segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Precisamos confiar no Inter.

Por Ricardo Lacerda


Um dos traços mais apaixonantes do futebol é o seu farto material surrealista. Nada pode ser mais inventivo e intrigante do que 90 minutos de um bom entrevero ludopédico. E é justamente aqui, no sul do Brasil, neste muy valoroso recanto da Terra em que se acomoda o Rio Grande, que o futebol vem produzindo suas mais fantásticas obras. Veja a situação de Grêmio e Inter, por exemplo: até as semifinaisda Libertadores deste ano, pensávamos ser bem possível o tricolor nos presentear com o tricampeonato. Da mesma forma, era impraticável pensar que o Inter, com todas as suas estrelas hollywoodianas, acabaria se resguardando ao papel de melhor ator coadjuvante do país. Pois sim, levaram uma lambada do Mano, mais uma vez no comando de um time recém saído da segundona. Convenhamos: surrealismo dos bons. Nem Salvador Dalí seria capaz de tamanho arroubo criativo.

É claro que toda essa conversa tem um propósito. Trata-se de conduzir o caro leitor pela mãozinha, passo a passo até o ponto central desta crônica: o fato de que 2009 reserva um final surpreendente para os enredos do futebol gaudério. Sim, amigos, notem aí o que este pobre escriba lhes antevê na primeira metade de setembro: seja qual for o desfecho do Campeonato Brasileiro, será um desfecho inesperado. E éinegável que os fatos apontem hoje um Inter campeão e um Grêmio sulamirando. Contra isso e contra todos, dou um conselho: não tente confiar nas aparências neste ano de 2009.

O futebol tratará de surpreendê-lo, invariavelmente.

O Inter é a maior prova disso. Pois basta nossos queridos rivais serem considerados o carrossel do futebol tupiniquim para que faísquem sorridos de malícia e faceirice. É bem aí que eles tropeçam contra um portentoso Rondonópolis da vida. O nosso Grêmio, é claro, não foge à regra. Desde o início deste Campeonato Brasileiro, os operários gremistas deixaram escapar todos os pontos possíveis fora de casa.

Vitórias, mesmo, só aconteceram naquelas partidas em que a expectativa apontava para o 12º jogador: o Olímpico Monumental. Nesses casos, o Grêmio não só venceu, como na maioria das vezes patrolou - dando aulas de uma simbiose entre atuação coletiva e torcida. Nesta plaga, amordaçou equipes tradicionais, donas de alguns dos melhores plantéis do Brasil, como Cruzeiro e Corinthians. Ah, é claro, derrotamos o glorioso rival, apontado no começo do campeonato 09 o melhor time do Brasil. Mesmo lero lero de 2008, 2007... bla bla bla... whiskas sachê...

Daí que eu afirmo: nós, gremistas, devemos parar de desacreditar o Inter. Nosso dever cívico para com a pátria gremista é o de confiar no Inter, saudar o Inter, ter certeza de que o "vamo, vamo, Inteeer" funciona (que incentivo ridículo, esse, convenhamos). Nossa fé no triunfo colorado tem de ser inabalável. Da mesma forma, é preciso que se esvazie o Olímpico. Devemos ser todos pessimistas quanto ao futuro do Grêmio. Temos de nos portar como derrotistas, uns corneteiros insuportáveis, sem crença nenhuma na possível conquista do título ou mesmo de uma vaga à Libertadores.

No final, o destino acabará nos surpreendendo, acreditem.

Como não sou nenhum Dalí, nem me lanço a qualquer tipo de "arroubo criativo", copiei e colei um texto publicado pelo colorado Andreas Müller dia 20 de outubro de 2008 aqui no FinalSports. Evidentemente, fiz uma dúzia de alterações - essenciais para que, pouco menos de um ano depois, as coisas ficassem em seus devidos lugares. "Nada como um dia após o outro", li uma vez. Que assim seja. Esperando pelas surpresas do destino, me voy.

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