quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Renatos Cajás da vida.

Por Silvio Pilau


Acredito que a maioria de vocês, frequentadores desse espaço, sabe que um grande veículo de comunicação do estado está fazendo uma eleição esportiva. O objetivo é formar as duas seleções de todos os tempos do Grêmio e do Inter, de acordo com a própria torcida. Analisando os resultados parciais da votação, nota-se que alguns dos maiores ídolos da história recente do tricolor eram as peças-chave daquele time dos anos 90 de Felipão. Na seleção parcial, constam Danrlei, Arce, Adílson, Roger, Dinho, Carlos Miguel, Emerson e Jardel – além, claro, do próprio treinador. Oito jogadores daquela base.

O ponto aonde quero chegar não é se a eleição é justa ou se é feita basicamente por jovens que não conheceram os craques do passado. A questão é: quem eram esses atletas antes de despontarem naquela máquina de títulos da década passada? Alguém, por acaso, já tinha ouvido falar neles? Talvez, no máximo, Arce e Adílson possuíssem uma carreira mais estabelecida, reconhecida e com passagens vitoriosas por outros clubes – mas, confesso sinceramente, não sei dizer. Em relação aos outros, porém, tenho certeza de que não passavam de meros desconhecidos ao chegarem ao Olímpico.

Pois vieram e fizeram história. Tornaram-se ídolos, heróis, eternos representantes dessa camiseta. Hoje, são embaixadores de um clube glorioso e reverenciados pela torcida onde quer que estejam. De atletas desacreditados, viraram lendas. Da obscuridade, alcançaram a glória. Reverteram ao seu favor a desconfiança da torcida, da imprensa, dos adversários e marcaram a ferro o seu nome no firmamento das três cores. A diferença entre quem eles eram antes de aqui chegarem para quando partiram é abismal.

Sempre lembro de jogadores como esses quando o Grêmio anuncia a contratação de um desconhecido. Sei que é um extremo otimismo da minha parte, mas não posso evitar. Por exemplo, alguém sabe quem é Renato Cajá? Alguém tem esperança de que ele possa trazer à equipe a qualidade e o equilíbrio que estão faltando? Tenho certeza que não. Cajá foi recebido com receio pela torcida e, convenhamos, não poderia ser diferente. Entretanto, no fundo do peito de cada gremista, mora uma fagulha que deixa viva a esperança de que ele possa fazer história com nosso distintivo no peito.

É bem provável que isso não aconteça. Infelizmente, nossas direções têm mais errado do que acertado. É raro um tiro no alvo como Victor ou Réver, que chegaram desconhecidos para se tornarem ídolos. Mas por que não? Por que Renato Cajá não pode se revelar um grande jogador ou, no mínimo, encaixar perfeitamente no esquema e se tornar fundamental à equipe? Pode ser uma possibilidade distante, mas ainda é uma possibilidade. E, talvez ainda mais importante, uma possibilidade à qual a torcida precisa se agarrar para continuar acreditando.

Claro que eu preferiria um Renato Abreu, um Ricardo Oliveira ou um Danilo, todos nomes que fizeram parte da boataria da janela. Estes são atletas que, ao menos uma vez e em um grande clube, destacaram-se com um futebol de qualidade e acima da média. Todos nós, porém, conhecemos a realidade financeira do clube e sabemos que trazer atletas como esses é um objetivo difícil de ser alcançado. Então, ficamos com os Renatos Cajás da vida. Ficamos com todos os que virão e que certamente não serão nomes consagrados no cenário do futebol.

Resta a nós apoiar esses atletas. Resta torcer para eles nos surpreenderem e, quem sabe, um dia poderem constar em listas honradas dos mais importantes de nossa história.

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