domingo, 12 de julho de 2009

Promessa é divida, ou não.

Por Eder Fischer

Na última quarta-feira, gremista como era, prometeu que não veria o primeiro jogo pela final da Copa Libertadores, então o convite às 18 horas no trabalho para sair à noite com alguns amigos pra beber caiu como uma luva. Resolveram na hora, foram direto do trabalho, pois se chegassem antes das nove não pagariam a entrada, a roupa não era a ideal, a grana curta, não havia todo aquele planejamento de uma festa programada há uma semana, mas levava fé no seu taco, e o objetivo é sempre o mesmo: beber, ver gente diferente e é claro, por mais que alguns não admitam, o principal objetivo de todo homem solteiro heterossexual que sai a noite, “conhecer” uma mulher interessante. Mas, naquela noite, tinha um motivo a mais.

Devido às circunstancias, chegaram meio acanhados, uma conferida geral, sinuca, uma ceva, mais uma conferida, um cigarro, outra ceva, outra conferida, opa! Ela era linda, uma morena com cabelos negros que, num balanço mágico, por vezes descobriam suas costas, olhos verdejantes e uma boca carnuda que atravessava seu rosto de lado a lado. Ele? Parado como um homem-estátua prateado na esquina democrática que espera uma moeda para se mover. Ela percebeu, deu uma nova sacudida em seus cabelos, olhou e sorriu.

De boca aberta, o cigarro se agarrava com suas últimas forças em seu lábio inferior, foi acordado não por uma moeda, mas por um tapa nas costas desferido por um amigo. O pobre cigarro, que nada tinha a ver com a história, caiu, deixando um rastro de brasa.

– Que morena, hein? - falou ele, também admirado.

Sacudiu a cabeça, se recobrou e retomou o ritual: cerveja, cigarro, conferida. Mas agora as conferidas teimavam em procurar aquela morena, por duas ou três vezes percebeu que ela também o olhava, sempre sorrindo. Um amigo o encorajou, como faria qualquer grande amigo, proferindo estas sábias palavras de um motivador nato:

– Cara, se tu não for lá falar com ela, tu é puto!

Tinha lá suas dúvidas, não sabia se ela sorria para ele ou sorria DELE. Passou por ela, uma, duas vezes, na terceira falou qualquer bobagem. Trinta minutos depois, riam de coisas e situações idiotas da vida e que aconteciam ao seu redor. Algumas vezes ficaram com os rostos a milímetros de distância. Já tinha decidido: na próxima, ia beijá-la.

Nova oportunidade. É agora, após uma gargalhada seus rostos foram se encontrando novamente, os lábios foram se abrindo e as pálpebras cobrindo seus olhos. Até que aqueles faróis verdes se abrem repentinamente:

– BEEETOOO! - exclamou ela

Beto?, pensou ele. Beto, que parecia um universitário americano daqueles que usam uma jaqueta vermelha de mangas claras com um “J” bordado no peito, praticamente ignorou sua presença. Os dois abraçaram-se, sorriram, e ele, se retirando ao som de: “Quanto tempo! Como você ta bem! Nossa, e a Flavinha? Blablablaba...”.

Deixou os três ali, o Beto, a Morena e a chave com o logo da Toyota do Beto sobre a mesa.

Ficou um pouco chateado. Na verdade, “um pouco chateado”, não descreve com clareza o seu estado de espírito. Ele ficou Puto mesmo. Não só pela morena, mas também pelos amigos que riam como se ele tivesse acabado de levar uma torta na cara ao estilo trapalhões.

Mas como há um ditado que diz “dinheiro, chama dinheiro”, há outro que diz: "Mulher chama mulher". Machista eu sei, mas real. Não demorou muito até que uma loirinha lhe desse alguns sinais para que ele avançasse. Não era a morena, mas valia a pena investir, aliás, ô, se valia. Partiu com tudo. E a morena? Não quis mais vê-la, mesmo sem saber se o Beto era um antigo namorado ou apenas um grande amigo, mas para ele era tão decepcionante como ver um outro time jogar a final que não fosse o Grêmio. Porém de burro ele não tinha nada, o telefone da morena já estava na memória de seu celular. Quem sabe na próxima festa?

Não estávamos preparados para a Libertadores, mas foi acontecendo. Vendo o jogo de quarta, ficou claro que o que aconteceu foi um acidente e poderíamos ter ganho. É claro que temos problemas e precisamos corrigi-los, mas já existem bastante blogs na Internet dedicados a protestos e reclamações em geral. Não discordo deles, apenas fiz uma promessa quando assumi este espaço. Nunca falar mal do Grêmio enquanto eu achar que todos os esforços estão sendo feitos dentro de nossa situação financeira, que não é boa. Deixem este espaço para os loucos como eu, que, ano passado antes da primeira partida no Brasileirão acreditavam no título.

P.S’s.:

1-O amigo que ria do fora chegou em duas, mas não levou.

2- Também prometi que não veria o jogo, mas, quem mandou o Schiavi embora?

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