segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

NEM REMAKE, NEM PARTE 2

Por Ricardo Lacerda


Sou doido por cinema. Ainda assim, geralmente torço o nariz quando alguém me aparece com a “parte 2” ou o remake de algum filme muito bom. A explicação é simples: se o primeiro foi excelente, é improvável que o segundo seja ainda melhor. Pelo lado inverso, se o primeiro foi uma grande bomba, a seqüência sequer deveria existir.

No futebol não é lá muito diferente. A pré-temporada findou, o ciclo de contratações – ao que parece – está encerrado, o Imortal estreou no estadual e venceu muito bem as duas últimas partidas. Depois das goleadas contra Esportivo e Novo Hamburgo, é inevitável não lembrar da irretocável campanha que fazíamos no Gauchão 2008. A cada jogo, uma vitória acachapante. O time parecia redondinho e nos iludíamos. Na mesma semana de um abril amargo, aconteceu o que ninguém esperava: duas bangornadas das mais doloridas. Primeiro, tombamos em casa para o Juventude. Era o mata-mata do Estadual e já tínhamos vencido a primeira em Caxias. Um empatezinho ou uma derrota por 1 bastava. Que nada, foi um baita totó dos gringos. Na mesma semana, em pleno Monumental, o Atlético Goianiense nos deu férias antecipadas da Copa do Brasil.

Ok, eu sei o que está parecendo, mas não sou masoquista ou coisa que o valha. Num exercício de futurologia – baseado em muito achismo e um pouco de fato – quero dizer que tragédia semelhante não deverá se repetir em 2009. Para sustentar minha tese, basta comparar alguns nomes do plantel de um ano com os do outro. O time que começou 2008 não era apenas fraco, era risível. Risível como a atitude tomada meses depois pelo craque que queria se endireitar e encerrar a carreira no Tricolor, o Roger.

Debaixo das traves, ainda não havia Victor, mas sim o bom reserva Marcelo. Mattioni recém estava começando; Paulo Sérgio empolgou no começo, mas foi fogo de palha – lembram do “operário”? A zaga, que havia perdido Willian e Teco, tinha Léo, Jean (que chegava com pompa) e um então excluído Pereira. Na canhota, Pico e Hélder. Na meia-cancha, que tinha perdido Tcheco e Diego Souza, havia Eduardo Costa, Nunes (esforçado por esforçado eu também sou), W. Magrão, R.Carioca, Julio dos Santos, Rudinei, Peter, Junior (quem?)... E na frente, bem... os gols deveriam vir de Perea, Jonas, Reinaldo, Rodrigo Mendes, Tadeu... (deu, né!?).

Acho que somos inteligentes o suficiente para não precisar elencar o que temos em casa neste ano que começa, mas alguns nomes merecem um mínimo de destaque. Victor provou que é goleiraço. Ruy Cabeção fez um bom Brasileirão 08 e começa bem no Tricolor. Léo nunca mais foi o mesmo depois do veto da Seleção, mas é sabido que tem bom futebol. Réver consegue ter raça e categoria ao mesmo tempo – desfila em campo com peito de pomba. Quanto a Rafael Marques, Diogo e Fábio Santos, estarei me precipitando se tirar alguma conclusão, mas se compararmos com o que estava por aí... Jadílson é experiente e ídolo no Cruzeiro – será titular. W. Magrão parece meio perdido com a saída do Carioca, mas logo deve se achar. Tcheco, a meu ver, precisa ser menos estressado, mais atento e não sentir o peso em decisões (agora comprei briga). Souza, bem, Souza dispensa comentários. Na frente, o A. Mineiro é goleador e o Herrera é a cara do Grêmio: raça acima de tudo. Ainda devemos levar em consideração que temos um banco que parece razoável, com Marcelo, Makelele, Heverton, Adílson, Reinaldo, Perea, Douglas Costa...

Então, confrades tricolores, não se confundam. A semelhança entre este Grêmio de 2009, que começa atropelando adversários tal qual aquele de 2008, encerra-se justamente nestes atropelamentos. O tempo deverá provar que temos um conjunto infinitamente superior àquele que nos iludiu. Ali por abril, em meio à Libertadores e ao Gauchão, não vamos lotar cinemas para assistir a “parte 2” de Férias Frustradas.

Me voy

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