segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

QUE TENHA VALIA!

Por Ricardo Lacerda


Nunca fiz o tipo corneteiro. Jamais vaiei o time. Nem mesmo o Roth. Naquela época triste do ano passado, depois das “Férias Frustradas” que nos foram concedidas em abril, eu aplaudia o Roth. O apupo intimida jogadores e comissão técnica. As pessoas inteligentes, presumo eu, devem enxergar onde estão os erros - ou, ao menos, as fragilidades.

O Tricolor enfrentou neste domingo um de seus maiores concorrentes às conquistas de 2009. Claro que o Colorado não será nossa maior pedra no sapato pelo simples fato de que não conseguiu ficar entre os cinco do Brasileirão 2008. Mesmo assim, teremos Bocas, São Paulos, Cruzeiros e Palmeiras em nossa árdua jornada pela Copa. Estas equipes apresentarão dificuldades no mínimo parecidas com as que o co-irmão impôs no Colosso da Lagoa.

A verdade é que em breve jogaremos em Bomboneras e Morumbis trepidantes - como jogamos pouco tempo atrás. Acho que até a segunda fase da Libertadores, não enfrentaremos times melhores que o do Colorado. Não passa pela minha cabeça a possibilidade de tropeços diante de Boyacás e Auroras. Sim, sim, eu lembro de um desconhecido Cúcuta que não faz muito nos aplicou uma bordoada inesperada. Mas convenhamos que, na bola, o Grêmio tem a obrigação de ser o primeiro colocado de seu grupo.

Foi bom termos jogado um clássico já no começo do ano. Assim, os jogadores passam a entender bem o que ele significa para que, em meio ao Brasileirão - em que cada jogo deve ser tratado como uma peleja - nunca mais levemos quatro. Da mesma forma, o Gre-Nal deste domingo revela que ganhar de cinco de Novos Hamburgos e Esportivos é quase a mesma coisa do que um Adão fazer cinco gols em treino no suplementar. Vale quase nada.

Um alerta

Já disse e repito: não sou corneteiro. Consigo enxergar o lado bom do clássico perdido. O time teve volume de jogo. Caiu muito bem pela esquerda e Fábio Santos mostrou que não vai ser fácil Jadílson tomar seu lugar no grito. Souza teve um primeiro tempo de maestria, dizendo a que veio. Jonas pode ser um ótimo reserva, como era Herrera. Mas teve a parte negativa. Nem mesmo com aquela cabeça gigante Ruy apareceu no jogo, exceto quando larapiou a bola de Índio e acionou Jonas. A culpa pelo sumiço na partida não é só dele, afinal o lateral que vinha bem em jogos fáceis pouco foi acionado neste Gre-Nal. Alex Mineiro parece ainda fora de ritmo, mas tudo bem, a tendência é de que logo comece a empilhar gols.

O problema maior está com quem carrega a braçadeira. Eu pensava que ao dividir a responsabilidade de “craque do time” com Souza e Mineiro, Tcheco finalmente fosse se sentir mais aliviado e jogar uma bola redonda e estável, como muitos garantem que ele joga. Que nada. O capitão sucumbiu outra vez. Como é de praxe, foi omisso numa partida em que era fundamental não perder para começar bem o ano.

Ao longo do jogo, sorvendo umas Patrícias, eu confabulava que a segunda-feira seria o dia da “volta dos que não foram“. Pensava em Tcheco e Alex Mineiro. Cheguei a pensar em W. Magrão, mas ele foi a Erechim, sim, como todos puderam ver. Pensava também em Nilmar, Taison e Alex, que mal tocaram na bola. Ledo engano. Rompendo meus pensamentos, dois destes aí resolveram dar as caras em Erechim quase aos 40 do segundo tempo. Droga.

Mas vamos lá, sin perder la ternura jamás. O brabo é que a paciência a gente perde. Já se vão quase dois anos capitaneados por alguém cujo futebol ora é de alto nível, ora se apaga inexplicavelmente. Para quem já viu mártires do quilate de Hugo De León e Adílson nos erguendo às alturas, a dúvida que vem à mente é se este que aí está é mesmo o mais indicado para nos conduzir a feitos semelhantes. Para quem já tem a resposta, uma nova pergunta: então, quem?

Tão sincero quanto minha paixão pelo Tricolor é o desejo de que Tcheco ganhe ao final de 2009 um free pass no Olimpo da Azenha. Mas, para isso, será preciso fazer mais. Bem mais.
Com este singelo pedido, me voy.

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