Por Silvio Pilau
Há dois anos, mais ou menos por essa mesma época, aconteceu algo semelhante o ao que ocorreu nos últimos dias no Olímpico. Naquela vez, a torcida gremista lotou as bilheterias do estádio para conseguir um lugar na final da Libertadores contra o Boca Juniors. Lembro de um torcedor em particular. Quando perguntado sobre se achava possível a virada contra a equipe argentina, ele respondeu: "Talvez seja, talvez não seja. Mas se o Grêmio for campeão e eu não estiver no Olímpico, vou me culpar a vida inteira.
"Esse gremista compreendeu algo que nem todo mundo compreende em partidas únicas como aquela contra o Boca. Ele entendeu que aquele jogo tinha todas as possibilidades de ser muito maior do que uma mera partida de futebol. Aquela não era somente uma disputa de um esporte inventado na Inglaterra; eram noventa minutos capazes de definir uma vida. Uma virada como a que a torcida acreditava poderia colocar aqueles jogadores e aquele momento na eternidade. O que o torcedor em questão compreendeu foi que ele poderia ter sido testemunha ocular da história.
Nesta quinta, a história se repete. Verdade que ainda não é a final. Ainda. Mas a partida de contra o Cruzeiro mobilizou a torcida tricolor de uma forma como não se via há pelo menos dois anos. Por tudo o que foi dito, por tudo o que aconteceu em Minas, por tudo o que ela vale, a batalha que ocorrerá na Azenha traz os ares de um momento histórico. Esta tem tudo para ser uma partida inesquecível como foram aquelas contra Peñarol, Estudiantes, Palmeiras, Portuguesa e a apoteótica Batalha dos Aflitos.
Felizmente, todo mundo parece compreender isso. Torcida e jogadores entendem a importância desse momento. Sabem que esta é uma chance rara de se tornar etéreo. Claro que a torcida não precisa de qualquer motivação. A nação de apaixonados pelo Tricolor estará lá como sempre, jogando ao lado do time e cantando. Um canto incessante e incansável, por ser originado não das cordas vocais, mas no próprio coração. Um apoio que surge, sempre, nos exatos instantes em que o time precisa.
O mesmo vale para os jogadores. Pelas entrevistas, e até mesmo pela postura na partida contra o Mineirão, pode-se ver que eles sabem o que a partida significa para suas carreiras. Para suas vidas. Sabem que essa pode ser a chance de deixarem de ser jogadores de futebol para se tornarem heróis. Um desempenho honrado em uma partida como essa é a passagem para se tornar imortal em trapos e cânticos por muitos e muitos anos. É o teste definitivo para virar personagem de histórias que serão contadas daqui a décadas por avôs aos seus netos.
Na noite desta quinta, um capítulo da história será escrito em noventa minutos. O Grêmio, mais uma vez, será o protagonista. E nós, testemunhas.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
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