quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

GAUCHÃO, PRA QUÊ?

Por Silvio Pilau


Acho que Grêmio e Inter não deveriam jogar Gauchão. Pronto, falei. Na minha opinião, nosso certame regional serve somente como pedra no sapato dos grandes clubes da capital, que cansam em viagens por todo o amado Rio Grande, jogam em campos sem grama e repletos de buracos e, o pior, contra adversários que não servem nem para testar a qualidade do time. Sim, o Gauchão é uma enganação para a torcida gremista e colorada, que julga a capacidade da equipe por resultados contra semi-amadores e, quando chega na hora do vamuvê, o buraco é mais embaixo.

Se houve um tempo em que o Gauchão tinha algum prestígio, esse tempo se perdeu em meio aos campos verdes ou foi assado no churrasco de algum gaudério. Hoje, o desnível entre as equipes da capital e os times do interior é do tamanho de um abismo. Inclusive em relação aos clubes de Caxias. Juventude e Caxias talvez sejam os únicos que ainda consigam fazer frente a Grêmio e Inter, mas isso só vai acontecer se os porto-alegrenses entrarem em campo relaxados – como fez o Tricolor naquela fatídica semifinal ano passado.

Tudo bem, serve de pré-temporada, para entrosar o time e aquela coisa toda. Mas não sei se vale a pena. Acredito que os contras são maiores – aquela coisa toda das viagens e dos buracos que escrevi ali em cima. Sabem o que eu penso? Deixar o Gauchão para os times regionais. Grêmio e Inter são brasileiros, sul-americanos, mundiais. Deixem os pequenos brigarem por um título que não ganham há tempos. A nossa preparação seria a Copa do Brasil.

Sim, a Copa do Brasil, aquele torneio no qual o Grêmio é rei. Assim como o regional, a Copa do Brasil não é mais o que era. Por quê? Porque todo mundo joga, menos os clubes grandes, que estão disputando Libertadores. Assim, ela virou nada mais do que uma chance imperdível para os nanicos abocanharem uma vaga na maior competição sul-americana. O prestígio do título, a glória da conquista, praticamente não existe. É uma competição sem graça, como a Copa Sul-Americana.

Por que não fazer a Copa do Brasil só com os grandes, novamente, e durante os dois primeiros meses do ano, antes da Libertadores? O título ganharia prestígio novamente, porque os grandes clubes poderiam participar sem conflitos com La Copa. E o melhor: é uma preparação muito mais adequada para a Libertadores e para a longa e árdua jornada do Brasileiro, uma vez que os oponentes são, teoricamente, de qualidade maior, o que expõe com mais clareza os pontos fortes e fracos de qualquer time.

Na realidade, não sei se isso é melhor ou pior. É só algo que vim pensando ao acompanhar a disparidade do início do Gauchão, no qual Grêmio e Inter jogam por quinze minutos e depois começam a brincar de amarelinha em campo. Nós, gremistas e colorados, podemos até perder o título ou o jogo, mas isso vai acontecer em uma partida atípica, daquelas que jamais se repetirão, como um Inter e Barcelona.

Pelo menos, o Gauchão traz sempre um grande atrativo: um Gre-Nal no início do ano. Pode não valer nada, mas Gre-Nal é sempre Gre-Nal e a gente se diverte.

O Gauchão e o ano começam no domingo.

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