca y Caminito. Enquanto cumprimento Diego Armando Maradona, “El 10” (versão sarará crioulo, mais parecendo o Jairzinho – foto 2), pela derrota da noite anterior, centenas de turistas brasileiros invadem os principais pontos turísticos do bairro. Impressionante a paixão dos locais pelo Boca Jrs. Argentinos com os quais converso informalmente dirigem palavras de respeito e admiração ao Grêmio, e insultos impublicáveis ao nosso tradicional adversário! Mais além, já em San Telmo, pela janela de um tradicional café, observo um grupo de gremistas “pilchados” que passeiam pela feira de antiguidades, exibindo com orgulho a tricolor dos pampas (foto 3). Com o Grêmio onde o Grêmio estiver! Uma baita parilla pra fechar o último dia!

Independência ou morte! Segunda-feira, 7 de setembro, Aeroporto Internacional de Ezeiza. É hora de regressar à terra do melhor futebol do mundo. O vôo sai às 9:00hs, mas é preciso duas horas de antecedência para o check in. Virado, sem dinheiro, com a boca seca e a alma lavada, cruzo com centroavante gremista Maxi Lopez, que adquire bons vinhos no free shop próximo à área de embarque. Discreto e reservado, prontamente atende alguns torcedores para fotos e um breve papo:
- “Esperamos que vuelves logo a jugar”, digo à Maxi, num espanhol tosco.
- “Gracias”, responde, sem muito entusiasmo, o argentino.

A foto? Ficou meio fora de foco, nublada e com pouca definição (foto 4), como o futebol de Maxi (mas vale o registro). Deixa estar... a festa nunca termina! Neste fim de semana tem batalha nos Aflitos, e tudo volta ao normal! O Grêmio será novamente um guerreiro em terras estrangeiras, um legítimo representante do futebol dos pampas, orgulho do Rio Grande, do Brasil, do Mundo! Y no importa mas nada...

Dale Grêmio querido, dale Grêmio campéon, da Libertadores, e de Mundial!!!

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