sábado, 4 de outubro de 2008

EU TENHO OLHOS

Por Eder Fischer

INOCENTES somos nós, em achar que fácil seria. POBRES COITADOS cantando “O Grêmio vai sair campeão” a cada gol marcado. RÍDICULOS em achar que jogaríamos as três ou quatro últimas rodadas somente para cumprir tabela. Há algum tempo tenho notado um comportamento incomum nas arquibancadas do Olímpico: a torcida peleadora tem sido um pouco carioca demais antes do apito final. O canto de “mesmo não sendo campeão, o sentimento não se termina” perdeu espaço para “Pingos de amor” e “fui numa festa na Geral do Grêmio”. Será que estou exagerando?

Talvez esteja, talvez seja somente eu o INOCENTE em achar que o que escrevo convencerá alguém. Talvez seja somente eu o POBRE COITADO, querendo comentar futebol através de idéias entre vírgulas mal colocadas. Talvez seja somente eu o RIDÍCULO, com a minha neurose em achar que existe uma conspiração contra a liderança do Grêmio. Minto: eu e o Santana. Em um desses programas pós-jogo, Paulo Santana, o autor da frase no cabeçalho desta coluna, fala dos lances que geraram os dois primeiros gols, que mudaram a história do jogo. Ele, mesmo botando qualquer um dos comentaristas de resultados que ali se encontravam no bolso, agüentou sorrisos irônicos de seus colegas de trabalho. Eu tenho olhos, dizia ele, cotovelos sobre a bancada, punhos levantados e seus indicadores apontados para a câmera como duas lanças espartanas. EU TENHO OLHOS!... Eu também tenho, Santana, mas se você, que é o grande Paulo Santana, foi ridicularizado, o que sobra a mim, um quase anônimo?

Como disse o Roth, uma derrota nunca vem sozinha. Junto com ela veio a perda da liderança, mesmo que seja nos critérios, a perda do meio campo INTEIRO e mais uma coisa que ele não disse, mas ponho na minha conta. Neste momento, alguns dos torcedores (a minoria na verdade) que estavam abraçados a mim ou a você, no Olímpico, sendo regidos por lalaia-las da vida, se transformam em nossos piores inimigos. Eles são aqueles a quem não podemos atacar. Eles vestem o traje tricolor, mas por dentro são mais peçonhentos, rasteiros e traiçoeiros do que os próprios vermelhos. Eles estão do nosso lado na arquibancada xingando o Paulo Sérgio, ficam torcendo que o Pico seja flagrado em dia de concentração no ensaio da Imperadores. Em seus íntimos, estavam tristes com a liderança tricolor por não poderem mais despejarem suas iras em Celso Roth.

É chegado o momento. Hoje, não precisaremos de pessoas que torçam pelo Grêmio, precisamos de pessoas que sejam o Grêmio, soldados que vão ao estádio como se vai à guerra. Não falo da guerra como ocorreu nas arquibancadas do estádio José Pinheiro Borda, e sim a guerra do alento inconfundível nas canchas do Brasil, proporcionados por nós, como fazíamos enquanto não éramos lideres. Defendam o Grêmio perante os inimigos, mesmo cobrando o técnico e os jogadores antes ou após o jogo. Mas durante somos irmãos defendendo a mesma pátria. Precisamos, hoje, de gremistas que vão ao estádio pelo prazer da batalha. A vitória, o título? Pouco importa, desde que o time em campo lute bravamente até o final. Se está difícil, melhor. Lembrem-se de quando começamos este campeonato. O que esperávamos?

Então, hoje, amigo tricolor verdadeiro, mas só você que sabe o que realmente é ser Gremista, vá ao estádio, pinte seu rosto com as cores do imortal, vista o manto sagrado, de preferência aquele das três cores, enrole-se em sua bandeira e torça para que o inimigo seja forte, torça para que o juiz seja digno de uma cela no presídio central, torça para que o jogo seja suado, pois é assim que gostamos, uma nova batalha tem início. O final? Pouco importa. Pois o melhor acontecerá durante.

Hoje, eu não serei mais publicitário, você não será mais médico, advogado, marceneiro ou estudante. Hoje, acima de tudo, quem ousar pisar no concreto cru das arquibancadas do Monumental terá que ser, pura e unicamente, gremista.

Gostaria muito de que quando eu estivesse lá, na quina do estádio, junto à melhor torcida do Brasil e do mundo, após o apito final, ao lado de irmãos, guerreiros e gremistas, independentemente do resultado, ao invés do tradicional “o Grêmio vai sair campeão”, cantássemos juntos o hino Rio-grandense. Mostraremos nossas virtudes, pois não basta pra ser campeão ser somente forte, aguerrido e bravo.

Douglas Costa
O que eu devo dizer: Muita calma, ele ainda é um menino estreante, sentirá os primeiros minutos até “ficar à vontade” com a camisa tricolor e estará suscetível a erros. Não devemos perder a paciência.
O que eu acho: Grande jogador. Vai dar conta do recado. O menino jogou em um treino na seleção principal entre as estrelas onde foi destaque e fez um golaço. Mostrou que tem personalidade.
O que eu torço: Mais uma revelação tricolor, vai ser o nome do jogo, após sua estréia vai ser difícil tirá-lo do time.

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