segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

AS BODAS DE PRATA DE UM RUBRICA.

Por Ricardo Lacerda


Eu devia ter uns sete ou oito anos quando fui nas bodas de prata de um primo da minha mãe. Foi no Morro Azul, ali pertinho de Torres. Apesar de não ter muita pompa e grã-finagem, a festa era daquelas bem boas, em que a gente encontra um mundaréu de parente que nunca viu, come e bebe tri bem. Entre uma sacudida de La Bamba e outra de Roberto Carlos, o que me marcou mesmo foi que entornei oito garrafas de Mirinda – a inolvidável Mirinda.

O que passou batido naquela noite de verão, de fim de anos 80, foi o mote da festa. Sim, eu sabia que eram bodas de prata, mas afinal, o que significava uma festa de bodas de prata? Muito tempo depois, e meio sem querer, descobri que se comemora a tal bodas de prata quando dois alguéns conseguem a façanha de se aturar por 25 anos. Pois bem. De lá pra cá, me dei conta de que não é só quando algum casal chega lá que se festeja o quarto de século de alguma coisa. Hoje, exatamente hoje, 26 de janeiro de 2009, a falange de sangue azul, preto e branco comemora uma importante boda de prata. Vinte e cinco anos atrás, vencemos o primeiro Gre-Nal de 1984 por 4 a 2. O jogo não era válido por nenhum campeonato, mas também não era um simples amistoso.

Pouco mais de um mês depois de cobrir o mundo de azul, o Grêmio voltava do Japão e recebia do co-irmão as faixas de Campeão do Mundo. Enquanto isso, em gesto não menos honroso, o Tricolor colocava no Colorado as faixas de Campeão Gaúcho, referentes ao campeonato do ano anterior.

A antítese da situação me faz lembrar Marx: “De cada um, conforme suas capacidades, para cada um, conforme suas necessidades”. Cada macaco no seu galho. Convenhamos, confrades tricolores, que essa deve ter sido uma tarefa um tanto quanto indigesta para eles. O fato é que nos enfrentaram elegantemente. À época, os vizinhos reconheceram que a esquadra da Azenha era de fato dona do globo – e com total legitimidade.

Ter ganhado em Tóquio e, em seguida, receber a rubrica de campeão do mundo diretamente da Beira-Rio são fatos que só agigantam nossas façanhas. Façanhas estas que, por sinal, serviram de modelo para que outros tentassem por muitos anos (quase uma boda de prata depois!) um feito igual. Não posso negar que ter chegado lá primeiro é algo que sempre vai requerer – ao menos – respeito.

Ao mesmo tempo, lamento por um fenômeno que sucedeu no Rio Grande depois de 2006. Não sei se eles também pensaram em Marx, mas o fato é que baixou um espírito pra lá de bolchevique em metade do Estado. Hoje, tentam nos fazer crer que no panteão dos campeões do mundo, onde todos são iguais, alguns são mais iguais do que os outros...

Agora, quero uma Mirinda. A propósito: uma não, oito. Só que dessa vez vai com vodca, por uma única e simples razão: eu sou borracho, sim senhor.

Me voy.

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