quinta-feira, 16 de julho de 2009

Um campeonato à parte.

Por Silvio Pilau


Domingo à tarde começa um novo campeonato para Grêmio e Inter. Pequeno, tiro curto, de noventa minutos. Mas é um torneio de suma importância, que mexe com as emoções de milhões de pessoas e pode fazer toda a diferença para os clubes que o disputam. Um campeonato no qual podem surgir heróis e vilões, salvadores e carrascos, mitos e atletas que serão enterrados nas areias do tempo. Uma competição chamada Gre-Nal.

Se alguém de fora do Estado está lendo esse texto, não se engane. Não estou exagerando. O Gre-Nal é sempre um campeonato à parte. Não importa se é no meio de um Gauchão, de um Brasileiro, de uma Copa do Brasil, de uma Sul-Americana ou de uma Libertadores. Gre-Nal é Gre-Nal. Nada mais importa. Nada do que acontece ao redor tem qualquer influência. Em um Gre-Nal, Grêmio e Inter não entram em campo pensando em posições no campeonato, em títulos ou com qualquer visão geral das coisas. O objetivo é única e simplesmente superar o maior rival.

Por isso, um Gre-Nal nunca tem favorito. O Inter pode ter o melhor time do Brasil e o Grêmio ter recém saído da segundona, mas as chances são iguais. O Grêmio pode ser o atual campeão nacional e o Inter não ganhar nada há anos, mas as chances também são iguais. Um Gre-Nal é muito mais do que uma simples partida de futebol. Todo Gre-Nal é um momento histórico, repleto de segundos e instantes que podem moldar, para bem ou para o mal, o destino de uma vida.

Os torcedores, de ambos os lados, sabem disso. Alguns jogadores, especialmente aqueles criados aqui, sabem disso. Quanto ao resto, é bom aprender rápido. É bom que jogadores e comissão técnica "estrangeiros" compreendam agora, antes de entrarem em campo no domingo, que o que os aguarda no domingo à tarde pode definir seus futuros em solo gaúcho. Celso Roth via o Gre-Nal como apenas mais um jogo. Foi degolado. Autuori, não cometa o mesmo erro.

O Gre-Nal é a maior mistura entre terror e felicidade que um torcedor gaúcho pode sentir. Perder um clássico pode ser pior do que cair em uma Libertadores da América, por saber que iremos ouvir, e muito, dos amigos rivais. Por outro lado, vencer um Gre-Nal é tão bom ou melhor do que conquistar um título. É uma sensação de alívio, de dever cumprido, de que a honra foi defendida por bravos guerreiros. É saber que somos superiores ao nosso maior inimigo.

Nós, gremistas, estamos com a comemoração de um Gre-Nal engasgada na garganta. Se em 2007 o Grêmio obteve larga vantagem sobre o adversário, nos últimos dois anos o Inter superou o tricolor com sobras. Agora é a hora de dar a volta por cima. Este domingo é o recuperar a honra diante dos vermelhos. Mas, para isso, repito: é preciso que todos entendam a dimensão daquilo que está em jogo. Somente assim poderão vencer mais esse grande duelo.

Somente assim poderão entregar à torcida gremista mais uma faixa desse campeonato chamado Gre-Nal.

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